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Sal & Tormenta — Deleite Mágico, Bolos de Jade e Frescor de Nimb

sal & tormenta

Agora que o frio deu uma trégua em Porto Alegre, finalmente foi possível colocar as receitas geladas para votação nas Sobremeas dos Deuses aqui na coluna Sal & Tormenta! Como pessoas vindas de lugares quentes o ano todo, nem eu nem Elisa Guimarães tivemos coragem de encarar sorvete e raspadinha em nosso primeiro inverno no Rio Grande do Sul. Essa também foi a edição com algumas das receitas mais estranhas, mas surpreendendo a todos (até nós mesmos), elas ficaram bem gostosas!

Esperamos que gostem!

Como sempre no Sal & Tormenta, regras por Rafael Dei Svaldi e fotos por Matheus Tietbohl! Ana Carolina Gonçalves foi cobaia.

Lembrando que a CD de preparo de todos os doces dos deuses é 20.

Deleite Mágico

Em Arton, a magia pode até ser algo comum, mas nem por isso deixa de criar seus momentos de maravilhamento. A sobremesa de Wynna, deusa da magia, sempre será um desses momentos: é possível perceber que a receita foi bem sucedida porque ela sempre terá algum elemento surpresa que a torna encantaodora e apetitosa. Uma mudança súbita de cor, a temperatura que se adequa sozinha até se tornar perfeita, um aroma misterioso e sedutor… 

Sobre esta receita: Nós sabemos que o chá de clitória, que muda de cor na presença de ácidos ou bases, não é fácil de conseguir no Brasil (a gente comprou no Shopee). Ele não tem gosto de nada e a função na receita é só o efeito da mudança de cor. Se você gosta de limão, quer algo gelado e fácil de fazer e não tem acesso ao chá, a gente recomenda fazer sem.

Efeitos na mesa

Escolha uma magia de 1º círculo. Até o final do dia você pode lançar essa magia uma única vez, sem aprimoramentos, pagando 2 PM (atributo-chave Inteligência).

Custo:  6 T$ 

Receita de Deleite Mágico (a.k.a granita de limão com chá de clitória e rosas)

Ingredientes

  • 5 limões sicilianos
  • 1 limão taiti
  • 1 litro de água
  • 2 xícaras de açúcar
  • 1 colher de sopa de água de rosas
  • 500 ml de água
  • flores secas de clitória a gosto

Preparo

  1. Misture as 2 xícaras de água e o açúcar e leve ao fogo até que todo o açúcar se dissolva. Não é preciso ferver.
  2. Espere a mistura esfriar e acrescente o suco de todos os limões. Caso não vá fazer o chá, acrescente também a água de rosas. Leve a mistura ao freezer até congelar completamente.
  3. Caso vá servir com o chá, ferva os 500 ml de água e deixe as flores de clitória infusionarem no chá. Quanto mais flores, mais azul vai ficar. Misture a água de rosas e leve à geladeira.
  4. Quando a base da granita estiver totalmente congelada, basta raspá-la com uma colher ou garfo e servir. Para o efeito da mudança de cor, acrescente o chá ao gelo raspado na hora de servir.

Bolinhos de Jade

Como um deus preocupado com a honra e a verdade, Lin-Wu abençoa seus protegidos com uma guloseima barata, acessível e portátil. Capaz de agradar em mesma medida os nobres em seus banquetes, o mais simples dos camponeses e os aventureiros que precisam ficar longos períodos fora de casa. Como sinal da gratidão da divindade e seu povo pelo acolhimento após o terrível ataque da Tormenta, esse pão macio e da cor de jades tem um recheio que talvez fosse mais esperado em uma mesa tipicamente valkariana, sob um preciosismo típico de Tamu-ra.  

Efeitos na mesa

Ao fazer um ataque corpo a corpo, você pode gastar o efeito desta comida. Se acertar o ataque, causa dano máximo.

Custo:  4 T$ 

Receita de Bolinhos de Jade (a.k.a baos de matcha no vapor recheados com brigadeiro)

Ingredientes

  • 1 2/3 xícara de farinha de trigo branca
  • 1/4 xícara de água
  • 1/3 xícara de leite
  • 3 colheres de sopa de açúcar
  • 1 pitada de sal
  • 1 colher de chá de fermento seco para pão
  • 1 colher de sopa de matcha (chá verde em pó)
  • 1 lata de leite condensado
  • 2 colheres de cacau ou chocolate em pó
  • papel manteiga

Preparo

  1. Misture a farinha, o fermento e o matcha. Esquente a água, o leite e o açúcar até a mistura ficar morna e o açúcar dissolver.
  2. Misture o leite à farinha com fermento com a mão. Acrescente a pitada de sal. 
  3. Polvilhe uma fina camada de farinha em uma bancada para não grudar. Sove a massa por 15 minutos (ou até a mistura ficar homogênea). Acrescente aos poucos mais farinha na bancada sempre que a mistura voltar a grudar na bancada.
  4. Coloque a massa em uma bacia, tampe com um plástico filme e deixe crescer em um lugar mais quente até que a mistura dobre de tamanho.
  5. Enquanto isso, prepare um brigadeiro normal até desgrudar do fundo da panela e ficar em ponto de enrolar. Espere esfriar, divida em 8 porções e enrole 8 bolinhas. Deixe na geladeira.
  6. Assim que a massa dobrar de tamanho, sove-a novamente até voltar a ficar homogenea. Divida em 8 poções de mesmo tamanho, forme bolinhas e reserve para que fermentem e cresçam novamente.
  7. Abra as bolinhas com um rolo (ou uma garrafa de vidro) enfarinhado para que a massa não grude. Cubra cada um dos brigadeiros com um dos discos de massa formando uma bolinha.
  8. Corte 8 quadrados de papel manteiga e coloque um pãozinho sobre cada um deles.
  9. Cozinhe os pães no vapor por 15 minutos com um espaço entre eles, porque eles crescerão no calor. Retire do vapor e estão prontos.
  10.  Caso você não tenha uma panela de cozinhar no vapor (que foi nosso caso), coloque uma caneca de cerâmica (ou outro recipiente que aguente calor) em uma panela alta com tampa. Encha a panela com água até metade da altura do recipiente e ferva a água. Nesse momento, coloque um prato com os bolinhos sobre a caneca e tampe a panela.

 

Frescor de Nimb

Mesmo os paladares mais refinados de Arton, aqueles que provaram os sabores mais exóticos, raros e estranhos tem uma grande dificuldade em explicar como é provar o Frescor de Nimb, ainda que nenhum deles tenha algo além de elogios para falar da experíência. Um creme gelado a primeira vista, dizem que a sobremesa é capaz de refrescar e esquentar aqueles que a consomem ao mesmo tempo, em uma confusão de reações físicas que só o olhar do deus do caos poderia levar até os mortais.

Efeitos na mesa

O próximo resultado “1” que você rolar em um teste será considerado um “20”. E o próximo resultado “20” que você rolar será considerado um “1”.

Custo:  2 T$ 

Receita de Frescor de Nimb (a.k.a sorvete de baunilha, chocolate e pimenta)

Ingredientes

  • 300 g de creme de leite ou nata bem gelados
  • 1 lata de leite condensado
  • 100 g de chocolate (nós usamos 70% e recomendamos usar um menos doce, mas vai do seu gosto)
  • 1 colher de sopa de essência ou extrato de baunilha
  • 10 unidades de pimentas dedo de moça(na verdade, vai de quão picante você aguentar. Nós usamos habanero e dedo de moça, passamos dois dias com as mãos ardendo)
  • 1 maçã descascada e picada
  • 1/2 xícara de açúcar
  • 1/4 de xícara de água
  • 1 colher de chá de limão

Preparo

  1. Para a geleia de pimenta, corte das pimentas no meio, retire as sementes e pique-as. Leve ao fogo com a maçã, o açúcar, a água e o limão. Cozinhe até a maçã começar a derreter e a mistura ficar com consistência de geleia. Deixe esfriar e reserve.
  2. Para o sorvete, bata o creme de leite gelado até atingir picos médios, ou seja, engrossar a pouco de ganhar consistência mas ainda não manter a forma. É importante não bater creme de leite fresco ou nata demais, se não vira manteiga.
  3. Misture o leite condensado e bata a mistura até atingir pico duro, ou seja, ser capaz de manter a forma.
  4. Acrescente a geleia de pimenta, a baunilha e o chocolate picado. Misture o suficiente só para incorporar.
  5. Leve ao freezer de um dia para o outro.

Bonus: Matheus e Ana provando o Frescor de Nimb!

Mais Sal & Tormenta

Sal & Tormenta 01 — Lena e Khalmyr
Sal & Tormenta 02 — Aharadak, Thyatis e Kallyadranoch
Sal & Tormenta 03 — Arsenal, Tenebra e Thwor

Terminou a refeição? Que tal Aventuras Anti-ácidas?

Aventuras Anti-ácidas — Temebra, Arsenal, Thwor e Thyatis

Heróis de Bolso 01 — Fichas prontas para Tormenta20

Fichas prontas para Tormenta20

Olá, leitores! Precisa de fichas rápidas para aquela mesa de Tormenta20 que rolou de última hora? Vai participar de um evento online e quer personagens prontos? Heróis de Bolso vem ajudar em todas suas necessidades de ficha (combo não necessariamente incluso). Todos os meses vou trazer fichas prontas pra Tormenta20, de várias raças e classes. Também é ideal para acompanhar as aventuras prontas das Breves Jornadas, minha nova coluna que estreia na Revista Dragão Brasil deste mês!

Vocês podem baixar todas as fichas por Diogo Almeida aqui, ou baixá-las individualmente abaixo!

Minotauro Cavaleiro 1, Guarda

Iniciativa +0, Percepção +0, faro.
Defesa 19, Fort +6, Ref +0, Von +0.
Pontos de Vida 24.
Deslocamento 6m (4q).
Pontos de Mana 3.
Corpo a corpo. Espada Longa +7 (1d8+5, 19) ou lança +7 (1d6+5).
Baluarte. Você pode gastar 1 PM para receber +2 na Defesa e nos testes de resistência até o início do seu próximo turno. A cada quatro níveis, pode gastar +1 PM para aumentar o bônus em +2.
Chifres. Você possui uma arma natural de chifres (dano 1d6, crítico x2, perfuração). Quando usa a ação atacar, pode gastar 1 PM para fazer um ataque corpo a corpo extra com os chifres.
Código de Honra. Você não pode atacar um oponente pelas costas (em termos de jogo, não pode se beneficiar do bônus de flanquear), caído, desprevenido ou incapaz de lutar. Se violar o código, você perde todos os seus PM e só pode recuperá-los a partir do próximo dia.
Faro. Você não fica desprevenido e sofre apenas camuflagem (em vez de camuflagem total) contra inimigos em alcance curto que não possa ver.
Medo de Altura. Se estiver adjacente a uma queda de 3m ou mais de altura (como um buraco ou penhasco), você fica abalado.
For 20 Des 10 Con 18 Int 12 Sab 10 Car 10
Poderes. Estilo de Arma e Escudo.
Perícias. Atletismo +7, Guerra +3, Investigação +3, Luta +7, Nobreza +3.
Equipamentos. Brunea, escudo leve, espada longa, lança, mochila, saco de dormir, traje de viajante, T$ 14.

