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Mesa Sonora — As Guitarras dos Deuses de Arton

Todos nós temos momentos em que indagamos sobre os grandes mistérios da existência. As grandes dúvidas que permeiam todas as pessoas que ousam questionar o inquestionável. Você, que está lendo este texto, já se perguntou qual seria o modelo de guitarra favorito de cada deus do Panteão artoniano?

Não se desespere, estou aqui para sanar esta dúvida que todos os jogadores de Tormenta já se perguntaram (fonte: fiz uma pesquisa rápida comigo mesmo, e 100% dos entrevistados afirmaram já ter se perguntado isso antes).

Como de costume em meus artigos, há uma regra a ser usada aqui: só posso usar modelos de guitarra que são (ou ao menos já foram) disponibilizadas comercialmente pelas marcas que as produzem. Nada de guitarras ultrapersonalizadas ou feitas sob medida (exceto em casos de modelos signature de artistas, pois geralmente são vendidas para o público, claro). Com isso estabelecido, sigam-me! (mais…)

Mesa Sonora — O Mestre dos Fantoches: Transformando discos em aventuras

Há algum tempo eu comentei no podcast da Dragão Brasil (a maior revista de RPG e cultura nerd do país êeeeeeee) que em todo canto é possível encontrar uma inspiração para criar aventuras de RPG. Como exemplo, eu falei por alto de como eu tinha a ideia de criar uma campanha inspirada no álbum Master of Puppets, da banda Metallica. Sim, é o disco que tem aquela música que o rapaz cabeludo lá toca em Stranger Things, é bem legal.

Muito bem, na época eu comentei que talvez um dia eu escrevesse uma coluna aqui na Mesa Sonora com essa premissa. Pois muito bem, metaleirinhos, headbangers e RPGistas darkzera em geral, este dia chegou! Mas antes, algumas considerações sobre o processo e sobre este texto que você está lendo: (mais…)

Mesa Sonora — A Maneira Que Eu Vejo: RPG e música no centro da coletividade

Este é um artigo que já tentei escrever anteriormente, mas sempre acabo caindo na armadilha de tentar ser mais científico, com citações e tudo mais. Geralmente isso resultava em algo muito longo e meio chato para o formato apresentado aqui, então decidi tentar de novo como um texto de opinião e reflexão.

Durante mais de um ano, escrevi sobre maneiras de se associar música com RPG nesta coluna. Cobri ganchos de aventuras, conceitos de personagens, ambientações para mestres, improviso em jogo… Tudo isso relacionando nosso jogo favorito com a música, tomando inspirações musicais e aplicando para jogo. O artigo de hoje é um pouco diferente. É como o RPG e a música conversam entre si como atividades coletivas, e como nossa relação com essas duas formas narrativas podem melhorar quando compreendemos essa “conversa”. (mais…)

Enfrentando os Fins dos Tempos

compilado fim dos tempos

Não é segredo algum que eu dou as caras em lives de RPG com alguma regularidade. Seja no canal da Jambô Editora onde já fui avistado jogando Mutantes & Malfeitores em Vanguarda e Tormenta20 na Arena de Valkaria, seja em outros canais nos mais variados sistemas, vocês sempre podem me ver tentando variar bastante o tipo de personagem eu faço. Claro, como boa parte dos jogadores de RPG que conheço, eu tenho minhas preferências por estilos de jogos e tipos de personagem, mas estou constantemente me desafiando a interpretar tipos bem diferentes dos meus favoritos.

Com o lançamento do livro de Fim dos Tempos, no fim do ano passado, surgiram diversos grupos jogando essa campanha. E com esses grupos, vieram muitas e muitas streams diferentes da mesma campanha (eu sinto que deveríamos publicar uma lista dessas transmissões aqui no blog, vou falar com o chefe sobre isso). Todas elas contam, em geral, uma história ao redor dos mesmos acontecimentos, e ainda assim são completamente diferentes entre si. Personagens diferentes têm vidas diferentes, como vocês sabem.

Pois bem, fui privilegiado o suficiente para receber dois convites diferentes que combinavam com meus horários (o calendário é, sabidamente, o maior inimigo do RPGista moderno). Em vez de escolher um ou outro, optei por ser honesto com os dois grupos e lhes disse: “já recebi outro convite, mas estou disposto a jogar duas mesas diferentes, isso seria um problema para vocês?”. Com todos de acordo, eu me comprometi: vou jogar as duas campanhas de maneiras completamente diferentes. E ambas seriam em stream, para me complicar mais ainda.

Lidando com duas mesas da mesma campanha

A maioria dos mestres que conheço aborda aventuras prontas de forma a evitar spoilers e metagames que poderiam ser prejudiciais. Essa abordagem varia desde a só aceitar jogadores que nunca leram ou jogaram a aventura antes, até selecionar com cuidado extra jogadores que possuem histórico de não deixar essa influência atrapalhar as decisões de seus personagens. No meu caso não havia como correr disso: eu sou sabidamente um espectador assíduo da stream de Fim dos Tempos. Eu publiquei músicas, memes e fanarts sobre ela, sendo que algumas dessas publicações se tornaram referências dentro do lore da aventura original (“Se você quer ficar rico, mas não sabe fazer nada, pode confiar na nossa fada”, “Reston & Dubitatius: um escritório que existe”, a última canção da Kiki no Forte Cabeça de Martelo etc.). Não havia como esperar que eu não soubesse o que acontece na história, quem me convidou já sabia disso, eu tenho até nome nos créditos do programa.

Era, portanto, razoável pensar que jogar a mesma aventura de maneira paralela não seria um problema para mim, principalmente com meu compromisso de viver dois Fins dos Tempos tão diferentes. O que me leva ao próximo ponto: diferentes como?

A diferença entre as mesas

A primeira diferença é a mais óbvia de todas: se eu jogo com grupos distintos, a experiência será distinta. Faz sentido, não há outros jogadores em comum entre as duas campanhas além de mim. Mais ainda, enquanto uma campanha é composta de pessoas já bastante conhecidas no meio do RPG brasileiro e até alguns fãs já célebres de Tormenta, a outra tem uma presença grande de pessoas que nunca tinham ouvido falar de Tormenta ou Arton antes. E isso não é tudo.

A maior de todas as diferenças é a língua e o contexto cultural dos participantes. De um lado eu jogo em uma mesa completamente formada por brasileiros, onde todos falam e jogam em português, com os termos e jargões que se usam oficialmente em Tormenta. Do outro lado, eu estou na mesma campanha com um grupo misto de brasileiros e americanos, onde o inglês é o idioma usado para comunicação e jogo. Não foi exagero quando eu disse que algumas pessoas nunca tinham ouvido falar em Tormenta antes. Estas pessoas estão experimentando Arton pela primeira vez através de seus personagens, e é um prazer fazer parte disso. Para diferenciar as duas, eu uso os títulos das streams: “Fim dos Tempos” e “End of Times”.

Isso já seria o palco ideal para viver duas aventuras bem separadas, ainda que centradas nos mesmos acontecimentos. Mestres e jogadores diferentes já fariam tudo acontecer de maneira única se eu estivesse usando o mesmo personagem nas duas mesas, mas eu não estou, o que me leva à próxima parte…

tempestade vermelha ao fundo, tendo demônios da tormenta de ambos os lados. No centro o título End of Times

A diferença entre os meus personagens

Para mim tudo o que já foi citado não é suficiente. Eu realmente quero viver duas aventuras distintas. Os personagens que fiz são tão parte disso quanto todo o resto, afinal.
Em “Fim dos Tempos”, eu interpreto Don Batráquio, um homem-sapo nobre que detesta resolver as coisas com as próprias mãos, preferindo sempre negociar um resultado favorável (e lucrativo) a seu favor. Uma mesa cuja maior parte dos integrantes e do público é bem familiarizada com o sistema é excelente para esse tipo de abordagem. É um personagem cuja raça foi feita como homebrew e alguns dos poderes foram levemente alterados para fins de interpretação. Os exemplos mais evidentes são os kobolds: Don Batráquio é um devoto de Kallyadranoch e realmente pode usar Servos do Dragão, mas foi estabelecido que, para fins de narrativa, os kobolds que ele convoca nada mais são que funcionários de suas empresas, que o acompanham escondidos, se fazendo revelar quando necessário. Com isso, algumas coisas que são feitas por Don Batráquio em termos de regras são, na verdade, realizadas pelos kobolds no roleplay (por exemplo, Don Batráquio explicitamente não carrega a maior parte do próprio equipamento, embora ela sempre tenha acesso aos seus itens, e ainda cumpra as regras de carga). O próprio tributo pago à Kallyadranoch como requisito para subir de nível se transformou no salário pago aos “associados” do aristocrata anfíbio, que supostamente recebem até vale-refeição e plano de saúde. Don Batráquio é um personagem único, que exige jogador e grupo com experiência no cenário para lidar com suas particularidades.

