Início

Podcast Dragão Brasil 89: Me deixa eu te amar com Post-it

Sem risadas forçadas de fundo, chegou seu podcast favorito!

No episódio de hoje, Felipe Della Corte continua sua cruzada de ódio no entretenimento, desfilando as razões pelas quais filmes para a família deviam ser exterminados da face da Terra; Camila Gamino volta ao podcast depois de uma breve passagem pelo departamento médico, e nos atualiza sobre as três (eu disse TRÊS) mesas da Jornada Heroica; por fim, J.M. Trevisan disserta sobre os vídeos de Friends sem claque (aquelas risadas no fundo) que o Della comentou na edição passada, e nos mostra Damn Fine Story, um livro muito legal sobre escrita (com mais uma rodada de porrada em quem dá spoilers). Obviamente houve tempo para bobagens e respostas para as dúvidas dos nossos estimados Conselheiros da Dragão Brasil!

Para escutar o Podcast Dragão Brasil 89!, clique no player acima.

Para baixar, clique no link correspondente com o botão direito e escolha “Salvar como”.

Se quiser ainda mais conteúdo, assine a Dragão Brasil. Assim, receberá mais de 100 páginas de RPG e cultura nerd todos os meses: dragaobrasil.com.br

Twtich da Jambô: twitch.tv/jamboeditora

Créditos
Participantes:
J. M. Trevisan (Twitter | Livros), Felipe Della Corte (Twitter), Camila Gamino (Twitter).
Edição: Adonias Marques (Instagram)

Balbúrdia Narrativa — O universo além da mesa: um pouco sobre construção de mundo

construção de mundo

Eis que no ano de 2020 o caos e a desgraça reinava não apenas no planeta inteiro, mas também dentro da cabeça de cada pessoa que conseguiu se isolar para cumprir com o básico da sobrevivência humana. Comigo não foi diferente. Faculdade trancada, desempregado e contato social próximo a zero por ter voltado a morar na casa dos meus pais enquanto eles se retiravam para um sítio da família a 10km do sinal de celular mais próximo. Como refúgio pro desespero da insanidade mental, resolvi me afogar em RPG, chegando a participar de onze mesas frequentes, jogando quatro e mestrando sete. Um pouco de mais, talvez.

Porém, tendo que planejar tantas sessões em tão pouco tempo, em alguns momentos de devaneio me deparei com uma verdade bem óbvia quando se para pra pensar: toda história, seja uma campanha de RPG, um romance, filme ou qualquer outra narrativa, é apenas uma série de acontecimentos que aquele mundo ficcional permitiu que acontecesse dentro de suas regras e possibilidades. Vamos falar um pouco sobre construção de mundo.

Construção de mundo: Os mecanismos por trás de cada história

Claro que, ao escrever um livro cuja história seja ambientada em um cenário autoral, quem escreve determina quais são as leis que irão reger aquele universo, para que então a história possa fazer sentido ali dentro. As varinhas mágicas do mundo de Harry Potter, por exemplo, são um elemento fundamental na construção de mundo, pois uma das “leis” deste universo é os bruxos se utilizarem destes artefatos para facilitar a canalização de feitiços. Porém, se J.K. Rowling, na época em que ainda agia como uma pessoa sã, enquanto ainda desenhava o primeiro livro da saga, tivesse determinado que os bruxos não se equipavam de varinhas, mas sim de cajados mágicos, isto não seria apenas uma mudança estética na história de Harry e companhia, mas sim uma mudança impactante em todo o mundo da magia.

Transformar um objeto simples e pequeno, que poderia ser facilmente guardado em um bolso discreto do casaco, em um pedaço de madeira maior do que um aluno calouro definitivamente acarretaria em cenas e situações completamente diferentes das que já lemos e assistimos, desde o momento em que Harry é escolhido pelo cajado forjado com pena de fênix em uma loja do Beco Diagonal, até o momento em que o cajado dos cajados é retirado das mãos do velho e frio professor Dumbledore. O que quero dizer com tudo isso é que todas as histórias necessitam de elementos que façam parte daquele mundo para que possam funcionar.

RPG também é uma forma de contar história

Agora, transportando esta ideia para dentro de uma campanha de RPG, lugar onde a narrativa é desenvolvida coletivamente com os seus protagonistas, quando o narrador conhece bem o suficiente os elementos do cenário, não necessariamente do mundo todo, mas apenas da região em que estão os personagens, o desenrolar da trama – e do improviso – se torna muito mais natural. Claro que o mestre não precisa saber quem foi o bisavô materno do padeiro da vila, mas o fato de existir um padeiro na vila já é um elemento que pode ser desenvolvido dentro do jogo.

Os elementos que gosto de definir na construção de mundo são a geografia, cultura, economia, costumes, religião e política da região em que os personagens irão se aventurar. E isso não é tão complicado assim.

Vou pular direto para um exemplo tirado de uma mesa que narrei no sistema Tormenta 20, ambientada em Arton.

O grupo havia partido da nação de Deheon e estava viajando a cavalo rumo ao reino de Fortuna para se encontrar com um aristocrata que havia lhes enviado uma proposta de trabalho, viagem esta que levaria pouco mais de três semanas. Eu sabia que a sessão — ou sessões — em que os jogadores passariam na estrada não teria um impacto considerável na campanha como um todo, sem grandes conflitos com vilões ou viradas de trama — a não ser que uma sequência inglória de erros críticos tirasse a vida de alguém —, mas não estava muito inclinado a resumir uma jornada de quase um mês a eventos aleatórios, rolagens banais ou simplesmente com “passou um mês e vocês chegaram”.

Conhecendo o mundo da sua mesa de RPG

Ao término da sessão anterior, o grupo havia decidido viajar pelo interior do continente, região mais rochosa e fria devido à proximidade com as nevadas Montanhas Uivantes, de terreno acidentado e árduo (geografia). Por ser uma terra desolada e com pouca diversidade de fauna e flora, decidi que o ofício mais comum dos moradores locais seria a extração de minérios em pedreiras e em minas de ferro (cultura), tornando a exportação destes materiais o principal comércio dali (economia). Por viverem em uma área tão desolada, afastada das principais rotas de viagem, normalmente os moradores não enxergavam estrangeiros com bons olhos (costumes).

As crenças na região eram variadas, mas pouquíssimas das civilizações erguiam altares. A maior exceção era uma cidadezinha habitada principalmente por humanos e anões, chamada Rocha de Grís, que possuía uma humilde igreja de Allihanna (religião). Por fim, a alta-sacerdotisa de Rocha de Grís fazia questão de lembrar a todos que a pedra e o metal também eram frutos da terra, e que a prospecção excessiva destes frutos poderia trazer consequências severas, ao mesmo tempo em que o líder da guilda dos comerciantes da cidade estava tensionando seu relacionamento com a igreja, pois as palavras da clériga deixavam os mineradores receosos e atrapalhava seus negócios (política).

A primeira parte da construção de mundo está pronta. Isto era tudo o que eu havia preparado e, com isto estabelecido, tornou-se prático desenvolver o restante da sessão a partir da curiosidade e ações dos jogadores.

Que entrem os jogadores!

Depois de passarem por testes de Sobrevivência e Cavalgar para se guiarem através de colinas pedregosas e fugirem de uma avalanche ao terem falhado nestes testes, chegaram a Rocha de Grís em um fim de tarde nebuloso. Percebendo olhares desconfiados em todo canto, a feiticeira sugeriu reabastecer os mantimentos e partir em seguida para que não causassem problemas, mas eu não queria que isso acontecesse, pois chegariam rápido demais ao objetivo final da viagem. Então, fiz um jovem pupilo de Allihanna e um minerador discutirem ferrenhamente diante das vistas do grupo, discussão essa que terminou com o nariz quebrado do minerador e a fuga do rapaz. Havia um druida de Allihanna entre os membros do grupo, e eu sabia que este conflito despertaria seu interesse. Prontamente os demais integrantes foram convencidos de que precisavam entender melhor o que estava acontecendo.

Encontraram-se tanto com a alta-sacerdotisa quanto com o líder da guilda, conversaram com alguns trabalhadores das minas e comerciantes. Descobriram que o jovem que havia quebrado o nariz do minerador era um recém-órfão temperamental e que, ao ser interrogado, inventei que ele havia agido daquela maneira pois tinha sido acusando de ter sabotado um carregamento de minério de ferro, trabalho que ele afirmava ter sido feito por demônios da ferrugem que amaldiçoavam o ferro em nome de Allihanna. Decidiram examinar o carregamento e encontraram o metal completamente apodrecido.