Opcional — Devoto de Khalmyr
Espada Justiceira (Livre, 1 PM) — Você encanta sua espada (ou outra arma corpo a corpo de corte que esteja empunhando). Ela recebe +1 em testes de ataque e rolagens de dano até o fim da cena.
Obrigações & Restrições — Devotos de Khalmyr não podem recusar pedidos de ajuda feitos por pessoas inocentes. Também devem cumprir as ordens de superiores na hierarquia da igreja (qualquer devoto do Deus da Justiça de nível maior) e só podem usar itens mágicos criados por devotos do mesmo deus.

Lefou Arcanista (Feiticeiro) 1, Eremita

Iniciativa +7, Percepção +4, visão no escuro.
Defesa 15, Fort +2, Ref +4, Von +4.
Pontos de Vida 10.
Deslocamento 9m (6q).
Pontos de Mana 9.
À distância. Arco curto +4 (1d6, x3, médio).
Busca Interior. Quando você e seus companheiros estão diante de um mistério, incapazes de prosseguir, você pode gastar 1 PM para meditar sozinho durante algum tempo e receber uma dica do mestre.
Cria da Tormenta. Você é uma criatura do tipo monstro e recebe +5 em testes de resistência contra efeitos causados por lefeu e pela Tormenta.
Linhagem Rubra Básica. Quando adquire um poder da Tormenta, você pode aplicar a penalidade em Carisma a outro atributo. Sua relação com a invasão aberrante lhe permite sacrificar partes específicas de seu ser.
Magias. 1º — Conjurar Monstro, Imagem Espelhada, Setas Infalíveis de Talude. CD 13.
For 7 Des 18 Con 14 Int 8 Sab 12 Car 16
Poderes. Antenas, Carapaça.
Perícias. Adestramento +5, Misticismo +3, Sobrevivência +3.
Equipamento. Arco curto, barraca, kit de medicamentos, mochila, saco de dormir, traje de viajante e T$ 14.

Opcional — Devoto de Kallyadranoch
Escamas Dracônicas — Você recebe +1 na Defesa.
Obrigações & Restrições — Para subir de nível, além de acumular XP suficiente, o devoto de Kally deve realizar uma oferenda em tesouro. O valor é igual à metade da diferença do dinheiro inicial do nível que vai alcançar para o nível atual (por exemplo, T$ 200 para subir para o 4° nível). Sabe-se, também, de devotos malignos que sacrificam vítimas a Kally (não permitido para personagens jogadores).

Qareen (Ar) Clériga de Wynna 1, Circense

Iniciativa +2, Percepção +3
Defesa 12, Fort +2, Ref +4, Von +5, resistência a eletricidade 10.
Pontos de Vida 18.
Deslocamento 9m (6q).
Pontos de Mana 11.
À distância. Besta leve +2 (1d8, 19, médio).
Desejos. Se lançar uma magia que alguém tenha pedido desde seu último turno, o custo da magia diminui em –1 PM. Fazer um desejo ao qareen é uma ação livre.
Escudo Mágico. Quando lança uma magia, você recebe +2 na Defesa até o início do seu próximo turno.
Tatuagem Mística. Você pode lançar a magia Imagem Espelhada. Caso aprenda novamente essa magia, seu custo diminui em –1 PM.
Truque de Mágica. Você pode lançar Explosão de Chamas, Hipnotismo e Transmutar Objetos, mas apenas com o aprimoramento Truque. Esta não é uma habilidade mágica — os efeitos provêm de truques e prestidigitação.
Obrigações & Restrições de Wynna. Ainda que a magia jamais possa ser negada para quem a busca, devotos de Wynna devem praticar a bondade e a generosidade de sua deusa, jamais recusando um pedido de ajuda. Além disso, devotos de Wynna são proibidos de matar seres mágicos (elfos, qareen, sílfides e outros a critério do mestre) e conjuradores arcanos.
Magias. 1º — Armadura Arcana, Benção, Curar Ferimentos, Imagem Espelhada.
For 10 Des 14 Con 14 Int 10 Sab 16 Car 14
Poderes. Bênção do Mana, Teurgista Místico.
Perícias. Diplomacia +4, Intuição +5, Religião +5.
Equipamento. Besta leve, mochila, saco de dormir, traje de viajante, 10 virotes, T$ 14.

Opcional — Temeroso (Desvantagem)
Você tem medo de se machucar. Como alternativa, treinou apenas com armas de ataque à distância e não sabe o que fazer quando as coisas ficam mais “pessoais”. Você sofre –5 em Luta.
Poder Bônus — Magia Ilimitada: Você soma seu modificador do atributo-chave no limite de PM que pode gastar numa magia.

Anã Inventora 1, Membro de Guilda

Iniciativa +0, Percepção +0, visão no escuro
Defesa 13, Fort +4, Ref +0, Von +2
Pontos de Vida 17.
Deslocamento 6m (4q).
Pontos de Mana 4.
Corpo a corpo. Machado de guerra certeiro +9 (1d12+2, x3).
Conhecimento das Rochas. Você recebe visão no escuro e +2 em testes de Percepção e Sobrevivência realizados no subterrâneo.
Engenhosidade. Quando faz um teste de perícia, você pode gastar 2 PM para receber um bônus igual ao seu modificador de Inteligência no teste. Você não pode usar esta habilidade em testes de ataque.
Foco em Perícia. Quando faz um teste de Ofício (Armeiro), você pode gastar 1 PM para rolar dois dados e usar o melhor resultado.
Rede de Contatos. Graças à influência de sua guilda, você pode usar Diplomacia para obter informação sem custo (veja Investigação, Tormenta20, p. 120).
Tradição de Heredrimm. Você é perito nas armas tradicionais anãs, seja por ter treinado com elas, seja por usá-las como ferramentas de ofício. Para você, todos os machados, martelos, marretas e picaretas são armas simples. Você recebe +2 em ataques com essas armas.
For 14 Des 10 Con 14 Int 18 Sab 10 Car 12
Perícias. Conhecimento +6, Diplomacia +3, Intuição +2, Misticismo +6, Ofício (Alquimia) +6, Ofício (Armeiro) +6, Ofício (Engenhoqueiro) +6.
Equipamento. Couro batido, machado de guerra certeiro, mochila, saco de dormir, traje de viajante, T$ 14.

Opcional — Devoto de Tenebra
Carícia Sombria (Padrão, 1PM) — Você cobre sua mão com energia negativa e tocar uma criatura em alcance corpo a corpo. A criatura sofre 2d6 pontos de dano de trevas (Fortitude CD 10) e você recupera PV iguais à metade do dano causado.
Obrigações & Restrições — Tenebra proíbe que seus devotos sejam tocados por Azgher, o odiado rival. O devoto deve se cobrir inteiramente durante o dia, sem expor ao sol nenhum pedaço de pele.

Overlays para streaming de RPG — Tormenta20 e Império de Jade

overlays para streaming de RPG

A pandemia de Covid-19 modificou a forma como as pessoas se relacionam e também mudou e muito o cenário de RPG de mesa no Brasil e no mundo. Com as medidas de distanciamento social, o número de mesas de RPG presenciais caiu e, consequentemente, o número de mesas online por plataformas como o Roll20 e o Foundry VTT aumentou e muito. 

Tanto é que, entre o primeiro trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2021, Tormenta saiu da 28ª colocação como o sistema mais jogado em todo o mundo pelo Roll20 para o 15º lugar. Isso de acordo com dados divulgados pela própria empresa dona da plataforma. 

Os streams de RPG também aumentaram neste período. Apesar de já existirem desde antes da pandemia, como é o caso da Guilda do Macaco, o número de mesas online incentivou os jogadores e mestres a criarem seus próprios streaming, jogando ao vivo pelo YouTube ou pelo Twitch.

Muitas mesas de RPG transmitidas por stream já utilizam alguns modelos de organização de telas dentro da transmissão, os chamados overlays, para mostrar mestre, jogadores, mapas e rolagens. 

Para facilitar a vida dos streamers que não sabem como criar um overlay, ou mesmo para quem não quer ter trabalho e já utilizar um modelo pronto, apresento a vocês quatro modelos para transmissões de RPG utilizando os sistemas Tormenta20 e Império de Jade.

São dois modelos para Tormenta20 e dois para Império de Jade. Um para um mestre e quatro jogadores e um para um mestre e cinco jogadores, isso para cada sistema.

Overlays para streaming de RPG:  Tormenta20 e Império de Jade:

Os arquivos estão em formato PNG, com transparências nos espaços destinados às câmeras da pessoa que vai mestrar e das pessoas jogadoras. Também há um espaço para incluir a tela com o mapa de batalha (ou outras imagens) e ainda uma área para as rolagens. Abaixo de cada quadro destinado às câmeras, também há uma área livre para incluir o nome das personagens. 

A configuração de nomes e das câmeras pode ser feita pelo OBS ou por qualquer outro programa utilizado para transmissão dos jogos. Além disso, esses overlays também podem ser utilizados na edição de vídeos já gravados de mesas de RPG que não foram ao ar ao vivo. 

E aí, o que vocês acharam? Conta pra gente aí nos comentários. Avisa também, nos comentários ou marcando a gente nas redes, quando usar as overlays na sua stream!

Arrepios 02 — Sede

horror cósmico

Horror cósmico. Muito associado — não equivocadamente — ao escritor H.P Lovecraft, esse subgênero teve seus tentáculos espalhados pelos rostos assustados dos leitores em histórias mais antigas, como a novela Who Goes There? de John W. Campbell Jr, que deu origem ao filme O Enigma de Outro Mundo, e outras histórias escritas por um dos autores mais clássicos do terror, Edgar Allan Poe

Sem ter a intenção de ser didático e discutir com os historiadores que tem muito mais a acrescentar sobre a criação e evolução do horror cósmico do que eu, Lovecraft tornou-se o nome mais forte do gênero e criou pesadelos  — indescritíveis ou não — por várias gerações. 

O que mais me atrai no horror cósmico vai bem além dos monstros hercúleos que desafiam nossa sanidade. Meu fascínio é exatamente por saber que as criaturas abomináveis estão longe de ser o que nos faz temer o horror que vem das profundezas do universo. O medo palpável, o vento frio que entra por nossa orelha e reverbera por nossos pensamentos e a sensação de sermos apenas um ponto minúsculo numa galáxia que é um ponto minúsculo em um universo que ignora nossas vidas, problemas, boletos. Toda nossa busca por explicarmos nossa própria existência não é nada, nem tem sentido universal. Dentes afiados e tentáculos gosmentos não são tão assustadores como nossa real insignificância.

Foi com esse pensamento niilista que escrevi o conto Sede, uma pequena experiência de horror cósmico que contempla a nossa coluna deste mês. Bons arrepios e deixe seu comentário, ele é muito importante. 

