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Aventuras Breves 03 — A Cripta da Cavaleira Esquecida

Aventuras Breves

Olá, leitor! Com a chegada de um novo mês, aqui está a terceira das nossas Aventuras Breves, prontas para jogadores iniciantes, para aqueles que desejam um desafio de uma tarde ou uma one-shot e um dos diversos eventos online que vem acontecendo durante a pandemia.

Além das fichas prontas encontradas aqui, bem como nas Aventuras Breves anteriores, você pode usar o Baralho de Personagens para criar novos personagens para encarar essa aventura no Reino dos Mortos. Arme-se com sua coragem e se prepare para enfrentar as crias de Tenebra!

Nesta edição, o Aventuras Breves sugere mapas da Revista Dragão Brasil. Você pode assinar a revista aqui.

Você também pode baixar a aventura em PDF, em adaptação por Diogo Almeida.

Aventuras Breves 03 — A Cripta da Cavaleira Esquecida

Antes de ser o Reino dos Mortos, Aslothia era o Reino da Magia Proibida, Portsmouth. No passado distante este reino conquistou sua independência numa sangrenta guerra com Bielefeld. Entretanto, fantasmas da guerra continuam a assombrar essa terra sinistra.

A Cripta da Cavaleira Esquecida é a terceira Aventura Breve, para quatro ou mais personagens de 1º nível. Os desafios que eles terão de enfrentar vão exigir pensamento rápido e que os jogadores saibam usar os recursos ao seu redor, porém serão recompensados com o 2º nível!

Resumo da Aventura

No interior de Aslothia, longe o suficiente das grandes cidades do reino para ser ignorado pela aristocracia não-viva do reino, a mina de uma pequena vila pareceu ter esgotado suas jazidas, causando o colapso da economia local. Isso forçou parte da população a deixar suas casas e aos mineiros a cavarem ainda mais fundo.

No desespero para encontrar um novo veio de metal, uma antiga câmara foi aberta e o cadáver de uma cavaleira da luz voltou a vida para realizar uma vingança. Tomada pela tragédia, chacinou os mineiros, que se ergueram como mortos-vivos. Os personagens deverão explorar a mina e finalmente dar o descanso final à cavaleira esquecida!

Cena 1 — Sem tempo para morrer

A aventura começa em uma taverna triste e sombria na vila de Oricalco, no interior de Aslothia. Dentro da taverna existem apenas mineiros cobertos de poeira, mas não há nenhuma forma de entretenimento ou diversão. As pessoas mal conversam entre si, mas bebem bastante.

Se falarem com o povo, eles contam da época de prosperidade da cidade, quando a mina local provia diversos minérios, e como o reino todo mudou após a transformação do Conde Ferren Asloth. O pouco que se extrai hoje mal paga os impostos ao lorde da região.

Repentinamente, ouve-se o barulho de confusão do lado de fora. A porta abre-se, um velhinho abre a porta da taverna e grita: “Os mortos! Os mortos estão atacan…”. Antes que os personagens possam fazer algo, ele é atacado por três zumbis, que adentram a taverna. (Sugestão de mapa: DB 115 ou 158.)

Criaturas. Zumbi x3 (Tormenta20, p. 285).

Ao final do combate, do lado de fora vê-se um homem mais velho, de olhos duras e postura de combate, terminando de eliminar os últimos zumbis. Primeiramente, ele, que está está impressionado pelas ações dos personagens, se apresenta como Viktor Dmitriev, o burgomestre da vila Oricalco. Agora que o combate cessou, os personagens percebem que as roupas dos zumbis são idênticas aos outros mineiros.

O burgomestre irá agradecer os personagens e vai pedir que eles investiguem a mina, considerando como eles lidaram bem com os zumbis na taverna, oferecendo T$ 30 e 4 bálsamos restauradores, além de fornecer um mapa. Entretanto, caso eles tenham usado magia arcana durante o combate, ele fingirá que vai prendê-los, sussurrando para eles “Não se preocupem, entrem na encenação”, e quando estiverem fora de vista, fará a mesma oferta, apenas pedindo que sejam discretos.

Cena 2 — A mina dos mortos

A viagem à mina leva aproximadamente a metade de um dia, algumas horas a cavalo. Nesse meio tempo os personagens verão rastros e indícios dos mortos-vivos, e com testes de Misticismo, Religião ou Sobrevivência, CD 17, descobrirão que na mina existe uma turba de zumbis (e é um bom momento para lembrar aos jogadores a diferença entre lutar contra um bando de criaturas).

Na entrada da mina os personagens encontram as carroças dos mineiros, mas os cavalos foram devorados. A entrada é suficiente para dois homens passando com um carrinho, tudo em ordem se não fosse o sangue no chão e nas paredes. O ambiente principal é um salão, aonde a turba de zumbis está. Além do salão principal, à distância de uma corrida, existe um tipo de saleta lateral aonde provavelmente ficariam os responsáveis administrativos pela mina. Lá dentro, numa caixa escrita “PERIGO”, estão 6 bombas e 2 essências de mana. (Sugestão de mapa: DB 117.)

Contudo, se os personagens tentem uma aproximação discreta, peça um teste de Furtividade contra a Percepção da Turba de Zumbis (ou contra CD 10, para acelerar a aventura). Se passarem no teste, a Turba de Zumbis estará surpreendida na primeira rodada do combate.

Criatura. Turba de Zumbis (Tormenta20, p. 285).

O combate é difícil, entretanto, com uma combinação de dano bruto e inventividade, a turba pode ser vencida (especialmente se os personagens tiverem achado as bombas). Mas, caso o combate se mostrar muito desafiador, lembre aos jogadores que nada impede que eles fujam e descansem, mas que ainda terão que lidar com essa turba, ou ela irá atacar a vila.

Ao explorarem a mina, um personagem anão ou com a perícia Ofício (Mineiro) encontra, sem dificuldade, o caminho por onde os mineiros originalmente vieram, ou seja, onde provavelmente a fonte da energia negativa que levantou os mineiros após suas mortes. Outros precisarão de testes de Investigação ou Sobrevivência, CD 15.

Cena 3 — A Guardiã da Cripta

Uma vez encontrado o caminho, os personagens chegam, no final de um dos túneis, uma abertura feita por uma explosão, revelando então uma caverna natural, muito escura. Personagens que vejam no escuro, no entanto, veem cadáveres vestindo armaduras oxidadas pelo tempo espalhados pelo chão. Nesse momento, as mentes dos personagens são assaltadas por uma visão.

Na visão, os personagens estão nesta mesma caverna, aberta para o mundo externo, bem como estandartes espalhados e combatentes por todo o lado, indicando um tipo de base militar. Liderando, do lado de sua montaria, uma cavaleira humana, vestindo armadura dourada. Reconhecer os símbolos requer um teste, CD 15, de Conhecimento, Nobreza ou Religião, revelando serem brasões de Bielefeld e da Ordem da Luz. Além disso, se rolarem acima de 20, irão perceber que são flamulas e armaduras da época da guerra civil de independência de Portsmouth, nome antigo de Aslothia.

Os personagens são despertos da visão com um relincho sinistro de um garanhão fantasma. Sobre ele, em postura de combate, uma versão esquelética da cavaleira presente na visão. Ela espera os personagens saírem do choque para avançar sobre eles em ataque, pois mesmo morta, ela continua sendo uma cavaleira, e também não atacará oponentes caídos, desprevenidos ou incapazes de lutar.

Criatura. A Cavaleira Esquecida (veja abaixo).

A cavaleira e sua montaria são inseparáveis, justamente por isso contando como apenas uma criatura. A montaria fantasmagórica é capaz de trotar no ar, e com isso a cavaleira tentará a toda rodada fazer investidas contra os personagens.

Se os personagens identificarem os símbolos ou a armadura dela, podem falar algo significativo sobre Bielefeld, a Ordem da Luz ou a guerra de independência. Caso façam isso a criatura ficará Paralisada, por uma rodada, e Abalada pelo resto da cena, permitindo testes de Diplomacia ou Enganação conta a Vontade da criatura (sem penalidades por estarem em combate). Se os personagens conseguirem três sucessos enquanto o turno da cavaleira não chega, finalmente o espírito se acalma, revertendo por um momento à sua forma em vida. Ela agradece os personagens e vai para o mundo dos deuses dizendo: “Não confiem em Viktor”. Entretanto, se não conseguirem os três sucessos, o combate continua, mas a criatura ainda estará Abalada.

Com o fim do confronto, através da conversa ou da violência, os personagens terão uma última visão: um soldado acionando explosivos e selando a entrada desta caverna, condenando todos ali a morte. O rosto, bem mais jovem, contudo ainda reconhecível, é o do prefeito da vila! Caso desejem vasculhar a cripta em busca de mais tesouros, com um teste de Investigação ou Percepção (CD 20) conseguem encontrar 1 riqueza menor, rolada aleatoriamente.

A Cavaleira Esquecida (ND 2)

Morto-vivo 8, Grande
Iniciativa +10, Percepção +4, visão no escuro
Defesa 22, Fort +5, Ref +6, Von +8, resistência a corte, frio e perfuração 5
Pontos de Vida 40
Deslocamento 18m (12q), voo 24m (16q)
Corpo a Corpo Espada longa +14 (1d8+5, 19)
For 20, Des 14, Con 12, Int 6, Sab 10, Car 6
Ataque em Movimento A cavaleira esquecida pode se mover antes e depois de um ataque, desde que a distância total percorrida não seja maior que seu deslocamento.
Equipamento Meia armadura reforçada, espada longa precisa, escudo pesado.
Tesouro Padrão.

Epílogo — Descanse em Paz

Primeiramente, assim que a visão termina, os personagens avançam ao 2º nível. Além de qualquer tesouro, a armadura da cavaleira (uma meia armadura reforçada) está no local aonde seu corpo esteve por último. Entretanto, apenas se restaurada por um ferreiro, pagando T$ 150, ela poderá ser usada por um personagem. Contudo, por ser uma armadura da Ordem da Luz, ela atrairá inimizade de todos no reino de Aslothia.

Retornando à vila, o burgomestre pagará pela missão concluída, e pedirá que os personagens venham a sua mansão, aonde oferecera mais uma missão. No entanto, caso ameacem expor o segredo dele, ele contará sua história: ele era um soldado de Bielefeld que recebeu uma proposta irrecusável da família Asloth. Nesse momento, ele está à mercê dos personagens. O que eles farão?

Ganchos Futuros — Transformando as Aventuras Breves em longas jornadas

Os Crimes do Pai: tendo poupado o burgomestre, ele tem um pedido desesperado: que levem sua filha, que apresenta poderes mágicos, para fora de Aslothia!