A construção de mundo no RPG é coletiva

O ladino sugeriu que a culpa poderia ser da sacerdotisa. Eu não havia pensado nisso, mas achei uma ótima ideia. A partir daquele momento, ela se tornou a culpada. Agora, quem decidiu inspecionar o carregamento foi a feiticeira, que rapidamente detectou rastros de magia na ferrugem. Interrogaram a clériga, mas não conseguiram prova alguma. Porém, durante a madrugada, o ladino desconfiado invadiu os seus aposentos e, com um lindo crítico em Investigação, encontrou as ferramentas para conjurar um milagre de transmutação que permitia alterar as características de qualquer metal, inclusive oxidá-lo até tornar-se pó.

Com as provas em mãos, viram-se diante de um dilema: acreditavam que a alta-sacerdotisa não era maligna, apenas via-se em posição de proteger aquela terra da influência pesada da civilização, e não seria facilmente coagida a abandonar este plano, ao mesmo tempo que sabiam que expô-la aos cidadãos e ao líder da guilda significaria seu exílio, prisão ou morte.

Depois de uns quinze minutos discutindo as possibilidades, decidiram entregar as provas para a própria sacerdotisa, alertá-la sobre os riscos que ela e seus pupilos corriam por seus atos imprudentes e deram as costas para a cidade. O grupo acabou percebendo que a trama de Rocha de Grís não era uma questão de bem e mau, certo e errado, e seria impossível resolver esta situação de maneira simples, ainda mais levando em consideração que haviam um compromisso importante dentro de poucos dias em um reino vizinho e que ninguém que habitava aquelas ruas de pedra cinzenta confiava minimamente em forasteiros.

O mundo ganha vida própria

A sessão terminou com os personagens se sentindo impotentes por não terem conseguido ajudar pessoas necessitadas, e com os jogadores reflexivos por compreenderem que nem todo problema se soluciona com aço e magia.

No início daquela sessão, tudo o que eu sabia era a geografia, cultura, economia, costumes, religião e política da região de Rocha de Grís. No final, tínhamos uma cidade muito interessante que o grupo ainda cogita retornar alguns níveis mais tarde para tentar, mais uma vez, prestar seus serviços à comunidade.

É muitíssimo importante ressaltar uma coisa que eu acredito ser essencial em qualquer mesa de RPG, mas obrigatória para que Rocha de Grís pudesse ter se desenvolvido desta forma em uma única sessão: a imersão dos jogadores dentro da narrativa e a vontade de, através da perspectiva dos seus personagens, explorar aquele universo. O RPG é, como disse anteriormente, uma narrativa formada coletivamente, e não apenas entregue pronta pelas mãos do mestre. Não é diferente com a construção de mundo, e o desenvolvimento de Rocha de Grís só aconteceu por que os jogadores tiveram curiosidade.

Para encerrar, é sempre bom considerar a possibilidade do grupo ter visto a briga entre o jovem e o minerador, respirado fundo e falado: “Dane-se, vamos ignorar tudo isso e continuar cavalgando em linha reta até o nosso objetivo”, e então metade do meu planejamento teria sido jogado para a patente sem descarga. Bem, caso isso tivesse acontecido, gostaria de lembrar que o Capítulo 7 do manual do Tormenta20 apresenta uma gama bem interessante de criaturas que poderiam dar cabo do grupo inteiro. E não seria um grande infortúnio se por acaso cada monstro aparecesse com dois ou três níveis a mais…

Minha primeira personagem: Donzela indefesa? Aqui não!

Olá, aventureiro! Pronto para conhecer mais uma personagem minha?

Espero que esteja jogando muito RPG e criando histórias fantásticas nestes tempos sombrios. Se você está precisando de um incentivo ou inspiração para se aventurar, aconselho que leia alguns artigos aqui do blog sobre o assunto. Tem muita informação legal que pode enriquecer demais seus conhecimentos RPGísticos!

Pensando sobre a contribuição positiva que o RPG está dando na minha vida nesta pandemia, voltei às origens e lembrei da primeira vez que joguei.

Aula de Artes para quê? Para fazer arte!

Tinha 16 anos, era aula de Artes e eu não estava muito interessada (Não façam isso, crianças. Prestem atenção nas aulas!). Vi dois colegas jogando num cantinho e fui de intrometida perguntar “O que estão fazendo?”

Em minutos eu já tinha uma ficha pronta: filha do deus Apolo, semideusa e arqueira. O sistema era bem simples, mas a história era super complexa e cheia de inimigos poderosos.

 Lembro que meu poder vinha do sol (obviamente) e fui aprendendo a usar isso a meu favor nas campanhas. Então, ao entender a lógica do jogo fui crescendo, crescendo, upando e me divertindo.

Cada vez que nos reuníamos eu queria tentar algo diferente. Abusar da criatividade para criar cenas cada vez mais épicas e sentir aquela sensação de estar sendo uma heroína.

Até que entrou um NPC que seria recorrente.

Algo de errado não está certo…

De alguma forma, a minha personagem caia em situações cada vez mais impossíveis de sair. Sem sol para lhe dar poder ou contra um inimigo que apenas aquele NPC tinha poder para lutar contra.

Minha personagem se tornou a donzela indefesa.

Esse NPC tinha um background que o empurrava para ser par romântico da minha personagem. Estava sempre por perto, cantando e tentando ser lisonjeiro. Uma vez que deixei a narrativa seguir assim e nunca mais consegui me livrar.

Toda vez a minha personagem chegava perto da morte e eu já esperava o belo e poderoso herói vir me salvar. O mestre parecia se divertir mais jogando com esse NPC do que mestrando em si. Mas só ele estava se divertindo.

A situação estava chata. Eu não queria mais jogar, mas tinha medo de acabar atrapalhando a mesa ou algo similar. Não queria ser um estorvo e isso continuou por tempos.

Mas você acha que eu nunca reclamei? Que ficava passiva diante disso? De forma alguma! Mais de uma vez tentei explicar que estava chato ficar esperando o herói ir me salvar, mas de nada adiantava. Nas campanhas, eu apoiava o queixo na mão e dizia já cansada: “Não se preocupem, o fulano já tá chega para salvar todo mundo.” 

Porém, um dia, a minha personagem rompeu com esse fulano sem motivo algum. “Um absurdo”, dizia o mestre, “ele era tão foda!” 

Me revoltei mesmo. 

Donzela Indefesa? Essa personagem não me cabe

Fiz o que eu queria. Ignorava o que o NPC tentava me falar, mas ele continuava atrás de mim. Até que tive uma DR dentro do jogo, gritando para que ele me deixasse em paz. Que deixasse eu trilhar o meu caminho sozinha. 

Contudo, os dados me ajudaram muito (quando o mestre não estava muito a fim). 

Lembro bem dessa cena. Estava presa num calabouço escuro, tinha apenas mais uma flecha e todas as respostas para as perguntas “bobas” que fiz. 

“Tá chovendo? Nublado?”

“Esse calabouço é feito do que? Todo ele? A flecha que tenho atravessa?”

Perguntei se tirasse um crítico eu poderia quebrar uma parede com o tiro. O mestre disse que sim.

Tirei um acerto crítico, mas invés da parede, mirei no teto (que era do mesmo material) e arrebentei. Então narrei que o sol entrou, já que o dia não estava nublado, e pude usar o poder de semideusa filha de Apolo (ponto que estava esquecido depois de tudo). 

Finalizei o Final Boss com um brilho solar que batia contra o poder das trevas dele. Não tinha como tirar essa glória de mim, da minha personagem.

Nunca mais joguei com esse mestre. Não foi divertido.

Desculpem pela falta de comédia dessa vez, mas é que às vezes não tem graça mesmo.

Aventuras Breves 01 – O Ataque dos Goblins

aventuras breves

Olá, leitor! Para todos aqueles que querem participar de eventos de RPG como narrador (de preferência por plataformas como o Discord e o Roll20 durante a pandemia), mas que não sabem por onde começar, estaremos postando todo mês aqui no blog aventuras do tamanho certo para essas situações, as Aventuras Breves.

As aventuras possuem fichas prontas para seus jogadores, úteis para quem nunca fez uma ficha ou para imprimir para eventos. Outra opção legal para jogadores é usar o Baralho de Personagens para criar os personagens para essa aventura. Sem mais delongas, vamos começar!

Você também pode baixar a aventura em PDF aqui, em adaptação por Diogo Almeida.

O Ataque dos Goblins

Os personagens são heróis iniciantes, contratados por um autoridade local, seja um prefeito ou nobre, de uma de milhares de vilas espalhadas por Arton. A tarefa é simples: rastrear um grupo de goblins assaltantes que vem fazendo roubos. Porém, em Arton, goblins são muito mais do que monstros.

Ataque dos Goblins é uma aventura para 4 personagens de 1º nível, mas pode ser adaptada para um encontro de baixo nível. A aventura introduz elementos importantes do Tormenta20, como os povos duyshidakk, testes estendidos e a mecânica de aliados. Ao final, os personagens alcançam o 2º nível.