 

Sede

Surgiu no céu como se um novo sol se apresentasse bruscamente. A olho nu, era uma bola um pouco distorcida que corria pelo horizonte em alta velocidade. Um cometa, era o que os âncoras dos jornais berravam assustados.

Mas eu descartei ser algo do tipo, por não parecer cair e sim planar centenas de metros acima do mar que banhava o Rio de Janeiro. De onde eu observava — em segurança, por isso ainda respiro — era uma bola enorme e meio roxa, não parecia um OVNI, tampouco um veículo construído por nós. Peguei meu telescópio amador e só então pude entender o terror.

Ajustei o foco lentamente, rosqueando as lentes que teimavam em não capturar a criatura, como se nem algo inanimado conseguisse entender a vasta abominação abissal que fazia os crentes perderem a fé, enquanto ateus se agarravam à salvação. As engrenagens ajustavam a imagem borrada capturada pelas lentes, conforme meus dedos escorregaram pelo plástico barato. A ansiedade estremecia minhas mãos suadas, mas a curiosidade enfrentou bravamente o medo pungente deslizando quente por minhas veias.

Quando finalmente consegui visualizar tal figura abominável, foram meus sentidos que passaram a lutar contra a verdade. Nem no pior pesadelo minha mente conseguiria construir algo tão horrendo, nem se todas as minhas forças ficassem voltadas  para o abismo do mal, nem se todos os demônios do inferno desenhassem obscenidades com sangue algo poderia ser tão indigesto. 

Um olho enorme ocupava, centralizado, cerca de 50% do corpo daquela coisa. Sua pupila estava avermelhada, talvez pela entrada em nossa atmosfera, talvez puro sentimento de ódio demonstrado pelo o que pareciam veias com, calculei sem muita precisão, vários metros de diâmetro. A pupila, a princípio, parecia ter forma de um diamante retorcido, entretanto, minha percepção parecia errada conforme ela mudava de formato enquanto a criatura olhava para baixo, focada no mar de Copacabana lotado de banhistas desavisados, descrentes, desgraçados. 

Conforme a massa percorria o céu, seu corpo se envolvia em uma espécie de líquido viscoso, protegendo-o do atrito. Seu enorme olho foi recoberto com o que poderíamos chamar de pálpebras, mas pareciam grandes toalhas alaranjadas e com certa transparência, lembrando uma gelatina grudenta, ou um tubarão monstruoso prestes a atacar.

Retirei meu olho direito da luneta e o esfreguei com certa dúvida. Respirei bem fundo. Segurei o ar em meus pulmões por alguns intermináveis segundos e voltei a observar o improvável. Um monstro? Alucinação? Algo completamente fora da minha percepção de possível, desumano. Faltam sinônimos para descrever com precisão tal visão. 

Sentia minhas palavras embaralhar em meu cérebro, meu peito queimava em ansiedade, enquanto minhas pernas dançavam desrespeitosas, mesmo contra toda minha vontade. Senti-me vazio, pequeno, minúsculo. Uma pulga cavalgando um grão de areia em uma tempestade no deserto..

Sem nenhum sentido em minha decisão, voltei a investigar seu caminho. A coisa estava próxima à praia. Voou rasteira derrubando dezenas de prédios, trombou com o Pão de Açúcar, arrancando parte do topo como se fosse feito de massa caseira. Pousou desengonçadamente no oceano, fazendo com que uma espuma branca misturada com a água salgada voasse dezenas de metros.

A criatura se abaixou, seu olho foi substituído lentamente por uma bocarra vermelha, ganhando espaço em seu “rosto” como um eclipse infernal. Aos poucos a  boca  se abriu, dando espaço a dentes serrados e pontiagudos que pareciam girar no próprio eixo do animal. 

Por alguns minutos aterradores, observei a água do mar desaparecer aos milhões de litros. 

Atrás do monstro cósmico, a humanidade parecia paralisada por entre a poeira das construções destruídas, o vapor subindo do contato do mar com a pele gosmenta e o som que jamais irei esquecer, um assobio profundo que soprava o líquido salgado para matar a sede do pavor feito de qualquer coisa que não fosse carne e osso.

 Observei carros de bombeiros tentando conter incêndios, ambulâncias perdidas entre corpos, o estado com mãos amarradas frente a todo caos que jamais conseguiremos explicar. E o absurdo permanecia alheio ao mundo em sua volta, sugando despreocupado o Atlântico inerte aos acontecimentos. Barcos, pranchas, peixes. Tudo entrava na máquina de moer e desaparecia pelo breu bordô que pouco tive coragem de explorar.

De repente, como se o eclipse terminasse, o globo ocular assustador foi tomando conta do que eu julgo ser a frente da criatura. Após instantes de puro frio na espinha e dúvidas quanto a minha sanidade, o horror impulsionado pelo movimento grotesco e fluido de algo como barbatanas em torno de seu corpo alçou voou, ignorando os corajosos jornalistas que observavam atônitos do alto de um helicóptero, uma mosca perto da monstruosidade galáctica. 

Voou, planou, flutuou ou qualquer verbo que explique os movimentos certeiros e gosmentos que a possível asa criava ao balançar gosmento pelo ar. Cruzou a atmosfera e logo desapareceu de nossos rostos aterrorizados. Sumiu quase silenciosamente no horizonte e voltou para o universo, indiferente a humanidade abismada deixada para trás.

 

Mais Arrepios

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Resenha — As Brumas de Avalon Vol. 1: A Senhora da Magia

A Senhora da Magia

Uma das histórias mais contadas e recontadas através dos tempos é a lenda em volta do mítico Rei Arthur e todos os personagens envolvidos com ele. Várias releituras foram feitas sobre esse jovem rei celta, que após receber a espada Escalibur, tornou-se o maior rei que a ilha da Grande Bretanha um dia possuiu. Podemos citar, mais recentemente, obras como as séries Merlin e a fresca e nova Cursed, da Netflix. Mas, a meu ver, nada se compara a versão épica escrita por Marion Zimmer Bradley, revisitando a história clássica e lendária sob uma outra ótica. Tendo como ponto de vista o olhar de Morgana, meia-irmã de Arthur e uma grande sacerdotisa de Avalon, As Brumas Avalon mostra uma visão feminina e pagã das lendas contadas desde antes da Idade Média. Essa resenha tratará de falar do primeiro livro da quadrilogia, chamado A Senhora da Magia, disponível na loja da Jambô em uma edição única de As Brumas de Avalon. Nele, Marion introduz os personagens que permearão toda a história, mas principalmente, nos conta sobre a infância de Morgana em Tintagel e posteriormente na corte do Rei Uther, e o resto de sua juventude na sagrada ilha de Avalon, com sua tia e sumo-sacerdotisa, a Dama do Lago Viviane.

Ligando as lendas aos fatos históricos, a autora menciona muitas vezes o domínio romano sobre o território da Gran Bretanha, a chegada do cristianismo e seu crescente domínio sobre a grande ilha, assim como as invasões bárbaras, tendo foco nos povos saxões, que vindos do norte, pretendiam dominar aquela região. Em verdade, no livro de Bradley, fora o constante perigo das invasões saxãs que fez com que Avalon, sob comando da Senhora do Lago e de Merlin, decidisse por colocar Uther Pedragon como o Grande Rei e, casando este com Igraine, ter um filho que seria preparado para ser o futuro Grande Rei, que afastaria os invasores e uniria a Gran Bretanha sob a bandeira da Grande Deusa.

Uma das coisas que eu mais admiro em A Senhora da Magia, e também em todos os outros livros da trilogia, é o fato de Marion mostrar um estudo profundo sobre a cultura dos povos celtas e bretões, além de ter dado uma pitada de realidade nas histórias, como o fato de Merlin ser um título e não um nome. De fato, eu tomo isso atualmente como uma verdade.

A escrita de Marion tem a densidade que necessita e, com um enredo dinâmico e atraente, consegue nos envolver em cada palavra, nos fazendo terminar o livro sem sequer nos darmos conta. Mesmo que, em algumas descrições e falas, possa causar certa raiva, como em como Viviane e Morgana são descritas por alguns personagens, ou como esta falou do bardo Kevin, mesmo estas vezes são justificáveis pela personalidade dos personagens e a criação de pessoas da época.

A autora fez uma coisa interessante ao unir alguns personagens em um só, sendo um desses personagens o próprio Merlin e uma figura tanto histórica quanto mítica, Taliesin.  Outros dois personagens que foram juntos em um só foram Galahad e Lancelot. No livro, o nascido Galahad é filho de Viviane e um dos reis do sul e, ao ser criado por seu pai como cristão, adotou o nome com o qual foi chamado por seus companheiros de armas, Lancelot. Um adendo é que existe, neste livro, a introdução de um personagem criado por Marion, extremamente carismático e talentoso, chamado Kevin o Bardo.

E se estou falando de personagens, não posso evitar falar dos três que eu mais amei nesse primeiro livro. Tratam-se, é claro, de Morgana, Arthur e Kevin.

Arthur é, nesse primeiro livro, mostrado tanto no início da infância quanto já na entrada na vida adulta. Quando criança, é um menino doce, ingênuo, mas muito corajoso e totalmente desejoso do orgulho do pai, quase morrendo em uma de suas tentativas de se mostrar digno, isso logo antes de ser enviado para ser criado escondido em um dos reinos vassalos de Uther. Como adulto, Arthur continua mantendo a inocência e a bondade de anteriormente, mas fora convertido em um guerreiro forte e virtuoso. Principalmente, virou um homem apaixonado, tanto por sua família quanto pelo seu próprio senso de justiça.

Kevin pouco aparece em A Senhora da Magia, tendo mais destaque nos outros três livros, sendo apenas introduzido ao leitor durante a cena em que Taliesin o leva para uma reunião com Morgana e Viviane. Nesse breve momento, já dá para ver que toda a sua trajetória anterior o marcou para transformá-lo no que ele virou e que, apesar das descrições feitas por Morgana, o rapaz tem sua própria e peculiar beleza, que seduz aquele que lê e entende as dores e mágoas que o moldam.

Morgana é descrita como feia e bonita ao mesmo tempo. Uma mulher pequena, de cabelos e olhos escuros, e pele descrita como sendo “morena como um picto”. Esse aspecto dela, de ser considerada pequena e feia por ser fora dos padrões de beleza da época, e ser linda quando mostra a altivez e o poder de uma sacerdotisa de Avalon, me fez muitas vezes me identificar com ela quando eu era criança. Sua personalidade é forte e sua inteligência assusta, mas cativa. Ela tem dentro dela uma disputa entre os valores ensinados em Avalon, que ela respeita e ama, com aquilo que aprendeu na sua infância na corte de Gorlois, o que causa uma ruptura ao final do primeiro livro.

Me atrevo em dizer que em nenhuma outra releitura das lendas arturianas eu vi personagens tão bem escritos e aprofundados, com personalidades plausíveis e reais, e não apenas meras caricaturas do que é ser herói e vilão. Mesmo aqueles que, no decorrer do livro, eu criei desprezo, tem seus motivos para serem o que são e fazerem o que fazem, são pessoas cujas personalidades nós poderíamos ver no dia a dia.

