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Mesa Sonora — A música tema do seu personagem de RPG

coração vermelho com cabos P10 de música conectando no coração como se fossem veias

Muito do que foi discutido até agora nesta coluna até o momento foi voltado mais a mestres do que jogadores. Experimentação sonora na mesa, uso de músicas com clima de tensão, tudo isso pode e deve ser discutido com a mesa inteira, mas o dever de planejar e decidir usar esses recursos é, em geral, realmente do narrador. Mas hoje quero falar diretamente com os jogadores. Como VOCÊ acha que deveria ser o tema musical do seu personagem na mesa? Trago a vocês alguns pontos que acredito que podem te ajudar nessa decisão, na ordem em que acho adequados.

O que combina com o cenário

O primeiro filtro de músicas deve ser aquele que define o que combina com a ambientação da aventura, o cenário em si. Combinar a música do seu personagem com o cenário é uma mera questão de lembrar que seu personagem também é parte da ambientação. Claro, um herói merece ter uma trilha sonora digna de seus feitos, mas não é muito harmonioso que se escolha um tema completamente destoante de tudo ao seu redor. Claro, isso pode ser subvertido se for combinado com os outros jogadores, em especial se houver motivos para isso (exemplo: um personagem forasteiro ou que venha de outra época pode se beneficiar de uma certa estranheza em seu tema escolhido).

O que combina com o clima da mesa

A segunda questão é definir possibilidades de música que concordem com o clima da mesa. Não adianta você querer que seu personagem seja acompanhado de uma balada superanimada numa campanha séria e cheia de tragédia. Fugir disso pode prejudicar a imersão dos jogadores durante a aventura, então existem bons motivos para se ater a esse princípio. Como no ponto anterior, pode haver boas razões para querer fazer o oposto, uma opção seria usar de um tema bem diferente como efeito cômico numa mesa mais bem-humorada com um ou mais personagens bem caricatos.

O que combina com seu personagem

Aqui começamos a afunilar mais e mais as opções, pois além dos pontos anteriores, precisamos combinar com o personagem também. Quem é seu personagem? Ele é heroico? Covarde? Ardiloso? Honesto? Alegre? Monótono? Violento? Todas essas características de humor e personalidade podem ser usadas para definir uma música tema digna do seu jogo. Existem muitos elementos musicais que podem representar ânimos e personalidades através de som. Por exemplo: alguém muito alegre e bem-humorado pode ter um tema mais dançante e festivo, enquanto outro personagem mais sério e rígido pode ter uma música mais marcial ou sombria.

Pessoalmente, eu gosto de atribuir instrumentos musicais específicos aos meus personagens. Com isso eu posso definir melhor o tipo de música que procuro para combinar com eles. Alguns exemplos: eu “ouço” paladinos como instrumentos de metal; bardos quase sempre são cordofones ou flautas; bárbaros são tambores; ladrões são violinos sendo tocados em pizzicato. Nada disso é regra, são apenas como eu “escuto” esses personagens na minha mente, pode ser drasticamente diferente para você.

O que combina com você

O último e mais importante filtro. Não adianta atender a todos os outros requerimentos se o jogador não gosta da peça escolhida. Você vai ouvir essa música várias vezes durante a campanha, é importante eu você goste dela. Aproveite o tema escolhido, relaxe e prepare os dados, porque na hora que sua música começa, você precisa estar pronto para a ação e aventura. Afinal de contas, temas musicais não são para qualquer um, são privilégios de grandes heróis (ou, bem… vilões! Vamos falar disso no futuro)!

Exemplos de temas memoráveis de personagens

O clássico tema do maior espião do cinema, James Bond. Uma música rapidamente identificável, cheia de nuances, mas ainda direta ao ponto. Charmosa como o espião 007. Você ouve e sabe que está na hora da ação.

A música dos filmes antigos do Superman evoca heroísmo e bravura. Feita sob medida para um herói capaz de praticamente qualquer coisa, mas que ainda esbanja virtudes e desejo por justiça.