Organograma da Don Batráquio Ltda.
(O fato de o jogador ter tempo livre para fazer essas maluquices também ajuda.)

Em “End of Times”, por outro lado, eu dou vida a Crimson Void (Vazio Carmesim), um lefou bárbaro das Uivantes, devoto de Arsenal. No extremo oposto do nobre tagarela e inteligente de “Fim dos Tempos”, Crimson Void é um personagem forte e ignorante, que se considera um soldado no grande exército do Deus da Guerra. Ele foi feito justamente para tentar ser uma forma de facilitar que os outros jogadores se familiarizem com o mundo e o sistema. Crimson Void admite que não se preocupa em “saber de coisas” além do que considera necessário para sua sobrevivência e habilidade de combate, deixando o espaço de conhecimento sobre o cenário aberto para que o narrador e outros jogadores expliquem Arton para ele, o que na verdade é uma forma de contar um pouco do mundo para o público anglófono. Originalmente ele seria apenas ignorante às informações que recebe, mas discreto sobre isso. Porém, como dizemos no fandom de Tormenta, “não existe estratégia que sobreviva à Nimb” e os dados discordaram das minhas decisões. Crimson Void caiu na luta contra o chefe da primeira aventura, ficando bastante tempo em coma. Ele despertou mais forte, poderoso e decidido a nunca mais cair em combate com vida (ou seja, eu vou pegar Espírito Inquebrável em algum momento), mas com algumas peculiaridades novas na forma como ele vê e interage com o mundo, se tornando um personagem cada vez mais absurdo e sem sentido na forma como se comporta, além de demonstrar certos delírios de grandeza. Fora da live e do personagem, expliquei ao grupo que Crimson Void está exibindo sintomas de um trauma cerebral ocorrido em combate (mas não expliquei que também é aumento da influência da Tormenta em seu organismo… um dia eles vão descobrir isso). Com tudo isso e uma build excelente para causar dano, Crimson Void é minha opção de personagem para ajudar o restante do grupo a brilhar, mostrando o potencial infinito do sistema T20 para o mundo, enquanto ele ajuda a segurar a barra nos combates.

E assim tem sido minha rotina quinzenal de RPG em live. As duas campanhas estão basicamente no mesmo momento, então tem sido incrivelmente interessante lidar com os mesmos acontecimentos de formas diferentes em tão pouco tempo. Especialmente porque meus personagens cumprem papéis diferentes em seus grupos. Don Batráquio é um líder, ainda que bastante democrático, e todas as decisões do grupo passam por ele, enquanto Crimson Void precisa se esforçar para sequer entender um plano antes de avançar, em fúria, contra os inimigos. É uma experiência muito gratificante, ainda que cansativa.

Se todas essas minhas descrições te deixaram interessado, você pode acompanhar as aventuras de Don Batráquio ao vivo em twitch.tv/vrikolaka, ou ver os episódios gravados em youtube.com/@vrikolaka. Além disso, você pode acompanhar o Diário de Don Batráquio, o blog que criei para registrar as aventuras do personagem em primeira pessoa, em donbatraquio.wordpress.com (levemente atrasado, eu sei, mas já vou resolver isso).

Crimson Void pode ser visto ao vivo em twitch.tv/onlyonestv, ou em episódios gravados em youtube.com/@onlyonestv, o primeiro canal de streams de Tormeta20 em inglês. Isso torna essa transmissão excelente para quem quiser treinar a compreensão no idioma ou apresentar Tormenta para amigos estrangeiros.

Gostou do artigo? Tem alguma pergunta sobre essas experiências ou personagens? Deixe seu comentário abaixo, talvez eu faça uma continuação deste artigo no futuro, quando as campanhas tiverem progredido um pouco mais.

Mesa Sonora — Três conceitos de personagens inspirados em músicas

Uma das melhores partes de escrever essa coluna é que meu editor permite que eu ouse algumas coisas diferentes de tempos em tempos. Se você acompanha a Mesa Sonora, você já deve ter percebido que eu consigo relacionar música e RPG de muitas formas diferentes. Em um artigo anterior, eu usei músicas do carnaval baiano como inspiração para criar ganchos de aventura (e essa ideia foi roubada na cara-de-pau de dois artigos já publicados na revista Dragão Brasil). A ideia de hoje é parecida, mas em vez de ganchos de aventuras, vamos criar personagens inspirados em músicas! Os conceitos aqui são mais facilmente aplicáveis a NPCs, mas o mais importante é demonstrar o método, que você pode reproduzir em casa e criar seus próprios personagens, jogadores ou não.

Metodologia

A ideia surgiu pela necessidade de criar personagens interessantes para minhas mesas e projetos, e logo eu descobri que esse processo podia ser mais divertido e interessante. Para fazer isso, decidi me prender a duas regras auto impostas. A primeira delas é que vou escrever os conceitos da maneira mais simples possível, para que o personagem possa ser usado em cenários diversos, e me limitando a apenas um parágrafo. A segunda regra foi surrupiada de um dos artigos da Dragão Brasil que inspiraram esse conceito: eu tenho apenas o tempo da música citada para pensar e descrever o personagem. Será que vamos conseguir?

Personagens inspirados em músicas

(As traduções para o português de letras em inglês foram feitas por mim e não são literais.)

Blind Guardian – The Bard’s Song (In the Forest)

“Há apenas uma canção
Restante em minha mente
Contos de um homem bravo
Que vivia longe daqui
Agora as canções do bardo acabaram
E é hora de partir
Ninguém deveria lhe perguntar
O nome daquele
Que conta a história”

Conceito: um bardo que decide contar as grandes histórias de sua terra. Mas diferente de outros tantos bardos com a mesma ambição, este não possui desejos de fama ou glória. Seja por vontade própria, imposição divina ou qualquer outro motivo, o bardo tenta relatar o que aprendeu, viveu e sentiu, mesmo sabendo que um dia ninguém sequer lembrará seu nome. Não importa, apenas a história é relevante, e para isso ele ousa omitir seus próprios feitos heroicos de seus relatos. Seus colegas de grupo o veem como um herói, um igual. Outras pessoas sequer sabem que ele existe.

Usos possíveis: um personagem jogador que quer se distanciar da ideia de bardos que gostam de atenção. Um NPC não-confiável que conta histórias escondendo detalhes importantes e causa problemas ao grupo. Um acadêmico sem pretensão de ser famoso, mas obcecado por informação e não vê o problema de seu método.

Raul Seixas – Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás

“Eu fui testemunha do amor de Rapunzel
Eu vi a estrela de Davi brilhar no céu
E para aquele que provar que eu tô mentindo
Eu tiro o meu chapéu”

Conceito: Num canto ordinário e nada incomum da cidade, um senhor pede esmolas para poder sobreviver, contando histórias para aqueles que decidem deixar-lhe algum valor. Os moradores da cidade o consideram inofensivo, mas não prestam atenção aos causos que ele conta. Os aventureiros, mais viajados e educados sobre a história do mundo, logo começam a perceber que as histórias que ele conta fazem mais sentido do que deveriam, e todas são contadas em primeira pessoa. Como ele aprendeu tanto sobre tanta coisa? Se seres tão antigos costumam ser muito poderosos, quem ele é de verdade?

Usos possíveis: um mentor misterioso que demora a revelar seus segredos. Uma criatura de grande poder que decidiu abdicar de sua influência em prol de uma vida pacata. Um vilão terrível cuja ira ainda não é conhecida.