Como a cereja do bolo, temos os pequenos capítulos “Morgana fala”, narrados em primeira pessoa pela própria personagem. Apesar de toda a história ser do ponto de vista, apenas nas partes onde ela é a narradora podemos ver seus sentimentos e pensamentos em relação aos fatos, além de ter sido um ótimo artifício para omitir algumas coisas que a autora não tinha total conhecimento, afirmando que Morgana era proibida de falar sobre aquilo.

Com personagens complexos e bem construídos, assim como um enredo cativante e dinâmico, A Senhora da Magia é uma ótima leitura tanto para os apaixonados pelas lendas arturianas como para quem apenas ama uma boa história de fantasia, e uma ótima introdução para essa obra prima de quadrologia.

Gosta de histórias arturianas? Leu A Senhora da Magia? Conta o que achou nos comentários.

Mesa Sonora — Músicas empolgantes para RPG

músicas empolgantes para RPG

Por mais animado e habilidoso seja o seu mestre, uma boa aventura sempre pode ser enriquecida com uma trilha sonora excepcional. Imagine seu filme ou jogo favorito sem trilha sonora? A experiência pode até ser boa, mas a música torna tudo mais especial. Glauco Lessa já lançou uma matéria sobre o uso de playlists em RPG na Dragão Brasil 168, então não irei discorrer demais sobre os benefícios dela, em vez disso, tentarei focar em alguns usos e um tipo específico de clima: músicas para momentos empolgantes da aventura.

Como usar músicas empolgantes para RPG

Momentos empolgantes tendem a ser especiais para os jogadores, pois é quando eles se lembram que seus personagens são heróis capazes de realizar façanhas incríveis. Ajudar na imersão dos jogadores os fazem sentir mais parte do cenário. É importante notar que casar a música com a campanha ou o cenário é vital para o sucesso da imersão. Seria estranho, por exemplo, tocar tecnobrega num cenário medieval, exceto se o cenário pedir esse tipo de dissonância (aliás, me cobrem um artigo sobre isso no futuro).

Outro grande motivo para uso de músicas empolgantes é a preparação dos jogadores para o que vem a seguir. Dando a seus colegas de mesa a chance de sentir o clima, eles poderão perceber que estão prestes a enfrentar um perigo novo, ou embarcar numa grande jornada. Pessoalmente, eu vejo as músicas empolgantes como um convite à aventura, quando os aventureiros ainda estão frescos e descansados, prontos para vencer o mundo, ou então quando estão sendo recompensados por seus esforços sobre-humanos. Obviamente, cada mestre sabe melhor como definir o clima de sua mesa.

Músicas empolgantes para sua mesa.

O tema de introdução de The Legend of Zelda: The Wind Waker é um exemplo belíssimo de como começar uma jornada nova. Muito ao estilo do jogo, a música nos prepara para uma aventura cheia de explorações e mistérios, colocando jogadores no clima certo para tomar suas armas e sair pelo mundo.

 

 

O Tema da Força da franquia Star Wars se tornou um clássico desde o primeiro filme, por ser um brado de encantamento com o desconhecido e vontade de explorar o que há além. Não apenas isso, o tema virou recorrente na série de filmes e foi usado, mais de uma vez, como fechamento de ciclos. Excelente exemplo de como um mesmo motivo musical pode ser usado de maneiras diferentes.

 

Para quem curte um clima mais descontraído, mas igualmente épico e muito divertido, o tema principal da série Piratas do Caribe é um clássico muito reconhecível, mas que pode ser extremamente útil na hora de colocar os seus jogadores nas pontas dos pés e alegria e animação pelo que virá em seguida.

 

Outro tema piratesco muito divertido é a introdução de The Secret of Monkey Island, ainda que seja menos épica (o que pode ser uma coisa boa e desejável).

 

Entrando em temas mais modernos para ambientações mais atuais (ou futuristas 😉), Tank!, a abertura do anime Cowboy Bebop é reverenciada por fãs desde o primeiro episódio. Desde as primeiras notas, o chamado de “let’s jam!” até o final, essa música é capaz de colocar até aventureiros desanimados na vontade de chutar bundas e descobrir segredos.

 

E uma menção honrosa para encerrar e puxar um pouco a sardinha para o meu lado, a abertura de Fim dos Tempos foi desenvolvida especificamente para dizer “é hora de rolar dados e viver intensamente numa mesa de RPG”. Se essa música é capaz de colocar centenas de espectadores no clima de mesa de RPG toda semana, tenho certeza de que pode ser capaz de ajudar a sua mesa também!

 

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Qual sua música preferida para aqueles momentos de empolgação na mesa de RPG? Conta pra gente nos comentários.

Aventuras Anti-ácidas — Tenebra, Arsenal, Thwor e Thyatis

arsenal

Acompanhar a coluna Sal & Tormenta está sendo recompensador! Sim, é fácil afirmar isso quando tenho a alegria de provar cada doce que os talentosos Elisa Guimarães e Vinicius Mendes preparam. Tiro as fotos e como os doces, perfeito, não?

Mas o ponto é outro: ler a descrição de cada novo doce (e das regras para Tormenta20 que o Rafael Dei Svaldi cria para oferecer benefícios adquiridos por um personagem que consumir um dos pratos faz minha mente fervilhar de ideias para aventuras envolvendo as receitas. É um processo relativamente fácil, já que a relação dos pratos com os deuses está bem construída e cria uma ambientação cativante e, mais ainda, instigante para aventureiros. Famintos ou não.

Então a cada artigo trarei ideias de aventuras com as Sobremesas dos Deuses. Começando por 4 ideias de aventuras envolvendo os doces de Tenebra, Arsenal e Thwor, apresentados aqui, e Thyatis, visto na primeira parte da coluna Sal & Tormenta.

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Problemas Áridos

Uma expedição diplomática anã tentará consolidar um acordo comercial com o povo Sar-Allan do Deserto da Perdição. Embaixadores de Doherimm vêm articulando o acordo há anos, intercalando viagens ao deserto para presentear os líderes locais com retorno ao reino anão para acertar pormenores burocráticos.

Agora quase consolidado, o acordo estabelece o fornecimento de suprimentos aos Sar-Allan (incluindo algumas espécies de cogumelos que botânicos de Doherimm afirmam serem capazes de brotar mesmo no clima árido) em troca de carregamentos regulares da Línguas do Deserto, a magnífica cimitarra capaz de ficar em chamas e fabricada pelos Sar-Allan (mais detalhes desta arma em Tormenta20, página 324). A última etapa diplomática é o encontro de autoridades de ambos os povos, de modo que o Embaixador Gyuraham Barba de Vento organizou uma expedição para levá-lo até o Deserto da Perdição e encontrar pessoalmente os líderes dos Sar-Allan.

Chamado à aventura

Ainda que já tenha partido de Doherimm, a expedição fará paradas em diversas grandes cidades do Reinado. Espera-se aproveitar esses momentos para complementar o efetivo oficial com a contratação de aventureiros e mercenários. São procurados especialistas em sobrevivência, bardos e, por fim, guerreiros. Os anões levam consigo uma tropa respeitável, claro, mas carecem de guerreiros versáteis. Afinal, o Deserto da Perdição tem monstros desconhecidos e perigosinusuais. Contudo, admitir que guerreiros contratados são “reforços” é uma possibilidade tão remota quanto dispensar usar armaduras devido ao clima árduo do deserto.

Além disso, o Embaixador Gyuraham Barba de Vento pretende oferecer taças do doce Abraço da Noite aos líderes Sar-Allan. O ato é considerado crucial ao objetivo da expedição devido ao simbolismo do gesto: aqueles que vivem no subterrâneo e cultuam a Deusa da Noite presenteiam o povo que cultua o Deus do Sol e vive no local de dia mais intenso. O ato reforça a importância da união histórica de povos tão díspares e, espera Gyuraham, impressionará os agraciados por oferecer-lhes a experiência única de provarem algo gélido. É aí que mora a preocupação do Embaixador com um problema prático: manter o doce gelado em meio ao clima quente do deserto.

Quaisquer aventureiros ou aventureiras com ideias criativas ou magias úteis serão bem-vindos.

Complementos e complicações
A aventura pode ser incrementada com as possibilidades abaixo:

  • Os anões estão dispostos a aceitar os serviços de arcanistas e inventores capazes de manter gélido o doce Abraço da Noite. Mas só vão contratar aqueles que comprovem suas capacidades, de modo que, para ser contratado, é preciso impressionar o próprio Embaixador (realizando uma magia gélida que o impressione, demonstrando um invento refrigerador, etc.).
  • Tamanha preocupação dos anões em firmar o acordo, podem descobrir os aventureiros, se dá por um interesse bélico. Doherimm está preparando uma ofensiva contra os fintroll e, por ideia de Gyuraham, pretende equipar uma grande tropa com a cimitarra de fogo produzida pelos Sar-Allan.

Até mais, e obrigado pelos doces

A paladina Hill Gaires é fiel devota ao Deus da Ressurreição e utilizava as aventuras e jornadas que realizava como meio de propagar a fé em Thyatis. Em uma de suas aventuras, contudo, encontrou a morte junto de toda caravana hynne que acompanhava. Nenhuma estrada é segura o bastante quando há monstros espreitando.

Ao retornar à vida graças ao Dom da Ressurreição de sua divindade, sentiu-se desolada. A morte de dezenas de pessoas inocentes de um povo tão pacato e receptivo parecia ter algo de insólito e injusto. Hill chegou a duvidar de sua fé, mas decidiu encontrar significado em tudo que ocorreu. Lembrou-se que, tão logo souberam de sua fé, os hynne a haviam recebido com uma porção do Renascer Gentil, doce associado ao deus Thyatis. Repetir tamanha gentileza era uma maneira adequada de manter viva a memória dos pequenos amigos que partiram.

Hill Gaires prometeu a si mesma que cada vez que retornasse à vida, retribuiria a segunda chance dada a ela por Thyatis cozinhando uma porção do doce Renascer Gentil e oferecendo-o à primeira pessoa que encontrasse.

Chamado à aventura

Grupos de aventureiros podem ser surpreendidos quando, em uma rua qualquer, recebem um presente inesperado. Hill Gaires aborda alguém e oferece o prato de doce, explicando em seguida suas motivações e que a benevolência do Deus da Ressurreição em dar uma segunda chance a ela foi alinhada pela gentileza dos hynne em cozinhar a estranhos. Ela não espera nada em troca pelo presente. Inclusive, sendo uma paladina e lutadora hábil, Hill pode aceitar acompanhar os aventureiros em alguma missão, reforçando temporariamente o grupo.

Complementos e complicações
A aventura pode ser incrementada com as possibilidades detalhadas abaixo.

  • Um dos personagens do grupo já tinha ouvido falar sobre a história de Hill Gaires. Contudo, na versão que conhecia a moça é uma guerreira, não paladina. Tendo morrido definitivamente no ataque à caravana, Hill, segundo essa versão, permanece como um espírito sem descanso que oferece os doces e desconhece sua condição.
  • Um TPK pode ter um novo desfecho quando todos do grupo que acompanhavam Hill Gaires também ressuscitam. Aparentemente o doce dela concede temporariamente o Dom da Ressurreição de Thyatis a todos que o comam. Mas a que custo?