O tema de Indiana Jones já pesa um pouco mais para a o clima de aventura e descobertas, o que funciona melhor para o arqueólogo mais querido da ficção. É uma música de descobertas e maravilhas.

Seu personagem tem uma música tema na sua mesa? Não tem mas você já pensou no assunto? Conta pra gente nos comentários!

Playlist da Mesa Sonora

1. Ex Tenebris, Lux: uma música sobre a Tormenta
2. Tensão e Música no RPG
3. Músicas Empolgantes para RPG

Mesa Sonora — Usando a trilha sonora da sua vida na mesa de RPG

trilha sonora

Já falamos nessa coluna sobre o uso de trilhas sonoras de filmes, séries e games para uso em RPG. É fácil pensar nesse tipo de combinação, pois trilhas sonoras já são concebidas com a ideia de nos transmitir uma emoção específica, ou de nos lembrar de partes muito marcantes e queridas dos nossos filmes e games favoritos. Falaremos muito mais sobre essas combinações no futuro, mas o assunto de hoje é um pouco diferente: a trilha sonora da sua vida.

É, aquela música que você curte ouvir na rua, que toca na rádio, que está na playlist do seu Spotify desde 2017 e que você nunca pula. Quais são algumas ideias para incorporar essas músicas na sua mesa favorita de RPG? Trago algumas sugestões que podem lhe ajudar a introduzir canções comuns (e, frequentemente, com letras) no seu jogo. Um aviso: esse tipo de recurso pode ser extremamente experimental e deve ser testado com moderação para medir a reação da mesa.

O que a música diz?

O primeiro passo seria combinar aquilo que é dito na música, ou em suas letras, com o ambiente da campanha. Não estou falando necessariamente de combinar gêneros musicais com ambientação de RPG (essa é uma coluna que virá no futuro!), mas de combinar mensagens da música com a aventura. A música fala sobre sofrimento amoroso? Use-a quando um personagem foi rejeitado por alguém, por exemplo.

O importante é lembrar que a letra pode ser incorporada na narrativa. Da mesma forma que mestres bebem da fonte de escritores e roteiristas, também pode (e deve) se beber da obra de poetas e letristas, e acredite, existe música para quase qualquer tipo de situação.

Música como ambientação ou como parte da narrativa?

Essa é uma preferência que pode ser difícil de definir sem testar antes. Usar a música apenas como ambientação é mais fácil, pois fica em segundo plano, com as ações do mestre e dos jogadores em destaque, e a canção apenas sendo o detalhe que torna a história mais especial. Mas e se os jogadores quiserem usar a peça como parte da narrativa? E se a letra de uma música disser exatamente aquilo que um personagem ou NPC quer dizer? É possível experimentar com isso em mesa, permitindo aos jogadores que destaquem parte da canção parar aproveitar os versos que eles querem tornar parte de sua história.

Talvez não seja uma boa ideia declamar uma música inteira de três ou quatro minutos, mas algumas estrofes mais especiais podem ser muito bem-vindas. Afinal de contas, boa articulação e expressividade não precisam ser privilégios do bardo do grupo.

As ações dos personagens ainda são mais importantes

Uma complicação de usar canções conhecidas é a armadilha de acabar atrapalhando o jogo sem querer, pois os jogadores podem se distrair. Para evitar isso, é importante lembrar que o jogo ainda acontece, e que mais importante do que a letra que está sendo cantada são as ações dos jogadores. Com o tempo o grupo deve começar a perceber que a música está lá para cumprir um propósito, e com ou sem letra, ela não é o foco do jogo, apenas algo que pode ajudar a mesa a ficar ainda mais divertida.

E, se isso ainda não der certo, existe uma outra solução muito simples que pode ajudar: abaixe o volume, eheheheh.