Queen – ‘39

“No ano de 39, veio uma nave do (céu) azul
Os voluntários voltaram para casa
E trouxeram boas notícias, de um mundo novo
Com um grande peso em seus corações”

Conceito: Um explorador foi enviado para encontrar um novo lar para seu povo. Ao regressar, ele descobre que ainda que sua jornada tenha parecido rápida, cem anos se passaram em seu lugar de origem (ciência, magia ou qualquer explicação que você queira). Ele se sente só entre um povo que o vê como herói, e agora precisa se habituar à nova realidade, lidando com conhecimentos mais avançados e ideias que jamais fariam sentido em seu tempo original. “Sem olhar para trás, sem temer, sem chorar”.

Usos possíveis: um aventureiro jogador que, em vez de ter amnésia ou ser de outro lugar, simplesmente tem um conhecimento desatualizado e precisa reaprender suas habilidades. Um personagem que usa técnicas e tecnologias antiquadas num mundo mais moderno (como um arqueiro numa guerra moderna). Um herdeiro de um título/reino/família que teve sua herança cedida a outro em função de sua ausência e agora precisa lutar por seus direitos.

Conclusão

Acho que deu para entender mais ou menos como isso é feito, não? Gostaria de fazer uma observação que meu objetivo com essa experiência não é necessariamente interpretar a música ou a letra, e sim usar da inspiração que sinto quando escuto. Também evito usar canções que são inspiradas em outras histórias de maneira explicita, mas isso não é uma regra. De modo geral, isso funciona com os mais diversos tipos de música, desde que tenha uma letra que você consiga entender (ou que tenha tradução na internet), mas sem se prender ao significado real da canção. Experimente! Aposto que você vai gostar.

Você tem alguma ideia de personagem a partir de uma canção que gosta? Conta pra gente nos comentários abaixo!

Mesa Sonora — O Clipe do Tema de Fim dos Tempos

fim dos tempos

Setembro é o aniversário desta coluna! Um ano trazendo até vocês recomendações e reflexões musicais que julgo interessantes ao jogador de RPG. Mas em virtude do aniversário deste trabalho muito legal que faço aqui, decidi que a Mesa Sonora desse mês será menos sobre RPG e mais sobre mim e uma das minhas aventuras musicais. Quero contar para vocês um resumo de como foi produzir o meu clipe mais recente, da música tema de Fim dos Tempos, a stream de RPG mais querida do Brasil (que você pode conferir aqui)!

Antes de mais nada, você precisa ver o clipe:

Por que fazer um clipe do tema de Fim dos Tempos agora?

Essa música foi lançada originalmente em junho de 2021, mais ou menos na metade da primeira temporada da live. Eu já contei toda a história da composição e produção dessa música numa matéria da revista Dragão Brasil, então vou pular essa parte e apenas responder a pergunta: se a música já foi lançada antes, por que um clipe agora?

E a resposta é simples: porque a segunda temporada da live pediu uma versão nova da letra, alterada em duas passagens diferentes. Isso exigiu que eu regravasse toda a linha principal de voz, além de boa parte do vocal de apoio também. Aproveitei e dei uma leve remixada na trilha, para aproveitar alguns truques novos que aprendi entre o lançamento e essa nova versão.

Então eu tinha uma nova versão de uma música muito querida pelo público, eu queria tornar esse lançamento um evento! Precisava ser mais do que apenas uma abertura com música alterada, eu precisava de algo grande, eu precisava… de um vídeo!

Vamos gravar um clipe?

Então eu perguntei para a minha esposa (e operadora da câmera), se ela topava filmar um novo clipe meu. Seria muito diferente do meu primeiro (Ex Tenebris, Lux, leia a respeito aqui), seria mais caseiro, menos sério e mais “cru”. Eu só precisava de um cenário e alguns poucos itens de fácil acesso.

A introdução do clipe ficou por conta do meu próprio sistema de som. Eu sempre imaginei que se a música tema de Fim dos Tempos fosse ter, um dia, um lançamento em mídia física, seria em fita cassete. Peguei uma fita novinha que eu tinha aqui em casa e fiz a cena como se uma banda de garagem estivesse se preparando para gravar uma música nova. Apertei o REC e deixei rolar enquanto tocava a introdução de bateria da música. Achei que ficou bem interessante para chamar atenção para o clima que a música tem.

Depois eu precisava de um cenário. Eu queria uma garagem, mas moro num apartamento, então precisei entrar em contato com uma amiga que mora em casa e pedir, por favor, para usar a garagem dela durante uma tarde. Não tem nada mais “faça-você-mesmo” que um clipe filmado numa garagem, e fica ainda mais legal quando a garagem nem é sua, isso era exatamente o que eu queria. Deu um trabalho danado transportar tudo, mesmo com minha bateria sendo eletrônica, era bastante coisa e só eu sei montar as coisas. Minha esposa me ajudou recomendando locais e ângulos, mas o trabalho pesado foi só meu mesmo. O dia estava quente e o espaço não tinha ventilação, mas acho que valeu à pena.

Muita gente perguntou qual é da pá de neve na foto. A real é que ou era a pá ou os brinquedos do filho da minha amiga, eu decidi que a pá era mais rock ‘n roll.

Optei por filmar com os diferentes instrumentos usando roupas distintas, para dar um pouco de personalidade para cada “músico” da minha banda de um homem só. A camiseta dos Cães das Colinas era obrigatória, então decidi vestir casacos e camisas por cima dela, além de um estilo diferente de cabelo para cada “instrumentista”. Foram dois takes com cada instrumento, um com a câmera parada, outro com ela se movendo pelo cenário. Aprendi esse truque na gravação do meu primeiro clipe.

Por fim, para encerrar o vídeo, eu quis uma imagem que misturasse o moderno com o clássico. A fita, representando a música, em meio a itens que evocam a stream de Fim dos Tempos. O mapa de Arton serviu como pano de fundo para itens variados, que representam os cinco aventureiros dos jogadores da mesa, e outros aspectos do RPG e do cenário. Você consegue identificar o que cada item representa?

Vamos Lançar?

Com a edição feita (esse processo é chato, não vale a pena descrever), mandei o clipe para o Leonel Caldela e falei que eles poderiam exibir na stream quando fosse possível, mas combinamos com antecedência de que não seria nas primeiras lives da temporada, para dar um tempo para o público se acostumar com a nova versão da música antes do clipe. O vídeo foi, enfim, exibido no dia 28 de julho, e agora faz parte da história das lives da Jambô, assim como eu, a essa altura.

A recepção foi muito positiva, tanto pelo público quanto pelos jogadores da live, e isso me dá mais energia e mais disposição para, talvez, lançar músicas novas no futuro. Fico muito contente toda vez que alguém me reconhece na tela, ou comenta que gostou do meu trabalho. Acho que todos merecem um pouco de reconhecimento pelo que fazem.

***

Essa foi minha aventura em produzir meu segundo vídeo clipe. Espero que tenha ficado bom, foi exatamente dentro da visão que eu tinha. Do cenário até as cores menos vivas, que dão um visual bem “faça-você-mesmo” ao projeto. Talvez daqui um tempo eu volte para falar de novos lançamentos. Queria aproveitar a oportunidade para agradecer ao nosso querido editor Vinicius Mendes, pela oportunidade de completar 1 ano de Mesa Sonora aqui no Blog da Jambô. Mês que vem eu volto com uma coluna mais normal, menos sobre mim e mais sobre música e RPG. Até lá.

O que você gostaria de ler no próximo ano da Mesa Sonora? Deixe sua sugestão nos comentários abaixo!

Mesa Sonora — Usando as trilhas sonoras da Jambô na sua aventura

músicas empolgantes para RPG

É dia de alegria, é dia de Mesa Sonora! E voltando às tradições dessa coluna, hoje é dia de recomendar trilhas sonoras bacanas para a sua mesa de RPG. E quais opções são melhores que músicas que já servem de trilha sonora para RPG? Pois é!

Apresento hoje um pequeno resumo das trilhas sonoras das mesas oficiais da Jambô. Aqui vou recomendar o uso de alguns desses temas para momentos específicos da sua aventura. Você pode acessar todas essas músicas e mais clicando aqui.