Sobremesa de alta estirpe

O renomado chef deheoni Lune Wilgress ganhou recentemente o Concurso Anual de Culinária de Valkaria com o doce Fervor em Calda. A receita foi elogiada pela comissão julgadora, que incluei entre os jurados alguns nobres de alta estirpe. Após o evento, Lune recebeu convite para se tornar Cozinheiro Real em Zakharov, e tem arquitetado sua mudança para o reino.

Contudo, passadas algumas semanas do evento, começam a surgir boatos de que o doce vencedor é apenas Pão de Thwor, um prato goblinóide.

Além da reputação do chef, o bom gosto da nobreza está em jogo se o boato for confirmado, de modo que uma expedição está sendo organizada por alguns nobres para ir até Lamnor buscar um exemplar “verdadeiro e intacto” do tal prato goblinoide.

Chamado à aventura

Grupos de aventureiros podem ser contratados para a expedição até Lamnor. O pagamento é alto, sobretudo para aqueles que apresentem ideias inventivas sobre como pretendem garantir a integridade do Pão de Twhor durante todo o trajeto de volta até Valkaria.

Aventureiros sagazes podem perceber que o grupo contratante é formado por dois nobres, que discordam sobre a melhor maneira de proceder com a expedição e a comprovação sobre o doce. A Duquesa Milla Deustrat pretende gastar todo o necessário para garantir total discrição da expedição, enquanto o Marquês Hugh Gilegant pensa o inverso: melhor transformar tudo em um grande espetáculo e tornar os nomes dos envolvidos falados nos círculos sociais. O Marquês concordará com quaisquer frivolidades sugeridas pelos aventureiros para o retorno, como uma chegada pomposa e triunfal da expedição à Valkaria, o emprego de carruagem espalhafatosa, ou mesmo bardos para compor uma música-tema para o doce exótico que virá diretamente das terras duyshidakk.

Complementos e complicações
A aventura pode ser incrementada com as possibilidades detalhadas abaixo.

  • O Chef Lune Wilgress tenta contratar para a missão aventureiros que pareçam suscetíveis a aceitar um “pagamento extra” a fim de adulterar a receita trazida para distinguí-la do Fervor em Calda.
  • Uma expedição secundária está sendo formada pelo Chef Lune Wilgress. O objetivo dos aventureiros seria o mesmo, buscar o doce Pão de Thwor, porém em  um destino mais acessível: a Favela Goblin. Lune acredita que apresentando o doce e comprovando ser diferente de sua obra, os nobres vão preferir encerrar logo o assunto e deixar de lado a expedição a Lamnor.
  • Ao retornarem a Valkaria com o doce, um dos aventureiros pode ser convocado a prová-lo antes dos nobres. Afinal, pode haver veneno. Recusar a ordem pode trazer punições: o Marquês Hugh Gilegant diria que não receberiam o pagamento pela missão se não a concluírem, o que inclui provar o doce. Jã a Duquesa Milla Deustrat é mais enfática: ou degustam ou morrem.

 

Sangue Doce

Galog Olhar Afiado era Cozinheiro Real de Zakharov e clérigo de Keenn. Além de preparar banquetes em eventos importantes, como aniversário do Rei e visitas oficiais de embaixadores estrangeiros, serviu suas requintadas refeições em celebrações a vitórias bélicas. Talvez o talento do cozinheiro estivesse alinhado à sua fé, uma vez que tudo começou a desandar com a derrocada de Keenn. Foi injusto, segundo Galog.

No início os comentários do cozinheiro eram ignorados, mas a constante blasfêmia contra Arsenal passou a ser mal vista quando tropas de Zakharov tinham mal desempenho em algum confronto. De resmugão, Galog tornara-se agourento. Proferia que nenhuma guerra seria injusta com Arsenal como Deus da Guerra para, no mesmo dia, uma batalha favorável ao reino das armas ser, estranhamente, perdida. O clérigo passou a ser visto como louco e acabou dispensado de seu serviço.

Ao deixar o castelo real já começou a plenejar sua vingança.

Chamado à aventura
É de conhecimento comum que os soldados adoram comer Coragem de Bolso, um doce tido como homenagem ao deus Arsenal. É praticamente parte do equipamento básico dos soldados uma algibeira cheia com os cubos doces, que além de fáceis de carregar, são nutritivos e deliciosos. Assim, Galog Olhar Afiado decidiu estabelecer sua vingança por meio dos doces que homenageiam o deus-que-não-deveria-ser-deus.

O tradiciona Festival da Linhagem Infinda celebra a união da famílias bélicas de Zakharov. A cada edição anual desse evento milhares de pessoas reunem-se para ver as diversas atividades: torneios de justa e arqueirismo revezam lugar na arena com a disputa de bardos que apresentam composições sobre herois e heroínas da famílias que sedia esta edição.  A família anfitriã, inclusive, também é responsável por distribuir  dezenas de Coragem de Bolso aos aldeões presentes, acontecimento esse que ocorre no último dia e é muito aguardado.

Sem que  a família anfitriã saiba, o responsável contratado para fornecer o carregamento de doces avermelhados é Galog. O cozinheiro, contudo, não prepará o Coragem de Bolso com vinho. Ao invés disso, o ingrediente será sangue de carniçal.

Complementos e complicações
A aventura pode ser incrementada com as possibilidades detalhadas abaixo.

  • Galog Olhar Afiado está contratando aventureiros para capturarem um carniçal. O pagamento é bom, mas o monstro tem de ser trazido razoavelmente intacto por motivos de…. Vão querer o pagamento ou não?
  • Após trazer o carniçal e receber o pagamento, os aventureiros contratados podem ficar pela cidade e aproveitar o Festival da Linhagem Infinda. Há competições a participar, prêmios a receber, e todo tipo de acontecimento típico de grandes festivais.
  • Caso descubram as reais intenções de Galog Olhar Afiado, os aventureiros contratados tentarão impedi-lo?

 

***

O que vem por aí

No próximo Aventuras Anti-ácidas vou trazer ideias de aventuras com os doces de Aharadak, Kallyadranoch, Lena e Khalmyr.

Gostaria de jogar ou mestrar alguma das aventuras? Conta pra gente nos comentários.

O dia depois da Tormenta — Um conto de Lágrimas da Dragoa-Rainha

Lágrimas da Dragoa-Rainha

Neste final de agosto/início de setembro, completa um ano que Lágrimas da a Dragoa-Rainha foi ao ar, primeira stream oficial e cânone de Tormenta20, que você pode assistir aqui no canal da Formação Fireball. Para marcar a data, trago para vocês um conto meu há muito escrito e escondido, contando um pouco do que aconteceu com Thalyandra e Eco do Trovão depois do ocorrido. Se você não assistiu à stream, ainda assim pode ler o conto e entender o que aconteceu, mas não deixe de conferi-la! Espero que gostem.

O dia depois da Tormenta

Thalyandra acordou em uma maca improvisada no chão, no mesmo grande salão onde caíra durante a luta. A cabeça ainda doía, e uma enxurrada de lembranças das últimas horas vieram à mente. Sentou-se assustada, fechou os olhos e tentou murmurar uma magia. Sentiu o poder de Arsenal fluindo dentro de si: haviam vencido.

Uma área de Tormenta quase havia sido aberta no meio de Valkaria usando uma Lágrima de Beluhga, artefato que o grupo fora contratado para buscar nas Uivantes, supostamente para salvar a vida da esposa de um Lorde. Haviam sido enganados, e precisaram lutar com todas suas forças para evitar que o pior acontecesse

Levantou-se e viu Sara, a qareen bucaneira que os acompanhou, ajudando alguns plebeus feridos. Um pouco mais adiante, CHOO também estava caído, e um desconhecido lançava uma magia de fogo no golem lutador. Foi até o goblin caçador, Bronson, para curá-lo pelo menos o suficiente para que pudesse levantar, enquanto tentava organizar as memórias que vinham uma atrás da outra. Sara se aproximou animada.

“Você acordou, que bom! Está se sentindo bem? Precisamos de muita ajuda, mas talvez você precise descansar mais um pouco…”

“Eu estou bem, não se preocupe. Obrigada.” — Ela parecia estar sempre feliz, não importava o que acontecesse. Bom, talvez as pessoas ali realmente precisassem de um pouco dessa alegria. — “Apenas me conte o que aconteceu, porque lembro de ver Beluhga e isso não faz sentido.”

Agora com as memórias organizadas com a ajuda dos relatos da qareen, Thalyandra lembrava de terem destruído A Lágrima de Beluhga e logo em seguida ter visto sair uma imagem da Dragoa-Rainha, há muito morta, diante de seus olhos. Não sabiam o que era aquilo, mas emanava um poder intenso, que ela jamais sentira antes — e poderia apostar que nenhum ali presente também sentira, mesmo os guardiões escolhidos de Beluhga que os acompanhavam, Neve Pálida e Eco do Trovão. Realmente haviam vencido e impedido que uma área de Tormenta se abrisse no meio de Deheon, mas pagaram um preço alto: perderam dois companheiros em combate. Razzlanish, o trog paladino de Azgher, caíra na sua frente, dando a própria vida para mostrar ao grupo como vencer o combate. O goblin samurai devoto de Lin-wu, Do-Myu, ficara para trás, defendendo a retaguarda em busca de honra — e dificilmente voltaria com vida de lá.

Agora era hora de honrar os mortos e ajudar a reconstruir aquele lugar, assim como os outros.

***

O dia foi longo e exaustivo. Havia muita gente precisando de ajuda — especialmente Lady Alexa, agora senhora de todo feudo, que tentava manter a calma e organizar aquele caos, fingindo que a dor das perdas não dilacerava seu peito. Viraram a madrugada e trabalharam o dia todo sem parar. Mal havia visto Eco do Trovão em meio à confusão de mortos, feridos e loucos sobreviventes — aquela gente jamais esqueceria os horrores que havia vivenciado em forma de chuva vermelha e monstros insetoides..

À noite, depois de comer a própria provisão de viagem, Thalyandra foi dormir em um dos quartos que já estava limpo da podridão rubra que tomara todo castelo. Sentou na cama, pronta para deitar, quando ouviu baterem na porta. Eco do Trovão pediu licença e entrou, e parecia levemente encabulado, o que não era comum.

“Eu não tive tempo para agradecer” — o bárbaro tentava parecer natural ao falar, mas seu esforço era visível.

“Agradecer pelo quê?”

“Pelo que você fez na taverna. Muito obrigado por me salvar.”

“Ah, aquilo? É… não foi nada.” — agora a clériga é quem estava envergonhada, e suas bochechas ruborizaram de leve.

“Foi sim. Você me salvou de um destino pior do que a morte.” — Eco do Trovão se aproximou e sentou ao lado dela.