A Polícia Secreta: independente da reação ao segredo, os personagens começam a ser perseguidos por membros da Graath, a temível polícia secreta de Ferren Asloth.

Trabalho para a Forja: logo que sabe o que os aventureiros fizeram, uma ferreira local pede aos personagens para recuperarem um estranho minério, que possui poderes misteriosos.

Personagens Prontos para Aventuras Breves 03 — A Cripta da Cavaleira Esquecida

Osteon Arcanista (Bruxo) 1, Amnésico.

Defesa 13, Fort -1, Ref +5, Von +5, resistência a corte, frio e perfuração 5.
Pontos de Vida. 7.
Pontos de Mana. 11.
Deslocamento. 9m (6q)
Atributos. For 8 Des 16 Con 8 Int 20 Sab 16 Car 10
Perícias. Conhecimento +7, Iniciativa +5, Investigação +7, Misticismo +7, Nobreza +7, Ofício (Alquimia) +7, Reflexos +5, Vontade +5.
Habilidades. Raça: Armadura Óssea, Memória Póstuma (Magia Ilimitada), Natureza Esquelética, Preço da Não Vida; Origem: 1 perícia*, 1 poder*, Lembrança Graduais; Classe: Caminho do Arcanista (Bruxo).
Lembranças Graduais. Durante suas aventuras, em determinados momentos a critério do mestre, você pode fazer um teste de Sabedoria (CD 10) para reconhecer pessoas, criaturas ou lugares que tenha encontrado antes de perder a memória.
Magias Conhecidas. Adaga Mental, Conjurar Monstro, Imagem Espelhada.
Equipamento. Anel Misterioso de Família, uma mochila, um saco de dormir, um traje de viajante, T$ 4d6.
*Sugestão: Religião (Perícia) e Vontade de Ferro (Poder).

Opcional – Devota de Tenebra
Poder Concedido. Carícia Sombria – Você pode gastar 1 PM e uma ação padrão para causar 2d6 pontos de dano de trevas à uma criatura à alcance corpo-a-corpo (Fortitude CD 13 reduz à metade) e você recupera PV iguais à metade do dano causado.
Obrigações & Restrições. O devoto de Tenebra deve se cobrir inteiramente durante o dia, sem expor ao sol nenhum pedaço de si.

Hynne Cavaleira 1, Heroína Camponesa.

Defesa 17, Fort +5, Ref +2, Von +0
Pontos de Vida. 23.
Pontos de Magia. 3.
Deslocamento. 6m (4q).
Ataques Corpo-a-Corpo. Espada Longa +5 (1d8+3, 19).
Ataques à Distância. Azagaia +2 (1d8+3, médio).
Atributos. For 16 Des 14 Con 16 Int 8 Sab 10 Car 12
Perícias. Adestramento +4, Atletismo +5, Cavalgar +3, Fortitude +5, Luta +5.
Habilidades. Raça: Arremessador, Pequeno e Rechonchudo, Sorte Salvadora; Origem: Torcida; Classe: Baluarte +2, Código de Honra.
Baluarte. Você pode gastar 1 PM para receber +2 na Defesa e nos testes de resistência até o início do seu próximo turno.
Sorte Salvadora. Quando faz um teste de resistência, você pode gastar 1 PM para rolar este teste novamente.
Equipamento. Espada longa, escudo leve, azagaia, gibão de peles, uma mochila, um saco de dormir, um traje viajante, T$ 4d6.

Opcional – Devota de Thyatis
Poder Concedido. Ataque Piedoso – Você pode usar suas armas de corpo a corpo para causar dano não letal sem sofrer a penalidade de -5 no teste de ataque.
Obrigações & Restrições. Devotos de Thyatis são proibidos de matar seres inteligentes (Int 3 ou mais). Podem atacar e causar dano, mas jamais levar à morte.

Golem Clérigo de Tanna-Toh 1.

Defesa 17, Fort +4, Ref +8, Von +8.
Pontos de Vida. 18.
Pontos de Mana. 9.
Deslocamento. 3m (2q).
Ataques Corpo-a-Corpo. Bordão +4 (1d6+2)
Atributos. For 14 Des 10 Con 14 Int 14 Sab 18 Car 8
Perícias. Conhecimento +4, Cura +6, Fortitude +4, Intuição +6, Investigação +4, Luta +4, Misticismo +4, Religião +6, Vontade +8.
Habilidades: Raça: Canalizar Reparos, Chassi, Criatura Artificial, Espírito Elemental (Terra), Sem Origem; Classe: Devoto de Tanna-Toh; Poderes Concedidos: Conhecimento Enciclopédico, Mente Analítica, Voz da Civilização.
Canalizar Reparos. Como uma ação completa, você pode gastar pontos de mana para recuperar pontos de vida, à taxa de 5 PV por PM.
Obrigações & Restrições. Devotos de Tanna-Toh jamais podem recusar uma missão que envolva a busca por um novo conhecimento ou informação. Além disso, o devoto sempre deve dizer a verdade e nunca pode se recusar a responder uma pergunta direta.
Equipamento. Bordão, brunea, uma mochila, um saco de dormir, um traje viajante, T$ 4d6.

Medusa Bucaneira 1, Capanga.

Defesa 19, Fort +3, Ref +7, Von -1
Pontos de Vida. 17.
Pontos de Mana. 3.
Deslocamento. 9m (6q).
Ataques Corpo-a-Corpo. Cimitarra +7 (1d6+5, 18).
Ataques à Distância. Arco Curto +5 (1d6, x3, médio)
Atributos. For 10, Des 20, Con 12, Int 12 , Sab 8, Car 18.
Perícias. Acrobacia +7, Fortitude +3, Iniciativa +7, Intimidação +6, Jogatina +6, Luta +7, Reflexos +7.
Habilidades. Raça: Cria de Megalokk, Natureza Venenosa, Olhar Atordoante; Origem: Acuidade com Arma, Confissão; Classe: Audácia, Insolência.
Audácia. Quando faz um teste de perícia, você pode gastar 2 PM para receber um bônus igual ao seu modificador de Carisma no teste. Você não pode usar esta habilidade em testes de ataque.
Equipamento. Cimitarra, Arco Curto, Couro Batido, uma mochila, um saco de dormir, um traje viajante, T$ 4d6.

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Lendas de Arton! Lady Shivara e um novo superkit

lady shivara lendas de arton

Seja bem-vindo ao Lendas de Arton, o retorno da sua coluna mensal com conteúdo exclusivo para Tormenta Alpha aqui no blog da Jambô! Todo mês, traremos algum personagem famoso, kits, superkits, itens, vantagens, desvantagens, monstros… Enfim, muito material extra para incrementar sua campanha de Tormenta em 3D&T Alpha — e que pode ser facilmente adaptado para outros cenários.

E para que o retorno seja triunfal, trazemos ninguém menos do que uma das personagens mais relevantes de Arton: a Rainha-Imperatriz Shivara Sharpblade. Uma lenda viva como essa é tão importante que merece um superkit à altura — o Soberano do Domínio, específico para personagens que aprimoraram ao extremo suas capacidades de liderança.

O conteúdo do Lendas de Arton sempre estará pronto para ser usando apenas com o Manual 3D&T Alpha. Mas, se você usa as regras do Manual do Aventureiro Alpha, vai notar que alguns poderes de kits estão atualizados. Nestes casos, a versão da coluna é mais indicada.

Rainha-Imperatriz Shivara
Maior heroína do mundo, líder dos povos livres

Valkaria apenas gosta de vencedores. E, depois deste dia, estará apaixonada por mim.”
— Rainha-Imperatriz Shivara

Filha de Althar, antigo regente de Trebuck, Shivara cresceu em tempos de calmaria, recebendo educação completa. Apesar disso, quando completou dezessete anos, foi enviada em uma jornada secreta por todo o Reinado pelos pais, que acreditavam que, sendo aventureira e batalhando por sua vida todos os dias, ela seria capaz de reinar com sabedoria. Alguns anos depois de sua partida, a Tormenta surgiu em Trebuck. Com a morte do pai em um ataque lefeu, Shivara voltou para casa, assumindo o trono quase usurpado por nobres inescrupulosos e governando com sensatez e diligência, conquistando o amor do povo.

Quando a Tempestade Rubra tomou e corrompeu o Forte Amarid, Shivara negociou uma longa série de acordos e manobras diplomáticas, criando o Exército do Reinado, composto por tropas de toda a coalizão. O Exército enfrentou a Tormenta junto com alguns dos maiores heróis de Arton, mas ainda assim foi vencido. Mesmo não triunfando, a rainha guerreira lutou com bravura, obtendo o reconhecimento e respeito de nobres e plebeus de todo o continente. Apesar disso, ocorreram disputas internas no Exército, que ameaçavam desmantelá-lo. Assim, Shivara casou-se com o regente de Yuden (que ela desprezava, mas que possuía enorme poderio bélico) e passou a governar dois reinos, junto do marido. Quando este tentou usurpar o trono do antigo Rei-Imperador Thormy, acabou humilhado e banido. Shivara tornou-se então única governante de Trebuck e Yuden.

À medida em que seu poder crescia, cresciam juntos o respeito e amor de todos do Reinado. Diferente do que ocorre com outros regentes, Shivara nunca foi distante, jamais permanecendo em posição confortável. Quando os minotauros atacaram o Reinado nas Guerras Táuricas, o Rei-Imperador Thormy se entregou como refém para impedir um massacre em Valkaria, abdicando do trono em favor de Shivara Sharpblade, fazendo com que ela se tornasse a nova Rainha-Imperatriz, soberana de Deheon, Trebuck e Yuden. No entanto, em decorrência da Guerra Artoniana, Shivara foi sequestrada pelos finntroll com a ajuda dos puristas e enviada à Chacina, o mundo de Megalokk. Após ser resgatada por Nargon, Lothar, Klunc e o professor Aeripharan e juntos ficarem presos em uma magia de êxtase temporal, a Rainha-Imperatriz retoma sua coroa.

Com o fim da Guerra Artoniana, uma grande redefinição de fronteiras aconteceu em Arton e atualmente, apenas sete países formam a coalizão do Reinado, respondendo à Shivara com sua autoridade maior. Essa aliança garante relativa paz, ainda que questionável, pois um simples ataque de goblins a uma aldeia afastada pode fazer populações sucumbirem às promessas de proteção da odiosa Supremacia Purista.

Lady Shivara, 54S

F3 (corte), H6, R3, A3, PdF0; 35 PVs, 45 PMs.