Grandes temas de introdução

Para criar aquele clima de aventura e preparação para sua mesa, nada melhor do que um tema de introdução que alinhe as energias dos jogadores com a da mesa. Confira essas peças incríveis:

Lágrimas da Dragoa-Rainha — Tema

Esse tema melancólico traz um sentimento agridoce, próprio para campanhas cheias de tensão, onde os heróis seguem lutando contra desafios cada vez maiores e difíceis de superar. Essa peça remete bem a natureza da aventura original (que pode ser vista aqui), mas pode ser adaptada a qualquer aventura que reflita um clima parecido. Peça feita pelo College of Loop.

Arena de Valkaria — Tema Principal:

Originalmente para a stream de RPG Player vs. Player favorita do Brasil, o tema da Arena de Valkaria é uma excelente introdução para uma aventura de RPG cheia de energia e atos de heroísmo desmedidos. Também é uma música muito versátil, podendo ser usada em ambientações mais tradicionais como Tormenta até histórias mirabolantes em 3D&T. Como toda a trilha sonora da Arena de Valkaria, foi feita pelo College of Loop.

Legado do Ódio — Quase Heróis:

Sem dúvida um dos temas principais menos ortodoxos das streams de RPG da Jambô. Com uma pegada de heroísmo misturada com uma instrumentação mais moderna, essa música inspira aventureiros e coloca os jogadores em ânimos de aventura! Feita por Diego Taveira, como toda a trilha sonora do Legado do Ódio.

Músicas de tensão e/ou combate

Essas são algumas das peças mais importantes da sua mesa. A hora do conflito!

Guilda do Macaco — Tema:

Apesar de ser um tema introdutório, eu preferi colocar essa peça nessa seção do artigo. Esse tema simples reflete exatamente o que eu sinto antes de uma boa e velha batalha no meu RPG favorito. A música evolui como a antecipação e a tensão, e termina quase como uma contagem regressiva para o combate. Feita por JM Trevisan.

Fim dos Tempos — Tema de Combate:

Pode ser usado tanto para combate quanto para cenas de conflito não físico. Esse tema causa uma expectativa tremenda, como se algo estivesse esperando para acontecer. Indispensável para uma mesa de intrigas, mentiras ou até mesmo de porradaria franca mesmo. Feita pelo College of Loop, que foi responsável por toda a trilha sonora de Fim dos Tempos.

Arena de Valkaria — Tema de Tensão:

Literalmente no nome, esse tema é TENSO. Específico para os momentos finais de um grande e glorioso combate, quando os heróis e vilões estão prestes a usar as suas últimas cartas na manga. Também é um tema que cria expectativa pelo que vai acontecer.

Legado do Ódio — Ação!:

Não deixe a introdução meio Cowboy Bebop te enganar. Esse tema, que poderia muito bem tocar numa exposição de arte moderna, é cheio de nuances que o tornam muito adequado ao momento em que os heróis preparam seus buffs e vão pra cima de seus inimigos.

Temas para momentos específicos

Fim dos Tempos — Tema da Ayla:

Peça fantástica para ser usada tanto em momentos de descontração quando em momentos de enganação divertida (no caso, é divertido quando parte dos jogadores).

Fim dos Tempos — Tema de Ignis Crae

Uma música extremamente nobre e cheia de pompa. Use sem medo quando o grupo estiver prestes a uma audiência real, ou na presença de um grande cavaleiro.

Arena de Valkaria — Tema de Vitória:

Ideal para o final do embate, quando os personagens percebem que venceram e recolhem os espólios deixados pelos inimigos.

Fim dos Tempos — Tema do Rexthor

Esse tema me passa uma impressão de ser perfeito para embates contra inimigos menores, anteriores ao grande vilão da campanha.

***

Como dito anteriormente, todas essas músicas e mais podem ser encontradas na playlist de músicas de stream da Jambô Editora. Eu adoraria ter feito um jabá sobre a música de abertura de Fim dos Tempos (feita por esse que vos escreve), mas já farei um artigo inteiro sobre isso em breve, então me aguardem.

Lembrem-se de também acompanhar as mesas de RPG da Jambô Editora! As que ainda estão acontecendo podem ser acompanhadas ao vivo no Twitch, mas você sempre pode ver a gravação no YouTube depois. E devem vir ainda mais em breve.

Gostou das indicações? Vai usar alguma dessas músicas em sua campanha? Deixe um comentário pra gente ficar sabendo!

Mesa Sonora — O gênero musical de cada deus do Panteão

músicas empolgantes para RPG

E se cada deus do Panteão de Arton tivesse um gênero musical favorito? Nesse artigo buscaremos atribuir um tipo de música que faria sentido a cada um dos deuses artonianos, que representem sua essência, seus valores, seus domínios ou sua estética.

A metodologia será buscar um tipo de música cujos temas representem algo que cada deus também representaria. Esses temas podem estar na estética comum do gênero musical, ou em suas letras, ou forma de composição, mas precisa criar um elo entre o estilo e a divindade citada. Claro, com bastante humor e descontração.

Existem muitos, muitos e muitos tipos obscuros e diferentes de música no mundo, e por isso tentarei meu melhor para falar de gêneros que sejam mais conhecidos e comuns, ou pelo menos derivados desses estilos, isso torna a brincadeira mais acessível a todos e vai me obrigar a pensar um pouco fora da caixa para completar essa tarefa. Sem mais delongas, vamos lá!

O tipo de música de cada deus de Arton

Aharadak

O deus da Tormenta certamente gostaria de algo bastante estranho e fora de alguns padrões convencionais de estética. Porém essa estranheza é perturbadora, não caótica, e leva consigo algo que ainda pode parecer familiar para a maioria das pessoas. Aharadak escuta dubstep. A batida no ritmo correto é o senso de algo que pode parecer normal, mas a forma como sons eletrônicos são usados causam essa diferença entre o natural e o alienígena.

Allihanna

A deusa da natureza acha música algo quase civilizado demais para ela, em geral. Mas quando tenta escutar algo, Allihanna gosta de ouvir estilos musicais de povos que um dia tiveram grande contato e comunhão com a natureza ao seu redor. Música feita com instrumentos simples, como flautas de ossos, didgeridoos, liras e tambores são grande parte do que Allihanna gosta de escutar. Ainda que os instrumentos sejam simples de fabricar, a música é complexa, rítmica e alegre, capaz de colocar um sorriso em cada um dos muitos rostos da deusa.

Arsenal

Eu queria evitar ao máximo falar de qualquer estilo do heavy metal nessa lista, porque torna o trabalho fácil demais, já que existe subgênero do metal para basicamente qualquer situação. Mas aqui não tem muito como evitar, Arsenal escuta thrash metal. Agressivo, rápido, com letras que comumente falam de violência e destruição. Não existem tantas coisas que trazem mais alegria ao coração do deus do que um bom e velho riff de guitarra em velocidades alucinantes.

Azgher

À primeira vista, você pensaria que o deus-sol gosta de músicas típicas das regiões desérticas do nosso mundo. Azgher até aprecia esse tipo de estética musical, mas nos fins de semana ele gosta mesmo é de ouvir surf music. A música perfeita para relaxar e aproveitar os raios do astro-rei depois de uma semana intensa de trabalho. Uma praia cheia de areia, um calorzinho de fim de semana e uma cervejinha gelada (de preferência cervejas de coloração bastante dourada) são ideais para a curtição de um deus que é muito sério de segunda a sexta.

Hyninn

O deus da trapaça nunca ouviu falar em música, ele nem sabe do que estamos falando nesse artigo, aliás, ele nem estava aqui quando essa lista foi feita. Hyninn gosta sempre de subverter expectativas, então é natural que acreditassem que ele ouve algum estilo ligado à ladinagem de algum jeito (pirate metal, viking metal ou qualquer música que pareça que foi feita para pilhar e roubar tesouros), mas em segredo, quando ninguém está olhando, Hyninn gosta de ouvir forró e k-pop. Talvez isso seja verdade, talvez não.

Kallyadranoch

O deus dos dragões é orgulhoso e poderoso, e isso se reflete em seu apego às artes. Kallyadranoch não deixa passar as formas de expressão que ele julga dignas de sua majestade e poder. Essa característica faz dele um apreciador ávido e bastante esnobe de música clássica europeia. Um estilo que frequentemente é colocado como uma arte “superior”, ainda que isso esteja longe da verdade, o que casa bem com um deus tão vaidoso.