“Aaaaaah… De nada, eu… Eu na hora não pensei muito e…” — os olhos da clériga cruzaram com os olhos do bárbaro. Eco do Trovão, com a rapidez de um raio, segurou o rosto de Thalyandra e a beijou, pegando-a de surpresa. Ela pensou em resistir por meio segundo e desistiu. De que adiantava fingir agora? Ela queria aquilo tanto quanto ele. Era bom beijá-lo de verdade, sem o susto quase desesperador de ver a Tormenta em seus olhos. Os lábios se separaram devagar, os rostos ainda quase colados.

“Posso ficar aqui essa noite?”

“Deve.”

***

Já havia amanhecido quando acordaram. Thalyandra ainda estava cansada, mas se sentia mais leve. Se não fosse a perda dos companheiros e a devastação causada no feudo, provavelmente se sentiria feliz. Eco do Trovão seguiu deitado, enquanto ela se levantava, mais falante que o de costume.

“Nós vamos ajudar o CHOO a encontrar informações sobre sua criação. Bom, me sinto meio responsável por ter matado o mago que talvez fosse quem ele procurava. Mas não me arrependo de ter esmagado aquele crânio mágico, ele mereceu, esmagaria de novo! Ah, mas antes temos que passar em Valkaria, trocar o chassi dele e quem sabe melhorar minha maça. Você pode ver alguma coisa também e…”

“Thaly, eu… Eu não vou com vocês.” — o bárbaro estava se esforçando para encontrar as palavras; ele claramente não era muito bom nisso.

“Quê?” — a clériga parecia confusa.

“Thaly, Beluhga apareceu diante de mim. Eu não sei o que foi aquilo. Posso ser burro demais para entender, mas sei que preciso ir o quanto antes pras Uivantes. Não sei quando poderei voltar, nem se poderei voltar…”

”Ah, sim. Claro. Sua deusa. Eu entendo. Eu… Eu tinha esquecido. Que estúpida eu fui.” — Thalyandra ficou repentinamente séria.

“ Você está bem?”

“Sim, estou. Não se preocupe. Só me deixei levar pelo momento e baixei a guarda, você… Você tem razão, você precisa voltar.”

“Me desculpe. Eu queria ficar. Eu pretendia ficar. Mas sou um dos seus escolhidos.”

“Eu sei, e você está certo” — Thalyandra falou a última frase de costas, sem olhar para Eco do Trovão. Apenas saiu do quarto para começar mais um dia de intenso trabalho tentando juntar o que restou daquela gente.

Horas depois, estava no meio do vilarejo ao redor do castelo, reabrindo caminhos fechados pelas construções que desabaram pela violência da tempestade rubra. Eco do Trovão se aproximou, já de mochila nas costas, pronto para partir.

“Eu estou partindo… Agora.”

“Ok, boa viagem então” — Thalyandra ia dando as costas para o bárbaro, que a puxou pela cintura e lhe deu um beijo.

“Quem sabe um dia a gente não se encon…”

“Não. Boa viagem.” — a clériga se soltou dos braços de Eco do Trovão e virou de costas, continuando o que fazia. Promessas vazias não faziam seu tipo. O bárbaro suspirou e partiu, visivelmente triste. Thalyanda respirou fundo e olhou para trás quando ele já ia longe.

CHOO se aproximou da nova companheira.

“Choooooo cho cho. Choooo.”

“Eu estou bem. Não se preocupe.

“Chooooo?”

“Sim, Tenho certeza. Vamos terminar logo, quando mais cedo acabarmos, mais cedo partimos. Nada que amassar alguns crânios no caminho não resolva”.

Baú Referencial – Gundam Wing

Gundam Wing

Um olhar terro… digo, rebelde para suas campanhas de Brigada Ligeira Estelar!

Em Brigada Ligeira Estelar, a seção Baú Referencial não traz adaptações de cenário: ela busca, em outros animes, ideias e conceitos aplicáveis à ambientação. Assim, com a chegada de Gundam 00 à TV Brasileira*, deveríamos falar sobre ela, certo?

Porém, decidi resgatar antes um conteúdo do antigo blog da Jambô: o Baú Referencial de Gundam Wing. Embora ela seja muito divisiva entre o fandom de Gundam no ocidente, ela por muito tempo foi o único Gundam exibido por aqui. Por isso, vamos dar uma olhada:

Embora tenha a franquia Gundam em alta conta, minha relação com Gundam Wing em especial é complicada. Contudo, ela foi a única série Gundam a passear em nossas televisões.

Não se empolguem: raramente você vê todos esses robôs juntos na série.
Na verdade, provavelmente você só os verá como um grupo no final.

Conceitos similares, execuções diferentes

Todavia, não me surpreendi com as reações quando confessei, no Facebook… ser, de certa forma, Relena Peacecraft o estalo criativo por trás da Princesa Adelaide D’Altoughia de Forte Martim, no universo de Brigada Ligeira Estelar.

Primeiro, quis fazer de Adelaide uma princesa capaz de despertar lealdade e protetividade, de acordo com aquele espírito ruritânio do gênero (concomitantemente, recomendo a leitura deste artigo deste artigo).

Não pensei nisso, a princípio, mas Adelaide e Relena partilhavam muitas linhas gerais.

Em segundo lugar, ambas são bem jovens. Em terceiro, trazem consigo os efeitos da morte dos pais legítimos e, consequentemente, de seu alijamento do trono. Portanto, estão sob a mira de inimigos da pior espécie e, dessa maneira, dependem dos heróis como protetores.

Para não me acusarem de implicância: esteticamente a série tem méritos
e é uma ótima referência
visual para Brigada Ligeira Estelar.

Engenharia Reversa

O que faz de Relena um problema e, analogamente, como isso pode ser evitado na Adelaide? A princípio, esta jamais negligenciaria a defesa das próprias causas como Relena — cujas platitudes, consequentemente, lhe custaram um reino.

Prosseguindo, suas perdas temperaram sua personalidade (ela jamais ignorou seu passado). Assim, elas lhe deram a medida do sofrimento das pessoas comuns frente às injustiças.

Portanto, a Princesa-Regente de Forte Martim não pode facilitar para os adversários e dessa forma, mostra sangue nos olhos — “espírito democrático”, em excesso, pode servir apenas para alimentar serpentes no jardim. É impiedosa mas justa. Logo, são personagens distantes entre si.

Eis o ponto: é possível identificar possibilidades em meio a materiais com problemas. “O que eu faria no lugar desses caras?”

Para não me acusarem de implicância II, a Missão: a trilha sonora é matadora.
Use os álbuns Operation 1, 2 e 3 em sua mesa de jogo e confira

O Errado Pode ser Útil?

Gundam Wing realmente tem conceitos ótimos: os personagens principais viajam para Terra como rebeldes infiltrados. Lá, eles deveriam ser confrontados com seus limites éticos e assim, perceber que nosso mundo é tão vítima quanto as colônias.

Contudo, o problema real é a Fundação Romefeller (do qual a OZ é uma extensão militar). Conscientizados, os personagens deveriam se agregar ao redor da Princesa e enfrentar conjuntamente a Romefeller.

Assim, ao restabelecer seu papel de direito, nosso planeta e as colônias poderiam, dessa forma, assinar uma paz mútua e entrar em uma nova era de paz e prosperidade.

Seria uma linha de roteiro funcional. Porém…

Para não me acusarem de implicância III, o Resgate: os robôs da Oz eram legais —
e admito, gosto mais deles do que dos Zakus clássicos. Mas eram só buchas…

Não foi bem assim!

… o simples, o funcional e o linear passaram longe, comprometendo todo esse potencial.

Por causa de uma abordagem estrutural similar à série Samurai Warriors**, os personagens são separados, formando duplas para enfrentar seus inimigos — e assim, quando uma história de verdade parece engrenar e nos interessar, ela é jogada ao ar como um castelo de cartas.

Tudo se desmonta e reinicia o processo, abortando várias linhas de roteiro com potencial de desenvolvimento, sem falar da quantidade anedótica de reviravoltas radicais no status quo.

Os Gundams dessa série estão longe de ser os melhores da franquia,
mas abro uma exceção para o Heavyarms. Esse foi inspirado!

Para Mestres de Brigada Ligeira Estelar

Séries posteriores da franquia tomaram como base conceitos de Wing — mas passados a limpo: Gundam 00 começa bem similar mas há pé e cabeça***. Kudelia Bernstein de Gundam: Iron-­Blooded Orphans soa concreta como Relena Peacecraft jamais soou. Ninguém pode acusar a Sunrise de não aprender com seus erros.

Porttanto, podemos partir do “como poderia ter sido” e encaixá-la em suas campanhas na Constelação do Sabre:

ORGANIZAÇÃO: enviar cinco agentes isolados não-cientes uns dos outros é… estúpido. Imagine a coisa tocando de outra forma — os personagens pertencem a uma milícia conspiratória. Sua organização está plantada em diferentes lugares.

Operação Meteoro: seu plano é mandar cinco agentes isolados, sem informação
da existência um do outro, criando a chance deles se trucidarem? É isso?

Terroristas para sua campanha de Brigada Ligeira Estelar

Por definição, organização significa NPCs de apoio para os jogadores, entre contatos e auxílio prático. Além disso, ao verem os demais pelos meios de comunicação em missões terroristas, cada um identificará os demais como seus colegas e portanto, todos irão se reunir de forma planejada.

Aliás, temos um bom motivo para sua reunião: caso estejam separados, todos serão presas mais fáceis para seus adversários.

CUMPRA SUA MISSÃO (OU NÃO CUMPRA E PAGUE O PREÇO): quando Heero ameaçou Relena de morte****, alguém normal iria correndo para a secretaria do colégio — ou para a polícia. Contudo, qualquer filme de ação nos mostra como mandantes não perdoam assassinos capazes de poupar vítimas e protegê-las a seguir.

Peraí: rasgar bilhetinho, ameaças em público… personagens infiltrados
não deveriam ser discretos ao invés de dar espetáculo?

Seja Lógico

Aliás, se houvesse lógica nessa trama, os demais garotos — também agentes da conspiração, lembram? — deveriam ser seus perseguidores. Caso seus personagens façam algo do tipo, não duvide: mande os demais e envie robôs de combate bem mais perigosos! Como será preciso reunificar o grupo em jogo, talvez o mestre considere cooptar a moça…

PASSE A TESOURA: tentem resumir Gundam Wing em uma só página de Word com 2,0 de espaço. Em seguida, chorem.

Um dos mais graves problemas dessa série é a incapacidade dos roteiristas explorarem um cenário estabelecido com a reviravolta da vez. Dessa forma, o texto não consegue equilibrar seus muitos eventos — e eles inclusive tiveram QUARENTA E NOVE EPISÓDIOS para contar sua história.

Logo, seja organizado. Dê tempo ao tempo nas suas campanhas. Explore novos contextos.

O primeiro dos mil golpes de estado dessa série… e diacho, decida-se, Lady Une:
ou você joga o infeliz de um avião, ou você o executa com um tiro!

Não faça o Golpe de Estado da Semana!