Trilha sonora? Mas só quero ouvir um som enquanto jogo mesmo

Existe também a possibilidade de você e seu grupo só desejarem uma trilha sonora que não é necessariamente parte do jogo, sem mensagem específica, ou ambientação. Vocês só querem ouvir música enquanto jogam. Não existe “bom motivo” para querer ouvir música, e meus amigos sabem que muitas das nossas mesas foram embaladas ao som de bandas como Metallica, Iron Maiden e outras grandes influências do Heavy Metal. A única dica aqui é o que já foi dito acima: abaixe o som e lembrem-se de focar no jogo. Se não for divertido para todos na mesa, talvez seja melhor pensar de novo no uso desse tipo de recurso.
E, claro, se for possível cantar em algum momento, cante junto! Nem que seja uma música de taverna para animar o grupo após uma vitória incrível sobre um inimigo nefasto.

Você escuta músicas “comuns” durante o jogo de RPG? Conta pra gente como funciona isso!

Playlist da Mesa Sonora

1. Ex Tenebris, Lux: uma música sobre a Tormenta
2. Tensão e Música no RPG
3. Músicas Empolgantes para RPG

Mesa Sonora — Tensão e Música No RPG

músicas tensas para rpg

Como toda narrativa, o RPG precisa de momentos de tensão para ficar interessante. Como toda narrativa, a música também se beneficia de tensão. Sim, a música também é uma narrativa e muitas de suas técnicas de composição e efeitos causados nos ouvintes podem ser comparados ao ato de contar uma história. Mas calma, nada tema, darei uma breve explicação de como isso funciona e como encontrar essas tais músicas tensas para RPG.

Na música

O uso de tensão no contexto musical é amplamente explorado há séculos. Pode ser conseguida de muitas formas, como no ritmo, na melodia ou, mais comumente, na harmonia. No geral, a música cria tensão para eventualmente alcançar uma resolução que satisfaça o ouvinte. Pense no refrão da sua música favorita, muito provavelmente ele termina de maneira “confortável”, como se a música tivesse “voltado para casa”, essa é umas maneiras comuns de se resolver tensão em música. Como em toda arte, essa experiência pode variar. Assim como um conto de terror, uma música pode acabar sem uma resolução satisfatória, deixando uma sensação de desconforto proposital.

No RPG

O bom mestre é aquele que sabe aproveitar dos elementos de sua aventura para deixar os jogadores sentados na borda de suas cadeiras. A sensação de antecipação pode ser amplificada através da trilha sonora certa. Aqui cabe um pouco de preparo do narrador, pois da mesma forma que a música certa ajuda a criar o clima de arrepio dos cabelos, também é necessário pensar na resolução. A música que você escolheu possui uma resolução satisfatória para sua cena, ou será preciso escolher outra? O que vem depois da tensão? Talvez seja um algo mais calmo, ou empolgante, ou até mesmo triste, mas pense em como trazer seus companheiros de mesa de volta ao “normal”. Eles merecem.

Encontrando essas tais músicas tensas para RPG

Por sorte, essa parte é mais fácil do que parece: trilhas sonoras de filmes, séries e videogames estão recheadas de músicas de tensão porque, como foi dito, são parte fundamental de recursos narrativos. Temas de vilões, de chefes de fase, de grandes batalhas, de monstros, e de momentos de grandes revelações nas histórias são excelentes pedidas para essas horas. Mas é claro, eu selecionei algumas favoritas para vocês usarem como músicas tensas de RPG:

Tema da Batalha dos Campos de Pelennor

A música da Batalha dos Campos de Pelennor da trilogia O Senhor dos Anéis é um primor de ambientação tensa. A grande batalha que acontece nos livros e no filme foi acompanhada de uma composição magnífica, que coloca o espectador no meio da ação. Essa peça evoca heroísmo e camaradagem entre irmão de armas, o que a torna excelente para uso em grandes e épicos combates.

Tema de Magus

O tema do vilão Magus do jogo Chrono Trigger é um dos muitos temas de vilão que podem ser usados na sua campanha. Cheia de personalidade e com a clássica orquestração em 16 bits dos tempos do Super Nintendo, essa música é atemporal (trocadilho com o jogo que envolve viagem no tempo 100% proposital) e pode ser usada como atmosfera de quase qualquer tipo de cenário.