Resumo de O Ataque dos Goblins

Movidos pela fome e escassez, um bando de goblins fez morada em uma mata fechada próxima a uma vila. Pela posição vantajosa, em uma caverna na lateral de um morro, o auto imposto líder Raxx, um hobgoblin, passou a organizar os assaltos, mesmo que nem todos os membros do grupo concordem. Os que não concordam, ele exila.

Os aventureiros começam na floresta à noite, após o primeiro dia de investigação. Os personagens serão atacados por lobos e goblins durante a noite, e a partir desse momento, poderão rastrear eles através da mata. Encontrando o morro aonde fica o esconderijo, enfrentarão Raxx e seus lobos, mas poderão contar com a ajuda de Gogo, uma goblin engenhoqueira. Porém, após a vitória, o que os personagens farão sobre os outros goblins?

Cena 1 – Emboscada Atrapalhada

Os personagens, já tendo sido contratados para lidar com o problema, e já tiveram um dia de buscas, sem sucesso. A vila que os contratou está a meio dia de viagem e os personagens já passaram o dia inteiro procurando algo. Eles tem duas opções principais: fazer um acampamento para passarem a noite ou retornarem à vila contratante. Independente da decisão, serão atacados quando estiverem com a guarda baixa.

Peça testes opostos de Percepção contra a Furtividade dos Goblins Salteadores (na dúvida, considere um teste de Percepção, CD 14). Caso falhem, ficam surpreendidos e o combate se inicia. Os goblins estão acompanhados de alguns lobos domesticados.

Criaturas. Goblins Salteadores x3 (Tormenta20, p. 288) e Lobos x2 (Tormenta20, p. 278).

Se dois goblins caírem, seja mortos ou apenas inconscientes, o terceiro fugirá, mas os lobos combatem até a morte. Caso os jogadores achem que esse é todo o grupo, peça deles um teste de Inteligência, CD 10, para eles entenderem que esse grupo eram apenas capangas, pois as descrições falavam de um grupo bem maior. Independente do que façam, não serão importunados mais naquela noite.

Cena 2 – Procurar e Destruir

Preferencialmente no dia seguinte, os personagens devem procurar o caminho até o esconderijo dos goblins. Esse momento é um teste estendido, podendo-se usar as perícias Investigação e Sobrevivência, essas com CD 18, ou Percepção CD 20, e são necessários 3 sucessos para encontrar o paredão que leva ao esconderijo. Entretanto, em caso de falha total (Tormenta20, p. 214), serão atacados por 2 lobos (se um dos goblins salteadores da cena 1 escapou, ele também aparece)  e zeram a contagem de sucessos, ou seja, voltam a precisar de 3 para encontrar o esconderijo.

Caso tentem rastrear à noite, personagens sem visão no escuro sofrerão uma penalidade de -2 nos testes, mesmo que possuam tochas (mas se possuírem tochas, personagens com visão na penumbra não sofrem penalidade). Se em algum momento os personagens capturarem um dos goblins salteadores, ele tentará atrapalhar o grupo a todo momento, impondo também uma penalidade de -2 no teste. Contudo, esse goblin pode ser convencido a auxiliar os personagens, seja através de meios mágicos, tal qual a magia Enfeitiçar, ou com testes de Diplomacia, entretanto, Intimidação não possui qualquer efeito nele.

Logo após conseguirem os 3 sucessos, estarão de frente ao paredão que leva à caverna onde os goblins se escondem. Olhando para cima, verão uma plataforma natural, à 9 metros do chão, que pode ser alcançada com testes de Atletismo, CD 15. Enquanto escalam, ouvem o som de uma confusão.

Cena 3 – À Beira do Abismo

Os sons que ouvem são a voz ríspida de um guerreiro hobgoblin. Na frente dele, dentro da caverna, uma pequena multidão de goblins se encontra amontoada na entrada da caverna. Entretanto, quase todos ali são crianças, idosos ou inaptos demais para lutar, estão chorando com medo em seus olhos. Embaixo do pé do guerreiro, encontra-se uma pequenina goblin, com instrumentos exóticos, amarrada. Raxx, o hobgoblin, fala:

“Se não fosse por mim, vocês ainda estariam sendo atacados como peste por aventureiros! E vocês planejam contra mim? Vergonha! Vocês não são duyshudakk! E essa imprestável aqui vai servir de exemplo!”

Ainda que tentem ser furtivos, os goblins amedrontados da caverna se assustam ao vê-los, chamando a atenção do hobgoblin. Este gira nos calcanhares e assovia, chamando 2 lobos.

Criatura. Raxx, Hobgoblin Soldado (Tormenta20, p. 289) e Lobos x2 (Tormenta20, p. 278).

Logo que o combate se inicia, a goblin no chão começa a gritar: “Solta eu! Solta eu! Gogo ajuda vocês! Raxx é babacão! Ajuda eu que eu ajudo!”. Gogo, uma goblin inventora, se debate no chão, libertá-la requer uma ação de rodada completa, mas se assim o fizerem ela passará a ser uma Aliada Destruidora, causando dano de eletricidade com suas engenhocas. Os outros goblins, entretanto, não reagem de qualquer forma além de se encolherem de medo.

Epílogo – Vencemos! E agora?

Se os personagens tiverem libertado Gogo, seja durante o combate ou após, ela explica que o responsável pelos assaltos era Raxx, ela e os outros só queriam sobreviver e aceitaram o comando dele. Porém, agora que estão livres, ela pede ajuda aos jogadores, pois muitos deles precisam de comida e remédios. Mas como a vila irá encarar os goblins? Talvez alguém tenha perdido um parente em um dos ataques a caravanas e seja veementemente contra integrar os goblins à cidade. Sejam quais forem os desafios que o futuro guarde, hoje os personagens foram vitoriosos e avançam para o nível 2!

Personagens Prontos para Ataque dos Goblins

Elfa Arcanista (Maga) 1, Estudiosa.

Defesa 14, Fort -1, Ref +6, Von +2.
Pontos de Vida 7.
Pontos de Mana 13.
Deslocamento 12m (8q).
Ataque à Distância. Arco curto +4 (1d6, x3, alcance médio).
Atributos. For 8, Des 18, Con 8, Int 22, Sab 10, Car 10.
Perícias. Misticismo +10, Vontade +2, Conhecimento +8, Reflexos +6, Iniciativa +6, Percepção +4, Ofício (Escriba) +8, Acrobacia +6, Furtividade +6, Guerra +8.
Habilidades. Raça: Graça de Glórienn, Herança Feérica, Sentidos Élficos; Origem: Palpite Fundamentado; Classe: Caminho do Arcanista (Mago).
Caminho do Arcanista (Mago). Você só pode lançar magias memorizadas; suas outras magias não podem ser lançadas, mesmo que você tenha pontos de mana para tal. Para memorizar magias, você precisa estudar seu grimório por uma hora. Quando faz isso, escolhe metade das magias que conhece (no caso, 2). Essas serão suas magias memorizadas. Você pode memorizar magias uma vez por dia. Caso não possa estudar, não poderá trocar suas magias memorizadas.
Magias Conhecidas. 1º – Seta Infalível de Talude*, Armadura Arcana*, Visão Mística, Conjurar Monstro. CD 16.
Equipamento. Uma mochila, um saco de dormir e um traje de viajante, arco curto, T$ 4d6, livro aprimorado (+2 Misticismo), 3 livros comuns.
*Opções de magias memorizadas.

Opcional – Devota de Wynna.
Poder Concedido. Benção do Mana: +3 PMs.
Obrigações & Restrições. Ainda que a magia jamais possa ser negada para quem a busca, devotos de Wynna devem praticar a bondade e a generosidade de sua deusa, jamais recusando um pedido de ajuda. Além disso, devotos de Wynna são proibidos de matar seres mágicos (elfos, qareen, sílfides e outros a critério do mestre) e conjuradores arcanos.

Anã Guerreira 1, Soldada.

Defesa 17, Fort +8, Ref -1, Von +1.
Pontos de Vida 29.
Pontos de Mana 3.
Deslocamento 6m (4q).
Ataque Corpo-a-Corpo. Machado Anão +7 (1d10+3, x3).
Ataque à Distância. Machadinha +1 (1d6+3, x3, alcance curto).
Atributos. For 16, Des 8, Con 22, Int 10, Sab 12, Car 8.
Perícias. Atletismo +5, Fortitude +8, Guerra +2, Luta +5, Ofício (Armeiro) +2.
Habilidades. Raça: Conhecimento das Rochas, Devagar e Sempre, Duro como Pedra. Origem: Encouraçado. Classe: Ataque Especial.
Ataque Especial (1 PM). Quando faz um ataque, você pode gastar 1 PM para receber +4 no teste de ataque ou na rolagem de dano. Você pode dividir os bônus igualmente.
Equipamento. Uma mochila, um saco de dormir e um traje de viajante, machado anão, escudo leve, brunea, machadinha, uniforme militar, insígnia do seu exército, T$ 4d6.

