Categoria:Em nome da Rosa: Blue Rose RPG

Em nome da Rosa — Recompensando suas personagens

Itens mágicos espalhados em uma mesa. Um pote de vidro com líquido verde, um colar de brilhante azul. Uma algibeira esverdeada e um colar com um escaravelho dourado.

No final de uma aventura, é comum termos a seguinte pergunta: “Então mestra, a gente upou?”. Ou até mesmo “Quanto de gold ficou para cada?”. Recompensar suas personagens com dinheiro ou evolução na ficha é algo bem comum nos RPGs, mas nem sempre isso será o suficiente. Por que derrotar um demônio por um punhado de dinheiro apenas?

Um título, artefato ou uma mudança significativa de status podem ser muito mais interessantes, e até mesmo criar ganchos para novas narrativas em suas mesas. E Blue Rose RPG está cheio de dicas e opções de como recompensar suas jogadoras de forma personalizada e criativa!
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Em nome da Rosa — Contos Românticos: Pequena Rosa Pálida

Papel com textura de pergaminho, com moldura antiga de espelho dourado e duas rosas esmaecidas no fundo

Pequena Rosa Pálida é uma Aventura dividida em duas partes, uma clássica história de amor e tragédia que se passa principalmente em Aldis. Contudo, o decorrer da história nos próximos capítulos, os levará para outros pontos do mundo de Aldea.

A ideia é que seja de dificuldade Moderada, sendo uma introdução a Blue Rose como um todo. Porém, não se acanhe em adaptar, mudar ou até mesmo reescrever caso ache necessário para suas sessões, cada mesa de jogo funciona de forma diferente.

Essa aventura inicia no nível 4 e recomenda que os personagem subam para o nível 5 ao final dela. Os personagens são livres para não se envolverem mais com o problema no final da história, mas ainda existem muitos mistérios a se resolver (mais…)

Em nome da Rosa: Personagens e Ganchos (1)

close em braço de madeira de alaúde, mostrando as borboletas de afinação

Desde o lançamento de Blue Rose, venho pensando e criando NPCs e PJs que possam se envolver em toda a trama política do cenário. Assim, aqui vão dois personagens diretamente ligados com o mundo de Aldea, podem estar em qualquer lugar do Reino da Rosa Azul e Além. Não possuem ficha, para serem genéricos o suficiente para que se encaixem na sua Série de Blue Rose, ou até mesmo em outros sistemas. Com uma descrição, história e os tipos de aventuras que normalmente se envolveriam ou contratariam as personagens

Por serem tão íntimos ao sistema, muitos dos termos aqui usados podem não ser familiares para leitores de primeira viagem, mas tudo é encontrado e explicado no livro básico de Blue Rose

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Em nome da Rosa — Manifesto de Orgulho e Identidade

Rose azul em estilo de pintura aquarela

Com o lançamento de Blue Rose, tivemos uma mesa curta com as pessoas que participaram da adaptação em português do sistema. Buquê de Espinhos teve apenas três episódios, e no primeiro existe uma cena que Elegor, personagem de Thiago Rosa,  conversa com um cocheiro e o trata por pronomes masculinos. Quando em um determinado momento essa pessoa se trata no feminino, Elegor pede desculpas e recebe a seguinte resposta: “Não importa”.

Diversas vezes Blue Rose separa pequenas seções em conversas sobre inclusão. Nenhum povo é maligno, não existe essa predestinação, cada indivíduo tem sua própria vontade e formas de agir. É injusto acreditar que um Noturno é apenas uma criatura bruta e burra que vai agir pelos músculos. Afinal, sua representação no capítulo das raças é uma família segurando um bebê.

Em outros momentos, diz sobre o quanto é necessário definir a sexualidade e gênero de sua personagem. Possuindo até mesmo palavras para identidades que conhecemos no mundo real. Como laevvel que se refere a Pessoas Não Binárias, ou caria daunen, para pessoas que se atraem por outras do mesmo sexo.

Preconceitos e discriminação são para os inimigos a serem combatidos, ou ignorantes que ainda não compreendem a pluralidade do mundo. Algo reiterado diversas vezes durante todo o texto sobre ambientação e criação de personagens.

Assim, o “Não Importa” soa diferente. Essa frase é utilizada em um contexto específico, mas em outra perspectiva, ganha impacto fora do ambiente de jogo. Você importa, o que dizem sobre você, não.