Para impedir a trama de ficar confusa, planeje um número limitado de grandes eventos e reviravoltas em sua campanha — ou, alternativamente, as faça acontecer naturalmente no decorrer dos capítulos. Dessa maneira, faça-os parecerem desenvolvimentos naturais. A propósito, tente dar… agência aos personagens nesses eventos. Caso seja preciso uma nova reviravolta no cenário, a participação deles vai ser importante.

MATILHAS, NÃO LOBOS SOLITÁRIOS: Chang Wu-Fei é um dos protagonistas, mas nem parece — ele é completamente acessório à trama em um grupo sem unidade. Inclsuive no final, em Endless Waltz, Wu-Fei está à parte! Friamente, sua única razão de existir foi impedir um final com dois chefes de fase para Heero Yui. Corte suas aparições e no final, praticamente nada de importante na trama mudará.

Aliás, em termos de comportamento na mesa de jogo, ele é um Edgelord.

Gundam 00: O piloto “estranho”, o cara gente boa mas letal, o frio executor, o tipo
andrógino… todos
expys de Wing. Mas falta um aqui — e com boas razões!

Não Abrace a Falha dos Outros

Dessa forma, se pensarmos nos cinco principais como personagens jogadores, este é um problema astronômico. Neste caso, não há verdadeiramente uma desculpa: personagens assim só funcionam na televisão quando são os protagonistas da própria série — e na verdade, este não é o caso nem em Gundam Wing, nem em uma mesa de jogo! Assim, mantenha o seu grupo bem integrado!

OBJETIVOS, NÃO PLATITUDES: sua campanha não precisa ser uma análise sobre os motivos financeiros por trás das guerras. Porém, motivações e posturas práticas ajudam muito a tornar seu cenário convincente para os jogadores. Sim, falamos do Pacifismo Total de Relena: ele é impossível de ser levado a sério como nos é mostrado. Inclusive, ela teve sua inviabilidade comprovada*****! Os personagens vão lutar por isso?

O Reino de Sanc era um país ou uma academia para moças?
Sim, dá para pescar o arquétipo da Dorothy Catalonia.

Cuidado com seus Coadjuvantes!

Contudo, não adianta nada tratar um cenário de forma convincente se o percebermos através de coadjuvantes questionáveis.

Se a ideia for propor um debate e, ao verbalizar pontos concretos, convencer por tabela os jogadores — ou colocá-los em sua defesa — o Pacifismo Total não ganha nada quando a personagem antitética à Relena, Dorothy Catalonia, contra-argumenta como uma vilãzinha do Capitão Planeta (“Eu amo as guerras…”).

RACIOCINE: Trowa Barton deveria estar se escondendo e se ocultou em… um… circo… aonde dezenas de pessoas o viam todo fim de semana no picadeiro. Embora não tenham ligado para isso na Sunrise, dê um toque ao seu jogador. Ou puxe o seu tapete: mande as autoridades atrás dele!

Divirtam-se… e até a próxima!

Até Mais, pessoal!

Notas de Rodapé

* Este Texto foi escrito antes do fim do canal Loading mas a Funimation brasileira anunciou Wing para sua grade em breve.
** Yoroi-Den:
os Cavaleiros do Zodíaco popularizaram este subgênero de heróis com armaduras e golpes especiais, A Sunrise entrou nessa com Samurai Troopers. Como eles encheram os bolsos, aplicaram a fórmula em suas franquias mais famosas, Gundam e Yuusha. Wing é isso.
*** No sentido usado em Brigada Ligeira Estelar — ou seja, forças paramilitares ou organizações terroristas com estrutura militar.
**** Se na minha mesa um personagem ameaça uma moça na frente de suas amigas, eu perguntaria “TEM CERTEZA?” ao jogador.
***** SPOILER: Relena Peacecraft na verdade é uma princesa e seu reino encampa o Pacifismo Total. Contudo, se ela reagir a invasores, será vista como uma hipócrita. Consequentemente, quando ela é atacada, decreta o fim do reino — e dessa forma, provou o ponto de seus inimigos.

DISCLAIMER: New Mobile Report Gundam Wing pertence a Sunrise, Inc. Imagens para fins jornalísticos e divulgacionais.

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Blog oficial de Brigada Ligeira Estelar:
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Sal & Tormenta — Coragem De Bolso, Abraço Da Noite E Pão De Thwor

Sal e Tormenta

Olá, pessoal! Esse mês, Vinicius Mendes e eu (aka Elisa Guimarães) trazemos o Sal & Tormenta com as sobremesas de mais três deuses: Arsenal, Tenebra e Thwor. Se você quer votar para escolher os próximos deuses a serem representados, entre para o grupo de Conselheiros da Revista Dragão Brasil, onde fazemos a votação todos os meses.

Seguindo a mesma linha dos meses anteriores, temos o desempenho de cada prato na mesa de Tormenta20, propostos por Rafael Dei Svaldi e por mim, além da receita para você fazer na sua casa e experimentar delícias artonianas!

Essas fotos belíssimas são por Matheus Tietbohl!

O CD de preparo de todas as Sobremesas dos Deuses é 20.

Vamos lá, então!

Coragem de Bolso

Os clérigos do implacável deus da guerra criaram essa receita para dar forças aos necessitados em meio aos campos de batalha, masmorras e quaisquer ocasiões em que é preciso força, coragem e energia. Desta forma, açúcar para dar energia, especiarias com propriedades fortificantes e vinho para dar coragem são misturados em uma forma portátil e fácil de consumir antes da batalha.

Efeitos na mesa

Ao consumir a Coragem de Bolso, o personagem ganha uma ação extra a sua escolha até o final do dia.

Custo:  4 T$ 

Receita de Coragem de bolso (a.k.a bala de quentão)

Ingredientes

  • 1 garrafa de vinho 
  • 2 xícaras de água
  • 1 canela em pau
  • 2 cm de gengibre fresco
  • 2 anis estrelado
  • 4 cravos da índia
  • 2 xícaras de açúcar
  • ¾ de xícara de suco de laranja
  • 6 envelopes de gelatina sem sabor

Preparo

  1. Faça um chá com a água e as especiarias.Deixe ferver bem e a água ficar mais escura. 
  2. Junte o suco de laranja, o vinho e o açúcar. Deixe ferver bem. Desligue o fogo, espere esfriar um pouco e dissolva a gelatina.
  3. Unte uma forma com óleo e despeje a mistura. Deixe fora da geladeira por 4 horas, leve a geladeira por mais 5 horas. Corte em cubos e passe açúcar cristal antes de servir.

Abraço da Noite

Dizem que esse doce gelado e aveludado como a noite foi criado por clérigos anões para homenagear sua mãe Tenebra, com uma suntuosa calda de cogumelos subterrâneos adocicados. Há quem diga também que o preparo foi refinado depois por hábeis cozinheiros elfos que cultuavam a deusa, conseguindo atingir o equilíbrio ideal entre o doce, o amargo e o ácido.

Hoje essa receita se espalhou entre todos os amantes da noite e de seus mistérios. É encontrada mais comumente nas comunidades de elfos e de anões (até porque mortos-vivos não comem), embora nenhum dos dois povos admita ter imitado a receita do outro.

Efeito em mesa

Por um dia, quem consome pode absorver 1d6 de vitalidade de um inimigo ao toque.

Uma única porção de Abraço da Noite custa T$ 3.

Abraço da Noite (a.k.a mousse de chocolate com calda de frutas vermelhas)

Ingredientes

  • 180g de chocolate com 60~70% de cacau, dependendo da doçura pretendida
  • 1/2 xícara de creme de leite freco (o que tem que ficar na geladeira) ou nata
  • 30ml de leite integral
  • 4 colheres de sopa de açúcar (pode usar mais se preferir mais doce)
  • 7 claras de ovo
  • 3 colheres de sopa de carvão ativado
  • 300 g de frutas vermelhas de sua preferência. Podem ser congeladas ou polpa.
  • 1/2 xícara de açúcar (mas pode acrescentar mais se preferir uma calda mais doce)
  • 3 colheres de carvão ativado

Preparo

  1. Esquente o leite e o creme de leite/nata e o leite até formar pequenas bolhas na lateral da panela.
  2. Acrescente o chocolate picado e tampe a mistura por alguns minutos.
  3. Misture o creme e o chocolate até formarem uma ganache homogênea e brilhante.
  4. Acrescente três colheres de sopa de carvão e misture até a cor ficar homogênea.
  5. Bata as claras em neve acrescentando o açúcar aos poucos. Caso prefira não usar claras cruas (como nós), cozinhe as claras e o açúcar em banho-maria até que a mistura esteja aquecida e não seja possível mais sentir nenhum grão de açúcar com o dedo e bata com a batedeira até a mistura ficar  em temperatura ambiente. O calor vai ser suficiente para matar esterelizar as claras. Também é possível usar claras pasteurizadas de mercado.
  6. Acrescente 1/3 das claras em neve no ganache e misture até incorporar completamente. Depois, incorpore o restante em duas partes delicadamente, usando uma espátula ou colher para pegar “dobrar” a parte de baixo da mistura na parte de cima. Desta forma, você evita desinflar as claras e consegue uma mousse areada.
  7. Coloque no recipiente de servir e gele por pelo menos 3 horas.
  8. Para a calda, misture as frutas vermelhas, 1/2 xícara de açúcar e 3 colheres de carvão ativado. Deixe a mistura cozinhar até atingir a consistência desejada.
  9.  Coloque a calda sobre a mousse antes de servir.

Pão de Thwor

Os goblinoides são conhecidos por serem inventivos e adaptáveis a todos os tipos de situações difíceis. Por isso, Thwor concede suas bênçãos àqueles que são capazes de fazer engenhocas da sucata, uma limonada de um limão, ou até um pudim de um pão velho.

Essa receita é facilmente encontrada em qualquer lugar que tenha muitos goblins juntos, assim que podem reproduzem esse doce que lhes dá alegrias, enche a barriga e concede benefícios. 

Efeito em mesa

Quem consumir o pão de Thwor pode repetir uma rolagem de teste de Fortitude à própria escolha por um dia.

Custo: feito de restos, mas goblins entendidos de culinária vendem pedaços por T$ 1. 

Receita de Pão de Thwor (a.k.a pudim de pão com banana)

Ingredientes

  • 3 ovos
  • 3 bananas picadas em pedaços
  • 600 ml de leite
  • 1 lata de leite condensado
  • 3 pães amanhecidos
  • canela em pó a gosto
  • 1 colher de café de essência de baunilha
  • açúcar cristal para fazer o caramelo na forma
  • 2 colheres de sopa de azeite

Preparo

  1. Pique os pães e deixe-os de molho no leite por pelo menos duas horas. Depois misture todos os ingredientes.
  2. Unte uma forma com furo no meio com caramelo. A forma com menos chances de erro é colocando açúcar na forma e esquentando na boca do fogão até que vire caramelo. MUITO CUIDADO PARA NÃO SE QUEIMAR.
  3. Asse em banho-maria com água previamente aquecida em forno pré-aquecido a 180°C por 1h. Quando estiver firme, deixe esfriar e leve a geladeira por 8h. 
  4. Para desenformar, aqueça a forma até o caramelho derreter novamente para soltar o pudim e vire em um prato.

