Dia das Mães. Uma data aconchegante que sempre suscita reflexões sobre a passagem das gerações. Por isso, no post de hoje vamos deixar as dicas e análises costumeiras um pouco de lado. Aproveitando a proximidade do segundo domingo de maio, quero compartilhar um pouquinho com vocês minha jornada de filha para mãe como fã do nosso hobby favorito.
O início da jornada: A relação da minha mãe com RPG
Mamãe é uma pessoa que ama livros e criatividade. Então, quando meu irmão e eu aparecemos em casa com livros estranhos, uma revista esquisita (era um exemplar da Dragão Brasil) e uns dados meio exóticos, ao invés de condenar de imediato, ela quis dar uma olhada.
Depois de ler tudo e meditar uns dias a respeito, pediu pra jogar com a gente, a fim de saber como o jogo funcionava. E eu, ainda que muito toscamente, narrei uma história de Vampiro: A Máscara pra minha mãe e irmão. Essa primeira história gerou muitas conversas interessantes e papos metafísicos muito malucos, que guardo como uma das memórias mais legais da minha adolescência.
A experiência de jogar com sua família, aliás, é muito legal. Se tiver oportunidade, faça isso — especialmente hoje em dia que RPG é bem mais popular. Vai mudar totalmente a percepção deles e a sua do jogo. Recomendo!
A parte boa: agora a mãe sou eu!
Muita gente larga o RPG quando os filhos chegam. Mesmo que não seja uma escolha exatamente consciente, o roleplay com os amigos vai ficando de lado. Uma sessão é pulada, depois outra desmarcada e quando você dá por si, não rola um mísero dadinho há meses. Isso é natural, porque, pense comigo: se toda a vida mudou com a chegada do bebê, a relação com o tempo e com os hobbies também vai mudar. Só que mudar é diferente de abandonar.
Assim, eu digo e repito: não largue o que você gosta e te faz feliz. Insista, porque vai valer a pena. Muito!
O início é meio esquisito. Você se sente um pouco deslocada em uma mesa, já que a sua atenção nunca está 100% no jogo. Mesmo que alguém esteja cuidando da criança pra que a partida role mais tranquila, uma parte do seu pensamento SEMPRE está ligada no filhote. A nível subconsciente, a mãe nunca para de se preocupar.
Sim, caro amigo, mesmo você tendo 30 anos e morando fora do país, uma parte da sua mãe está constantemente ligada em você e se perguntando se você está bem. É quase como respirar, você não nota a maior parte do tempo, mas faz o tempo inteiro.
Mas isso não é impedimento para que a mãe se divirta. Quando se ganha o bilhete para esse clube tão comentado da maternidade, um novo mundo se abre — o que não quer dizer que o antigo se feche. Muitas mães recentes são excluídas pelos amigos e colegas de jogo, que assumem coisas como “para não incomodar”, “ela não vai querer”, entre outras.
Se você é mãe, não deixe ninguém tomar decisões por você. Jogue, mestre, escreva… a vida ainda é sua. E deixe bem claro para os seus colegas de jogo e amigos — em letras garrafais, se necessário — que você ainda é a mesma pessoa de antes do seu bebê nascer.
Se você é parte do grupo de jogo com uma recém-mãe, ou quer convidar alguém que tenha filhos para jogar com você, não assuma nada. Só pergunte. Se o horário, o momento forem inconvenientes ou se ela simplesmente não estiver a fim, vai deixar bem claro (esperamos).
Você é a mesma pessoa, só que agora é responsável por outra pessoa.
Mãe, seus gostos não mudaram automaticamente e nem você virou a sua mãe, ou sua avó, ou qualquer outra pessoa. Demais jogadores, sua amiga não foi metamorfoseada em um alienígena, é quem sempre foi… só tem uma novidade a mais!
Um bom grupo de amigos deveria saber dialogar e buscar acolher as mudanças para que todos continuem a se divertir juntos. Isso exige um pouco de paciência e adaptação, especialmente se a cria está presente — ou quando o jogo é online, que é a realidade vigente em tempos de pandemia — é quase certo que vai gerar interrupções, fazer algum barulho e tudo mais. Mas pense direitinho, toda sessão já passa por pausas (pra fazer a vaquinha do lanche, porque alguém conta uma piada, porque toca a campainha lá fora…). E no fim das contas, é um preço pequeno a se pagar pra voltar com a diversão toda, né?
Joguem mais. Joguem sempre.
E sempre busquem apoio de seus iguais. Tenho certeza que há muito mais mães RPGistas além de mim por aí, ávidas pra jogar!
Você é uma mãe RPGista? Conte um pouco da sua experiência para nós aí nos comentários. E feliz Dia das Mães!
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