Duel Of The Fates

A peça Duel Of The Fates de Star Wars – A Ameaça Fantasma é instantaneamente reconhecível por qualquer pessoa que tenha visto o filme. Além de ser parte de uma das lutas mais emocionantes da franquia, essa música é épica do primeiro ao último segundo. Ótima para ser usada para antecipar e iniciar um confronto entre heróis e vilões.

Tema dos Guardiões

O tema dos Guardiões de The Legend of Zelda – Breath of The Wild provoca um medo imediato em quem experimentou o jogo. Essa música é apenas tensão. Apesar do arranjo relativamente simples, ela existe apenas para causar uma sensação de desespero e desconforto e pode ser utilizada contra seus jogadores também.

Marte, O Mensageiro da Guerra

Saindo um pouco de trilhas sonoras, a peça Marte, O Mensageiro da Guerra de Gustav Holst é uma aula de composição de como provocar diferentes sensações no ouvinte. Essa música utiliza das mais variadas ferramentas musicais para provocar tensão. Dos ritmos errantes até a harmonia incrivelmente eficiente. É certamente o pano de fundo para momentos grandiosos.

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Qual música nunca falha em te deixar arrepiado? Deixe um comentário abaixo!

 

Mesa Sonora

Músicas empolgantes para RPG

Podcast 116 – Grandes Desgraças da Lutinha!

Apoiado por patrocinadores reversos, chegou seu podcast favorito!

No episódio de hoje, J.M. Trevisan, Felipe Della Corte e Camila Gamino falam
do trágico documentário Dark Side of the Ring, de como funcionam as lógicas de joguinhos, como é tomar uma gostosa injeção no joelho, dissertam sobre barracos familiares em reality shows e descobrem quem foi o único integrante do podcast que NUNCA ganhou um presente do Victor Lucky! Também tivemos tempo de falar um pouco de Nier Automata (será que o Della gostou?), Sex and Education e de responder as dúvidas dos Conselheiros!

Para baixar, clique no link correspondente com o botão direito e escolha “Salvar como”.

Assista às gravações toda segunda-feira, 20h, em twitch.tv/jamboeditora ou assista o video em youtube.com/jamboeditora.

Para ainda mais conteúdo, assine a Dragão Brasil — são mais de 100 páginas de RPG e cultura nerd todos os meses: dragaobrasil.com.br

Conheça nossos livros em: jamboeditora.com.br

twitch.tv/jamboeditora

Créditos
Participantes:
J. M. Trevisan (Twitter | Livros), Felipe Della Corte (Twitter), Camila Gamino (Twitter).
Edição: Adonias Marques (Instagram)

Mesa Sonora — Músicas empolgantes para RPG

músicas empolgantes para RPG

Por mais animado e habilidoso seja o seu mestre, uma boa aventura sempre pode ser enriquecida com uma trilha sonora excepcional. Imagine seu filme ou jogo favorito sem trilha sonora? A experiência pode até ser boa, mas a música torna tudo mais especial. Glauco Lessa já lançou uma matéria sobre o uso de playlists em RPG na Dragão Brasil 168, então não irei discorrer demais sobre os benefícios dela, em vez disso, tentarei focar em alguns usos e um tipo específico de clima: músicas para momentos empolgantes da aventura.

Como usar músicas empolgantes para RPG

Momentos empolgantes tendem a ser especiais para os jogadores, pois é quando eles se lembram que seus personagens são heróis capazes de realizar façanhas incríveis. Ajudar na imersão dos jogadores os fazem sentir mais parte do cenário. É importante notar que casar a música com a campanha ou o cenário é vital para o sucesso da imersão. Seria estranho, por exemplo, tocar tecnobrega num cenário medieval, exceto se o cenário pedir esse tipo de dissonância (aliás, me cobrem um artigo sobre isso no futuro).

Outro grande motivo para uso de músicas empolgantes é a preparação dos jogadores para o que vem a seguir. Dando a seus colegas de mesa a chance de sentir o clima, eles poderão perceber que estão prestes a enfrentar um perigo novo, ou embarcar numa grande jornada. Pessoalmente, eu vejo as músicas empolgantes como um convite à aventura, quando os aventureiros ainda estão frescos e descansados, prontos para vencer o mundo, ou então quando estão sendo recompensados por seus esforços sobre-humanos. Obviamente, cada mestre sabe melhor como definir o clima de sua mesa.