Opcional – Devota de Khalmyr.
Poder Concedido. Espada Justiceira (1 PM): sua arma de corpo a corpo de corte recebe +1 em testes de ataque e rolagens de dano até o fim da cena.
Obrigações & Restrições. Devotos de Khalmyr não podem recusar pedidos de ajuda feitos por pessoas inocentes. Também devem cumprir as ordens de superiores na hierarquia da igreja (qualquer devoto do Deus da Justiça de nível maior) e só podem usar itens mágicos criados por devotos do mesmo deus.

Humana Clériga de Valkaria 1, Acólita.

Defesa 18, Fort +4, Ref +0, Von +9.
Pontos de Vida 18.
Pontos de Mana 11.
Deslocamento 6m (4q).
Ataque Corpo-a-Corpo. Maça +5 (1d8+2).
Atributos. For 14, Des 10, Con 14, Int 10, Sab 20, Car 12.
Perícias. Religião +7, Vontade +9, Luta +4, Fortitude +4, Cura +7, Intuição +7.
Habilidades. Raça: Versátil (Encouraçado). Origem: Vontade de Ferro. Classe: Devoto de Valkaria. Poderes Concedidos: Armas da Ambição, Coragem Total, Liberdade Divina.
Obrigações & Restrições. Devotos de Valkaria são proibidos de fixar moradia em um mesmo lugar, não podendo permanecer mais de 2d10+10 dias na mesma cidade (ou vila, aldeia, povoado…) ou 1d4+2 meses no mesmo reino. Eles também são proibidos de se casar ou formar qualquer união estável.
Magias Conhecidas. 1º – Escudo da Fé, Curar Ferimentos, Arma Mágica. CD 15.
Equipamento. Uma mochila, um saco de dormir e um traje de viajante, maça, brunea, escudo leve, símbolo sagrado, traje de sacerdo

Lefou Ladina 1, Pivete.

Defesa 18.
Pontos de Vida 14.
Pontos de Mana 3.
Deslocamento 9m (6q).
Ataque Corpo-a-Corpo. Adaga +7 (1d4, 19).
Ataque à Distância. Arco Curto +7 (1d6, x3, médio) ou Adaga +7 (1d4, 19, curto).
Atributo. For 10, Des 20, Con 14, Int 16, Sab 10, Car 8.
Perícias. Ladinagem +7, Reflexos +7, Atletismo +2, Iniciativa +9, Investigação +5, Conhecimento +5, Luta +2, Pontaria +7, Acrobacia +7, Pilotagem +7, Furtividade +9, Fortitude +4, Misticismo +5, Percepção +2.
Habilidades. Raça: Cria da Tormenta, Deformidade. Origem: Quebra Galho. Classe: Ataque Furtivo, Especialista.
Ataque Furtivo. Uma vez por rodada, quando atinge um alvo desprevenido com um ataque corpo a corpo ou em alcance curto, ou um alvo que esteja flanqueando, você causa 1d6 pontos de dano adicional.
Especialista. Ao fazer um teste de Furtividade, Iniciativa ou Reflexos, você pode gastar 1 PM para dobrar seu bônus de treinamento.
Equipamento. Uma mochila, um saco de dormir e um traje de viajante, couro batido, adaga, arco curto, T$ 4d6, kit de ladrão, traje de plebeu, um animal urbano (como um cão, gato, rato ou pombo).

Opcional – Devota de Nimb.
Poder Concedido. Sorte dos Loucos (1 PM): role novamente um teste recém realizado. Se ainda assim falhar no teste, você perde 1d6 PM.
Obrigações & Restrições. Devotos de Nimb sofrem –5 em testes de perícias baseadas em Carisma, pois são sempre considerados loucos. Além disso, no início de cada cena de ação, role 1d6. Com um resultado 1, você fica confuso até o fim da cena.

Mais Aventuras Breves

Aventuras Breves 02 — Capturados pelos Puristas
Aventuras Breves 03 — A Cripta da Cavaleira Esquecida

Podcast Dragão Brasil 88: Tenso na Suécia

Indo contra todas as teorias, chegou seu podcast favorito!

No episódio de hoje, Della reexamina sua mente conturbada e doentia e descobre que na verdade odeia sitcons! Nosso mais barbado integrante também dispara sobre sua preferência por vídeos no YouTube, a volta ao Darkest Dungeon, sua opinião (atrasada) sobre Godzilla 2 e muito mais; Glauco está fascinado por Attack on Titan enquanto shonen do gênero “desgraçamento de cabeça” e fala de sua mesa da Jornada Heroica, que conta com integrantes ilustres; Já Trevisan, joga um debate sobre o final de Wandavision na roda, puxando um debate sobre o problema da hiperanálise de séries, um esporte tão difundido na rede mundial de computadores! E claro, há ainda uma quantidade colossal de bobagens e as respostas para as dúvidas aflitas dos nossos Conselheiros!

Para escutar o Podcast Dragão Brasil 88!, clique no player acima.

Para baixar, clique no link correspondente com o botão direito e escolha “Salvar como”.

Se quiser ainda mais conteúdo, assine a Dragão Brasil. Assim, receberá mais de 100 páginas de RPG e cultura nerd todos os meses: dragaobrasil.com.br

Twtich da Jambô: twitch.tv/jamboeditora

Créditos
Participantes:
J. M. Trevisan (Twitter | Livros), Felipe Della Corte (Twitter), Glauco Lessa (Twitter).
Edição: Adonias Marques (Instagram)

Mapa de Relacionamentos no RPG

mapa de relacionamentos

No artigo sobre Sessão Zero, eu falei sobre como usar as contribuições dos seus jogadores para enriquecer seu jogo de RPG e propor situações interessantes para eles. Nesse artigo, eu vou falar de uma ferramenta que eu uso em praticamente todas as minhas campanhas para me ajudar com isso: o mapa de relacionamentos.

Longe de ser uma ferramenta nova, mapas de relacionamentos são usados de diferentes formas em vários RPGs. Eles servem como uma forma de organizar e manter as relações dos protagonistas com personagens secundários, lugares importantes, recursos, facções ou eventos. Vamos montar o mapa de relacionamento do seu jogo?

Construindo o Mapa de Relacionamentos

Primeiramente, você precisa escolher uma ferramenta para criar seu mapa. Claro, você pode desenhar no papel, mas é importante que o mapa esteja acessível para todo o grupo. Principalmente em tempos de pandemia, o ideal é usar alguma ferramenta online que todos possam ver e que permita editar o mapa facilmente. Algumas aplicações que eu já usei para isso são o Google Slides, Google Drawing e o aplicativo DrawExpress Lite (ótimo para estruturar ideias rapidamente no celular). Eu vou usar o Google Drawing para o exemplo deste artigo.

Os Protagonistas

Antes de tudo, coloque os personagens jogadores no centro do mapa. Escolha um formato e cor para identificá-los e coloque arestas para representar os relacionamentos entre eles. Se o grupo já definiu que tipo de relacionamento eles têm entre si, você pode identificar isso com um texto em cada aresta; caso contrário, você pode adicionar mais tarde (se estiver montando o mapa durante a Sessão Zero, por exemplo) ou perguntar aos jogadores. Perguntas do tipo “o que o seu personagem pensa sobre o personagem dele?” ou “como vocês se conheceram?” são úteis para isso.

No exemplo desse artigo, os personagens jogadores são Cassandra, uma humana barda; Ernesto, um elfo arcanista e Nala, uma dahlan paladina de Alihanna:

Personagens secundários

Com os personagens principais no centro do mapa, é hora de adicionar os personagens secundários. Se você seguiu as dicas do artigo sobre Sessão Zero, os jogadores devem ter criado personagens que são importantes para os personagens deles. No nosso exemplo, Ernesto tem sua ex-mentora, Helandra, e Greg, seu melhor amigo. Cassandra tem seu ex-namorado, Heitor, e seu mentor desaparecido, Olidran. Por fim, Nala tem Forondir, um druida que foi uma figura paterna para ela, e Lídia, uma patrulheira rival que vive causando problemas. Assim como no primeiro passo, escolha um formato e uma cor diferente para os PNJs e adicione arestas ou setas com textos identificando os relacionamentos com os PJs. Depois desse passo, nosso mapa de relacionamentos de exemplo fica assim:

Completando o Mapa de Relacionamentos

Agora você pode adicionar outros elementos importantes dos históricos dos personagens, como locais, eventos, facções e tudo que você puder usar como matéria prima de aventuras e conflitos. O nível de detalhe do mapa e das descrições depende de cada grupo. Afinal, algumas pessoas só precisam de algumas palavras-chaves para se lembrar de um relacionamento, outras, de um texto um pouco maior. No exemplo, usei losangos lilás para representar locais e hexágonos vermelhos para organizações (abra a imagem em uma nova aba para ver maior):

Identificando Situações e Relacionamentos entre PJs

Se você ainda não fez isso, identifique os relacionamentos entre os PJs. Pergunte a cada jogador o que seu personagem acha dos outros, se eles já se conhecerem. Se isso ainda não aconteceu, você pode preencher depois. Por fim, identifique quais são as situações atuais no jogo, tanto para o grupo no geral quanto para cada personagem em particular. Use uma cor e forma diferente para que isso fique bem visível. Esse é o nosso mapa de relacionamentos de exemplo depois do passo final (abra a imagem em uma nova aba para ver maior):

Usando o Mapa de Relacionamentos

Você provavelmente está pensando “Ok, Matheus, criei o mapa de relacionamentos do meu jogo. E agora? O que eu faço com isso?”. Pois bem, a razão pela qual eu gosto tanto dessa ferramenta é porque ela é útil em dois momentos: durante a criação, ela ajuda a formar um modelo mental dos elementos narrativos do jogo para todos no grupo e a criar perguntas interessantes para serem respondidas durante o jogo. Depois de pronto, o mapa de relacionamentos ajuda o grupo a se manter na mesma página e ajuda o narrador a manter o jogo focado nos personagens.

