A Jornada da Mestra – Explorando caminhos: narração freestyle

A Jornada da Mestra – Explorando caminhos: narração freestyle

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Há muitas maneiras de se narrar uma história e o RPG nos proporciona um modo singular de construir uma narrativa em conjunto com os amigos. Hoje retornamos ao tópico da narração, já que eu estou fazendo uma leve migração – e mistura – de estilos e gostaria de compartilhar mais uma vez meus dois tibares de cobre sobre o assunto.

O que Khalmyr constrói…

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No início da minha jornada, eu concluí que o melhor caminho para mim era começar com algo mais estruturado, mas, é claro, que não interferisse no livre arbítrio dos jogadores.

Como eu também sou filha de Valkaria, tomei a liberdade de me inspirar no início da campanha Fim dos Tempos com missões simples a serem cumpridas cuja ordem de conclusão não interferiria no desenrolar da narrativa. Foi um bom ponto de partida visto que essa liberdade, além dos encontros aleatórios, fizeram com que o grupo construísse uma narrativa única, embora a história permanecesse a mesma.

Vamos chamar essa forma de narração de estilo do arquiteto.

As aventuras estavam bem organizadas e no planejamento das sessões eu apenas mudava circunstâncias pequenas conforme os jogadores faziam suas escolhas. Como o fatídico arco de redenção de uma NPC inimiga porque os aventureiros simplesmente decidiram que sim.

…Nimb destrói

Cacatua branca destruindo um castelo de tampas

Entretanto, conforme as sessões avançaram e os aventureiros se aprofundaram mais na narrativa, eu percebi que a história havia ganhado alguns penduricalhos. Pelos Deuses, como assim? Embora o objetivo da campanha seja o mesmo desde a primeira sessão, a história ganhou ramificações feitas pelos próprios jogadores.

Eu não tinha nada tão bem estruturado para depois do primeiro arco e agradeço a Nimb por isso porque o grupo já me dá todas as ferramentas para construir os próximos eventos. Digamos que eu estou pavimentando o caminho, mas são eles quem me dão os tijolos. Eles plantam a semente do caos e eu os ajudo a colher mais tarde.

Podemos chamar essa forma de narração de estilo do jardineiro.

A premissa de descer a marreta em purista continua a mesma e os vilões – vamos chamar do jeito certo, ok? – continuam com os mesmos objetivos. Entretanto, além dos recursos disponibilizados por mim para detê-los, o grupo criou outros. A narrativa foi se desenvolvendo a partir das decisões tomadas pelos jogadores através das informações descobertas por eles.

Unindo as formas de narração

Bob Esponja narrando um RPG para o senhor Sirigueijo e o Patrick

Vejo a possibilidade dos dois estilos se complementarem, cada um com seus prós e contras. Enquanto um pode se tornar muito restrito, o outro pode fazer com que a história tenha um fim anticlimático caso os jogadores façam muitas escolhas mirabolantes. O importante é saber a dosagem de cada um.

Tenha o tabuleiro bem firme nas mãos, um mundo bem estruturado, mas deixe que os jogadores movam as peças. É claro, tendo em mente que Nimb pode chutar tudo a qualquer momento.

Essas duas formas de narrar também são conhecidas pelos termos railroad e sandbox. Enquanto numa a narração segue uma estrutura mais linear a outra abre espaço para mais ramificações – caso surja o interesse por mais detalhes, fica sugiro uma pesquisa.

Minha dica para o segundo estilo é criar menos histórias prontas e mais situações para os jogadores lidarem. Existe um problema x no lugar y e o grupo que se vire para encontrar uma solução. Espalhe diferentes pistas em lugares distintos com NPCs variados e estimule a curiosidade dos jogadores.

Pessoalmente, estou adorando narrar como uma fazendeira porque como mestra eu gosto muito de ver os jogadores moldando o mundo. Um dos meus maiores objetivos é fazer com que eles sempre se sintam livres para tentar algo, mas cientes de que tudo tem consequências. Nada mais prazeroso do que um jogador ter uma boa ideia e conseguir colocá-la em prática. Além disso, sinto bastante que eu e a turminha do barulho construímos a história juntos.

Como já disse, não acredito que um estilo anule o outro porque ambos possuem elementos úteis para garantir uma boa narrativa. O mundo não vive em função dos jogadores, muito menos o contrário, ambos se complementam. Acredito que os estilos narrativos sejam mais uma questão de gosto entre você e seus jogadores. Lembre-se que RPG é diversão e consenso!

Beba água, coma frutas, bata num purista e até a próxima!