A Jornada da Mestra – Os primeiros desafios

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Olá, queridos companheiros de aventura! Dando continuidade a nossa saga pela arte obscura de mestrar RPG, hoje exploraremos a parte mais prática da coisa. Se você caiu aqui de paraquedas, saiba que nós já conversamos sobre o que é a figura enigmática do mestre e sobre as motivações para começar essa jornada.
Hoje exploraremos os primeiros passos do básico: o que você quer jogar e por onde começar.
Vem comigo!
Que tipo de jogo você quer mestrar?
Antes de tudo, se faça essa pergunta. Talvez ela seja a mais importante — até porque ninguém quer participar de algo que não gosta, não é? O mestre é um jogador como qualquer outro, portanto lembre-se do que já conversamos: se alguém não está se divertindo, há algo de errado.
Você precisa sentir prazer em mestrar. Logo, é bom começar pelo o que você gostaria de jogar.
Primeiro escolha uma temática, ou gênero, para a história que você pretende construir. Pense no que você gosta dentre filmes, séries, animes, quadrinhos etc.
Alta fantasia? Horror? Steampunk? Solarpunk? Afrofuturismo? Velho Oeste? A Grande Família?
Você quer contar uma história sobre heróis épicos com muita espadinha e bola de fogo, ou quer fazer os jogadores arrepiarem os cabelinhos da bunda com muito terror? Você quer se aventurar no espaço, num futuro super tecnológico dominado por megacorporações, ou num mundo devastado por zumbis? Talvez mestrar uma aventura sobre vampiros e lobisomens? Sobre super-heróis ou no estilo shonen porradinha?
Como ponto de partida, usar algo com o qual você já esteja familiarizado, facilitará a sua vida.
O monstro das regras
Você também precisa escolher um sistema, porque é ele que dá corpo ao jogo através de regras e mecânicas. Elas determinam o que cada personagem pode ou não fazer, suas habilidades, poderes, ações etc. Às vezes elas podem ser complicadas, eu sei, porém são elas que dão concretude à temática escolhida.
Um sistema com foco em combates terá regras mais refinadas para tal, logo pode não ser a melhor das escolhas se você pretende mestrar algo com uma narração mais complexa ou uma investigação mais robusta. Um sistema que emula o fantástico medieval não emulará bem um universo espacial, porque são duas coisas bem diferentes.
Por exemplo, num sistema espacial você pode precisar de uma regra para hackear algo que um sistema de fantasia medieval não dará.
É claro, você pode jogar a temática que quiser com o sistema que desejar, adaptando-se às necessidades. Ninguém obrigará você a nada. Contudo, tenha em mente que as regras ajudam a caracterizar a proposta e a temática do jogo.
Portanto, pense bem no seu foco (investigação, combate, narração etc.) e tente encontrar o que se encaixa melhor naquilo que você e seu grupo estão buscando. Se você quer mestrar com uma narrativa profunda e complexa, escolha um sistema mais narrativista. Se deseja focar no combate, escolha algo com uma pegada mais tática. O mesmo vale para investigação, terror, sobrevivência etc.
Escolha uma temática agradável e um sistema que cubra suas expectativas em relação a isso. E, por fim, lembre-se: as regras não são uma jaula, você pode mudá-las quando achar necessário.
Caso esteja interessado em fantasia medieval, fica aqui o convite para conhecer o Kit Introdutório de Tormenta20, no qual você encontra de graça todo o necessário para começar a mestrar Tormenta20.
Para mestrar é necessário ler
Pode parecer bobo, mas é importante frisar que o livro precisa ser lido, porque é através dele que você absorve as informações necessárias para conduzir o jogo. Por outro lado, não se preocupe em ter tudo na ponta da língua. Ninguém sabe todas as regras de um sistema de cabeça. Dessa forma, leia o livro para se familiarizar com ele, preste atenção na proposta do sistema e no seu funcionamento básico.
Também é uma boa ideia fazer anotações e marcações do que achar pertinente.
Após essa leitura, o livro servirá como suporte de consulta para você encontrar informações. Logo, o índice remissivo e o sumário serão seus melhores amigos. Tenha o livro sempre próximo a você. Na edição digital, a coisa até melhora: dê apenas um CTRL+F no arquivo e seja feliz.
Com o tempo, você pode até decorar as páginas de onde está cada coisa — relato baseado em fatos reais.
Cenários e aventuras
Você também precisa definir um cenário, que nada mais é que o mundo fictício onde sua história acontecerá. Ele é constituído por locais, eventos, personagens, criaturas, uma história própria de fundação etc. Pode ser um mundo complexo com continentes e tudo o que você tem direito, mas também algo mais simples como uma cidade, uma nave espacial ou outro local mais conciso.