Infelizmente, a vida não é tão romântica e receptiva quanto o Reino da Rosa Azul, mas é tão diversa quanto. Esse artigo sairá durante o Mês do Orgulho LGBTQIAP+, uma época marcada pela reafirmação de nossa identidade, mas que não foi escolhida à toa. Aqui também lembramos das pessoas que vieram antes e lutaram pela causa.

O Mês do Orgulho LGBTQIAP+

 A Revolta de Stonewall ocorreu neste mês, quando as leis homofóbicas dos Estados Unidos permitiam o abuso de poder dos policiais, que resultou em um conflito que durou uma madrugada. Marsha P. Johnson, uma mulher trans preta e ativista, se tornou símbolo de resistência para muitos de nós, contestando uma sociedade que a excluía.

No Brasil, inclusive, tivemos nossa própria manifestação. Além da “Marcha Gay”, que acontece sempre nos dias 10 e 11 de Junho, houve o levante do Ferro’s bar, impulsionado pelo movimento lésbico e movimento feminista.

Pode parecer desconexo com o tema central da coluna, mas é dificil ler Blue Rose sendo uma pessoa Não Binária e Pansexual, no mês do orgulho, e não associar os temas do jogo com todas as questões, bandeiras, toda a luta que vem ocorrendo muito antes de nós. É um sistema de 2005, com sua segunda edição em 2017, e se mantém muito atual.

E mesmo que não seja intencional, Blue Rose é uma Fantasia Romântica, um gênero literário escrito principalmente por mulheres, muitas dessas ativistas do movimento feminista. Querendo ou não, a Rosa Azul nos abraça, o livro o tempo todo está se comunicando sobre a importância da pluralidade.

E não é apenas uma questão de autores queer escrevendo para o hobby, mas a cada dia que se passa, a comunidade cresce, pessoas LGBTQIAP+ formam uma grande parcela. Com folga, os eventos de RPG atualmente partilham de maior diversidade do que nos anos 90 — e alguns poucos teimam em dizer que foi a “época de ouro do rpg”.

Existe a preocupação de abraçar o público, de acolher e criar espaços seguros, e isso parte desde os livros básicos. O papel social do RPG moderno é justamente acolher aquelas pessoas que foram excluídas do próprio círculo.  Reafirmar identidades e ainda mais, garantir segurança para quem joga.

Assim, pessoas Bi e Pan não estão confusas, pessoas Gays e Lésbicas não estão apenas em “uma fase”, pessoas Trans não lhe devem “passabilidade”. Em suma, o que buscamos, seja no jogo, seja na vida cotidiana, não é apenas o respeito — isso é o mínimo —, mas o direito de existir, como indivíduo, e de importar.

Em nome da Rosa: Criando sua Personagem Heroica

Dois persongens Vasta em pé, tendo no fundo uma grande cidade com abóbada de bronze

O sistema AGE é bem difundido pela cena do RPG, mesmo assim, com cada jogo sendo lançado, novas jogadoras se interessam nele. Em Blue Rose não é diferente e por isso vamos entender melhor o passo a passo de como montar sua Personagem Heroica. Esse é um resumo do passo a passo encontrado no capitulo de criação de personagens do livro, assim, para mais detalhes, você pode comprá-lo no site da Jambô.

Quem é você?

Um dos primeiros tópicos para qualquer ficha de RPG é o conceito de seu personagem, os motivos dele querer se aventurar e ser quem é. Em Blue Rose não é diferente, e incentiva essa criação. Seu personagem é um nobre? pertence a Aldis ou de algum reino diferente? Ele pertence a um povo específico? O que sabe fazer? O que não sabe?

Aqui temos Berenice Widowghast, um Vata — uma raça que descende dos Vatazin, e são tocadas pelo arcano — que nasceu no reino Aldis, e aspira ascender à nobreza através do Teste do Cetro. Ele pertence aos Vagantes, uma nação nômade que também povoa o Reino da Rosa Azul, e sua maior especialidade é o arcanismo e a palavra.

Como se apresenta?

Agora que temos um breve resumo de quem é nosso personagem, vamos traduzir isso em números para a ficha. Blue Rose trabalha com nove habilidades, semelhantes ao sistema de Atributos dos D20, que em geral, são autoexplicativos em sua função. Para decidir seu valor, rolamos 3d6 ou por compra de pontos. Decidimos usar rolagem, e por isso, ficamos com: 7/6/9/13/10/12/6/12/9. Esses resultados, na verdade, significam os Valores Iniciais encontrados na tabela Determinando Habilidades.