O Mapa de Relacionamentos na Preparação do Jogo

O mapa de relacionamentos é especialmente útil para guiar sua preparação. Está sem ideias para o próximo jogo? Olhe o mapa de relacionamentos. Por exemplo, o que os PJs farão se Lar dos Sapos ou o Círculo de Druidas ficarem em perigo? E se um relacionamento com um PNJ mudar de repente? E se você introduzir uma situação que dê a entender que Ernesto é realmente cúmplice de Helandra, o que Nala e Cassandra farão?

Tem uma nova ideia de trama ou vilão? Pense em como ela se relaciona com os elementos do mapa. Precisa de um PNJ para entregar um gancho de aventura? Precisa de uma organização ou lugar? Olhe o mapa. É uma ótima maneira de garantir que isso vai ser algo interessante para os jogadores e dá um sentimento de continuidade ao jogo. Conforme o jogo avança, edite o mapa para refletir os novos personagens e relacionamentos. Finalmente, se um elemento deixar de ser importante por qualquer motivo, não tenha medo de tirar ele do mapa. Lembre-se que o objetivo da ferramenta é ajudá-lo, e não gerar um trabalho desnecessário.

*****

Construir um mapa de relacionamentos para a sua campanha é um trabalho que pode valer a pena. E claro, eu só descrevi como eu costumo criar e usar eles. Que outras utilidades você vê para essa ferramenta? Comenta aí embaixo!

Além de O Exorcista: como mestrar um RPG de terror de possessão

rpg possessão

Mais uma singela coluna mensal onde tratamos de técnicas narrativas para jogos de horror, emulando os diversos subgêneros do nosso bom e velho frio na espinha.

Dessa vez, vamos fazer um exercício de análise daquele que, pra mim, é o subgênero mais impactante e aterrador: POSSESSÃO.

Coisa do capeta

Ao falar em possessão naturalmente nós pensamos em duas coisas: demônios e em O Exorcista. A primeira parte é fácil compreender o motivo da ligação imediata, visto que somos um país de maioria cristã e os hábitos e costumes cristão estão cristalizados em nosso dia a dia. Então, ao falar em possessão, a primeira coisa a se pensar é em demônios. Demônios que são malvados e que habitam o inferno cheio de enxofre e chamas. Mas pense como seria divertido subverter isso.

Nem sempre o ser que possui alguém, usando um corpo físico como uma “roupa” tem intenções puramente malignas. No filme Constantine (gosto bastante) a primeira pista que ele tem para o plot geral ssão demônios possuindo pessoas de um modo diferente. Eles querem fugir do inferno. E por que? O que está acontecendo lá para que busquem fugir? Ou ainda, se o demônio se afeiçoou a uma determinada família que agora passa por dificuldades e só está tentando ajudá-la? Se a vida não é preto e branca, seu jogo também não precisa ser.

Dando o clima correto para sua possessão

E o que faz de O Exorcista um ícone da cultura pop que é aclamado até hoje como um dos melhores do gênero? Embora eu ainda não tenha tido coragem de vê-lo (um dia conto essa história), sabe-se que um dos recursos mais utilizados é o contraste das cenas. Em um momento temos a garotinha doce e gentil fazendo algo tremendamente comum para na cena seguinte termos um comportamento totalmente anormal, ou uma cena forte e escatológica. O contraste gera a repulsa e a repulsa é um dos combustíveis do medo. Não saber o que esperar é uma das coisas que faz seu sangue gelar porque evoluímos para traçar estratégias mentais de cenários futuros.

Mas como pensar nisso em uma mesa de jogo? Em mundos fantásticos como Arton, bem e mal são relativos e há um panteão de 20 deuses maiores, além de uma miríade de deuses menores ainda não catalogados. Todos esses deuses têm a seu serviço entidades sobre-humanas e inúmeros fiéis que podem seguir seus preceitos ou distorcê-los. Tornando tudo caos e imprevisibilidade. E num cenário de caos, os indivíduos se sobressaem. Dê cores ao mundo e os indivíduos tornando-os únicos para seu grupo de Personagens Jogadores. Quando eles pensarem que entenderam tudo, puxe seu tapete.

Possuindo almas passo a passo

Analisemos o que faz a mera ideia de possessão tão arrepiante. Independente da “entidade” em questão, a ideia de perder o controle do seu corpo e ações, per se, é aterradora. Ser um mero passageiro em seu próprio corpo, sem ter como agir ou reagir ao que acontece é a definição de terror puro. Pergunte a qualquer pessoa que já teve um episódio de paralisia do sono, tentar fazer algo e não conseguir é a matéria de qualquer pesadelo.

A experiência de ser comandado intrinsecamente por algo externo é bem retratada na série Supernatural. Ela lida com isso com bastante ênfase ao longo da quarta e da quinta temporadas com várias experiências terríveis relatadas por personagens que são usados como marionetes tanto por anjos como por demônios. As experiências são péssimas, independente da índole do ser possuidor.

O diabo está na obviedade

O filme Corra (Get Out, 2017) do Jordan Peele é extremamente bem sucedido em mostrar aspectos dessa faceta. É impossível se manter apático diante da situação exposta pelo roteiro. Em O Crânio e o Corvo, Leonel Caldela nos apresentou o simbionte da Tormenta, uma criatura capaz de se infiltrar no corpo do hospedeiro e fazê-lo mudar sua índole devagar, sempre para favorecer a Tempestade Vermelha. É uma abordagem muito boa desse jogo de “Fulano não é mais Fulano”, algo sutil que vai mudando aos poucos e culmina em uma grande cena de revelação é uma forma de tornar sua mesa inesquecível.

Mesmo que o personagem seja possuído por um ser benigno, como um anjo ou seu deus de devoção, como houve nesse final de semana em Joias para Lamashtu (sessão stream narrada por Thiago Rosa aos sábados no Twich da Jambô), não quer dizer que seja uma boa experiência para o personagem e nem para seus companheiros. Em situações assim, cabe ao narrador decidir se vai fazer uma abordagem positiva ou negativa.

A abordagem positiva é deixar o jogador do personagem em questão controlar o ser super poderoso que a amálgama do personagem com a entidade se tornou. Ou a abordagem negativa é deixar o jogador simplesmente assistir tudo que o personagem fará enquanto a entidade estiver com seu personagem. Dá bem a dimensão de que não é uma situação comum e nem divertida para o personagem, o lado ruim é que o jogador também é posto no banco de reservas. Uma alternativa para não punir o jogador com um tempo no banco é deixar que ele jogue com outro personagem durante a possessão, podendo ser um NPC, ou um personagem novo.

Como usar possessão na sua mesa sem ser babaca

Como sempre falamos, é importante os jogadores estarem de acordo com algumas abordagens e confortáveis com os assuntos mais obscuros.

Sendo assim, você pode conversar sobre a temática com seus jogadores e ver o que eles acham disso. Se todos estiverem tranquilos quanto a perder o controle do personagem de vez em quando, invista nisso. Com moderação, porque um recurso muito utilizado perde impacto. Outra ideia válida é utilizar um NPC para tal. Alguém próximo ao grupo, com mudanças de humor drásticas, falta de memória de determinados fatos, ou até mesmo dias de comportamento errático. A tensão dos personagens dos jogadores ao lidar com o NPC sofrendo de possessão pode ser crescente. Imprevisibilidade causa desconforto e desconforto causa medo. Nunca saber com quem se está lidando, ou testemunhar as mudanças drásticas de uma cena para outra deixará seus jogadores na ponta de suas cadeiras e com cabelos de pé.