Khalmyr

Não existem dúvidas de que o deus da justiça gosta de ordem, previsibilidade e coisas que são exatamente como parecem. Khalmyr não deixa muita margem para recursos estéticos de subversão de expectativas nem qualquer coisa mais diferente em sua música. Esse apego à ordem e simetria deixam Khalmyr bem limitado em seus gostos artísticos, mas logo ele descobriu que ele gosta mesmo é de canto gregoriano.

Lena

O lado infantil da deusa da vida fala mais alto na hora de definir seu gosto musical. Ainda que Lena tenha aspectos mais adultos que poderiam ser traduzidos em gêneros musicais, o que ela gosta mesmo de escutar no dia a dia são temas de desenhos animados. Dos clássicos dos anos 90 até as famosas trilhas sonoras de animes. Todo dia é dia de animação para Lena, e a deusa certamente daria um show em qualquer karaokê de evento de anime.

Lin-Wu

Poderiam achar que Lin-Wu escuta apenas músicas tradicionais do extremo oriente, mas isso não é verdade. Ainda que o deus dragão de Tamu-ra não dispense uma trilha sonora baseada em sons do shakuhachi, koto e shamisen, o deus também gosta de músicas alegres e energéticas, como as tocadas nos tambores taiko. Dada a influência do Reinado no Império de Jade, Lin-Wu também tomou gosto por aberturas de tokusatsu antigos, como Jaspion, Changeman, Lionman e outros. O deus também é fã de toda e qualquer canção que toque nas séries Kamen Rider, de qualquer época.

Marah

A deusa da paz é completamente new-age. Música feita especificamente para meditação, relaxamento, apreciação da natureza e a beleza da vida e do universo. Marah certamente tem toda a discografia de Enya em seu palácio. Qualquer tipo de música que te ajude a contemplar a vida e se acalmar. Respire fundo e deixe a trilha sonora de Marah te guiar por uma sessão de ioga.

Megalokk

Megalokk não tem muita capacidade de gostar de gêneros musicais complexos, pois isso é civilizado demais para ele. Em vez disso, ele define seu gosto musical em um grupo apenas: a banda finlandesa de heavy metal para crianças Hevisaurus. São músicas simples, fáceis de acompanhar e os integrantes se vestem de dinossauros, não tem como o deus dos monstros deixar isso passar.

Nimb

Nimb estranhamente só escuta rádio de notícias e podcasts sobre astronomia e true-crime.

Ou não.

Oceano

O orgulhoso deus dos mares ficou muito contente no ano passado quando seu estilo musical favorito virou uma febre da internet. Oceano gosta de ouvir sea shanties, o estilo musical derivado de cantos rítmicos de trabalho de marinheiros de outrora, que voltou com tudo em 2021. As rimas e estilos de “chamado e resposta” típicos desse gênero lembram o ir e vir das ondas do mar, ao mesmo tempo que representa o imenso trabalho que é navegar por ele, um tributo digno ao deus.

Sszzaas

O deus da intriga e da traição gosta de qualquer que seja o gênero musical favorito da sua próxima vítima, até o momento em que ele desfere seu bote fatal. Sszzaas também é fascinado por rádios de números, que tocam séries numéricas de tempos em tempos, aparentemente enviando mensagens secretas a quem quer que as entenda. Dizem que Sszzaas tem um fraco por melodias tocadas em flautas, como as que tocam os encantadores de serpentes, mas ninguém é bravo o suficiente para testar se esse rumor é verdadeiro…

Tanna-Toh

A deusa do conhecimento aprecia todos os estilos musicais que surgiram em todas as civilizações através dos séculos. A ideia de um favoritismo não lhe é muito agradável, porém ela não nega que nutre certa simpatia extra por músicas que sirvam propósitos informativos. Estilos musicais cujas letras sirvam como forma de comunicação de ideias mais profundas, comentários sociais, sátiras políticas, história… Qualquer música que sirva a um propósito maior do que o entretenimento. Tanna-Toh aprecia o blues, o samba, o reggae e todo tipo de música que surgiu da necessidade um povo de fazer arte que comunicasse suas necessidades.

Tenebra

Tudo o que acontece na noite é território de Tenebra. A deusa aprecia o sacrifício daqueles que escolhem uma vida mais ativa na madrugada. Muitos pensariam que Tenebra gosta de música sombria, mas isso está longe de ser verdade. Tenebra quer que a noite seja alegre e cheia de vida. A deusa das trevas gosta de música eletrônica, como EDM, techno e todo tipo de som que permeia as casas noturnas e sempre escuras das cidades.

Thwor

Thwor aprecia muito estilos musicais ricos em usos de harmonia, representando a união de seus povos em busca de um mesmo fim, ou, no caso da música, a união de muitos elementos que criam uma obra concisa. O deus dos goblinoides é particularmente interessado no uso de canto dos harmônicos (canto de garganta, muito comum nas culturas da Mongólia, Tibete, povos Inuit e muitos outros) pela forma como esse tipo de vocalização harmônica representa “muitos em um” (um goblinoide é sempre parte do coletivo) e cumpre o papel de harmonia dentro da canção.

Thyatis

Se existe um estilo de música que ressurge de tempos em tempos, jamais ficando para trás na história, mesmo que seu tempo tenha passado, esse é o estilo musical de Thyatis. O deus da ressurreição é um grande fã de rock and roll. Quando todos se questionam se o rock morreu ou não, algum músico ressurge trazendo o estilo de volta ao cenário popular. É o exemplo máximo de um gênero que se recusa a se entregar, se recusa a morrer e se recusa a ficar para trás, ainda que seu tempo de glória pareça cada vez mais distante.

Valkaria

O descontentamento com o status quo é algo perene na personalidade da deusa da ambição. Valkaria aprecia muito a música que tenta quebrar padrões e correntes, e dar voz a qualquer povo que queira mais do que o pouco que tem. É impossível atribuir a Valkaria um estilo musical favorito, pois a deusa está sempre mudando de ideias e de gosto. Nas últimas décadas, Valkaria gostou do jazz, do hip-hop, do punk e de todo tipo de música feita por pessoas que queriam justiça social e a queda de sistemas que só beneficiam quem está no topo.

Wynna

Poucas coisas nas artes são mais mágicas do que a capacidade de evocar emoções através de uma obra. A deusa da magia aprecia canções capazes de trazer sentimentos e dores à tona, fazendo o ouvinte e músico se conectarem brevemente através das letras que estão sendo cantadas. A simplicidade da canção que fala do dia a dia, das dores de uma separação, das angústias de crescer num mundo complicado… essa é a verdadeira mágica da música para Wynna. Fã de carteirinha de Taylor Swift, a deusa gosta de música folk e alternativa.

Gostou da nossa lista? Tem alguma outra ideia diferente para os deuses de Arton? Deixe um comentário abaixo!

Mesa Sonora — RPG Música Clássica ou RPG Jazz? Uma reflexão sobre preparo e improviso

músicas empolgantes para RPG

Percebo que frequentemente estou pensando em como a arte ao nosso redor reflete hábitos, padrões e estruturas de organização que levamos para a vida, mesmo sem perceber. “A vida imita a arte”, afinal de contas, mas me impressiono com o quanto isso é verdadeiro. O texto de hoje é fruto de uma reflexão que me veio recentemente, enquanto jogava RPG, claro, sobre estilos diferentes de jogar e narrar, e como isso é parecido com culturas musicais distintas ao nosso redor. Uma nota antes de começar: existem exceções para tudo o que eu falarei, mas estou tentando estabelecer convenções de entendimento comum.

Faixa 1 – O RPG música clássica

Estou usando o termo “música clássica” muito livremente aqui, mas em geral quero falar de estilos musicais com estética mais tradicional europeia e, principalmente, executada por músicos que executam as peças de acordo com as instruções do compositor. O músico de orquestra encontra pouco espaço para o improviso. Existem, claro, momentos em que a dinâmica e a expressividade são usadas, mas o músico está tocando algo pronto, onde as frases são definidas e constantes. A Quinta Sinfonia de Beethoven (tcham tcham tcham tchaaaaaaam) tocada hoje, será muitíssimo parecida da que será tocada amanhã.