Se você fizer alguma dessas receitas, ou usar em sua mesa de jogo nos conte aqui nos comentários. 

Até a póxima!

 

Mais Sal & Tormenta

Sal & Tormenta 01 — Lena e Khalmyr
Sal & Tormenta 02 — Aharadak, Thyatis e Kallyadranoch

Arrepios 01 — Passos

arrepios

Em Arrepios, a nova coluna do blog da Jambô, vou trazer algumas experimentações com histórias de terror a partir de obras que me influenciaram. A ideia é fazer um exercício rápido em primeira pessoa sobre várias estéticas especializadas na arte de assustar. Neste mês, minha inspiração veio de leituras de Edgar Allan Poe, um dos mestres do horror gótico da Era Vitoriana, que causavam medo não por suas cenas assustadoras ou sanguinolência, mas pela criação de uma ambientação sombria, pelo encontro com o sobrenatural, com a morte e pelo desconforto que tudo isso causa nas pessoas. Clássicos do horror como Frankstein, Dracula e O Médico e o Monstro vem da mesma escola de horror, e autores mais atuais como Anne Rice, Shirley Jackson e Stephen King também contribuiram para o gênero no século XX. Os amantes de séries podem ver bons exemplos do gênero em A Maldição da Mansão Hill, inspirada em A Maldição da Casa da Colina, de Shirley Jackson, e, principalmente, A Maldição da Mansão Bly, inspirada no romance A Outra Volta do Parafuso, de Henry James.

Bons Arrepios!


Passos

Esses malditos passos que rondam minha cabeça como se fagulhas de uma fogueira se espalhassem por dentro do meu cérebro, impedindo-me de pensar em qualquer outra coisa que não seja esse ruído crespo, intenso e intermitente. A angústia da escuridão densa e absoluta quase me tira a sensação sufocante que ouso esquecer nos raros momentos de quietude. Aceitei, como não haveria de aceitar? É um destino tão cruel como inevitável, talvez injusto por todo o floreio que a vida faz, enquanto gastamos nosso tempo desviando da verdade imutável. O destino de todos é um abraço gelado e maciço, indiferente e final.

Os passos se cansam, ou minha mente me dá um segundo de paz, enquanto os instantes de sossego me lembram da claustrofóbica sensação tão impregnada como a fome, tão presente como o medo, tão azeda como a dor. A calmaria temporária faz com que meus pensamentos viagem a outras épocas, mesmo distorcendo rostos, lugares e sensações. Passeio por uma estrada escura, apenas uma fração do que eu já fui.

Quando estou prestes a montar o quebra-cabeça, tentando encaixar as confusas peças de minha nova existência, eles surgem novamente, como uma criança irritada atirando ao ar, com longos  e estridentes berros, cada pecinha bem encaixada. Alguns calmos, outros acelerados. Todos os passos, e afirmo novamente, todos, vagueiam esperançosos, como se o destino final pudesse se modificar milagrosamente, enquanto a indecisão tomasse seu lugar no estranho tabuleiro sem texturas e tampouco um rei no qual a balbúrdia e a calmaria disputam palmo a palmo minha sanidade. Tolos dramáticos, lotados de fé e ao mesmo tempo céticos medrosos com o futuro que acreditam conhecer. Tolos, tolos… tolos.

Alguns momentos divertidos — assim os imagino, já que não me lembro mais qual a tonalidade certa dos meus sentimentos, quase todos cinzas como se o nada enfim tivesse cor — brotam como vultos em meio a solidão, frio e os passos que quase nunca se esvaem. Uso toda a força que mal tenho para procurar em meio ao caos de memórias borradas algo que faça me sentir brevemente feliz, esculpindo um ralo sorriso no duro semblante que imagino carregar.

Não sei se preciso de ar, tampouco como andam meus pulmões. Fico em dúvida se o movimento exagerado do meu tórax é causado pelo oxigênio quase inexistente ou espasmos involuntários oriundos da ansiedade. Tenho corpo, sei que tenho, mas não sinto que preciso, ou que ele reaja conforme minhas necessidades, que também não sei quais são. Um cérebro envolto em agonia, ou vontades soltas em um universo sombrio e sem sentido. Também luto para entender.

O tempo tornou-se indiferente. Não sei me dizer o quanto um segundo é demorado e como os dias passam voando. A sensação que permeia o campo infértil de minha mente é de uma ampulheta tentando escorrer um único grão maior que o milimétrico furo entre suas extremidades. Nada para pensar, pensando o tempo todo em coisa alguma, e de repente os passos batem como facas sem fio tentando cortar um bife grosso. Reverbera pelas paredes de minha moradia, multiplicando-se com a velocidade de um raio determinado.

Uma época do tempo esses passos me atormentam sadicamente. Durante esse período aparecem as centenas, talvez milhares, e batucam em um ritmo acelerado e desuniforme, galopando com cascos repletos de pequenos e afiados espinhos invisíveis. Neste ínterim, luto inutilmente contra a certeza que a frase engasgada em uma voz familiar, partindo não sei de onde e aos poucos digladiando contra todo esse mineral que me cerca, alcançando meus ouvidos e grosseiramente espancando meus tímpanos com brutalidade e verdade, me lembrado do que agora sou.

O sussurro familiar rasga meu peito, finalmente manchando minhas vistas e me mostrando que a dor vem com um tom vermelho escuro, criando a ilusão da mudança do meu infeliz paradigma. Consigo enfim prestar atenção, quando o cheiro de crisântemo, lágrimas, velas e terra brotam por onde um dia estiveram minhas narinas, enquanto ouço a voz cada dia menos chorosa e mais acomodada:

“Por que partiu tão cedo, meu amor?”

 

Mais Arrepios

Sede

Garras

Balbúrdia Narrativa — Campanhas longas de RPG: O que é preciso lembrar

Em meio à pandemia que chegou no último ano, sem faculdade e sem emprego, eu me afoguei em campanhas longas de RPG por meses a fio. Me comprometi a narrar mais de meia dúzia de mesas com frequência praticamente semanal, e até que lidei bem com os compromissos durante um ano. Porém, eis que a bela poesia caótica do universo decidiu me dar um estágio que me tomou todo o tempo que tinha e um pouquinho a mais. Resultado: meses sem narrar.

Ainda me acostumando com a rotina de um trabalhador desesperado, resolvi que estava na hora de retomar as mesas devagar, uma a uma. Mas depois de tanto tempo parado, o que exatamente eu precisaria trabalhar e o que seria bom de me lembrar — e lembrar aos jogadores — para fazer com que campanhas longas de RPG fossem retomadas com naturalidade?

Antes de mais nada…

Quero deixar claro que estes tópicos são relevantes ao decorrer de qualquer mesa de jogo, e não apenas no término de um hiato ou coisa do tipo. Qualquer campanha de RPG longa o suficiente precisa refrescar a memória do mestre e jogadores sobre determinados assuntos. Caso contrário, objetivos acabam sendo esquecidos, a imersão pode se tornar mais rasa e aquela história e personagens acabam sendo acidentalmente jogados ao descaso — erro que já cometi inúmeras vezes como mestre.

Quem são os protagonistas da campanha?

Todos ainda devem se lembrar dos nomes dos personagens e têm quase certeza que o bárbaro é um humano, e não um anão com gigantismo. Para se certificar, revisem suas fichas em conjunto. Este exercício é tão importante para o mestre quanto para os jogadores, afinal, você raramente vai enfrentar qualquer situação sozinho, então ter noção das habilidades e modificadores de seus companheiros não apenas acrescenta para o potencial do grupo, mas também cria um tipo de sinergia mecânica forte entre os personagens — em outras palavras, você comba com o amiguinho.

Revivendo a trajetória em campanhas longas de RPG

Muito bem, fichas revisadas. Dados em mãos, fichas na mesa, latão aberto e o jogo começa.

Agora, mestre, relembre aventuras passadas. Desafios que o grupo enfrentou unido e saiu vitorioso — ou foram derrotados. Recorde os momentos que fizeram com que estivessem onde estão. Adicione referências sutis à narrativa, instigue os jogadores com elementos que irão chamar seu interesse e farão com que se lembrem das situações. E assim, pincelada por pincelada, a imersão vai se revitalizando.

Um devoto de um deus rival pregando na praça da cidade deve chamar a atenção do clérigo e relembrar o grupo sobre os valores de seu companheiro. Um latoeiro vendendo um escudo pesado de segunda mão pode fazê-los pensar na morte trágica do guerreiro que os acompanhava. Uma pessoa da mesma raça do vilão da campanha adentrar a taberna vazia pode fazer com que sintam a urgência de seus objetivos. O que me leva ao próximo ponto…

Em campanhas longas de RPG, o que mantém o grupo unido?

Um grupo não costuma funcionar muito bem a não ser que tenham alguma coisa que os prendam uns aos outros. Companheiros de longa data podem depender de mera empatia, mas se estão juntos há tanto tempo, provavelmente foi porque em algum momento já tiveram um objetivo em comum.

Quais são eles? — no plural, sempre. Não estou falando apenas do objetivo principal da história, o vilão a ser derrotado, o plano a ser impedido, etc., mas sim de cada busca pessoal dos personagens envolvidos nela. Reavivar estes propósitos individuais insere o personagem — e jogador — novamente naquele mundo ao mesmo tempo que fortalece o vínculo entre o grupo.

O mundo do qual pertence o personagem

Por fim, a necessidade de trabalhar a ambientação da campanha mais uma vez. Como já aprofundado em um texto passado, é sempre bom manter em mente que os personagens fazem parte de um mundo muito maior, e certamente são influenciados por ele muito mais do que o oposto. Como todos estão sujeitos aos seus eventos, tocar em fatos relevantes e grandes acontecimentos recentes que podem impactá-los pode ser importantíssimo.

Conflitos políticos e militares, como a opressão de um estado por um governante pouco diplomático. Eventos históricos como guerras, assassinatos reais ou um vulcão que dizimou o país vizinho — e suas conspirações sobre ter sido uma catástrofe controlada. Dependendo do cenário de RPG que esteja jogando, tramas grandiosas e divinas, como a recente queda do maior dos deuses dentro de seu próprio império, provavelmente é algo que vale a pena ser comentado.

Resumiiiindo

Definitivamente existem diversos outros tópicos a serem considerados, e eles dependem muito da campanha, do mestre e dos jogadores. A imersão desejada, a profundidade de cada parte do sistema e do cenário, e por aí vai. Mas garanto que estes pontos aqui apresentados formam uma boa “cama de gato” para sustentar as sessões.

Não é difícil de esquecer o que aconteceu há meia dúzia de sessões, quem dirá há meses, um ano, dois ou mais. Às vezes tudo pode parecer mais claro na cabeça do mestre, mas não costuma ser bem assim quando se está jogando, e por isso, estas “pinceladas” aqui e ali sempre ajudam a manter o vigor de longas campanhas de RPG.

Quais outros aspectos você acredita serem importantes para a campanha e devem ocasionalmente ser relembrados? Deixa pra gente aqui nos comentários!