Ofereça oportunidades de “redenção” ou “exorcismo” para a situação. Isso vai dar esperanças e tornar sua busca mais genuína. Pense fora da caixinha, o fantasma que possuiu a bibliotecária poderia só desejar achar a cópia do livro com dedicatória para seu filho. Não ponha toda a carga em cima das costas do clérigo, padre, sacerdote ou religioso do grupo de jogo. Nem trate disso de modo trivial como uma magia qualquer resolve o problema. Assim você não acrescentou drama nenhum, só fez mais um confronto qualquer contra uma entidade maligna qualquer.

Baralho de Aventuras: Dicas e Exemplos de Uso

O Baralho de Aventuras é um acessório inédito de Tormenta20 — uma das recompensas adicionais possibilitadas pelo financiamento coletivo do jogo. É um baralho de 56 cartas, em formato “tarot” (7 x 12 cm), cujo objetivo é ajudá-lo a criar histórias para suas aventuras. Use-o quando estiver sem ideias ou quando quiser fazer uma história que normalmente não surgiria em sua mesa!

Composição do Baralho de Aventuras

  • Carta de Instruções x1. Instruções para o uso do baralho. Este artigo aprofunda o que é dito na carta, com exemplos e dicas.
  • Cartas de Enredos x7. Estruturas de histórias. Essas cartas determinam quais outras cartas você precisa para construir sua trama. Por exemplo, a carta de enredo Trabalho de Aventureiro especifica que você precisa puxar duas cartas de personagem (sendo que a primeira representará o NPC que contrata os heróis e, a segunda, o vilão da história), duas cartas de ameaça, duas cartas de local e uma carta de objeto.
  • Cartas de Personagens x10. Arquétipos de personagens de narrativas fantásticas. Você pode criar um NPC desse arquétipo ou, se tiver uma campanha em andamento, usar um NPC recorrente que se encaixe nele. Para facilitar sua vida, cada carta traz alguns exemplos. Você pode escolher um deles — ou, se quiser deixar tudo nas mãos de Nimb mesmo, rolar 1d4.
  • Cartas de Ameaças x10. Perigos que os personagens deverão sobrepujar. Cada carta descreve um tipo de ameaça, com exemplos divididos por patamar de jogo — iniciante, veterano, campeão e lenda (veja Tormenta20, página 35). Exemplos em itálico aparecerão no suplemento futuro Ameaças de Arton.
  • Cartas de Locais x12. Ambientes pelos quais os personagens deverão passar. Cada carta traz um exemplo por patamar, já com uma descrição para você usar. Fique livre para trocar o local por outro do mesmo tema. Por exemplo, a carta de local Urbano não precisa ser necessariamente uma aldeia remota — pode ser a praça central de uma cidade, um bairro de Valkaria etc.
  • Cartas de Objetos x6. Itens importantes para a história. Crie um baseado no tema da carta ou escolha (ou role) um dos exemplos.
  • Cartas de Eventos x10. Acontecimentos importantes para a trama.

Usando o Baralho de Aventuras

Como a carta de instruções diz, há duas maneiras básicas de usar o Baralho de Aventuras: o “Método Nimb” (cartas escolhidas aleatoriamente) e o “Método Khalmyr” (cartas escolhidas pelo mestre).

Método Nimb
Embaralhe as cartas e puxe-as até sair uma carta de enredo (veja os ícones dos tipos de carta abaixo). Ela traz a estrutura da história e diz quais outras cartas você precisa. Se você já tiver puxado as cartas solicitadas, use-as. Caso contrário, continue puxando cartas até ter todas (ignore cartas não solicitadas). Respeite os papéis em que as cartas aparecerem, mesmo que à primeira vista não façam sentido — trabalhe com o que foi puxado, sem se deixar prender pela “lógica”.

Método Khalmyr
Se não quiser deixar sua aventura nas mãos do caos, use as cartas como um catálogo de ideias. Apenas leia cada uma e escolha as que preferir para montar uma trama ou incrementar uma história que você já tenha criado.

Não recomendamos uma junção dos dois métodos — puxar as cartas aleatoriamente e descartar os resultados que você não gostar. Isso vai engessar sua criatividade, deixando-o preso em fórmulas já conhecidas, mas sem que você faça escolhas ativas. Contudo, é o seu jogo. Use o baralho como julgar mais divertido!

Exemplo de Uso

O mestre deseja deixar uma parte de sua campanha nas mãos de Nimb. Assim, resolve que a próxima aventura será montada a partir de cartas puxadas do baralho. Como a campanha já está em andamento, ele decide que vai tentar encaixar os NPCs, lugares e demais elementos já existentes nos papéis descritos pelas cartas. Seja o que o Caos quiser.

Ele embaralha as cartas e começa a puxá-las. A primeira que saca é Fortificação, uma carta de local. Deixa ela separada e continua puxando. A segunda é Protegido, uma carta de personagem. A terceira que ele puxa é Jornada, uma carta de enredos. Agora a construção da história começa! No caso, teremos uma grande viagem, na qual o caminho é mais importante que o destino em si. Seguindo as instruções da carta, o mestre precisa de uma carta de personagem, objeto ou evento para ser o motivo da jornada, três cartas de local, para as localidades pelas quais o grupo passará, e três cartas de personagens, ameaças ou eventos, para os encontros que o grupo terá. Ele já puxou uma carta de local (Fortificação) e uma de personagem (Protegido), então já tem a primeira localidade e o motivo. Ele precisa continuar sacando cartas até ter mais duas cartas de local (para fechar as três localidades) e três cartas de personagens, ameaças ou eventos (para os três encontros).

Carta de Enredo - Jornada

A próxima carta que ele puxa é Bufão, uma carta de personagem. Este será o primeiro encontro. Ele continua sacando cartas, tirando Clérigos & Celestiais (ameaça), Armas e Armaduras (objeto), Ermos (local), Lefeu (ameaça), Praga (evento) e Fronteiras (local), nesta ordem.

Ermos e Fronteiras (junto de Fortificação, que já havia sido sacada), completam nossas três localidades. Bufão, Clérigos & Celestiais e Lefeu formam nossos três encontros. Armas & Armaduras e Praga são cartas de objeto e de evento, mas apenas uma carta desses tipos foi solicitada pelo enredo, e a vaga foi ocupada por Protegido. Porém, nada impede que elas sejam usadas para inspiração, então o mestre as deixa separadas. A composição final da aventura é:

  • Enredo: Jornada.
  • Motivo: Protegido.
  • Localidades: Fortificação, Ermos e Fronteiras.
  • Encontros: Bufão, Clérigos & Celestiais e Lefeu.

Vamos analisar cada parte dessas. A carta de Protegido faz todo sentido neste tipo de história — provavelmente a missão será levar o protegido de um lugar a outro.

Em seguida, o âmago da aventura: locais! A combinação de Ermos e Fronteiras faz o mestre pensar em um lugar afastado do Reinado. Pensando na campanha e examinando o mapa de Arton, ele decide que a aventura vai se passar nas Repúblicas Livres de Sambúrdia.

Por fim, os encontros… Bufão será o primeiro. Inesperado, mas essa é a graça do baralho! Se o bufão vai ser um oponente, o que isso significa? Será que o mestre está pronto para inserir uma traição na campanha? Ou será que o bufão vai atrapalhar de outra forma? Clérigos & Celestiais será outro encontro. Por fim, temos Lefeu. Impossível não pensar que as coisas estão conectadas. O mestre imediatamente pensa em sacerdotes corrompidos de Aharadak.

É hora de juntar tudo isso. Os heróis são chamados por um príncipe mercador hynne, um velho conhecido. O filho do comerciante tem uma estranha doença: suas juntas estão ficando cada vez mais duras, sua pele está se tornando rígida. Será que o rapaz está virando pedra? Ninguém sabe, mas dizem os boatos que na ilha de Khubar há um xamã capaz de curar qualquer doença. A missão é levar o enfermo a Khubar em segurança. Com isso, usamos nosso Protegido e temos o motivo da Jornada — já a inspiração para a doença veio da carta Praga.

Para o primeiro encontro, nosso mestre faz algo especialmente astuto… e maligno. Ele cria uma cena aparentemente inócua, para ser inserida antes que o grupo receba a missão. Um menestrel errante ouviu falar das façanhas dos personagens e os aborda, querendo ouvir suas histórias para espalhá-las aos quatro ventos! Independentemente da forma como os personagens respondam, o bardo vai cometer um erro terrível: irá espionar sua conversa com o príncipe mercador e viajar na frente deles, contando sobre o heroísmo dos aventureiros numa corrida contra o tempo para salvar um inocente menino… A intenção dele é boa: que os heróis sejam celebrados em cada local que cheguem. Porém, o que ele estará fazendo na prática é avisar todos os potenciais inimigos… Aí está o nosso Bufão.