E assim é o RPGista da música clássica. O jogador que inicia a aventura com a progressão inteira do personagem já pronta, aquele que tem as estratégias decoradas para todos os inimigos possíveis do livro básico (sem entrar no mérito de meta-game aqui, isso é outra discussão). De forma semelhante, é o mestre que se preparou para todas as situações que conseguiu imaginar. Ele tem tabelas, ele tem regras específicas, ele tem masmorras extras para o caso de alguém querer explorar um lugar fora do caminho.

Isso não é errado. Aliás, isso é bem divertido. Eu sei cada nota do Inverno de Vivaldi, mas é um prazer imenso ouvir toda vez. Porém…

Faixa 2 – O RPG jazz

Da mesma forma que acima, “jazz” aqui é um termo abrangente para todo tipo de música mais solta, fortemente alicerçada pelos fundamentos e conhecimento do vocabulário, mas com a sensação de estar “por todo lado” no ambiente. O instrumentista de jazz conhece os temas principais do cânone do estilo, conhece os clássicos, sabe tocar as frases famosas, mas é sempre esperado que haja improviso na performance. É aquele que inventa e toca ao mesmo tempo, preso apenas pelo ritmo e pela harmonia (e ainda assim nem sempre). Giant Steps de John Coltrane vai soar diferente entre hoje e amanhã, ainda que os temas principais identifiquem que se trata da mesma música.

Tal qual o musicista, o RPGista jazz compreende as regras que lhe cercam, compreende as amarras e liberdades do sistema e as usa como vocabulário para se apresentar no palco da mesa de jogo. É aquele jogador que não faz ideia de qual poder vai pegar daqui dois níveis, porque essa hora ainda não chegou. Aquele monstro tem uma fraqueza específica no livro? Tente algo diferente, e pode ser que aconteça algo bom. O mestre jazz faz seu preparo antecipado, mas se a aventura for por eixos diferentes, talvez os jogadores nunca percebam. Ele puxa nomes de personagens do éter e pode até aceitar que um vilão seja subornado para evitar combate (isso aconteceu no último episódio de Vanguarda, acompanhem no Twitch e YouTube da Jambô). O improviso torna-se, por si só, parte da narrativa: tudo acontece porque foi permitido que acontecesse, e história alguma se repete, pois não foram completamente escritas.

Isso não é errado. Aliás, isso também é muito divertido. Eu conheço bem os temas de Take Five do Dave Brubeck Quartet, mas cada versão que escuto é diferente da anterior. Então…

Faixa 3 – O que há em comum

Existe uma palavra que define ambos os tipos de música e instrumentistas que fazem parte deles: preparação.

O violinista de orquestra toca através de um profundo entendimento da partitura e suas nuances, suas expressões e convenções do condutor. Principalmente, ele toca através da boa e velha memória muscular. Aquela execução é treinada incontáveis vezes, conhecida, completamente familiar. É um esforço físico e mental tremendo, mas a recompensa é magnífica. O RPGista música clássica atua de forma parecida. Ele está preparado para tudo, até as nuances da interpretação. O personagem pode ter páginas e páginas de background detalhando cada parte de seu comportamento e personalidade. É uma obra de arte pessoal e maravilhosa.

Já o saxofonista de jazz executa sua música graças a um entendimento íntimo do estilo estético que representa (leia-se “teoria musical”). Incontáveis horas de treino foram colocadas para alcançar o nível de capacidade de improvisação na qual ele é proficiente. Ele sabe as nuances e regras do que faz, mas escolhe, por vezes, quebrar um pouco as coisas para tornar tudo mais divertido. Nada é aleatório, tudo tem intenção, mas é rápido e fugaz. O RPGista jazz é o que foi jogar a primeira sessão e não fez um background para o personagem além de raça e classe. Talvez não interesse quem ele foi no passado, só importa quem ele é agora. Ele é preparado, sem sombra de dúvida, mas ele vai esperar chegar a hora do seu solo para pensar no que vai fazer. É, também, uma obra de arte pessoal e maravilhosa.

O RPG é uma experiência colaborativa (e eu quero MUITO fazer essa reflexão com música no futuro, comente se estiver interessado) e não existe preparo suficiente que evite improvisos tanto do mestre quanto do jogador na mesa de jogo. A narrativa só existe como soma de todas as partes e, com isso, todo RPGista improvisa, alguns mais, outros menos. O que realmente importa é que, idealmente, todos se divirtam, na música e nos jogos.

Faixa 4 – Coda (esse é o nome de uma passagem que dá fim a uma composição)

Esse texto é uma mera combinação de reflexões que fiz recentemente, quando me peguei descobrindo que eu faço parte do segundo grupo. Me interessa muito entender bem o sistema, quero saber as coisas boas e ruins que posso fazer, mas eu encaro meu personagem como uma pessoa separada de mim, alguém que eu ainda estou conhecendo, aprendendo quem é. Eu sei quem é meu paladino hoje, no 13º nível, quem ele será no 14º apenas Tanna-Toh e Thyatis podem saber…

Em todo caso, a mensagem aqui é que não importa que estilo de jogo você pratique entre esses (ou tantos outros que existem e sobre os quais eu não falei), um jogador preparado vale por dois e um mestre preparado vale por mil. A preparação é parte fundamental da colaboração entre todos os jogadores da mesa e o quanto cada um gosta de improvisar ou seguir um roteiro não deve interferir na diversão alheia, ou na música do outro. Leiam seus livros, revisitem-nos de vez em quando e chutem traseiros de monstros!

Gostou dessa reflexão? Achou interessante? Deixe seu comentário abaixo para que eu saiba se esse tipo de conteúdo interessa para o futuro!

Mesa Sonora — Detalhes sonoros para trazer vida à sua mesa de RPG

músicas empolgantes para RPG

A ambientação sonora é parte fundamental de toda experiência de narrativa audiovisual. Das radionovelas de outrora (e nem tanto de outrora assim, áudio tramas têm voltado com tudo nos últimos anos) aos grandes filmes de Hollywood, todas essas histórias têm grande esmero na atmosfera auditiva. E não estou falando apenas de música, mas de toda a parte sonora da experiência. Sejam eles feitos pela natureza ou por sonoplastas, os detalhes sonoros complementam a narrativa e podem também te ajudar a narrar uma mesa de RPG mais rica e envolvente.

Por que usar sonoplastia no RPG?

Já conversei com vocês algumas vezes nessa coluna sobre bons motivos para usar música no seu RPG (e falarei ainda mais disso no futuro), mas o uso de sonoplastia pode ser um complemento à ambientação, se for usado de maneira esperta.

Em primeiro lugar, é importante observar que o uso indiscriminado desse recurso pode estragar um pouco a experiência da mesa. Utilize-o com parcimônia, em momentos importantes. Os personagens entraram numa taverna barulhenta? Faça os jogadores escutarem esse barulho. Talvez tenha um bardo tocando ao fundo, bem baixinho; há detalhes que podem ser “mostrados” em vez de contados. O grande e poderoso golpe mágico do vilão tem um som característico quando acerta algum personagem? Dê aos jogadores a sensação congelante de pavor ao escutarem esse barulho.

Os efeitos sonoros também podem ser usados amplamente como ferramenta narrativa. O grande bárbaro do grupo tentou puxar briga na taverna? De repente todo o ambiente ficou em silêncio. Ou uma horda zumbi se aproxima dos aventureiros no meio de uma floresta e todos os animais fogem, não fazendo mais barulhos ao redor da ação. Você não precisa deixar o som contar a história por você, mas pode usá-lo para ajudar a atmosfera a ficar mais real.

Atenção às limitações

Sejamos honestos, não prestamos muita atenção em sonoplastia quando assistimos a um filme, por exemplo. São detalhes ricos, que certamente fariam falta se não estivessem lá, mas não é algo que chama a atenção. Essa é uma constante em toda ferramenta que te ajude a realizar um trabalho criativo: é necessário cuidado para não exagerar na dose. Você não precisa por sonoplastia em TUDO na mesa. Nem toda taverna precisa ser barulhenta, nem toda floresta precisa ter sons de insetos e de pequenos macaquinhos brincando ao longe. Nem todo mago precisa de um som específico para suas magias. Também não tenha medo de baixar o volume ou parar de tocar o som completamente, nem tudo precisa tocar o tempo todo.