Músicas empolgantes para sua mesa.

O tema de introdução de The Legend of Zelda: The Wind Waker é um exemplo belíssimo de como começar uma jornada nova. Muito ao estilo do jogo, a música nos prepara para uma aventura cheia de explorações e mistérios, colocando jogadores no clima certo para tomar suas armas e sair pelo mundo.

 

 

O Tema da Força da franquia Star Wars se tornou um clássico desde o primeiro filme, por ser um brado de encantamento com o desconhecido e vontade de explorar o que há além. Não apenas isso, o tema virou recorrente na série de filmes e foi usado, mais de uma vez, como fechamento de ciclos. Excelente exemplo de como um mesmo motivo musical pode ser usado de maneiras diferentes.

 

Para quem curte um clima mais descontraído, mas igualmente épico e muito divertido, o tema principal da série Piratas do Caribe é um clássico muito reconhecível, mas que pode ser extremamente útil na hora de colocar os seus jogadores nas pontas dos pés e alegria e animação pelo que virá em seguida.

 

Outro tema piratesco muito divertido é a introdução de The Secret of Monkey Island, ainda que seja menos épica (o que pode ser uma coisa boa e desejável).

 

Entrando em temas mais modernos para ambientações mais atuais (ou futuristas 😉), Tank!, a abertura do anime Cowboy Bebop é reverenciada por fãs desde o primeiro episódio. Desde as primeiras notas, o chamado de “let’s jam!” até o final, essa música é capaz de colocar até aventureiros desanimados na vontade de chutar bundas e descobrir segredos.

 

E uma menção honrosa para encerrar e puxar um pouco a sardinha para o meu lado, a abertura de Fim dos Tempos foi desenvolvida especificamente para dizer “é hora de rolar dados e viver intensamente numa mesa de RPG”. Se essa música é capaz de colocar centenas de espectadores no clima de mesa de RPG toda semana, tenho certeza de que pode ser capaz de ajudar a sua mesa também!

 

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Qual sua música preferida para aqueles momentos de empolgação na mesa de RPG? Conta pra gente nos comentários.

Podcast Dragão Brasil 101 – Os Cães das Colinas vem aí!

Lutando para sobreviver nas Colinas Centrais, chegou seu podcast favorito, que agora também é gravado AO VIVO na Twitch!

No episódio de hoje, mais uma vez usurpado pela aristocracia paulistana, Della recebe convidados especiais para falar sobre a nova abertura de Fim dos Tempos, mesa de RPG oficial da Jambô na Twitch! Leonel Caldela revela seu lado Kubrick e fala sobre como realizou seu sonho de ter uma abertura “pop punk” para uma mesa de RPG, recheadas de referências dos anos 90. Éder Gil, responsável pelo vídeo, fala dos diversos easter-eggs escondidos na abertura e de onde surgiu a ideia de colocar os personagens como membros de uma banda. Por fim, recebemos ao vivo a entidade Victor Lucky, que além de provar (ou não) sua existência, contou como o processo de gravar o tema da abertura o fez viajar pela sua infância nos desenhos animados das manhãs.

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Assista às gravações toda segunda-feira, 20h, em twitch.tv/jamboeditora ou assista o video em youtube.com/jamboeditora.

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Assista nossas streams em: twitch.tv/jamboeditora

Créditos
Participantes:
Felipe Della Corte (Twitter), Leonel Caldela (Twitter | Livros).
Edição: Adonias Marques (Instagram)

Ex Tenebris, Lux: uma música sobre a Tormenta pelo bardo Victor Lucky

ex tenebris lux

Nós aqui na Jambô ficamos muito empolgados quando Victor Lucky, a misteriosa entidade que habita o Twitter e grupos de Discord, lançou seu single Ex Tenebris, Lux, inspirado no romance O Terceiro Deus, de Leonel Caldela. Aproveitando o lançamento e a recepção que a comunidade teve do projeto, trouxemos o bardo em pessoa para falar como foi o processo de criação da música e do clipe!