Assim, em vez dos valores cheios, temos 0/0/1/2/1/2/0/2/1. E por sermos Vata, precisamos decidir algumas coisas antes de aplicar as habilidades. Se seremos Vata’sha, os “sombrios” ou Vata’an, os “verdadeiros”. Berenice será Vata’sha. Além disso, podemos escolher dois benefícios, sendo nesse caso +1 em Comunicação e Foco Inteligência (Conhecimento Cultural) — o que seria próximo ao que conhecemos como Perícia em outros sistemas..

Nossa distribuição final ficará:

Combate: 0 Comunicação: 2 Constituição: 1 Destreza: 0 Força: 0 Inteligencia: 2 Percepção: 2 Precisão: Vontade: 1

Aonde você pertence?

Aqui voltaremos ao primeiro tópico. Vagantes podem ser um povo nômade, mas também podem pertencer a determinados clãs existentes em Aldis, mas este não é o caso de Berenice, por isso, seu Antecedente, aquilo que representa sua origem, será Vagante e não Jarzoni, Aldino ou Rezeano. Assim recebemos um Foco da lista e os idiomas. Aqui escolhemos Foco Comunicação (Barganha) e recebemos Faento, o idioma Vagante, e Aldino, o idioma do reino.

Também não podemos esquecer de anotar nossas capacidades como Vata, essas são um tanto extensas, e modificam outros pontos de seu personagem, portanto vale uma passagem rápida aqui:

  • Para quesitos de recuperação de vida, somos considerados 2 pontos acima da nossa constituição.
  • Nosso deslocamento é 10+destreza, nesse caso, apenas 10 quadrado
  • Ganhamos grau novato em 1 talento arcano da lista, escolhido foi Mediativo

Como Vata’sha também recebemos Visão no escuro e luz brilhante nos cega por 1 rodada quando somos expostos a primeira vez a ela.

O que sabe fazer?

Berenice é, de certo, um diplomata prodigioso, mas ele não possui apenas uma língua de prata, ele sabe se cuidar nas situações mais perigosas, sem se expor muito, e ainda sair por cima. Ainda sim, é um personagem de primeiro nível, ainda não possui muitas habilidades, e vem aprendendo a magia aos poucos.

Nossa classe será Adepto, e como informações básicas da classe, conseguimos usar Bastões como arma, 20+constituição+1d6 pontos de vida, dando um total de 24 pontos. E recebemos também alguns talentos:

  • Um Talento arcano da lista: Treinamento Arcano.
  • Canalização Arcana: Podemos usar Façanhas arcanas por 1 ponto em vez de 2, e ao usar a façanha Canalização Poderosa, ela é considerada 1PF a mais do gasto.
  • Um Talento Inicial da lista: Conhecimento.

Lendo as letras miúdas

A princípio, nossa ficha está pronta, mas é importante notar alguns fatores. O primeiro deles é que nosso personagem tem dois Talentos Arcanos de grau Novato, um por Raça e um pela classe Adepto. Mediativo e Treinamento Arcano nos dão acesso a magias diferentes, e em ambos, de suporte e utilidade, não um ataque direto ao oponente. Mais sobre elas estarão descritas no capítulo de talentos e de magias.

Outro ponto importante é: Berenice é um personagem pensando totalmente para encontros sociais, não tem proficiências em combate direto, e evita isso ao máximo, sendo um diplomata. Sua origem Vagante permitiu conhecer muito do reino, possui assim contatos em vários pontos, em clãs e famílias diferentes.

Por fim, decida sexualidade, aparência, gênero e pronomes de sua personagem. Pode até não parecer importante, mas esses são assuntos abordados em Blue Rose, e possuem até uma seção mostrando o vocabulário próprio para o cenário. Aqui, não desenvolvi muito, mas deixei claro que Berenice, mesmo com o nome “feminino”, utiliza pronomes masculinos.

Em nome da Rosa — Apresentando: Blue Rose

Imagem de Blue Rose RPG. Uma barda em pé tocando violino, cerca de pessoas sentadas acariciando gatos.

Finalmente Blue Rose chega ao Brasil. Mostrando uma forma diferente de se pensar a fantasia medieval, o rpg traz o romantismo característico de autores como Julia Quinn e põe as personagens no mundo maravilhoso e cheio de perigos das histórias clássicas. Esqueça as grandes batalhas, e venha para os dramas de corte e o jogo político do mais novo lançamento da Jambô Editora!