Saber dosar os sons é tão importante quanto saber dosar a música. O foco da sua mesa de RPG sempre precisa estar nos heróis e na aventura, todos os detalhes são… bem… detalhes! Essa dosagem também é importante para que os jogadores deem uma atenção extra às cenas em que o mestre for utilizar esse recurso. É como um aviso de que “houve uma atenção especial aqui, portanto prestem atenção”.
Outro detalhe importantíssimo é que a hora de jogo não é o momento para escolher os sons. Esse é um daqueles trabalhos de preparação que o mestre deve fazer antes da sessão. Do contrário, o narrador corre o risco de perder a atenção dos jogadores, quando o objetivo era justamente o oposto.

Algumas ideias de ferramentas para te ajudar com isso

Existem muitos apps de soundboard que podem te ajudar a definir uma série de sons pré-programados, prontos para serem ativados ao apertar de um botão. Ter um desses no seu computador ou celular pode ser muito útil durante uma mesa presencial. Você pode, claro, ter uma pasta organizada com todos os sons necessários, mas isso talvez tome muito do seu tempo para ativá-los na hora da mesa, e isso é meio contraproducente quando queremos prender a atenção de alguém, como já foi mencionado acima.

Quem joga online tem a facilidade de usar aplicações como o Roll20 ou o Foundry que já possuem recursos de áudio integrados. Dessa maneira você pode tocar efeitos sonoros da mesma forma que toca músicas, sem perder tempo de jogo.

Encontrando efeitos maneiros pela internet

Mais de uma vez vocês me viram (ou leram) falando sobre as maravilhas do uso de trilhas sonoras nessa coluna. E mais uma vez venho a vocês falar do meu santo graal dos efeitos sonoros: efeitos de videogames. Seja para sons de chuva ou de outras condições atmosféricas, seja para sons de briga de bar ou luta de espadas, provavelmente existe algum jogo que tenha exatamente o som que você procura.

Além disso, você sempre pode procurar por ambientações atmosféricas no YouTube. Coisas como “barulho de chuva”, “conversas de bar” ou “som de lareira” são amplamente disponíveis na plataforma e podem enriquecer sua mesa de jogo.

Também existem os aplicativos feitos especificamente para sonoplastia, alguns deles voltados para jogadores de RPG que buscam exatamente esses efeitos e atmosfera em suas sessões. Tudo para enriquecer a experiência de participar do nosso hobby favorito!

Gostou das sugestões dessa coluna? Suas mesas de RPG usam sonoplastia? Compartilhe suas opiniões e histórias nos comentários!

Mesa Sonora — 5 Axés “das antigas” como aventuras de RPG

Confesso que não sou muito fã de carnaval. Confesso que fui apenas uma vez na vida até “a Avenida”, em Salvador, para ver os trios elétricos passando durante as festas. Porém, como soteropolitano que sou, é inevitável que eu conheça várias músicas da Axé Music. Essa é uma daquelas coisas na vida que não precisam de explicação, elas apenas “são”. Dada a minha idade atual, a maioria das músicas que eu conheço desse estilo já são consideradas antigas e, em geral, são marcos da história do carnaval baiano.

O que isso tem a ver com RPG?

Até agora nada, mas uma característica de vários clássicos do Axé Music dos anos 80 e 90 é a riqueza das letras e de temas que falam de história, mitologia, crenças, romances etc. Pensando nisso, pensei em pegar cinco dessas obras icônicas do carnaval de Salvador e transformá-las em ideias breves (ganchos) para aventuras de RPG que você pode usar na sua mesa. Não vou discorrer sobre regras nem estatísticas de inimigos, apenas apontar um caminho por onde sua aventura pode seguir. Observem também que não estou seguindo à risca algumas inspirações óbvias das músicas, o exemplo mais claro estará na primeira música da lista, onde ignoro completamente a mitologia egípcia que a inspirou.

Se você acha que isso parece com as matérias “Mestrando de Ouvido” que saíram em edições anteriores da Dragão Brasil, você está corretíssimo, parece mesmo. Peguei o formato emprestado, estiquei um pouco o tamanho dos ganchos e dei destaque aos trechos das letras mais relevantes às ideias de aventuras que quero propor.

Antes de começarmos, uma breve nota: algumas dessas músicas podem ser classificadas como samba-reggae e não como Axé Music, porém quase ninguém de fora da Bahia vai saber a diferença, então chamarei tudo de Axé mesmo. Peço perdão aos conterrâneos preciosistas. Além disso, a música Eva originalmente era uma canção pop italiana, mas ficou famosa mesmo na Bahia na voz de Ivete.

Faraó (Divindade do Egito)

(Escrita por Luciano Gomes)

Excerto da letra:
Deuses, divindade infinita do universo
Predominante esquema mitológico
A ênfase do espírito original, Shu
Formará no Eden o ovo cósmico

Osíris proclamou matrimônio com Ísis
E o mau Set, irado, o assassinou e impera
Hórus levando avante a vingança do pai
Derrotando o império do mau Set
É o grito da vitória que nos satisfaz

O Gancho: Um artefato de poder divino chamado Ovo Cósmico encontrava-se sob tutela da sacerdotisa Ísis, cuja mão em casamento era disputada entre dois reis inimigos: Osíris e Set. Ísis aceitou o pedido de Osíris e de sua união surgiu seu filho Hórus. Irado pela rejeição, Set matou Osíris e uma guerra explodiu entre os dois reinos. O príncipe Hórus parte em uma busca por aventureiros dispostos a invadir o palácio de Set e dar fim ao conflito. Mas o que parecia um pedido de ajuda numa vingança pessoal se revela como um plano de Hórus para dominar o poder do Ovo Cósmico e reinar incontestável sobre as terras de Set. Os aventureiros devem decidir entre cumprir o contrato até o fim ou se opor ao jovem déspota.

Eva

(Escrita por Umberto Tozzi)

Excerto da letra:
Meu amor
Olha só hoje o sol não apareceu
É o fim
Da aventura humana na Terra
Meu planeta Deus
Fugiremos nós dois na arca de Noé
Mas olha bem meu amor
O final da odisseia terrestre

E minha vida é um flash
De controles, botões antiatômicos
Mas olha, olha bem, meu amor
O final da odisseia terrestre

O Gancho: Nos últimos dias de um terrível conflito que extinguiu a maior parte da vida no planeta, o casal de governantes do lado vencedor decide que não há motivos para manter a vida no mundo. É traçado um plano de destruição total do planeta, durante a qual rei e rainha partirão em sua nave em busca de outros mundos. Um conselheiro real descobre a trama nefasta e contrata um grupo de soldados de guerrilha, desesperados e sem nada a perder, para se infiltrar nos silos das armas de destruição em massa, sabotar os planos reais e prender os regentes genocidas.

O Canto da Cidade

(Escrita por Tote Gira e Daniela Mercury)

Excerto da letra:
A cor dessa cidade sou eu
O canto dessa cidade é meu
O gueto, a rua, a fé
Eu vou andando a pé pela cidade bonita
O toque do afoxé e a força de onde vem
Ninguém explica, ela é bonita

Não diga que não me quer
Não diga que não quer mais
Eu sou o silêncio da noite
O sol da manhã

O Gancho: Um bardo apaixonado por sua cidade natal decidiu rodar o mundo contando a todos sobre as maravilhas de sua terra. Depois de décadas viajando para todos os cantos de seu reino, ele retorna para encontrar uma localidade completamente diferente do que lembrava. Rejeitado pelos mecenas locais que não o reconhecem nem valorizam seu trabalho, ele começa a cometer pequenos atentados pelas ruas, com o intuito de “restaurar a glória dos velhos tempos”. Esses pequenos atentados começam a ficar cada vez mais sérios e a guarda local, incapaz de lidar com um poderoso e insano bardo, decide pagar para que heróis mais experientes cuidem do problema. Os aventureiros, porém, logo descobrem que o bardo já possui um número considerável de seguidores, que farão de tudo para proteger seu mentor.