O caminho menos complicado é optar por usar algo já existente, às vezes já proposto pelo próprio sistema, já que isso poupa você do trabalho de criar algo do 0. Mas sinta-se livre para deixar a imaginação voar! Conversaremos mais sobre a criação de mundo num artigo futuro.
Decidido o cenário, você precisa definir se deseja mestrar uma aventura (curta ou longa) ou uma campanha.
Uma aventura é uma história. Pense nela como um capítulo de um livro ou um episódio de uma série. Ela pode ser curta, durando de uma (chamada de one-shot) a três sessões. Ou longa, durando quatro ou mais sessões — os números são apenas uma estimativa, ok? Já uma campanha seria um conjunto de aventuras as quais se interligam para contar uma narrativa maior.
Assim como o cenário, você pode criá-las ou utilizar coisas já prontas.
No Kit Introdutório de Tormenta20, há uma aventura para você começar e também existem outras no livro Só Aventuras, além do conteúdo mensal da Dragão Brasil. Se preferir algo mais longo, há o Coração de Rubi, Fim dos Tempos: Arco I e Duelo de Dragões.
Além disso, caso a grana esteja curta, existe muita coisa gratuita e feita pela comunidade disponível na internet. Porém, se puder, você pode encontrar muita coisa interessante no Catarse, no Apoia.se ou na Iniciativa20, por exemplo. Você encontra tanto conteúdo para cenários específicos, quanto para novos cenários e sistemas.
A sessão 0
Antes de começar a jogatina, sugiro realizar uma sessão 0.
Mas o que diabos é isso?
Você pode ler melhor sobre isso aqui, mas, em resumo, a sessão 0 é um encontro que ocorre antes de iniciarmos o jogo. Ela serve para ajudar a criar as bases de tudo e para alinhar as expectativas de todos. Nela você apresenta sua proposta e as ideias iniciais, os temas que pretende trabalhar, como você gosta de mestrar e levanta questões sobre o jogo.
- Quando e onde acontecerão as sessões?
- Será uma campanha longa ou uma aventura curta?
- O foco será na narrativa e no desenvolvimento de personagem, no combate ou será um meio-termo?
- Intriga política? Porradaria desenfreada?
- Quais temas serão abordados ao longo da história?
- O grupo já vai se conhecer?
Lembra que conversamos sobre o que você gosta? Então, a sessão zero também serve para perguntar aos jogadores sobre o que eles gostam e o que os diverte.
- Quais são as expectativas dos jogadores quanto ao jogo?
- Quais são as ideias de personagem? Para onde eles vão? Como inseri-los no mundo?
- O cada um mais gosta quando se trata de RPG?
Essas são apenas algumas perguntas, você sempre pode inventar mais! Além disso, essa também é a hora de conversar sobre temas sensíveis e os limites de cada um, afinal, ninguém quer se sentir desconfortável enquanto está se divertindo.
Ferramentas para mestrar RPG
Não sabe onde guardar todas as suas anotações? Não sabe como mostrar aos jogadores aquelas imagens lindas que você passou três horas procurando no Pinterest? Seu grupo está espalhado pelos 4 cantos do Brasil?
Para o bem ou para o mal, com o grande advento da internet, hoje as coisas estão mais simplificadas. Uma conta no Discord e um bot de rolagem de dados já resolvem metade dos seus problemas.
Quer algo um pouco mais robusto? Existem sites que ajudam você a compilar mapas de batalha, imagens, fichas e anotações, como o Roll20 e o Foundry.
Para organizar suas anotações, você pode usar aplicativos como o Evernote ou o Notion. Contudo, se preferir, o próprio Google Docs já é o suficiente, assim como o bom e velho caderno físico.
Quer colocar música nas sessões? Bardfy. Precisa de um site apenas para mostrar seus belos mapas de batalha? Owlbear.
Existem centenas de ferramentas espalhadas por aí para facilitar sua vida. Use-as com sabedoria, jovem padawan.
O fim da primeira jornada
Os primeiros passos para mestrar RPG são tão simples quanto bater em slimes: escolher uma temática interessante, um sistema que cumpra com as expectativas, ler o livro e conversar com seus amigos sobre o jogo. Tudo tranquilo!
No mês que vem conversaremos sobre preparar uma sessão. Como devo iniciar? Preparo muito ou pouco? E se os jogadores não seguirem o que eu preparei?
Não se esqueçam de comer frutas e beber água!
Até a próxima!
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