Balbúrdia Narrativa — Não Seja um Babaca: Dicas de convivência no RPG para jogadores empolgados
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Não é tão difícil de entender isso, eu sei, e também sei que você sabe. Porém, ao tratar do nosso bom e velho RPG de mesa, alguns jogadores tendem a ser tomados pela síndrome do protagonismo ou a abusar da desculpa de estar agindo sob a perspectiva do personagem, e tomar a liberdade de serem babacas. No meu último texto aqui do blog, escrevi sobre a importância do manual de RPG para definir limites mecânicos na “brincadeira de imaginação” que é esse hobby. Agora, quero falar sobre convivência no RPG e alguns limites um pouco mais subjetivos.
O protagonismo no RPG é coletivo!
Se você não está jogando um livro-jogo, onde joga sozinho uma história pré-definida que cerca seu personagem, provavelmente estará acompanhado de pelo menos mais dois ou três jogadores. Isso significa que todos fazem parte dessa trama, e todos são responsáveis por leva-la adiante. Ainda assim, não é incomum encontrar grupos onde um ou dois personagens acabam tomando a frente em todas as situações e tentam resolver tudo sozinhos, resumindo os demais em uma simples ficha e rolagens de dados em momentos específicos. Eu acredito que uma das funções do mestre seja a de instigar estes personagens-jogadores deixados no escanteio. Trazer alguma figura de seu passado para interagir com ele ou ela ou desenvolver uma cena importante em um momento em que esteja sozinho são boas opções. Porém, é essencial que todos os jogadores entendam a importância do protagonismo coletivo a todo momento.
Ei, bárbaro cheirando a suor vestindo uma tanga manchada de sangue, com penalidade em inteligência e carisma! Por que você está conversando com esta baronesa de maneira tão formal e cordial enquanto o seu parceiro, cavaleiro com conhecimento em etiqueta e aristocracia, está contando formigas ali atrás? Ah, é por que a jogadora é tímida? Então incentive-a, boa convivência no RPG também é lembrar que vocês são um time!
As ações de seu personagem também são suas
Você e seu grupo terminaram a masmorra depois de várias sessões de preparação, derrotando o vilão da campanha de maneira excepcional. Portanto, decidem comemorar torrando os espólios na taverna mais sofisticada da capital. Comem e bebem feito reis, menestréis sobem ao palco para entoar baladas sobre vossos feitos. Eis que, no ápice caloroso da noite, um dos personagens decide que é uma ótima ideia abaixar as calças e se esfregar despido nas pessoas ao redor. Não, meu amigo, pelo amor e ódio de cada deidade que já foi adorada na história da humanidade, isso não é uma boa ideia.
Um (des)exemplo
Esse exemplo que dei é um exagero de uma situação que eu quase presenciei em uma mesa. O jogador percebeu o incômodo do mestre e demais jogadores e fechou o cinto antes de agir. Porém, aqui vai um outro exemplo que não é exagerado e foi vivido por mim:
Um tempinho atrás joguei em uma comunidade com uns vinte jogadores, como uma pequena guilda exclusiva a conhecidos e amigos dos organizadores. Em algumas missões, um dos meus colegas de grupo foi um bardo descomedido, o típico artista que queria aparecer demais, porém, sem um pingo de bom senso ou moderação. Ressaltava a musculatura e virilidade do guerreiro, o calor e intensidade da cura da clériga. Sempre com uma forte conotação sexual. Fazia piadas sobre a velocidade do ladino…
O jogador se defendia com o mesmo velho argumento de que não era ele quem estava agindo, e sim o seu personagem. Mas não se esqueçam, rapaziada, que quem controla seu personagem é você. O objetivo do RPG é se divertir, e se o seu personagem age de maneira a deixar qualquer outra pessoa na mesa desconfortável, quem está causando o desconforto é você. Ou seja, você está sendo o babaca.
Tem mais alguma dica sobre como não ser um babaca na mesa? Compartilha com a gente nos comentários.
Para mais bons exemplos de convivência no RPG, você pode acompanhar Fim dos Tempos toda quinta-feira, às 20 horas, no Twitch da Jambô Editora
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