Raízes da Fantasia Romântica

Acredito que a forma mais fácil de se apresentar esse gênero é fazer a comparação mais óbvia: Imagine a trama de Orgulho e Preconceito na Terra Média, Arton, ou qualquer cenário medieval fantástico favorito. Porém, isso não resume a grandeza e as diferenças para o mundo de Aldea.

Aqui houve uma guerra, tiranos derrubados, mas a guerra em si não é o foco da história, mas suas consequências. Como o mundo abraçou os refugiados, como Aldis — o reino da Rosa Azul — se empenhou em reestruturar as nações. A política interna e externa se torna o alvo da trama principal.

Relacionamentos, o jogo da corte, a sexualidade, questões de gênero e raça. Esses são os pontos explorados no romance, com o verniz da magia e do deslumbramento. Aqui não temos elfos, orcs e anões, mas seres fantásticos novos, mais abrangentes até. Um escopo muito comum nesses cenários é de animais sencientes, não bípedes, mas iguais ao seu cachorro ou gato.

Inclusive, o próprio livro cita autoras desse gênero para conhecer e criar suas “séries”, ambientando melhor a leitora, já que a fantasia romântica é pouco conhecida pelo público geral.

O mundo da Rosa Azul

Falando diretamente sobre o cenário, Blue Rose não te prende a um reino específico. Claro, Aldis é a região central, onde a maior parte do romance acontece, mas é muito possível jogar em todas as outras partes do mundo de Aldea. Cada um com suas características específicas, como Kern que ainda é regida por tiranos escravagistas e um povo que busca se libertar, e o Matriarcado de Lar’tya uma região onde as mulheres assumem os maiores postos e responsabilidades de sua sociedade.

Agora, sobre Aldis, um dos pontos mais interessantes é sua diversidade. Todo tipo de pessoa e cultura é aceita no reino, que escolhe seus nobres e regentes julgando a pureza dos desejos de seu coração, de uma forma literal. Existe uma preocupação de não repetir os erros que levaram às guerras do passado e de promover inclusão.

É bom citar que existem nomenclaturas diferentes, para, por exemplo, pessoas não-binárias, laevvel. Para mim, como uma pessoa trans, é gratificante ver o trabalho e cuidado que Blue Rose tem em acolher e conversar diretamente com essas minorias. Como o próprio livro diz, essas questões não são empecilhos, e quem propaga preconceitos ou percebe seus erros, ou são vilões a serem derrotados.

As pétalas do Sistema AGE

Como muitos RPGs atuais, Blue Rose utiliza o Sistema AGE. Ou seja, role três dados — um tendo cor diferente — some os valores com as habilidades referentes e atinja um número alvo. Dados iguais geram pontos de Façanha, e sua quantidade é definida por esse terceiro dado, em Blue Rose chamado Dado de Drama.

Tendo esse pequeno resumo, fica muito mais fácil entender como o jogo funciona. Sabendo que se propõe a tramas de intrigas políticas, drama palaciano e romance exagerado, as regras simplificadas agregam na jogatina e geram maior controle da cena para as jogadoras.

Além das novas opções para criação de personagens, Blue Rose RPG traz o Dado de Drama — citado anteriormente —  e a Convicção. O primeiro é um mediador, serve para desempates de resultado, saber quantos Pontos de Façanha conseguiu e como um termômetro para se saber o quão bom foi o sucesso, saber se foi na risca, ou uma ação primorosa.

Já a Convicção é algo que se tem desde a criação de personagens, e demonstra a força de vontade de sua personagem. Começando em 3 e aumentando por patamar e serve para ações especiais de uma breve tabela, como, por exemplo, sobreviver a uma morte certa, rolar novamente o teste, e outros usos criativos.

Considerações

Blue Rose é um dos sistemas que mais me tem cativado atualmente. Quanto mais eu leio, mais quero falar, escrever e criar sobre o RPG. É legal como a comunidade tem abraçado e buscado saber mais sobre o jogo, principalmente com as mesas surgindo.

Na própria Twitch da Jambô Editora está acontecendo a série Buquê de Espinhos, disponível também no youtube da editora onde uma parte da equipe de edição e tradução está jogando, apresentando Blue Rose na prática.

Além do mais, essa nova coluna será dedicada ao sistema, debatendo ele com um todo e produzindo material para suas mesas de jogo. Assim, todo mês, sairá alguma coisa nova sobre o mundo romântico de Aldea — que eu quero muito arrumar uma mesa pra jogar.