SAC Paranormal: Arrancando o braço do Arthur

SAC Paranormal: Arrancando o braço do Arthur

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Yo! Bem-vinde ao “SAC Paranormal: trazendo respostas do Paranormal para o Normal”!

Hoje, vamos abordar um assunto apontado por @lifelinhasrubro: DESMEMBRAMENTO!

ATENÇÃO! Antes de qualquer coisa, vamos destacar que esse é um tema sensível! A única intenção desse artigo é trazer um evento comum em jogos de ação e horror para mecânicas de jogo balanceadas. Esse tema não é uma brincadeira e pessoas que passaram por essa experiência traumática merecem todo o respeito e tratamento adequado!

Sofrer a perda de uma parte do corpo, em um jogo de RPG, não deve ser algo banal. É necessário trazer muita carga narrativa e mecânica para que o jogador absorva o evento, mas não se sinta injustiçado! Em Ordem Paranormal RPG, nos deparamos com vários desmembramentos como em “Arrancando o braço do Arthur” na famosa cena de “A Caverna – Episódio 13 – O Segredo na Floresta RPG”.

Neste artigo, vamos discutir como aplicar esses momentos extremos em suas mesas sem perder o controle da sessão e das regras!

O que é “horror corporal”?

Vamos começar esse SAC Paranormal do jeitinho que eu gosto! Falando primeiro sobre estrutura narrativa e a eficiência de um desmembramento para sua história!

Body horror (horror corporal) é um subgênero narrativo de terror/horror que apresenta intencionalmente destruições gráficas ou psicologicamente perturbadoras do corpo humano. Essas destruições podem ser resultado de mutações, mutilação, zumbificação, violência exacerbada, doenças ou movimentos não-naturais do corpo. A origem do horror corporal data desde a literatura gótica (Drácula, Frankenstein, Dorian Gray etc).

O sucesso de uma cena de horror corporal está diretamente relacionado com o espectador poder experimentar sentimentos de medo através do horror, uma relação que depende de empatia e imersão. “Eu quero sentir o gostinho de algo que não quero viver, mas quero saber como é em um ambiente controlado e seguro.”

Esses sentimentos são motivados pela própria curiosidade mórbida que nosso cérebro desenvolve naturalmente. Se o tema for abordado com o devido respeito, pode ser muito proveitoso para expressar arte e afetar o público sem gerar repulsa e ódio pelo que está sendo mostrado.

Narrando horror corporal

O Cabeludo acerta em cheio ao descrever a cena onde está arrancando o braço de Arthur, pelos seguintes motivos:

  • Ele coloca uma trilha sonora bem assustadora, com altos e baixos, e sua narração se intensifica quando a música sobe, mas ameniza quando a música diminui;
  • Em sua descrição, ele dá menos atenção para os detalhes nojentos e desconfortáveis, que acrescentam detalhes gráficos, mas não passam nada além de “nojeira” para quem nunca passou por tamanho horror na vida real;
  • Ele dá muito mais atenção em sua descrição para os sentimentos de Arthur, a ausência de dor, a visão escurecendo, o gritos ao redor. É muito mais sobre o que Arthur está sentindo e não sobre o que todos estão vendo;
  • Ele brinca com a expectativa, criando a falsa sensação de que Arthur vai morrer, para só depois descrever o arrancar grosseiro e violento do braço.

Não tenho o que acrescentar aqui. Tomando essas medidas como exemplo, focando no que a personagem está sentindo, jogando com a expectativa e usando a trilha sonora a seu favor, o narrador não precisa se preocupar em entender muito de biologia. A imaginação dos demais jogadores cuida do resto!

Mecânicas de desmembramento

Finalmente, vamos às regras deste SAC Paranormal!

Quando desmembrar?

Em Ordem Paranormal RPG, página 88, temos a regra Machucado que descreve: “Se estiver com metade ou menos de seus PV totais, você está machucado. Por si só, essa condição não causa penalidades, mas serve de pré-requisito para certas habilidades e efeitos.”

Se a própria criatura já não possui um ataque que cause desmembramento, eu levo em consideração a interpretação dessa regra. Se uma personagem com menos da metade dos PV está machucada, significa que metade dos PV é o limiar entre um corpo com bom desempenho e um corpo muito ferido.

Por isso, nas minhas mesas, sempre que uma personagem sofre dano igual ou maior do que metade dos seus PV de uma vez só, ela também sofrerá a perda de um membro.

A parte do corpo varia conforme a descrição do ataque, mas o clichê bem feito nunca falha (é por isso que se chama “clichê”), então tento me concentrar em pernas, pés, braços, mãos, olhos, orelhas e nariz.

O que a personagem sofre?

Em termos de regras, quando desmembro uma personagem, ela sofre os seguintes efeitos:

  • O membro decepado se torna inútil (eu sei que parece óbvio, mas calma).
  • Qualquer ação ou teste que a personagem tente realizar que dependa do membro perdido é impossível ou falha automaticamente (pular muito alto sem as pernas, por exemplo).
  • Qualquer ação ou teste que a personagem tente realizar que é possível, mas será prejudicado pela falta do membro, sofre penalidade de -1d20 (teste de Percepção sem um dos olhos, por exemplo).
  •  A personagem sofre a condição sangrando, mas se o estrago for muito grande (como a perda de uma perna na altura da coxa), eu aumento a DT para 25 e o dano para 2d6.
  • A personagem sofre as condições debilitado (pela dor e anestesia física) e alquebrado (pelo esforço do corpo sendo destinado a lidar com o ferimento grave). Essas condições só passam quando a personagem receber cuidados prolongados (veja perícia Medicina).
  • Na perda de grandes partes do corpo (mão, pé, perna e braço), os PV máximos da personagem caem pela metade. Ela terá os PV máximos de volta após superar o desmembramento com tratamentos fisioterapêuticos e/ou ocultistas.
  • A personagem perde 4d6 pontos de SAN pela experiência traumática que não podem ser evitados ou reduzidos por nada.

E assim, não vai ter jogador de RPG que não fique abalado com a perda que vai sofrer, sendo que todas elas fazem sentido, seguem mecânicas de jogo e combinam com Ordem Paranormal.

Considerações e despedidas

É isso! Aí está um artigo completinho para vocês aterrorizarem os combeiros na mesa! Sigo reunindo pedidos e dúvidas de vocês, então continuem enviando!

E então, você curtiu a proposta deste artigo? Pretende por em prática em suas missões ou campanhas? Conta pra gente aqui embaixo como foram experiências com desmembramentos em Ordem!

Dito isso, você pode ler mais ganchos de missões de Ordem Paranormal escritas por Diogo Almeida clicando aqui!

Até o próximo SAC Paranormal!