Vai Sacudir, Vai Abalar

(Escrita por Pierre Ramos e Paulo Jorge)

Excerto da letra:
Vai sacudir
Vai abalar
Quando o meu amor passar
Explode coração
É muita emoção no ar
Vou abrir mão de tudo
Pra gente ficar junto
Não vou deixar você fugir de mim
Amor, por terra, céu e mar
Eu vou te acompanhar
Preciso de você

O Gancho: Numa pequena vila próxima a uma floresta, uma improvável história de amor começou entre a filha de um barão local e um bruto gigante da floresta. Em suas tentativas desastradas de cortejar a jovem nobre, o gigante causou danos por onde passava, mas tentativas de enfrentá-lo foram logo impedidas pela moça, que ameaçou abandonar sua família para viver com seu amado. O barão tranca sua filha em seu castelo e contrata os aventureiros para “dar um sumiço” no gentil, mas desajeitado gigante. Ao aprenderem a verdade sobre o amor retribuído entre gigante e nobre, os heróis precisarão dar um jeito de protegê-los sem destruir toda a vila no processo.

É o Bicho

(Escrita por Ricardo Chaves)

Excerto da letra:
Quando o vento bater no seu cabelo
Espalhar sua magia pelo ar
Ele vai me encontrar esperando que o destino revele, enfim
Os segredos que tem pra me contar

Meu coração bate mais forte na emoção de ter você pra mim
Aquele grito que era preso na garganta se transformou

É o bicho é o bicho vou te devorar crocodilo eu sou

O Gancho: Como num conto de fadas reverso, um jovem fazendeiro perdidamente apaixonado por uma aventureira local finalmente criou a coragem necessária para declarar o seu amor. Porém, ao descobrir que o sentimento é recíproco, o rapaz foi vítima de uma maldição e se transformou numa besta reptiliana voraz e irracional. A aventureira conseguiu prender a criatura, mas se viu incapaz de deixá-lo sozinho por longos períodos, por medo de que escapasse, ou que fosse encontrado e morto pela milícia local. Após algumas semanas, ela encontra os heróis na taverna local e lhes implora para que encontrem a cura para a maldição de seu amado. Os aventureiros partem em busca de informações sobre a origem da maldição e como ela pode ser revertida antes que seja tarde demais.

E aí? Gostaram dessa coluna temática? Gostaria de ver algum outro estilo musical transformado em RPG aqui? Deixe suas opiniões nos comentários!

Mesa Sonora — Músicas em 16-bits para sua mesa de RPG

Se você é leitor frequente desta coluna, você já deve ter percebido que sou apaixonado por trilhas sonoras de filmes, séries e videogames. De fato, eu sou um apreciador de longa data desse tipo de música, até coleciono algumas em mídia física. Tento não falar exclusivamente sobre elas aqui na Mesa Sonora porque acredito que em todo lugar existe música que pode combinar com a sua mesa de RPG, mas é inegável que trilhas sonoras possuem algumas facilidades.

Para começo de conversa, elas geralmente são feitas para evocar emoções em momentos específicos da história, o que costuma ser o mesmo tipo de uso que o narrador de uma sessão de RPG tem em mente. Outro fator é a abundância de motivos diferentes dentro de uma mesma obra, seguindo uma sequência de temas comuns dentro da narrativa (conflito, derrota, resolução etc.). Mas hoje eu quero comentar e recomendar algumas músicas favoritas dentro de um critério específico: músicas em 16-bits.

O que são músicas em 16-bits

É comum se referir a trilhas sonoras de videogames antigos como chiptune, são músicas que eram feitas programando computadores para criar e executar os sons na sequência e maneira correta. Essas músicas eram comumente programadas em softwares conhecidos como trackers e executadas pelos chips de áudio dos consoles da época.


(Aqui um exemplo atual de uma música minha, os trackers modernos são capazes de emular diversos chips de áudio diferentes.)

A parte de 16-bits se refere à geração dos videogames da época. Chips de 8-bits, como do Nintendinho (ou NES) e do Master System são mais limitados, enquanto os chips de consoles 16-bits, como o Super Nintendo e o Mega Drive são muito mais versáteis e oferecem mais canais de polifonia (o número de notas que podem ser tocadas simultaneamente).

Considerando que ainda fazem músicas em 8 e 16-bits hoje em dia, essa lista não será apenas de composições antigas, tem coisa moderna aqui também. Comentarei cada item abaixo com minhas impressões e algumas ideias de usos na sua mesa de RPG.

O som do passado no seu RPG de agora

Sonic 3 – Hydrocity Zone

Opiniões: Essa música é demais. Você achou que eu começaria com algo simples e mais fraquinho pra depois chegar nas melhores? Achou errado, eu já começo com Sonic, uma série que consistentemente tem trilhas sonoras boas. O baixo e a bateria têm uma batida animada e pra cima que deixa o humor bem leve e as expectativas lá no alto.

Uso em RPG: Claramente para uma ambientação mais moderna (mas isso vai ao gosto do mestre), é uma música que pode ser usada para ambientações urbanas, associada a um lugar específico, de preferencia bem movimentado e com várias opções de coisas pra fazer (mercados, lojas, monumentos…). Para mim tem gosto de início de aventura.

The Legend of Zelda: A Link To The Past – Hyrule Castle

Opiniões: Correndo o risco de soar repetitivo, porque não é a primeira vez que eu menciono músicas da série Zelda, eu trago essa peça magnífica. Uma grande prova de que limitações tecnologicas não conseguem conter a criatividade e a majestade de uma obra grandiosa. Essa música faz você sentir o frio na espinha de explorar um ambiente grande e cheio de perigos.

Uso em RPG: Ou como tema da masmorra final ou da batalha final de uma aventura. Claro que se for uma masmorra de um vilão importante e majestoso fica ainda mais legal. Essa música possui todos os elementos legais para dar o clima de exploração e tensão do grande perigo final da aventura. Não tenha medo de deixar os jogadores um pouco nervosos.

The Messenger – Harnessing the Wind (Howling Grotto) (Versão Futuro)

Opiniões: Eu disse que nem de velharias viveria essa lista. Essa peça foi feita usando trackers e softwares mais modernos e isso se reflete na pegada. É uma música excelente para explorações de ambientes perigosos e dinâmicos, com desafios rápidos. A batida rápida pede agilidade dos ouvintes e deixa os jogadores nas bordas das cadeiras.

Uso em RPG: Sabe quando ativam uma armadilha numa masmorra e o grupo tem pouquíssimo tempo pra resolver o desafio e desarmar o mecanismo antes que todos virem patê ou espetinhos? Pois é! Também é legal para desafios que não exigem tanto raciocínio e sejam mais baseados em rolagens rápidas de perícias.

Chrono Trigger – Wind Scene (600AD)

Opiniões: Uma das músicas mais reconhecíveis de um dos jogos mais amados dos tempos do Super Nintendo (e até hoje!). Eu poderia fazer um post apenas com músicas de Chrono Trigger e eu duvido que alguém fosse reclamar disso (me avisem se quiserem que eu faça, eu não tenho vergonha na cara). Uma música muito simples, tanto na composição quanto no arranjo, mas com um sentimento misto de tranquilidade e tensão pela aventura que virá a seguir.

Uso em RPG: A música dos primeiros passos rumo ao novo objetivo. Os aventureiros acabaram de sair da cidade/castelo/vila onde receberam a missão e pela primeira vez se encontram em campo aberto, contando apenas com suas habilidades de lidar com problemas. Ainda sem as cicatrizes e histórias que virão com os perigos vindouros.

Mega Man X – Armored Armadillo Stage

Opiniões: Não poderia deixar de fora uma música da série Mega Man X. Assim como as música de Sonic, são preciosidades da era 16-bits. Essa peça evoca uma tensão ao mesmo tempo em que encoraja o jogador a querer seguir em frente a qualquer custo. Também tem uma pegada mais futurista, mas pode ser usada em quaisquer cenários se o mestre assim desejar.

Uso em RPG: Um tema de vilão, sem dúvida. Talvez não do Grande Vilão da campanha como é o caso da música de Zelda que apresentei, mas um tema de vilão ainda assim. Para mim, essa música combina com aquele inimigo que tem algum segredo ou pegadinha para ser derrotado, e que não vai cair só com golpes de espada ou tiros de pistola.

Gostou das recomendações? Que músicas de videogames, antigos ou modernos, você já usou no seu jogo de RPG? Conta pra gente nos comentários abaixo!