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Ex Tenebris, Lux: Transformando a Tormenta em música

Por Victor Lucky

No dia 14 de novembro, lancei meu primeiro single: Ex Tenebris, Lux. Inspirado no cenário de Tormenta, decidi escrever e produzir uma canção que falasse dos Cavaleiros de Corvo, a ordem de cavalaria que apareceu em O Terceiro Deus, um dos romances do cenário.

Minha música tem sido muito bem recebida pelos fãs do cenário e até mesmo pela equipe que produz e escreve o meu RPG favorito no mundo. Com toda essa recepção, muitas pessoas quiseram saber mais sobre o processo de composição e produção. Estou aqui para falar um pouco sobre esse isso e responder a algumas dúvidas comuns.

Transformando inspirações em ideias

Escrever uma música é muito parecido com contar uma história. Você precisa de um tema, de argumentos, conflitos e resoluções. Mas o começo do processo é sempre uma ideia. Que história você quer contar? Eu queria falar sobre os Cavaleiros do Corvo. Queria que fosse uma “música de guerra”, algo simples, mas eficiente, que contasse a história indo direto ao ponto.

Ir direto ao ponto foi o primeiro obstáculo. Sempre fui tecladista e resistir ao impulso de colocar várias camadas de teclados e orquestrações foi uma necessidade imediata. Preferi limitar os teclados apenas ao essencial e mantive o foco nas guitarras, que considero um instrumento poderoso, adequado a cavaleiros que arriscam a vida contra a Tempestade Rubra. Sentei-me com uma guitarra no colo e comecei a experimentar, assim surgiu a melodia que serviria como tema central da música.

O compasso 6/4 foi pensado para ser uma marcha misturada com uma valsa. Nenhum detalhe ocorre por acaso.

Quando terminei de escrever todo o instrumental, a música já tinha nome: Ex Tenebris, Lux foi batizada pelo lema dos Cavaleiros do Corvo, “das trevas, trago a luz”, misturado ao meu antigo caso de amor com a língua latina. Eu ainda não sabia que o título faria parte da letra, isso viria a seguir…

Português ou inglês? Quero ambos!

Qualquer fã de Power Metal conhece muito bem músicas que cantam sobre temas de heroísmo fantástico. Ainda que eu não considere Ex Tenebris, Lux como uma canção do gênero, é impossível não identificar influências e similaridades. Essas músicas são quase sempre cantadas em inglês, mas Tormenta é um cenário 100% brasileiro, e agora?

A ideia original sempre foi escrever a letra em português. Para mim não fazia sentido promover um lançamento anglófono inspirado em literatura brasileira. A ideia de fazer uma versão em inglês da letra veio depois, por sugestão de uma amiga, e acabou virando um “lado B” do projeto. Não é uma tradução exata, isso seria impossível, mas uma releitura da letra original. Dessa forma, o clipe e todo tema original do single seriam em português, mas com aquele extra para as pessoas que preferem ouvir temas medievais na língua inglesa.

Gravação e produção

Eu falei acima que escrever uma música é como contar uma história. Pois é, gravar uma música é como escrever um conto. É muito fácil se render ao impulso criativo de querer fazer tudo de uma vez só, mas a partir do momento em que já está tudo planejado, faz bem ter paciência e ir com calma. Impus uma limitação de gravar não mais que um instrumento por dia. Isso me obrigou a ter uma dose extra de carinho em cada etapa da produção. Cada parte gravada foi ouvida com atenção e regravada de acordo com a necessidade. Demorei horas para gravar todas as guitarras de maneira satisfatória, e tudo bem. O baixo me levou menos de 15 minutos, e tudo bem, também.