Kits: Aristocrata (inspirar glória, palavra conveniente), Barda (conhecimento de bardo, performance), Guerreira (armadura completa, ataque contínuo, crítico automático, defesa extraordinária); Soberana do Domínio (completo).

Vantagens: Resistência à Tormenta (regional: Trebuck); Aliado-Exército (Exército do Reinado), Ataque Especial (Lâmina da Potestade: F; penetrante e preciso), Boa Fama, Patrono (Nações do Reinado), Pontos de Vida Extras ×2, Pontos de Magia Extras ×3, Riqueza.

Desvantagens: Código de Honra dos Heróis, Devoção (proteger o Reinado).

Perícias: Idiomas, Manipulação; Montaria, História e Sobrevivência (ermos).

Itens: Armadura da Liberdade, Carthalkhan e a Coroa Imperial (veja adiante).

Resistência à Tormenta (regional; 1 ponto). Por seu conhecimento e familiaridade com os terríveis males da Tormenta, Shivara recebe +3 em testes de R para suportar os efeitos da Tempestade Rubra, além de Armadura Extra contra a Tormenta e ser capaz de identificar um lefeu infiltrado com um teste simples de H.

Aliado-Exército (2 pontos). Shivara é a grande comandante do Exército do Reinado, uma força militar inédita na história de Arton, reunindo legiões de todos os reinos, para combater a Tormenta e as ameaças do mundo. Um Aliado-Exército é construído de acordo com as regras de Aliado, que pode pertencer a escalas distintas, de acordo com o poder do Patrono, mas são incapazes de agir sem estar sob Comando de Aliado (Manual 3D&T Alpha, pág. 72). Além disso, precisam de tempo para serem reunidos: 1d multiplicado pela escala a qual pertencem (horas para um aliado-exército Ningen, semanas para Kiodai e meses para Kami).

Graças ao poder Barão, do superkit de Soberano do Domínio (veja adiante), o Exército do Reinado é construído com 54 pontos, e é uma das poucas forças militares em Arton que pertence à escala Kami.

Armadura da Liberdade (30 PEs). Esta armadura mágica concede Armadura Extra (magia), é Confortável e com um simples comando verbal pode mudar sua aparência para parecer uma roupa comum. Apenas Detecção de Magia revela que se trata de um item mágico.

Carthalkhan, a Espada Cristalina (50 PEs). Esta espada longa é o símbolo da família real Sharpblade. É uma espada F+2, que concede H+2 para FA e que aumenta a chance de crítico em um (5 e 6 em 1d, por exemplo).

Armadura Completa. Seu corpo é protegido por uma armadura completa. Quando você sofre um acerto crítico, pode fazer um teste de Armadura. Se for bem-sucedido, o acerto crítico é anulado, e você sofre apenas dano normal.

Ataque Contínuo. Se reduzir um inimigo a 0 PVs com um ataque corpo a corpo, você pode imediatamente fazer um outro ataque contra outro oponente que esteja ao alcance. Você pode usar esse poder até não conseguir derrubar um inimigo ou até derrubar um número de inimigos igual à sua F, o que vier primeiro.

Conhecimento de Bardo. Sua vida de andanças lhe ensinou um pouco de tudo. Você pode gastar 2 PMs para realizar um teste de qualquer perícia como se a tivesse.

Crítico Automático. Você pode gastar 2 PMs em vez de 1 PE para comprar um acerto crítico automático em seu ataque, por até H vezes ao dia.

Defesa Extraordinária. Este é um novo poder para o kit Guerreiro (Manual do Aventureiro Alpha, pág. 62). Você pode gastar 2 PMs em vez de 1 PE para comprar um acerto crítico automático em sua defesa, por até A vezes ao dia.

Inspirar Glória. Este é um novo poder para o kit Aristocrata (Manual do Aventureiro Alpha, pág. 12). Sua presença motiva as pessoas a realizar façanhas impressionantes. Uma vez por cena, aliados à distância de combate corpo a corpo recebem uma ação adicional. O aliado decide quando vai usar a ação extra, mas deve iniciá-la perto de você. Afastar-se e depois se aproximar não concede outra ação adicional.

Palavra Conveniente. Caso uma situação chegue a um impasse, você é capaz de deduzir com certa facilidade qual é a melhor maneira de convencer um dos lados e conquistar o equilíbrio. Cada um dos envolvidos deve testar sua R contra a H do aristocrata. Se algum deles falhar, cederá sua vontade em favor do outro.

Performance. Este é um novo poder para o kit Bardo (Manual do Aventureiro Alpha, pág. 17). Você pode afetar até H+1 aliados que possam lhe ver ou ouvir, ao custo de 2 PMs sustentáveis por alvo. Enquanto mantém a Performance (você não pode agir, mas pode se mover), os personagens afetados recebem um dos seguintes efeitos, à sua escolha:

  • +1d em todas as jogadas de FA ou FD (escolha um). Esse dado extra não conta para críticos;
    • Podem repetir um teste qualquer, ficando com o segundo resultado, mesmo que seja pior que o primeiro;
    • Cura uma quantidade de PVs ou PMs (escolha um) igual à metade da rolagem de 1d+1, arredondado para baixo.

Caso sofra dano ou tenha a performance interrompida de alguma forma, você precisa ativar o poder novamente.

Táticas

A postura inicial de Shivara em um encontro hostil na maioria das vezes é a de mediadora, usando suas habilidades diplomáticas para conseguir o melhor acordo entre as partes envolvidas. Suas perícias e os poderes Palavra Conveniente e Conhecimento de Bardo devem ser o suficiente para resolver a maior parte das desavenças. Mas caso um combate seja inevitável, ela não negará a luta.

Apesar de ser uma líder inquestionável, Shivara tem uma tendência a se sacrificar pelos demais — se estiver lutando com o Aliado-Exército, vai comandá-los da linha de frente. Se estiver em um grupo pequeno, parte para o combate junto dos demais, usando os poderes do kit Guerreira. Quando perder cerca de um terço de seus PVs, Shivara começa a ativar suas habilidades de baluarte e dominadora, usando o poder Imperador (veja adiante) para piorar as condições dos adversários, em seguida proferindo palavras de ânimo com o poder Performance. Contudo, ela não manterá a Performance por muito tempo, partindo novamente para o combate em seguida. Se chegar à metade de seus PVs, gasta dois turnos para usar os poderes Rei e Vice-Cônsul, abrindo mão de parte de seu poder de luta para aprimorar os aliados.

Aventuras

A Rainha-Imperatriz é a pessoa com maior poder político em Arton — e também com mais problemas. Todos os olhos estão sobre ela e todos esperam sua liderança. Até agora, lady Shivara mostrou-se uma governante enérgica e decidida. Mas é claro que muitas pessoas (desde nobres até vilões ameaçadores e servos da Tormenta) odeiam-na com todas as forças.

Para um grupo de aventureiros, conseguir uma simples audiência com a Rainha-Imperatriz pode gerar sessões inteiras de jogo — como aconteceu com os personagens da Guilda do Macaco, que conheceram o melhor (e o pior!) de Valkaria para conseguir se encontrar com ela.

Contudo, a situação política de relativa paz no Reinado muitas vezes exige ações imediatas. Isso faz com que não seja raro que lady Shivara reúna grupos de aventureiros em missões diplomáticas para fortalecer as alianças ou lidar com algum perigo que ameace os reinos sob sua proteção.

Novo artefato
A Coroa Imperial

Símbolo do trono de Deheon e do Reinado, esta coroa é usada pelos reis-imperadores há séculos. Ao longo das gerações, foi impregnada tanto pelo poder de Valkaria quanto pela majestade e sabedoria de cada um dos soberanos que a usou, até se tornar um poderoso artefato, capaz de auxiliar seu usuário na tarefa de guiar a humanidade.

O usuário da Coroa Imperial recebe +4 em todos os testes de perícias, Armadura, Resistência e para perceber quaisquer coisas através dos sentidos que possua (por exemplo, o portador não pode perceber um inimigo invisível se não tiver este Sentido Especial, mas pode tentar ouvi-lo, se não estiver surdo). Além disso, o usuário também está continuamente sob efeito da magia Armadura Espiritual (Manual 3D&T Alpha, pág. 83).

Como um artefato, a Coroa Imperial não pode ser destruída por meios mundanos. A única maneira de destruí-la é roubá-la de seu dono por direito e escondê-la em uma masmorra. Se nenhum herói resgatar a Coroa dentro de um ano e um dia, ela será reduzida a pó.

Lady Shivara Lendas de Arton Batalha Amarid

Novo superkit
Soberano do Domínio

Função: baluarte ou dominante.

Exigências: Aliado-Exército, Patrono (seu domínio), Riqueza; Manipulação; escala Sugoi ou superior.

Terra. Povo. Exército. São elementos que juntos compõem desde a menor nação de Arton até o maior dos impérios. Porém, eles só serão fortes se tiverem um líder forte, com visão para solucionar as questões que se coloquem diante do caminho do domínio, ou a coragem para quebrar paradigmas e enfrentar aquilo que não pode ser resolvido pelos meios convencionais.

Soberanos do Domínio são os maiores líderes de toda Arton. São peças importantíssimas em seus respectivos territórios. Pessoas que, por sua ambição e carisma, governam com mãos de ferro em luvas de veludo. É dito que, sozinhos, eles valem por milhares de soldados no campo de batalha, tamanha sua capacidade de comandar.

Barão. Você domina a arte da liderança na guerra como poucos. Você pode invocar seu Aliado-Exército mais rapidamente: 1d turnos para um exército Ningen, horas para um Sugoi, dias para um Kiodai e semanas para um Kami. Além disso, seu Aliado-Exército é construído com a mesma pontuação que você (e não um nível abaixo).

Imperador. Um verdadeiro líder deve saber impor sua vontade. Você pode gastar um movimento por turno para afetar H oponentes com a simples força de sua presença e autoridade. Enquanto este poder estiver ativo, os alvos afetados sofrem uma penalidade de –5 em todos os testes (incluindo FA e FD), e gastam o dobro de PMs para ativar qualquer poder, vantagem ou magia.

Além de um movimento, você também pode abrir mão de sua ação, e concentrar este poder em apenas um adversário; ele sofre a mesma penalidade para testes, gasta o triplo de PMs para ativar poderes e precisa fazer um teste de R no início de cada turno — se falhar, será considerado de uma escala inferior. Você pode acionar este efeito R+2 vezes por dia. O efeito dura por um turno.