Os heróis partem. Logo nos primeiros dias de viagem, chegam a uma Fortificação — uma pequena parada de caravanas com muros de pedra e um poço, onde são acolhidos. No meio da noite, são atacados por cultistas! Durante a luta, percebem que os inimigos são Clérigos de Aharadak. A Tormenta está por trás disso! Eles fogem do castelo e notam que um pequeno pedaço de carapaça vermelha surgiu na pele do rapaz. Isto não é uma enfermidade comum, mas corrupção pela Tormenta! Resta a dúvida sobre como os cultistas foram avisados e puderam emboscá-los…

Atravessando uma floresta (Ermos), eles são abordados e enxotados por druidas locais. Um bardo passou por aqui, narrando os grandiosos feitos deste grupo! Mas os druidas não querem saber de corrupção lefeu em sua floresta. Os heróis são forçados a trilhar um caminho mais longo. O mestre teve a ideia dos druidas também pela carta Clérigos & Celestiais, e porque eram uma boa maneira de dar a informação sobre o bardo. Agora, além da corrupção, eles correm contra o menestrel que está deixando tudo mais difícil!

Por fim, eles chegam a uma cidade costeira (Fronteira), onde vão pegar um navio até Khubar. Contudo, todos os capitães já sabem que eles estão escoltando um corrompido e não querem o grupo em seus navios! Maldito bardo! A única que concorda em levá-los é uma velha clériga do Oceano. Ela tem seus próprios motivos.

No meio da viagem, esses motivos ficam claros: a anciã também foi corrompida pela Tormenta! Seu objetivo é chegar ao tal xamã, na esperança de que ele possa ter uma cura, mas para isso precisa saber quem ele é e onde está — informações que os heróis têm. Então o navio é atacado por Lefeu, que causam uma tempestade. O mestre gostaria de facilitar para os jogadores, mas os clérigos surgiram como ameaças, então a clériga precisa causar algum problema. Ela não queria atrair os lefeu, mas está marcada e atua como um alvo para os aberrantes. No final, a clériga se sacrifica, afundando no mar, mas ajudando os heróis. Eles chegam a Khubar quase mortos. O garoto está quase todo coberto de carapaça.

Na ilha, o xamã vai retirar o simbionte que está no enfermo. Ele nunca vai recuperar o que já perdeu de si mesmo, mas agora tem uma esperança de pelo menos deter a corrupção. E adivinhe quem está em Khubar? Ele mesmo, o bardo, esperando os agradecimentos dos heróis. O que eles vão fazer com ele?

Aí está: uma típica aventura de jornada. O que parecia ser um conjunto esdrúxulo de elementos (um Bufão como primeiro encontro, ameaças que não tinham a ver com os lugares) acabou desenvolvendo uma aventura diferente e divertida.

Últimas Dicas

  • Se quiser simplificar sua vida, separe as cartas de Enredo, embaralhe-as e saque uma. Sabendo quais cartas você precisará, comece a puxar do resto do baralho. Isso tira um pouco do caos, mas deixa o processo mais rápido.
  • Se mesmo após puxar todas as cartas você estiver sem inspiração ou sem saber como encaixar um elemento, continue sacando cartas até algo fazer sentido.
  • Além dos usos definidos pelos enredos, cartas de eventos também podem ser usadas como “modificadores” para as aventuras. Se quiser deixar sua história mais amalucada, simplesmente puxe uma carta de evento e aplique-a. Uma aventura de Jornada, por exemplo, ficaria completamente diferente com uma carta de evento Guerra — viajar por um território em conflito é muito diferente de viajar por uma região em paz.

Quais aventuras você criou com o baralho? Conte pra gente nos comentários!

Podcast Dragão Brasil 87: Pimp my pet!

Atravessando o labirinto minotáurico, chegou seu podcast favorito!

No episódio desta semana, Della desfila todo o seu inconformismo com o mercado de itens de luxo para pets, admite seu amadorismo na compra de videogames, e discute o aprendizado de interface de jogos (ou algo assim, quem fez o curso foi ele, não eu)! Karen Soarele está de volta das férias, terminando o mestrado, mas louca para fazer mais cursos…e jogar vários joguinhos de dois com seu amado! Já Trevisan nos dá seu veredicto sobre A Deusa no Labirinto, o documentário The Gift: The Journey of Johnny Cash e discute originalidade com base nos pensamentos do escritor Haruki Murakami em Romancista como Vocação! Logicamente houve espaço para muitas bobeiras e respostas para as dúvidas dos Conselheiros!

Para escutar o Podcast Dragão Brasil 87!, clique no player acima.

Para baixar, clique no link correspondente com o botão direito e escolha “Salvar como”.

Se quiser ainda mais conteúdo, assine a Dragão Brasil. Assim, receberá mais de 100 páginas de RPG e cultura nerd todos os meses: dragaobrasil.com.br

Twtich da Jambô: twitch.tv/jamboeditora

Créditos
Participantes:
J. M. Trevisan (Twitter | Livros), Felipe Della Corte (Twitter), Karen Soarele (Twitter | Livros).
Edição: Adonias Marques (Instagram)

Dia Internacional da Mulher: Um compilado de posts e uma promoção imperdível

Não que seja novidade para alguém, mas em 8 de março comemoramos o Dia Internacional da Mulher, uma data usada como marco no mundo para as lutas das mulheres em busca de um mundo mais igualitário. Aqui no blog tivemos diversos posts dedicados às mulheres da casa, e decidimos compilar todos aqui para que vocês possam encontrar o conteúdo de forma mais prática.

Além disso, a Jambô vai marcar presença neste dia oferecendo um cupom de 20% de desconto em todas as obras criadas ou protagonizadas por mulheres disponíveis em nossa loja! Para participar, basta usar o cupom GRLPWR na hora de fazer a compra dos livros que estão participando da promoção até o dia 12 de março.

Elisa Guimarães, tradutora de Arquivos de Poder

Ficha de Wanda e Visão para Mutantes & Malfeitores 

Aproveitando o grande sucesso de WandaVision, série protagonizada pela poderosa Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate do universo da Marvel, Elisa Guimarães fez fichas dos protagonistas da série usando as regras do RPG Mutantes & Malfeitores, já aplicando alguns poderes exclusivos do suplemento futuro Arquivos de Poder, que também está sendo traduzido por Elisa.

Resenha de Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, o mais novo livro da série Jogos Vorazes, escrito por Suzanne Collins, deixa um pouco de lado o ponto de vista da icônica rebelde Katniss Everdeen para explorar a juventude do vilão Coriolanus Snow. No blog tivemos uma super resenha pela nossa multi-diplomada redatora Tais Turaça Arantes.

Karen Soarele, escritora de A Deusa no Labirinto

A Deusa no Labirinto: Quando a fantasia critica a realidade

Como podemos explorar os males do mundo real a partir da ficção de fantasia? É essa a questão de Waldir L. Santos levanta ao analisar A Deusa no Labirinto, obra da romancista Karen Soarele para o universo de Tormenta que transformou o mundo de Arton para sempre.

Karen Soarele é finalista do 62º Prêmio Jabuti com romance ambientado em Tormenta

E já que o assunto é A Deusa no Labirinto, vocês sabiam que o livro foi finalista no 62º Prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira? O livro competiu com outras obras de autores renomados e mostrou mais uma vez que não existe lugar no mundo que não possa se tornar área da Tormenta.

Carine Ribeiro, tradutora da série A Lenda de Drizzt

O que são fanfics e como elas estão ganhando o mercado editorial

Astral, romance de Marcela Alban para o Selo Odisseias, começou como uma fanfic de Naruto, e Waldir L. Santos falou sobre a importância das criações de fãs para a literatura, e como muitas obras podem partir disso para ganhar vida própria.

Perdido na ordem de leitura de A Lenda de Drizzt? A gente te ajuda!

Nossa querida tradutora amiga dos elfos, Carine Ribeiro, vem trabalhando na saga de Drizzt Do’urden desde o volume 1, lançado pela Jambô com uma nova tradução. Para facilitar a vida de quem quer se aventurar por Forgotten Realms com o elfo negro mais famoso da literatura, nós montamos este guia.

Lançamento: A Lenda de Drizzt Vol. 5 — Rios de Prata

E falando em Drizzt, você já leu Rios de Prata? O 6º volume da série é também o segundo na famosa Trilogia do Vale do Vento Gélido, que será concluída em breve com o lançamento de A Joia do Halfling, também traduzido por Carine Ribeiro.

Marcela Alban, autora de Astral

3 curiosidades sobre Astral, de Marcela Alban

Como transformar um fanfic baseado em um anime shonen de ninjas em uma comédia romântica sobre a louca dos signos? A autora de Astral compartilhou 3 curiosidades sobre seu romance com a gente.

3 Curiosidades sobre A Deusa no Labirinto

Sabia que cada encantamento de Gwen foi cuidadosamente construído com ritmo e métrica de poesia por Karen Soarele? Aqui você encontra curiosidades compartilhadas com a gente pela autora de A Deusa no Labirinto.