O vocal foi algo bem desafiador para mim. Não costumo cantar, mas quando canto, mostro claramente as minhas influências de música pesada. Gosto de gritar, fazer drives e efeitos com a voz, mas essa música era uma canção de guerra e nada disso era necessário. Cortei os excessos e investi numa linha vocal limpa e tranquila, com exceção do refrão que canta o título da música. O coro de “Cavaleiros do Corvo” evocando a frase em latim foi gravada em 7 partes sobrepostas, cada uma em um registro vocal diferente.

A mixagem e masterização são o polimento de qualquer produção. É o que transforma pedaços de música numa obra concisa. O maior desafio desse processo está na principal ferramenta utilizada: os ouvidos. Existem diretrizes e sugestões, mas no geral, é o ouvido do produtor que determina se está bom ou não. Para mim foi o processo mais longo e demorado, mas um dos mais gratificantes também. Ver sua performance bruta se transformando em algo que você se orgulha de ter feito é muito especial.

Câmera e ação!

Em algum momento pensei “já que vou lançar essa música, eu poderia fazer um clipe também, né?”. Imediatamente me imaginei gravando em alguma floresta, porque é isso que as bandas de Power Metal fazem. Mas só ir para o mato e gravar me pareceu meio sem graça, eu queria dar um contexto para o clipe, contar uma história junto com a música.

Foi quando surgiu a ideia de começar com uma “mesa de RPG”. Vazia, porque afinal a produção foi individual, mas viva de algum jeito. As vozes da “sessão” que acontece na mesa são de integrantes do meu querido grupo de RPG da adolescência. Foi com aqueles caras que conheci Tormenta, e foi com eles que cresci jogando 3D&T, GURPS, Pathfinder e uma quantidade obscena de Lobisomem. Pareceu a ideia perfeita na hora, e fiquei muito feliz que deu certo.

As imagens onde eu apareço foram filmadas pela minha esposa, Maurine Cardoso, e eu mesmo fiz as outras tomadas. O clipe foi inteiramente editado e produzido por mim e, surpreendentemente, deu bem menos trabalho do que eu esperava.

Claro que eu jamais faria um videoclipe inspirado em Tormenta sem evocar a clássica piada feita por Leonel Caldela num antigo Podcast da Dragão Brasil e hoje repetida o tempo todo: “tem que acabar o Victor Lucky”. Isso ficou como bônus para os observadores, bem no finalzinho do vídeo.

O valor de Sabedoria na ficha parece correto.

Tá na hora de lançar!

No final de setembro eu anunciei no Twitter que iria lançar um single inspirado em Tormenta. Começou ali um hype que eu não esperava, mas com o qual precisei aprender a lidar. A postagem foi curtida por bastante gente da comunidade e até por autores do cenário. Naquele momento, em que eu tinha acabado de gravar os vocais e ainda tinha muito chão pela frente, eu sabia que tinha que garantir que o produto final ficaria legal.

Eu ainda não tinha terminado a mixagem, eu ainda não tinha clipe, eu ainda não tinha uma capa. Mas como todo processo criativo, se resolveria com trabalho e determinação. Nas semanas que seguiram eu comentei no Twitter um pouco sobre atrasos que aconteceram, como eu estava aprendendo com o processo todo e sobre como eu aprendi que não adiantava reclamar, era necessário arregaçar as mangas e continuar seguindo em frente.

Até que veio o dia do lançamento, e o resultado está aí para todos os que quiserem ver e ouvir.

Vem mais coisa por aí?

Há algum tempo eu não escondo mais que tenho várias músicas inspiradas em Tormenta, a maioria ainda inacabada. Talvez a experiência de lançar Ex Tenebris, Lux seja o incentivo que preciso para terminar mais algumas e enviar para o público. É um trabalho completamente por amor, é fanart no mais puro sentido da palavra, mas dá um gosto imenso. Tormenta está comigo há tanto tempo que é de lá que veio o meu “nome artístico” que uso há quase tanto tempo quanto o cenário existe, “Lucky”, inspirado no bardo mais famoso de Arton.

Lançar esse single foi uma jornada incrível. Recomendo a qualquer um que queira tentar fazer algo parecido.

Arte da capa pelo talentosíssimo Marcelo Almeida (@marcelodigitalartist no Instagram).

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