Lorde. Dinheiro é poder, e o senhor do domínio sabe muito bem disso. Para alguém com sua habilidade, basta esfregar uma moeda para ela logo se transformar em duas. Você gasta metade dos PMs para usar magias com Riqueza, de acordo com as regras vistas em Tormenta Alpha, pág. 47. Além disso, H vezes por cena, você pode inclusive conjurar magias que causem dano — mas ainda está restrito à disponibilidade de recursos no lugar em que você se encontra. Magias de dano conjuradas dessa forma têm seu custo em PMs dobrado, e esses PMs só podem ser recuperados com descanso.

Rei. Sua presença eleva os ânimos, acalma os espíritos e reforça a coragem. Você pode gastar 5 PMs para fazer um teste de Manipulação. Se for bem sucedido, você concede para R aliados 1d+H Pontos de Experiência temporários, que podem ser usados para comprar quaisquer das utilidades da experiência vistas no Manual 3D&T Alpha, pág. 142. Os benefícios adquiridos duram uma quantidade de turnos igual à sua Resistência. PMs gastos para ativar este poder só podem ser recuperados com descanso.

Vice-Cônsul. Um líder deve colocar o objetivo diante de sua própria segurança. Em combate, você pode gastar 10 PMs (que só podem ser recuperados com descanso) para decrescer em um nível a escala de R inimigos, fazendo com que até R aliados subam de escala na mesma proporção. O efeito dura enquanto você permanecer consciente e dentro do alcance visual dos demais aliados. Não é possível reduzir uma escala abaixo de Ningen.

Tornando-se um Soberano do Domínio: há muitos regentes que conquistam seus títulos graças ao nome de suas famílias ou à riqueza herdada dos antepassados. Não é o seu caso. Um Soberano do Domínio precisa conquistar a confiança de seus futuros súditos. E isto só é possível realizando um feito ou missão que livre de alguma grave ameaça o domínio que você pretende governar. Além disso, no decorrer da campanha, você também precisa exercer influência política grande o suficiente para ser reconhecido como soberano, seja sucedendo ou derrubando o governo anterior.

Por Tiago Henrique “Oriebir” e Marlon “Armageddon” Teske

Balbúrdia Narrativa — O universo além da mesa: um pouco sobre construção de mundo

construção de mundo

Eis que no ano de 2020 o caos e a desgraça reinava não apenas no planeta inteiro, mas também dentro da cabeça de cada pessoa que conseguiu se isolar para cumprir com o básico da sobrevivência humana. Comigo não foi diferente. Faculdade trancada, desempregado e contato social próximo a zero por ter voltado a morar na casa dos meus pais enquanto eles se retiravam para um sítio da família a 10km do sinal de celular mais próximo. Como refúgio pro desespero da insanidade mental, resolvi me afogar em RPG, chegando a participar de onze mesas frequentes, jogando quatro e mestrando sete. Um pouco de mais, talvez.

Porém, tendo que planejar tantas sessões em tão pouco tempo, em alguns momentos de devaneio me deparei com uma verdade bem óbvia quando se para pra pensar: toda história, seja uma campanha de RPG, um romance, filme ou qualquer outra narrativa, é apenas uma série de acontecimentos que aquele mundo ficcional permitiu que acontecesse dentro de suas regras e possibilidades. Vamos falar um pouco sobre construção de mundo.

Construção de mundo: Os mecanismos por trás de cada história

Claro que, ao escrever um livro cuja história seja ambientada em um cenário autoral, quem escreve determina quais são as leis que irão reger aquele universo, para que então a história possa fazer sentido ali dentro. As varinhas mágicas do mundo de Harry Potter, por exemplo, são um elemento fundamental na construção de mundo, pois uma das “leis” deste universo é os bruxos se utilizarem destes artefatos para facilitar a canalização de feitiços. Porém, se J.K. Rowling, na época em que ainda agia como uma pessoa sã, enquanto ainda desenhava o primeiro livro da saga, tivesse determinado que os bruxos não se equipavam de varinhas, mas sim de cajados mágicos, isto não seria apenas uma mudança estética na história de Harry e companhia, mas sim uma mudança impactante em todo o mundo da magia.

Transformar um objeto simples e pequeno, que poderia ser facilmente guardado em um bolso discreto do casaco, em um pedaço de madeira maior do que um aluno calouro definitivamente acarretaria em cenas e situações completamente diferentes das que já lemos e assistimos, desde o momento em que Harry é escolhido pelo cajado forjado com pena de fênix em uma loja do Beco Diagonal, até o momento em que o cajado dos cajados é retirado das mãos do velho e frio professor Dumbledore. O que quero dizer com tudo isso é que todas as histórias necessitam de elementos que façam parte daquele mundo para que possam funcionar.

RPG também é uma forma de contar história

Agora, transportando esta ideia para dentro de uma campanha de RPG, lugar onde a narrativa é desenvolvida coletivamente com os seus protagonistas, quando o narrador conhece bem o suficiente os elementos do cenário, não necessariamente do mundo todo, mas apenas da região em que estão os personagens, o desenrolar da trama – e do improviso – se torna muito mais natural. Claro que o mestre não precisa saber quem foi o bisavô materno do padeiro da vila, mas o fato de existir um padeiro na vila já é um elemento que pode ser desenvolvido dentro do jogo.

Os elementos que gosto de definir na construção de mundo são a geografia, cultura, economia, costumes, religião e política da região em que os personagens irão se aventurar. E isso não é tão complicado assim.

Vou pular direto para um exemplo tirado de uma mesa que narrei no sistema Tormenta 20, ambientada em Arton.

O grupo havia partido da nação de Deheon e estava viajando a cavalo rumo ao reino de Fortuna para se encontrar com um aristocrata que havia lhes enviado uma proposta de trabalho, viagem esta que levaria pouco mais de três semanas. Eu sabia que a sessão — ou sessões — em que os jogadores passariam na estrada não teria um impacto considerável na campanha como um todo, sem grandes conflitos com vilões ou viradas de trama — a não ser que uma sequência inglória de erros críticos tirasse a vida de alguém —, mas não estava muito inclinado a resumir uma jornada de quase um mês a eventos aleatórios, rolagens banais ou simplesmente com “passou um mês e vocês chegaram”.

Conhecendo o mundo da sua mesa de RPG

Ao término da sessão anterior, o grupo havia decidido viajar pelo interior do continente, região mais rochosa e fria devido à proximidade com as nevadas Montanhas Uivantes, de terreno acidentado e árduo (geografia). Por ser uma terra desolada e com pouca diversidade de fauna e flora, decidi que o ofício mais comum dos moradores locais seria a extração de minérios em pedreiras e em minas de ferro (cultura), tornando a exportação destes materiais o principal comércio dali (economia). Por viverem em uma área tão desolada, afastada das principais rotas de viagem, normalmente os moradores não enxergavam estrangeiros com bons olhos (costumes).

As crenças na região eram variadas, mas pouquíssimas das civilizações erguiam altares. A maior exceção era uma cidadezinha habitada principalmente por humanos e anões, chamada Rocha de Grís, que possuía uma humilde igreja de Allihanna (religião). Por fim, a alta-sacerdotisa de Rocha de Grís fazia questão de lembrar a todos que a pedra e o metal também eram frutos da terra, e que a prospecção excessiva destes frutos poderia trazer consequências severas, ao mesmo tempo em que o líder da guilda dos comerciantes da cidade estava tensionando seu relacionamento com a igreja, pois as palavras da clériga deixavam os mineradores receosos e atrapalhava seus negócios (política).

A primeira parte da construção de mundo está pronta. Isto era tudo o que eu havia preparado e, com isto estabelecido, tornou-se prático desenvolver o restante da sessão a partir da curiosidade e ações dos jogadores.

Que entrem os jogadores!

Depois de passarem por testes de Sobrevivência e Cavalgar para se guiarem através de colinas pedregosas e fugirem de uma avalanche ao terem falhado nestes testes, chegaram a Rocha de Grís em um fim de tarde nebuloso. Percebendo olhares desconfiados em todo canto, a feiticeira sugeriu reabastecer os mantimentos e partir em seguida para que não causassem problemas, mas eu não queria que isso acontecesse, pois chegariam rápido demais ao objetivo final da viagem. Então, fiz um jovem pupilo de Allihanna e um minerador discutirem ferrenhamente diante das vistas do grupo, discussão essa que terminou com o nariz quebrado do minerador e a fuga do rapaz. Havia um druida de Allihanna entre os membros do grupo, e eu sabia que este conflito despertaria seu interesse. Prontamente os demais integrantes foram convencidos de que precisavam entender melhor o que estava acontecendo.

Encontraram-se tanto com a alta-sacerdotisa quanto com o líder da guilda, conversaram com alguns trabalhadores das minas e comerciantes. Descobriram que o jovem que havia quebrado o nariz do minerador era um recém-órfão temperamental e que, ao ser interrogado, inventei que ele havia agido daquela maneira pois tinha sido acusando de ter sabotado um carregamento de minério de ferro, trabalho que ele afirmava ter sido feito por demônios da ferrugem que amaldiçoavam o ferro em nome de Allihanna. Decidiram examinar o carregamento e encontraram o metal completamente apodrecido.

A construção de mundo no RPG é coletiva

O ladino sugeriu que a culpa poderia ser da sacerdotisa. Eu não havia pensado nisso, mas achei uma ótima ideia. A partir daquele momento, ela se tornou a culpada. Agora, quem decidiu inspecionar o carregamento foi a feiticeira, que rapidamente detectou rastros de magia na ferrugem. Interrogaram a clériga, mas não conseguiram prova alguma. Porém, durante a madrugada, o ladino desconfiado invadiu os seus aposentos e, com um lindo crítico em Investigação, encontrou as ferramentas para conjurar um milagre de transmutação que permitia alterar as características de qualquer metal, inclusive oxidá-lo até tornar-se pó.

Com as provas em mãos, viram-se diante de um dilema: acreditavam que a alta-sacerdotisa não era maligna, apenas via-se em posição de proteger aquela terra da influência pesada da civilização, e não seria facilmente coagida a abandonar este plano, ao mesmo tempo que sabiam que expô-la aos cidadãos e ao líder da guilda significaria seu exílio, prisão ou morte.

Depois de uns quinze minutos discutindo as possibilidades, decidiram entregar as provas para a própria sacerdotisa, alertá-la sobre os riscos que ela e seus pupilos corriam por seus atos imprudentes e deram as costas para a cidade. O grupo acabou percebendo que a trama de Rocha de Grís não era uma questão de bem e mau, certo e errado, e seria impossível resolver esta situação de maneira simples, ainda mais levando em consideração que haviam um compromisso importante dentro de poucos dias em um reino vizinho e que ninguém que habitava aquelas ruas de pedra cinzenta confiava minimamente em forasteiros.

