A Jornada da Mestra – Use os jogadores a seu favor
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Dificuldades para pensar num desafio? Está suando porque não faz ideia de como montar aquela dungeon? Que monstro escolher para fazer da vida dos jogadores um inferno? Um Carrasco de Lena ou o clássico dragão furioso? Seus problemas acabaram! Ou pelo menos vim torná-los menos complicados.
A dica de hoje é: saiba todas as capacidades, fraquezas e gostos dos personagens e conheça bem seus jogadores!
Oxe, mas como assim?
Ora, você não vai dar um enigma para o bárbaro resolver com toda sua genialidade e -2 em Inteligência. Não vai pedir para o mago, com seus cambitos mágicos, levantar uma rocha.
Torne os personagens úteis
Quando preparar qualquer situação, sempre consulte a ficha dos personagens. Além de facilitar sua vida, porque, sabendo as características de cada um, você ganha um norte para direcionar a situação, isso dará aos jogadores a sensação de que o que eles possuem de características, talentos, poderes e etc. é eficiente.
O mago pegou a magia de queda suave? Jogue todo mundo num abismo. O bárbaro está com +7 em Força? Faça-o socar uma rocha a qual impede uma passagem. O clérigo está se mordendo para usar expulsar mortos-vivos? Faça o grupo atravessar um cemitério amaldiçoado.
Essa sensação de utilidade pela característica escolhida também afeta o jogador como um todo. Sentindo-se útil, ele continua engajado no jogo. É muito frustrante você escolher algo, ou montar uma determinada build, mas não utilizá-la em momento algum na aventura – um pequeno adendo: a frustração não é inimiga e pode ser usada para engajar os jogadores, mas isso é papo para outro momento.
Como mestre, crie situações nas quais os personagens possam explorar as capacidades e fraquezas uns dos outros, pois o RPG é jogado em time. É sempre divertido ver um personagem suprir a fraqueza de outro porque isso também ajuda no entrosamento do grupo e também desenvolve os papéis de cada um dentro do grupo.
Não que alguém não possa fazer algo, contudo, é mais fácil o ladino entrar furtivo no castelo que o paladino com a armadura da geladeira tsunami – embora isso seja difícil, essa também é a beleza do RPG já que pode acontecer.
Explore a individualidade dos jogadores
As pessoas possuem gostos diferentes e isso é visível nos próprios personagens. Existem jogadores que preferem explorar os horizontes e criam personagens muito distintos para cada mesa, por outro lado, existem aqueles os quais preferem a zona de conforto. De uma maneira ou outra, tenha em mente que você como mestre lidará com diferentes tipos de jogadores.
Nossa, mas eu nunca ouvi falar disso!
No livro básico de Tormenta20 na página 250 do capítulo “O Mestre” há uma nota sobre isso e eu recomendo muito a leitura. Sim, dizer “tipos de jogadores” soa redutivo, mas usarei o termo para distinguir as diferentes preferências de cada jogador.
Em suma, existem os jogadores fofoqueiros (os quais darão mais atenção à história), aqueles que preferem a otimização das regras (os combeiros safados), os mais teatrais (fanfiqueiros e bardos trambiqueiros dando a vida para romancear do dragão) e os que estão ali pela resenha.
Aliás, importante ressaltar que um não exclui o outro. Podemos gostar de muitas coisas ao mesmo tempo, mudar de preferência quando quisermos ou testarmos diferentes composições de personagens quando der na telha. E está tudo bem preferir um ao invés de outro, o importante é não achar que suas preferências vão ditar o ritmo da mesa porque o coleguinha ao lado existe e ele também merece amor.
Meu conselho como mestre é prestar atenção nessas preferências a fim de entender o que o cada jogador construiu com o objetivo de tornar o jogo mais divertido para todos.
Faça cenas de investigação e exploração para o jogador fofoqueiro (eu), crie combates desafiadores para o combeiro (sem deixar que ele tome a mesa para si), promova cenas dramáticas para o aspirante a ator e incentive momentos de descontração sem transformar a mesa na casa da mãe Joana.
Seja maligno, use tudo a seu favor
Não apenas a seu favor, mas também contra eles mesmos.
[risada diabólica, mas sempre com amor]
Um dos jogadores adora dragões? Vai dentro. Outro quer bater na Tormenta? Chuva de lefeu na cabeça dele então. Se você não souber o que fazer os próprios jogadores (sem querer) podem, e irão, te dar ideias.
Por último, mas não menos importante: pense nas suas próprias preferências. Gosta de ver os jogadores se degladiando num enigma? Lasque enigma. Gosta de uns golens bolados? Bata nos aventureiros com eles. O céu é o limite e o mestre também merece se divertir, mantenha isso em mente. Salpicar o mundo com seus gostos pessoais não apenas torna o jogo mais legal para você, mas também o deixa mais único.
Lembre-se também: o importante é se divertir, se todos estão felizes, tudo está nos conformes.
E com Azgher fritando nossos miolos, não se esqueça de beber água e comer frutas!
Até a próxima!
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