5 mulheres falam sobre 5 heroínas de Tormenta

Arton é um mundo povoado também por poderosas figuras femininas. No post especial do Dia Internacional da Mulher do ano passado, trouxemos 5 mulheres para falar um pouco sobre suas heroínas preferidas de Tormenta.

Dia Internacional da Mulher com as redatoras do blog

Além disso, temos as autoras na equipe do blog da Jambô produzindo conteúdo sobre RPG e literatura:

Camila Gamino, com dicas para jogadores novatos de RPG.

Elisa Guimarães, com dicas para jogadores experientes de RPG.

Marcela Alban, com crônicas vindas diretamente das mesas de jogo.

Taís Turaça Arantes, com resenhas de literatura.

Leia mulheres neste 8 de Março!

Aqui você encontra todos os materiais do nosso catálogo escritos, traduzidos ou protagonizados por mulheres! Com o cupom GRLPWR você ganha 20% de desconto nesses livros e quadrinhos até o dia 12/03.

Baú Referencial: Full Metal Panic!

Infiltrando-se (e passando vergonha) em Brigada Ligeira Estelar

Em Brigada Ligeira Estelar, a seção Baú Referencial não traz adaptações de cenário — ele busca, em outros animes, ideias e conceitos aplicáveis à ambientação.

Aliás, essa seção já está conosco há anos, desde algumas versões mais antigas do website. Infelizmente, o artigo original de Full Metal Panic! para o site da Jambô se perdeu em definitivo.

Dessa forma, eu quis voltar a esse tema. De fato, a franquia tem altos e baixos, verdade. No entanto, seus altos valem ouro.

Talvez por isso, quem não conhece a série deve achar que perdi o juízo.

A propósito: os robôs gigantes (arm slaves) dessa série são ótimos!

Contextualizando

De modo geral, Full Metal Panic! se passa em uma linha de tempo alternativa.

A princípio, toda série de história alternativa parte de um ponto de divergência. Assim, a partir dele, tudo será diferente.

Neste caso, esse ponto é a existência de uma organização secreta chamada Mithril. Aqui, ela mantém o equilíbrio de forças entre Estados Unidos e União Soviética.

Por isso, a Guerra Fria jamais acabou nessa linha temporal.

Concomitantemente, a existência da Mithril também levou o mundo a avanços tecnológicos.

Dessa forma, temos entre eles os Arm Slaves… em miúdos, robôs gigantes.

Por fim, pelos clichês do gênero, toda organização secreta “do bem” precisa de uma organização secreta “do mal”.

Dessa maneira, temos aqui a Amalgam. Ela patrocina o terrorismo e o caos nesse mundo. Em suma, é a grande adversária da Mithril.

No entanto, o foco é outro.

Não são agentes secretos com ternos irretocáveis. Nem são suas traquitanas espertas.

Esse mundo, na verdade, nos é apresentado em uma escala menor. Assim, somos apresentados a…

Sem comentários, meritíssimo.

Ah, sim, os Personagens

… Sousuke Sagara. Ele parece uma versão com defeito de fabricação daqueles pilotos autistas tão levados a sério nos animes de mecha…

(e sim, Heero e Setsuna, estou olhando para vocês).

Criado em zonas de guerra, ele não entende nada além de ser um soldado. Nada mesmo.

Sendo um adolescente, é infiltrado em um colégio secundarista, aonde precisará vigiar Kaname Chidori, uma popular (e temperamental) aluna. Sem saber, ela guarda (oops, spoilers).

No entanto, ele não tem noção nenhuma de normalidade. Logo, temos um festival de vergonha alheia (para a diversão do seu time de apoio, Kurtz Weber e Melissa Mao).

Coisas normais para um adolescente fazer na praia.

De Volta aos Anos 80

Resumidamente, a série é um coquetel de referências oitentistas — uma cruza de Comando Delta, Tocaia, comédias adolescentes feitas à granel naqueles tempos (especialmente quando os protagonistas não deveriam estar lá, como por exemplo em Quase Igual aos Outros ou Uma Escola Muito Louca) e, claramente, em Esquadrão Classe A (com sua mistura de ação e humor).

Inclusive, eles até plagiaram o tema do Esquadrão!

No entanto, Full Metal Panic! também é uma série de robôs gigantes. Com muito technothriller no pacote.

Assim, há espaço para a comédia pura. Talvez até demais. 

Entretanto, a chave é humor e ação. Logo, esta última é fundamental.

E nunca, nunca, NUNCA se esqueça dos robôs! 😀

E em Brigada Ligeira Estelar?

Embora a Constelação do Sabre tenha um tom mais espacial, Full Metal Panic! pode ser uma referência perfeita para campanhas de ação, bem humoradas e de escala mais localizada.

Dessa forma, Hussardos Imperiais podem ser convocados pela inteligência ou até pela nobreza (com alguns limites, contudo) para missões fora da curva.

Porém, isso talvez não seja uma boa ideia. A graça é essa.

Aliás, qual o motivo de se infiltrar um piloto hussardo ao invés de um agente da inteligência em, digamos, uma academia estudantil aonde um plano secreto ocorre?

À princípio, é simples: pela combinação de idade e capacidades de combate…

Um dia normal na escola.

Dê Espaço para a Comédia

Porém, você nunca sabe quantos problemas seu infiltrado pode causar.

Assim, deixem seus personagens soltos. Dessa forma, abram espaço até para suas piores ideias — quanto mais problemáticas, melhor! Logo, quando chegar a hora, deixe as falhas lógicas atuarem naturalmente… tudo pela diversão (sádica), é claro!

Por exemplo, imaginem um piloto meio rude de Villaverde tentando chegar perto de uma nobre cheia de frescuras — ou, possivelmente, uma garota rebelde e carrancuda precisando se entrosar com moças certinhas.

Dessa maneira, caso haja possibilidade de erro, ela acontecerá!

E não vai ser pouco errado, não. Vai dar ERRADO PRA CARAMBA.

Não esqueça da Ação!

O plágio no tema do Esquadrão Classe A é descarado, mas nos sinaliza esse espírito.

Para quem nunca viu um episódio da série, aliás, ela era focada em quatro mercenários excêntricos e bem-intencionados.

Dessa forma, boa parte das relações entre o grupo eram temperadas pelo humor, com gags recorrentes (como por exemplo o piloto do grupo — literalmente maluco — sendo resgatado do sanatório, de formas absurdas, a cada episódio).

No entanto, nunca faltou tiroteio.

E a propósito, a virada no final, com modificações no furgão do grupo, era obrigatória.

Dessa forma, pense nisso como um payoff por todas as puxadas cômicas de tapete e deixe os jogadores gritarem “u-huuuuu!!!!” com isso! Garanta a diversão!

Sendo assim, até a próxima!

* EXPLICANDO: há uma certa oscilação de tom em algumas temporadas. Aliás, a primeira é perfeita nesse equilíbrio entre ação e humor.

DISCLAIMER: Full Metal Panic! e todos os personagens e circunstâncias a ele associados são propriedade de © Shouji Gatou / Kadokawa Shoten. Imagens apresentadas para fins de divulgação. Logo, todos os direitos reservados.

Twitter de Brigada Ligeira Estelar: https://twitter.com/BrigadaEstelar
Blog oficial de Brigada Ligeira Estelar: https://brigadaligeiraestelar.com/
Instagram de Brigada Ligeira Estelar: https://www.instagram.com/brigadaligeiraestelar

Podcast Dragão Brasil 86: A natureza equilibra os bagulho

Transformando números em outros números, chegou seu podcast favorito!

No episódio desta semana, Della faz uma porção de coisas mais emocionantes que comprar uma mesa! Nosso barbudo aristocrata confessa sua paixão por filmes do Studio Ghibli e por aviões (!), e faz praticamente uma resenha da série This is Us; Marielle completa 30 anos (Eeeeeeee!) e conta as intempéries da vida sem glúten, enquanto o resto do elenco leva a conversa aleatoriamente para o mundo dos alimentos venenosos; e J.M. Trevisan nos fala de Monster#8, as chatices do mangá shonen tradicionais, seu ódio por Death Note, e uma dica certeira para ler quadrinhos de herói depois dos 40, sem estressar (bônus: um breve debate sobre reality shows em tempos de Covid). E obviamente tivemos bobagens, aleatoriedades e as respostas para as perguntas dos nossos Conselheiros!

Para escutar o Podcast Dragão Brasil 86!, clique no player acima.

Para baixar, clique no link correspondente com o botão direito e escolha “Salvar como”.

Se quiser ainda mais conteúdo, assine a Dragão Brasil. Assim, receberá mais de 100 páginas de RPG e cultura nerd todos os meses: dragaobrasil.com.br

Twtich da Jambô: twitch.tv/jamboeditora

Créditos
Participantes:
J. M. Trevisan (Twitter | Livros), Felipe Della Corte (Twitter), Marielle Zum Bach (Twitter).
Edição: Adonias Marques (Instagram)