O mundo ganha vida própria

A sessão terminou com os personagens se sentindo impotentes por não terem conseguido ajudar pessoas necessitadas, e com os jogadores reflexivos por compreenderem que nem todo problema se soluciona com aço e magia.

No início daquela sessão, tudo o que eu sabia era a geografia, cultura, economia, costumes, religião e política da região de Rocha de Grís. No final, tínhamos uma cidade muito interessante que o grupo ainda cogita retornar alguns níveis mais tarde para tentar, mais uma vez, prestar seus serviços à comunidade.

É muitíssimo importante ressaltar uma coisa que eu acredito ser essencial em qualquer mesa de RPG, mas obrigatória para que Rocha de Grís pudesse ter se desenvolvido desta forma em uma única sessão: a imersão dos jogadores dentro da narrativa e a vontade de, através da perspectiva dos seus personagens, explorar aquele universo. O RPG é, como disse anteriormente, uma narrativa formada coletivamente, e não apenas entregue pronta pelas mãos do mestre. Não é diferente com a construção de mundo, e o desenvolvimento de Rocha de Grís só aconteceu por que os jogadores tiveram curiosidade.

Para encerrar, é sempre bom considerar a possibilidade do grupo ter visto a briga entre o jovem e o minerador, respirado fundo e falado: “Dane-se, vamos ignorar tudo isso e continuar cavalgando em linha reta até o nosso objetivo”, e então metade do meu planejamento teria sido jogado para a patente sem descarga. Bem, caso isso tivesse acontecido, gostaria de lembrar que o Capítulo 7 do manual do Tormenta20 apresenta uma gama bem interessante de criaturas que poderiam dar cabo do grupo inteiro. E não seria um grande infortúnio se por acaso cada monstro aparecesse com dois ou três níveis a mais…

Aventuras Breves 01 – O Ataque dos Goblins

aventuras breves

Olá, leitor! Para todos aqueles que querem participar de eventos de RPG como narrador (de preferência por plataformas como o Discord e o Roll20 durante a pandemia), mas que não sabem por onde começar, estaremos postando todo mês aqui no blog aventuras do tamanho certo para essas situações, as Aventuras Breves.

As aventuras possuem fichas prontas para seus jogadores, úteis para quem nunca fez uma ficha ou para imprimir para eventos. Outra opção legal para jogadores é usar o Baralho de Personagens para criar os personagens para essa aventura. Sem mais delongas, vamos começar!

Você também pode baixar a aventura em PDF aqui, em adaptação por Diogo Almeida.

O Ataque dos Goblins

Os personagens são heróis iniciantes, contratados por um autoridade local, seja um prefeito ou nobre, de uma de milhares de vilas espalhadas por Arton. A tarefa é simples: rastrear um grupo de goblins assaltantes que vem fazendo roubos. Porém, em Arton, goblins são muito mais do que monstros.

Ataque dos Goblins é uma aventura para 4 personagens de 1º nível, mas pode ser adaptada para um encontro de baixo nível. A aventura introduz elementos importantes do Tormenta20, como os povos duyshidakk, testes estendidos e a mecânica de aliados. Ao final, os personagens alcançam o 2º nível.

Resumo de O Ataque dos Goblins

Movidos pela fome e escassez, um bando de goblins fez morada em uma mata fechada próxima a uma vila. Pela posição vantajosa, em uma caverna na lateral de um morro, o auto imposto líder Raxx, um hobgoblin, passou a organizar os assaltos, mesmo que nem todos os membros do grupo concordem. Os que não concordam, ele exila.

Os aventureiros começam na floresta à noite, após o primeiro dia de investigação. Os personagens serão atacados por lobos e goblins durante a noite, e a partir desse momento, poderão rastrear eles através da mata. Encontrando o morro aonde fica o esconderijo, enfrentarão Raxx e seus lobos, mas poderão contar com a ajuda de Gogo, uma goblin engenhoqueira. Porém, após a vitória, o que os personagens farão sobre os outros goblins?

Cena 1 – Emboscada Atrapalhada

Os personagens, já tendo sido contratados para lidar com o problema, e já tiveram um dia de buscas, sem sucesso. A vila que os contratou está a meio dia de viagem e os personagens já passaram o dia inteiro procurando algo. Eles tem duas opções principais: fazer um acampamento para passarem a noite ou retornarem à vila contratante. Independente da decisão, serão atacados quando estiverem com a guarda baixa.

Peça testes opostos de Percepção contra a Furtividade dos Goblins Salteadores (na dúvida, considere um teste de Percepção, CD 14). Caso falhem, ficam surpreendidos e o combate se inicia. Os goblins estão acompanhados de alguns lobos domesticados.

Criaturas. Goblins Salteadores x3 (Tormenta20, p. 288) e Lobos x2 (Tormenta20, p. 278).

Se dois goblins caírem, seja mortos ou apenas inconscientes, o terceiro fugirá, mas os lobos combatem até a morte. Caso os jogadores achem que esse é todo o grupo, peça deles um teste de Inteligência, CD 10, para eles entenderem que esse grupo eram apenas capangas, pois as descrições falavam de um grupo bem maior. Independente do que façam, não serão importunados mais naquela noite.

Cena 2 – Procurar e Destruir

Preferencialmente no dia seguinte, os personagens devem procurar o caminho até o esconderijo dos goblins. Esse momento é um teste estendido, podendo-se usar as perícias Investigação e Sobrevivência, essas com CD 18, ou Percepção CD 20, e são necessários 3 sucessos para encontrar o paredão que leva ao esconderijo. Entretanto, em caso de falha total (Tormenta20, p. 214), serão atacados por 2 lobos (se um dos goblins salteadores da cena 1 escapou, ele também aparece)  e zeram a contagem de sucessos, ou seja, voltam a precisar de 3 para encontrar o esconderijo.

Caso tentem rastrear à noite, personagens sem visão no escuro sofrerão uma penalidade de -2 nos testes, mesmo que possuam tochas (mas se possuírem tochas, personagens com visão na penumbra não sofrem penalidade). Se em algum momento os personagens capturarem um dos goblins salteadores, ele tentará atrapalhar o grupo a todo momento, impondo também uma penalidade de -2 no teste. Contudo, esse goblin pode ser convencido a auxiliar os personagens, seja através de meios mágicos, tal qual a magia Enfeitiçar, ou com testes de Diplomacia, entretanto, Intimidação não possui qualquer efeito nele.

Logo após conseguirem os 3 sucessos, estarão de frente ao paredão que leva à caverna onde os goblins se escondem. Olhando para cima, verão uma plataforma natural, à 9 metros do chão, que pode ser alcançada com testes de Atletismo, CD 15. Enquanto escalam, ouvem o som de uma confusão.

Cena 3 – À Beira do Abismo

Os sons que ouvem são a voz ríspida de um guerreiro hobgoblin. Na frente dele, dentro da caverna, uma pequena multidão de goblins se encontra amontoada na entrada da caverna. Entretanto, quase todos ali são crianças, idosos ou inaptos demais para lutar, estão chorando com medo em seus olhos. Embaixo do pé do guerreiro, encontra-se uma pequenina goblin, com instrumentos exóticos, amarrada. Raxx, o hobgoblin, fala:

“Se não fosse por mim, vocês ainda estariam sendo atacados como peste por aventureiros! E vocês planejam contra mim? Vergonha! Vocês não são duyshudakk! E essa imprestável aqui vai servir de exemplo!”

Ainda que tentem ser furtivos, os goblins amedrontados da caverna se assustam ao vê-los, chamando a atenção do hobgoblin. Este gira nos calcanhares e assovia, chamando 2 lobos.

Criatura. Raxx, Hobgoblin Soldado (Tormenta20, p. 289) e Lobos x2 (Tormenta20, p. 278).

Logo que o combate se inicia, a goblin no chão começa a gritar: “Solta eu! Solta eu! Gogo ajuda vocês! Raxx é babacão! Ajuda eu que eu ajudo!”. Gogo, uma goblin inventora, se debate no chão, libertá-la requer uma ação de rodada completa, mas se assim o fizerem ela passará a ser uma Aliada Destruidora, causando dano de eletricidade com suas engenhocas. Os outros goblins, entretanto, não reagem de qualquer forma além de se encolherem de medo.

Epílogo – Vencemos! E agora?

Se os personagens tiverem libertado Gogo, seja durante o combate ou após, ela explica que o responsável pelos assaltos era Raxx, ela e os outros só queriam sobreviver e aceitaram o comando dele. Porém, agora que estão livres, ela pede ajuda aos jogadores, pois muitos deles precisam de comida e remédios. Mas como a vila irá encarar os goblins? Talvez alguém tenha perdido um parente em um dos ataques a caravanas e seja veementemente contra integrar os goblins à cidade. Sejam quais forem os desafios que o futuro guarde, hoje os personagens foram vitoriosos e avançam para o nível 2!

Personagens Prontos para Ataque dos Goblins

Elfa Arcanista (Maga) 1, Estudiosa.

Defesa 14, Fort -1, Ref +6, Von +2.
Pontos de Vida 7.
Pontos de Mana 13.
Deslocamento 12m (8q).
Ataque à Distância. Arco curto +4 (1d6, x3, alcance médio).
Atributos. For 8, Des 18, Con 8, Int 22, Sab 10, Car 10.
Perícias. Misticismo +10, Vontade +2, Conhecimento +8, Reflexos +6, Iniciativa +6, Percepção +4, Ofício (Escriba) +8, Acrobacia +6, Furtividade +6, Guerra +8.
Habilidades. Raça: Graça de Glórienn, Herança Feérica, Sentidos Élficos; Origem: Palpite Fundamentado; Classe: Caminho do Arcanista (Mago).
Caminho do Arcanista (Mago). Você só pode lançar magias memorizadas; suas outras magias não podem ser lançadas, mesmo que você tenha pontos de mana para tal. Para memorizar magias, você precisa estudar seu grimório por uma hora. Quando faz isso, escolhe metade das magias que conhece (no caso, 2). Essas serão suas magias memorizadas. Você pode memorizar magias uma vez por dia. Caso não possa estudar, não poderá trocar suas magias memorizadas.
Magias Conhecidas. 1º – Seta Infalível de Talude*, Armadura Arcana*, Visão Mística, Conjurar Monstro. CD 16.
Equipamento. Uma mochila, um saco de dormir e um traje de viajante, arco curto, T$ 4d6, livro aprimorado (+2 Misticismo), 3 livros comuns.
*Opções de magias memorizadas.

Opcional – Devota de Wynna.
Poder Concedido. Benção do Mana: +3 PMs.
Obrigações & Restrições. Ainda que a magia jamais possa ser negada para quem a busca, devotos de Wynna devem praticar a bondade e a generosidade de sua deusa, jamais recusando um pedido de ajuda. Além disso, devotos de Wynna são proibidos de matar seres mágicos (elfos, qareen, sílfides e outros a critério do mestre) e conjuradores arcanos.

Anã Guerreira 1, Soldada.

Defesa 17, Fort +8, Ref -1, Von +1.
Pontos de Vida 29.
Pontos de Mana 3.
Deslocamento 6m (4q).
Ataque Corpo-a-Corpo. Machado Anão +7 (1d10+3, x3).
Ataque à Distância. Machadinha +1 (1d6+3, x3, alcance curto).
Atributos. For 16, Des 8, Con 22, Int 10, Sab 12, Car 8.
Perícias. Atletismo +5, Fortitude +8, Guerra +2, Luta +5, Ofício (Armeiro) +2.
Habilidades. Raça: Conhecimento das Rochas, Devagar e Sempre, Duro como Pedra. Origem: Encouraçado. Classe: Ataque Especial.
Ataque Especial (1 PM). Quando faz um ataque, você pode gastar 1 PM para receber +4 no teste de ataque ou na rolagem de dano. Você pode dividir os bônus igualmente.
Equipamento. Uma mochila, um saco de dormir e um traje de viajante, machado anão, escudo leve, brunea, machadinha, uniforme militar, insígnia do seu exército, T$ 4d6.

Opcional – Devota de Khalmyr.
Poder Concedido. Espada Justiceira (1 PM): sua arma de corpo a corpo de corte recebe +1 em testes de ataque e rolagens de dano até o fim da cena.
Obrigações & Restrições. Devotos de Khalmyr não podem recusar pedidos de ajuda feitos por pessoas inocentes. Também devem cumprir as ordens de superiores na hierarquia da igreja (qualquer devoto do Deus da Justiça de nível maior) e só podem usar itens mágicos criados por devotos do mesmo deus.

Humana Clériga de Valkaria 1, Acólita.

Defesa 18, Fort +4, Ref +0, Von +9.
Pontos de Vida 18.
Pontos de Mana 11.
Deslocamento 6m (4q).
Ataque Corpo-a-Corpo. Maça +5 (1d8+2).
Atributos. For 14, Des 10, Con 14, Int 10, Sab 20, Car 12.
Perícias. Religião +7, Vontade +9, Luta +4, Fortitude +4, Cura +7, Intuição +7.
Habilidades. Raça: Versátil (Encouraçado). Origem: Vontade de Ferro. Classe: Devoto de Valkaria. Poderes Concedidos: Armas da Ambição, Coragem Total, Liberdade Divina.
Obrigações & Restrições. Devotos de Valkaria são proibidos de fixar moradia em um mesmo lugar, não podendo permanecer mais de 2d10+10 dias na mesma cidade (ou vila, aldeia, povoado…) ou 1d4+2 meses no mesmo reino. Eles também são proibidos de se casar ou formar qualquer união estável.
Magias Conhecidas. 1º – Escudo da Fé, Curar Ferimentos, Arma Mágica. CD 15.
Equipamento. Uma mochila, um saco de dormir e um traje de viajante, maça, brunea, escudo leve, símbolo sagrado, traje de sacerdo

Lefou Ladina 1, Pivete.

Defesa 18.
Pontos de Vida 14.
Pontos de Mana 3.
Deslocamento 9m (6q).
Ataque Corpo-a-Corpo. Adaga +7 (1d4, 19).
Ataque à Distância. Arco Curto +7 (1d6, x3, médio) ou Adaga +7 (1d4, 19, curto).
Atributo. For 10, Des 20, Con 14, Int 16, Sab 10, Car 8.
Perícias. Ladinagem +7, Reflexos +7, Atletismo +2, Iniciativa +9, Investigação +5, Conhecimento +5, Luta +2, Pontaria +7, Acrobacia +7, Pilotagem +7, Furtividade +9, Fortitude +4, Misticismo +5, Percepção +2.
Habilidades. Raça: Cria da Tormenta, Deformidade. Origem: Quebra Galho. Classe: Ataque Furtivo, Especialista.
Ataque Furtivo. Uma vez por rodada, quando atinge um alvo desprevenido com um ataque corpo a corpo ou em alcance curto, ou um alvo que esteja flanqueando, você causa 1d6 pontos de dano adicional.
Especialista. Ao fazer um teste de Furtividade, Iniciativa ou Reflexos, você pode gastar 1 PM para dobrar seu bônus de treinamento.
Equipamento. Uma mochila, um saco de dormir e um traje de viajante, couro batido, adaga, arco curto, T$ 4d6, kit de ladrão, traje de plebeu, um animal urbano (como um cão, gato, rato ou pombo).

Opcional – Devota de Nimb.
Poder Concedido. Sorte dos Loucos (1 PM): role novamente um teste recém realizado. Se ainda assim falhar no teste, você perde 1d6 PM.
Obrigações & Restrições. Devotos de Nimb sofrem –5 em testes de perícias baseadas em Carisma, pois são sempre considerados loucos. Além disso, no início de cada cena de ação, role 1d6. Com um resultado 1, você fica confuso até o fim da cena.

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O que são fanfics e como elas estão ganhando o mercado editorial

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Perdido na ordem de leitura de A Lenda de Drizzt? A gente te ajuda!

Nossa querida tradutora amiga dos elfos, Carine Ribeiro, vem trabalhando na saga de Drizzt Do’urden desde o volume 1, lançado pela Jambô com uma nova tradução. Para facilitar a vida de quem quer se aventurar por Forgotten Realms com o elfo negro mais famoso da literatura, nós montamos este guia.

Lançamento: A Lenda de Drizzt Vol. 5 — Rios de Prata

E falando em Drizzt, você já leu Rios de Prata? O 6º volume da série é também o segundo na famosa Trilogia do Vale do Vento Gélido, que será concluída em breve com o lançamento de A Joia do Halfling, também traduzido por Carine Ribeiro.

Marcela Alban, autora de Astral

3 curiosidades sobre Astral, de Marcela Alban

Como transformar um fanfic baseado em um anime shonen de ninjas em uma comédia romântica sobre a louca dos signos? A autora de Astral compartilhou 3 curiosidades sobre seu romance com a gente.

3 Curiosidades sobre A Deusa no Labirinto

Sabia que cada encantamento de Gwen foi cuidadosamente construído com ritmo e métrica de poesia por Karen Soarele? Aqui você encontra curiosidades compartilhadas com a gente pela autora de A Deusa no Labirinto.

5 mulheres falam sobre 5 heroínas de Tormenta

Arton é um mundo povoado também por poderosas figuras femininas. No post especial do Dia Internacional da Mulher do ano passado, trouxemos 5 mulheres para falar um pouco sobre suas heroínas preferidas de Tormenta.

Dia Internacional da Mulher com as redatoras do blog

Além disso, temos as autoras na equipe do blog da Jambô produzindo conteúdo sobre RPG e literatura:

Camila Gamino, com dicas para jogadores novatos de RPG.

Elisa Guimarães, com dicas para jogadores experientes de RPG.

Marcela Alban, com crônicas vindas diretamente das mesas de jogo.

Taís Turaça Arantes, com resenhas de literatura.

Leia mulheres neste 8 de Março!

Aqui você encontra todos os materiais do nosso catálogo escritos, traduzidos ou protagonizados por mulheres! Com o cupom GRLPWR você ganha 20% de desconto nesses livros e quadrinhos até o dia 12/03.

Podcast Dragão Brasil 84: Pega esse Visão, parceiro!

Preso em um seriado muito engraçado, chegou seu podcast favorito!

No episódio desta semana, Karen Soarelle confessa como transformou um trabalho de faculdade em uma peça de teatro ambientada em Tormenta; Felipe Della Corte expões sua alma otaku falando de animes; e J.M. Trevisan ajuda a desvendar os segredos da Disney e de Wandavision! E claramente todo mundo falou uma porção de bobagem no meio, com tempo para responder às dúvidas dos Conselheiros da revista Dragão Brasil!

Para escutar o Podcast Dragão Brasil 84!, clique no player acima.

Para baixar, clique no link correspondente com o botão direito e escolha “Salvar como”.

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J. M. Trevisan (Twitter | Livros), Felipe Della Corte (Twitter), Karen Soarele (Twitter | Livros).
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Podcast Dragão Brasil 83: Ele voltou!

Sempre avanti pelas mãos do maior careca vivo, chegou seu podcast favorito!

No episódio desta semana, Della desabafa sobre a experiência de usurpar a Dragão e o podcast por um mês; Camila Gamino faz a vergonhosa confissão de só ter jogado TRÊS mesas de RPG na semana e revela a surpresa da Guilda dos Fanfiqueiros do Joias para Lamashtu; J.M. Trevisan conta o que fez em suas férias recheadas de Star Wars (mas ele comprou coisas?); e Mestre Pedrok dá seu testemunho sobre a tortuosa e fantástica campanha de Skyfall, rolando em seu canal na Twitch (entre muitas outras coisas). E teve MUITO espaço para discussões aleatórias, o tradicional cardápio de bobagens e respostas às dúvidas sempre pertinentes dos nosso conselheiros!

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J. M. Trevisan (Twitter | Livros), Felipe Della Corte (Twitter), Camila Gamino (Twitter), Glauco Lessa (Twitter).
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Bençãos da Deusa — Minha Retrospectiva RPGística Parte 2: O que rolou em 2020

Voltando então com a segunda parte da Minha Retrospectiva RPGística de 2020!

Julho 

A Jornada RPGística começou neste mês. A mesa de Apocalipse World começou mais devagar, todos estávamos conhecendo o sistema pela primeira vez, mas fomos deslanchando à medida que jogávamos.

O jogo é incrível e o grupo foi se acertando muito bem! Também começamos uma mesa de Avatar (o de verdade, de dobradores elementais) usando um sistema chamada “Legend of the Elements” com o Matheus, a Vic, O Gabriel e a Dani, meu grupo anterior de 13ª Era..

Depois de ninguém ser o Avatar, decidi que seria eu, e assim surgiu minha dobradora do ar que odeia ser o Avatar.

Tive o prazer de começar a jogar uma stream de Skyfall RPFG no canal do Mestre Pedrok, Rota Final, que contou com a participação de Leandro Ramos e Caíro Mainier, do “Choque de Cultura”, e foi muito divertido!

Também comecei a mestrar uma one-shot que viraria uma mini-aventura em Solaris, reino de Azgher, como presente para o Daniel, aventura esta montada em live.

Além de tudo isso, também começamos nossa mesa de “Garotas Mágicas na Academia Arcana de Arton”, inspirados pela mesa de Sakura Card Captors lá atrás, e o grupo de Avatar resolveu jogar TAMBÉM Magical Fury, um sistema de garotas mágicas – mas não garotas mágicas fofinhas, uma coisa mais estilo Madoka Magica.

Agosto

Neste mês começamos “Lágrimas Para a Dragoa Rainha“, primeira stream oficial de Tormenta 20, no canal do Mestre Pedrok, na qual tive o prazer de jogar. Mestrada pelo Guilherme e jogada por mim, Pedrok, Trevisan, Karen, Cassaro e Leonel, foi uma experiência maravilhosa!

As demais mesas seguiam firmes e fortes semanalmente, e eu já estava pirando para encaixar tudo.

Setembro

Aqui que a coisa desandou de vez. Depois do último episódio de “Lágrimas Para a Dragoa Rainha”, adaptei a mesma personagem para A Guilda do Submundo de Valkaria, uma Guilda de Tormenta 20.

Achei que ia jogar uma vez que outra, e uma semana depois já estava jogando todos os dias lá, além de jogar minhas próprias mesas fora da Guilda. Conheci lá um pessoal incrível, que passaria a fazer parte da minha vida dali pra frente de uma forma muito especial.

Como vocês podem notar, o número de grupos e mesas só aumentava, não diminuía.

Outubro e Novembro

Foi uma loucura! Entre setembro e outubro, eu chegava a jogar entre 12 e 14 mesas de RPG em uma semana. Eu realmente exagerei. Além de jogar na guilda, comecei a mestrar lá também.

E foi o mês do meu aniversário, comemorado com uma live muito especial.

Como se não bastasse o tanto que jogávamos na Guilda, montamos mais grupos de RPG fora dela. Nós tínhamos um grupo entre o pessoal de ND alto no whatsapp que formamos para organizar a encomenda de uma arte com os personagens, e acabou virando um grupo de conversa de amigos.

Junta um bando de viciado em RPG que passa o dia falando de regra, dá nisso. Eu entrei em dois, um com todo  nosso grupo (o mestre mais dez jogadores, a ideia é se revezar em grupos de 5) mestrada pelo Reik, e outra com alguns de nós mestrada pelo Will.

Dezembro

Dezembro é um mês complicado naturalmente. O ritmo das mesas diminuiu – e na verdade eu precisava disso. Porém, ainda joguei direto, mas passei a evitar jogar duas mesas num dia só.

Algumas mesas entraram em hiato. Comecei a jogar o delicioso Mouse Guard em stream da Editora Retropunk. Tá bom assim, né? Não! Porque saíram as primeiras aventuras da Jornada Heroica, campanha completa de Tormenta 20 do nível 1 ao 20.

E eu me comprometi mestrar a Jornada Heroica. Não para um. Não para dois. para TRÊS grupos diferentes. E são grupos completamente diferentes mesmo,

Foi um ano atípico e pesado pra todos mundo, mas o RPG foi minha muleta, minha salvação. O motivo de eu não ter pirado durante este período difícil. Em alguns momentos passei dos limites, mas a gente vai aprendendo a dosar as coisas.

Espero que 2021 seja um ano melhor para todos nós, e que ainda tenha muito RPG. Afinal, RPG nunca é demais.

Bençãos da Deusa — Minha Retrospectiva RPGística Parte 1: O que rolou em 2020

Retrospectiva RPGística

2020 foi um ano atípico para todo mundo, e pra mim não foi diferente. Meu trabalho virou homeoffice, fiquei de quarentena desde a metade de março, sem ir nem ao supermercado, pois sou grupo de risco. Definitivamente não foi um bom ano de forma geral. Mas foi um ano de muito RPG, MUITO MESMO! Nunca joguei tanto na minha vida, e acho que nunca joguei tantos RPGs diferentes também. Presa em casa, o RPG me ajudou a passar o tempo e a encarar esse período de aflições e insegurança, e vou fazer com vocês uma retrospectiva RPGística desse ano louco.

Janeiro e Fevereiro

As coisas ainda estavam relativamente normais. Aqui em casa, acompanhávamos as notícias de outros países e sabíamos que chegaria aqui. Álcool gel já fazia parte da nossa rotina quando o primeiro infectado foi anunciado. Estava jogando Deadlands e 13ª Era, além do grupo fixo de Tormenta RPG – A Libertação de Valkaria. Chegamos a impedir que uma amiga que voltava da Europa viesse jogar presencialmente em casa. 

Março e Abril

As mesas presenciais viraram todas mesas online. Também recebi o convite do Thiago Rosa para uma mesa de Tormenta Alpha, que obviamente aceitei. O que era para ser uma mesa pessoal, entre amigos, se tornou uma stream semanal no canal da Jambô Editora na Twitch. Joias para Lamashtu se tornou um dos grandes incentivos na minha vida: a mesa incrível composta por Carine Ribeiro, Glauco Lessa, Rafael Pelluso, além de mim e do Thiago, cativou uma galera fiel, toda semana presente nas stream – e fora dela: rendeu ainda a “Guilda dos Fanfiqueiros de Joias”. Era o primeiro aviso de que o RPG começaria a tomar conta de minha vida como nunca antes.

Maio

Depois de assistir uma live com Felipe Della Corte e Thiago falando da Jornada Heroica – que até então eu não estava dando muita bola – entrei em um hype gigantesco. Assim, descobri a Organização Secreta no discord, na época não tão cheia e um espaço delicioso para… hypar. Foi um espaço importante de debate, troca de ideias, enfim. Era o ambiente que eu precisava. Para fechar o mês com chave de ouro, dia 29 saiu a primeira versão final do Tormenta 20. Foi o que me fez sair de dois meses de letargia e “pôr a mão na massa”.

Junho

Já no dia 1º de junho eu jogava minha primeira mesa de Tormenta 20. Eu e um grupo de malucos, liderados pelo Daniel Duran, que topou adaptar “Dia de Tormenta” pro recém saído T20, nos aventuramos neste sistema até então desconhecido. A one-shot virou uma “quadri-shot” e nos divertimos demais conhecendo o sistema juntos. Também acabei organizando um mini evento de aniversário do servidor na mesma semana, e mestrei Tormenta 20 também. Foi o mês em que comecei o meu próprio canal na Twitch, para falar de RPG e afins. Também tive a felicidade de jogar uma one-shot de Sakura Card Captors pra 3d&T que foi resolvida com uma festa ao invés de combate: foi incrível! Finalzinho do mês também criamos um grupo para jogar Apocalipse World, que eu até então desconhecia. Mas os jogos só começaram em julho….

O segundo semestre de 2020 foi ainda mais insano, mas isso eu conto pra vocês no mês que vem. Que vocês tenham um 2021 recheado de RPG, assim como foi o meu 2020, e até janeiro!

Ex Tenebris, Lux: uma música sobre a Tormenta pelo bardo Victor Lucky

ex tenebris lux

Nós aqui na Jambô ficamos muito empolgados quando Victor Lucky, a misteriosa entidade que habita o Twitter e grupos de Discord, lançou seu single Ex Tenebris, Lux, inspirado no romance O Terceiro Deus, de Leonel Caldela. Aproveitando o lançamento e a recepção que a comunidade teve do projeto, trouxemos o bardo em pessoa para falar como foi o processo de criação da música e do clipe!

*****

Ex Tenebris, Lux: Transformando a Tormenta em música

Por Victor Lucky

No dia 14 de novembro, lancei meu primeiro single: Ex Tenebris, Lux. Inspirado no cenário de Tormenta, decidi escrever e produzir uma canção que falasse dos Cavaleiros de Corvo, a ordem de cavalaria que apareceu em O Terceiro Deus, um dos romances do cenário.

Minha música tem sido muito bem recebida pelos fãs do cenário e até mesmo pela equipe que produz e escreve o meu RPG favorito no mundo. Com toda essa recepção, muitas pessoas quiseram saber mais sobre o processo de composição e produção. Estou aqui para falar um pouco sobre esse isso e responder a algumas dúvidas comuns.

Transformando inspirações em ideias

Escrever uma música é muito parecido com contar uma história. Você precisa de um tema, de argumentos, conflitos e resoluções. Mas o começo do processo é sempre uma ideia. Que história você quer contar? Eu queria falar sobre os Cavaleiros do Corvo. Queria que fosse uma “música de guerra”, algo simples, mas eficiente, que contasse a história indo direto ao ponto.

Ir direto ao ponto foi o primeiro obstáculo. Sempre fui tecladista e resistir ao impulso de colocar várias camadas de teclados e orquestrações foi uma necessidade imediata. Preferi limitar os teclados apenas ao essencial e mantive o foco nas guitarras, que considero um instrumento poderoso, adequado a cavaleiros que arriscam a vida contra a Tempestade Rubra. Sentei-me com uma guitarra no colo e comecei a experimentar, assim surgiu a melodia que serviria como tema central da música.

O compasso 6/4 foi pensado para ser uma marcha misturada com uma valsa. Nenhum detalhe ocorre por acaso.

Quando terminei de escrever todo o instrumental, a música já tinha nome: Ex Tenebris, Lux foi batizada pelo lema dos Cavaleiros do Corvo, “das trevas, trago a luz”, misturado ao meu antigo caso de amor com a língua latina. Eu ainda não sabia que o título faria parte da letra, isso viria a seguir…

Português ou inglês? Quero ambos!

Qualquer fã de Power Metal conhece muito bem músicas que cantam sobre temas de heroísmo fantástico. Ainda que eu não considere Ex Tenebris, Lux como uma canção do gênero, é impossível não identificar influências e similaridades. Essas músicas são quase sempre cantadas em inglês, mas Tormenta é um cenário 100% brasileiro, e agora?

A ideia original sempre foi escrever a letra em português. Para mim não fazia sentido promover um lançamento anglófono inspirado em literatura brasileira. A ideia de fazer uma versão em inglês da letra veio depois, por sugestão de uma amiga, e acabou virando um “lado B” do projeto. Não é uma tradução exata, isso seria impossível, mas uma releitura da letra original. Dessa forma, o clipe e todo tema original do single seriam em português, mas com aquele extra para as pessoas que preferem ouvir temas medievais na língua inglesa.

Gravação e produção

Eu falei acima que escrever uma música é como contar uma história. Pois é, gravar uma música é como escrever um conto. É muito fácil se render ao impulso criativo de querer fazer tudo de uma vez só, mas a partir do momento em que já está tudo planejado, faz bem ter paciência e ir com calma. Impus uma limitação de gravar não mais que um instrumento por dia. Isso me obrigou a ter uma dose extra de carinho em cada etapa da produção. Cada parte gravada foi ouvida com atenção e regravada de acordo com a necessidade. Demorei horas para gravar todas as guitarras de maneira satisfatória, e tudo bem. O baixo me levou menos de 15 minutos, e tudo bem, também.

O vocal foi algo bem desafiador para mim. Não costumo cantar, mas quando canto, mostro claramente as minhas influências de música pesada. Gosto de gritar, fazer drives e efeitos com a voz, mas essa música era uma canção de guerra e nada disso era necessário. Cortei os excessos e investi numa linha vocal limpa e tranquila, com exceção do refrão que canta o título da música. O coro de “Cavaleiros do Corvo” evocando a frase em latim foi gravada em 7 partes sobrepostas, cada uma em um registro vocal diferente.

A mixagem e masterização são o polimento de qualquer produção. É o que transforma pedaços de música numa obra concisa. O maior desafio desse processo está na principal ferramenta utilizada: os ouvidos. Existem diretrizes e sugestões, mas no geral, é o ouvido do produtor que determina se está bom ou não. Para mim foi o processo mais longo e demorado, mas um dos mais gratificantes também. Ver sua performance bruta se transformando em algo que você se orgulha de ter feito é muito especial.

Câmera e ação!

Em algum momento pensei “já que vou lançar essa música, eu poderia fazer um clipe também, né?”. Imediatamente me imaginei gravando em alguma floresta, porque é isso que as bandas de Power Metal fazem. Mas só ir para o mato e gravar me pareceu meio sem graça, eu queria dar um contexto para o clipe, contar uma história junto com a música.

Foi quando surgiu a ideia de começar com uma “mesa de RPG”. Vazia, porque afinal a produção foi individual, mas viva de algum jeito. As vozes da “sessão” que acontece na mesa são de integrantes do meu querido grupo de RPG da adolescência. Foi com aqueles caras que conheci Tormenta, e foi com eles que cresci jogando 3D&T, GURPS, Pathfinder e uma quantidade obscena de Lobisomem. Pareceu a ideia perfeita na hora, e fiquei muito feliz que deu certo.

As imagens onde eu apareço foram filmadas pela minha esposa, Maurine Cardoso, e eu mesmo fiz as outras tomadas. O clipe foi inteiramente editado e produzido por mim e, surpreendentemente, deu bem menos trabalho do que eu esperava.

Claro que eu jamais faria um videoclipe inspirado em Tormenta sem evocar a clássica piada feita por Leonel Caldela num antigo Podcast da Dragão Brasil e hoje repetida o tempo todo: “tem que acabar o Victor Lucky”. Isso ficou como bônus para os observadores, bem no finalzinho do vídeo.

O valor de Sabedoria na ficha parece correto.

Tá na hora de lançar!

No final de setembro eu anunciei no Twitter que iria lançar um single inspirado em Tormenta. Começou ali um hype que eu não esperava, mas com o qual precisei aprender a lidar. A postagem foi curtida por bastante gente da comunidade e até por autores do cenário. Naquele momento, em que eu tinha acabado de gravar os vocais e ainda tinha muito chão pela frente, eu sabia que tinha que garantir que o produto final ficaria legal.

Eu ainda não tinha terminado a mixagem, eu ainda não tinha clipe, eu ainda não tinha uma capa. Mas como todo processo criativo, se resolveria com trabalho e determinação. Nas semanas que seguiram eu comentei no Twitter um pouco sobre atrasos que aconteceram, como eu estava aprendendo com o processo todo e sobre como eu aprendi que não adiantava reclamar, era necessário arregaçar as mangas e continuar seguindo em frente.

Até que veio o dia do lançamento, e o resultado está aí para todos os que quiserem ver e ouvir.

Vem mais coisa por aí?

Há algum tempo eu não escondo mais que tenho várias músicas inspiradas em Tormenta, a maioria ainda inacabada. Talvez a experiência de lançar Ex Tenebris, Lux seja o incentivo que preciso para terminar mais algumas e enviar para o público. É um trabalho completamente por amor, é fanart no mais puro sentido da palavra, mas dá um gosto imenso. Tormenta está comigo há tanto tempo que é de lá que veio o meu “nome artístico” que uso há quase tanto tempo quanto o cenário existe, “Lucky”, inspirado no bardo mais famoso de Arton.

Lançar esse single foi uma jornada incrível. Recomendo a qualquer um que queira tentar fazer algo parecido.

Arte da capa pelo talentosíssimo Marcelo Almeida (@marcelodigitalartist no Instagram).

Ouça Ex Tenebra, Lux

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Podcast Dragão Brasil 74: Eduardo Spohr e o Momento Roma

Ave César, chegou seu podcast favorito!

No episódio de hoje, J.M. Trevisan, Guilherme Dei Svaldi, Leonel Caldela e Karen Soarele recebem o ilustríssimo escritor, Eduardo Spohr, que está lançando seu novo livro, Santo Guerreiro: Roma Invicta! A conversa vai de detalhes sobre a Roma antiga, até métodos de pesquisa para livros históricos, passando por uma das dúvidas mais cruéis de todos os tempos: os romanos jogavam seus dejetos pela janela? Tem também uma biga inteira de bobagens, e as dúvidas dos Conselheiros!

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Livro novo de Eduardo Spohr: Santo Guerreiro – Roma Invicta

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Império de Jade: uma resenha depois da chegada do Tormenta20

Imperio de Jade

Uma piada recorrente de primeiro de abril durante anos, Império de Jade finalmente se tornou realidade em 2018. Na ocasião, o RPG foi extremamente elogiado pelas novidades trazidas tanto ao universo quanto às regras de Tormenta.

Agora que temos o Tormenta20 em nossos computadores (e alguns sortudos já em mãos!), parece uma ótima hora para revisitar Tamu-ra e entender a importância do livro para o lançamento mais recente da Jambô. Vamos?

Influências do outro lado do mundo

É bem óbvio que Império de Jade é inspirado na cultura oriental. Todo o trabalho gráfico e ilustrado passa essa mensagem. O RPG não é para qualquer campanha de animê e mangá — para isso, já há 3D&T e tantos outros jogos.

Império de Jade busca a atmosfera de obras como Rurouni Kenshin, Inuyasha (e agora Yashahime), e Demon Slayer. Os personagens são poderosos, capazes de feitos sobrenaturais, mas em um mundo feudal de honra e lutas de espadas, socos e chutes. Bem, pelo menos na maioria das vezes.

RPGs mais famosos como Lenda dos Cinco Anéis e Blood & Honor se dedicam a retratar um Japão feudal (com pitadas de China e Coreia) um pouco mais fiel, mesmo quando há elementos mágicos. Já em Império de Jade, a inspiração cultural é evidente, mas não existe essa pretensão histórica.

Fica a critério da mesa seguir esses elementos culturais mais à risca ou não, exatamente como ocorre em vários mangás e animês fantasiosos que se passam nesse período.

A honra em Império de Jade

Tamu-ra é terra de samurais e devotos do deus da honra, então não poderiam faltar regras para personagens mais certinhos e outros… nem tanto. Aqui, Honra tem H maiúsculo e é uma habilidade como Força, Inteligência ou Carisma, determinado na criação do personagem. Mas, diferente dos outros valores, é o único que pode mudar de acordo com atitudes e decisões do jogador.

Além disso, a habilidade pode ser usada para incrementar jogadas de dados, ajudar a se defender e a resistir a efeitos, tanto por meio de talentos especiais, quanto por usos gerais de Honra. Ter Honra alta exige disciplina e discrição, mas tem suas vantagens!

Mesmo assim, a Honra pode ser bem restritiva às vezes na hora de criar personagens fora da caixa. Isso é proposital, para refletir o comprometimento necessário de ser alguém honrado, mas ao custo de limitar opções aos jogadores.

De todas as regras que Tormenta20 herdou de Império de Jade, essa talvez seja a única a permanecer exclusiva. Os motivos para isso são claros: a moral em Tamu-ra é diferente e até mais importante para a experiência do jogo. Logo, é lá que você encontra a satisfação de ser um samurai honrado ou um ninja safado.

Personagens coloridos e diversos

Assim como o continente de Arton, Tamu-ra é habitado por muitas pessoas e seres diferentes. Houve muita criatividade em trazer lendas e arquétipos orientais como raças e classes de forma que combinasse com o mundo de Tormenta.

Em Tamu-ra não há apenas samurais humanos sisudos e estoicos! Há meios-youkai (como o Inuyasha!); hengeyoukai capazes de se tornar animais; os famosos nezumi, ratos humanoides; e até os atípicos vanara e mashin — um povo macaco sábio das montanhas e construtos criados por mortais que pensam e sentem (ou não?).

Figurinhas famosas do continente também dão as caras em roupagens novas, como o kaijin, que é uma versão mais grotesca e horripilante do lefou; e o ryuujin, um meio-dragão mais honrado e uma bênção direta de Lin-Wu a famílias dignas o suficiente.

Nas classes, há uma atualização de classes já conhecidas, como samurai, monge e ninja, para as novas regras de Império de Jade. É claro, também há classes inéditas, como os yakuza, shugenja e shinkan. Essas classes novas são mais ou menos equivalentes às antigas classes de Tormenta RPG em conceito, mas em termos de regras e habilidades trazem muitas novidades.

Mas e a Tormenta?

Mesmo depois de derrotada em Tamu-ra, a tempestade rubra ainda está presente. A diferença é que, enquanto no continente, ela se mostra um desafio para níveis altos, em Império de Jade, ela é mais comum e frequente já desde os níveis baixos.

Claro que a Tormenta não desistiria simplesmente do arquipélago, mas sua derrota foi considerável. Os aventureiros agora lidam com seus resquícios enquanto reconstroem seu império.

Por isso, as criaturas aberrantes possuem NDs baixos no bestiário do livro — o que não impede que seu grupo ainda encontre vários juntos em níveis mais altos.

Império de Jade e Tormenta20

Entre Tormenta RPG e Tormenta20, muitos consideram Império de Jade um Tormenta 1.5. Essa percepção não poderia estar mais certa!

Muitas ideias novas e queridas pelos jogadores fizeram sua estreia neste RPG, como os PMs como recurso universal das habilidades e os aprimoramentos dos jutsus e das magias, além de talentos e poderes mais acessíveis e generosos.

Como é um livro básico separado da linha anterior de Tormenta, a Jambô ainda tem planos para continuar o suporte com suplementos futuros. Na própria Dragão Brasil, Tamu-ra tem tido mais atenção do que nunca: aventura, adaptações e novas regras e mecânicas!