A Jornada da Mestra – Construa um mundo tão legal quanto você!
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Construção de mundo, ou worldbuilding para os gringos, é uma das minhas partes favoritas em mestrar. Sempre gosto de ver a exploração dos jogadores ou eles ignorando informações que voltam para morder a bunda deles. Mas, sobretudo, se divertindo ao desvendar os segredos espalhados por aí.
Elaborar um mundo inteiro requer certo esforço. São vários detalhes a se pensar, estratégias para despertar a curiosidade dos jogadores e etc, mas não é indispensável caso você não queira algo super complexo, ou apenas não esteja no clima para o trabalho. Pequenas regiões, cidades ou cenários pré-estabelecidos já ajudam muito. Ter um norte é menos complicado do que começar do zero, assim como criar espaços menores.
Mas qual o papo de hoje, hein?
Um pouco de tempero
O papo é sobre os necessários sal e pimenta para que a receita não fique com gosto de papelão, em especial, aquele “segredinho” culinário.
Numa conversa com alguns amigos, compartilhando o vícios de criar NPCs, comentei sobre como eu achava alguns elementos no D&D limitados. Muitas coisas poderiam ser resumidas em “essa raça aqui é toda x”, “esses daqui são todos y” e assim vai, reforçando alguns estereótipos nada legais.
Em certo momento do ano passado eu enjoei de jogar, achei que tinha saturado de RPG, mas percebi que eu havia cansado de D&D, na época sistema majoritário das mesas das quais eu participava. Hoje o D&D ainda é maioria, embora em menor quantidade, mas notei algo que me ajudou a encontrar o porquê de eu ter cansado de jogar.
Mas o que isso tem haver com as metáforas de comida?
Se várias mesas utilizam o mesmo sistema, seguindo à rigor os elementos propostos pelo cenário, algumas coisas vão se repetir e isso torna certas coisas previsíveis. Com o tempo, o jogador saberá o que esperar caso surja aquele NPC da raça X, na qual todos são uns desgraçados. Pode ser que role um metagaming por conta disso, mas isso não é problema meu porque já é uma conversa para outro artigo.
Deixar um pedacinho seu no mundo é o que o torna tão interessante. Uma vez participei de uma conversa com uma autora que disse que “original” remetia a “origem”, nesse caso a origem do autor. Isto é, o que torna sua história original é o que você põe de você nela. É o seu temperinho especial.
Esqueça o Sazon, colha algumas ervas
Coloque seu “segredinho”, o sal e a tormenta, digo, pimenta, no mundo que você quer construir. O mestre é um jogador e também merece um pouco de fanservice. Pode ser uma referência a um filme, a uma parte de um jogo, uma música, até mesmo a uma situação que todos tenham vivido juntos. Você não vai ser processado se adaptar aquela bossfight insana do Elden Ring para a sua mesa.
Às vezes não é necessário ser alguma referência, mas um item que você gostaria que existisse, um deus esquecido, uma montanha oca, qualquer coisa. O homebrew pode lavar almas – caso não saiba, homebrew é qualquer coisa não oficial do sistema, desde itens a monstros.
O fanservice é para todos. A minha mesa de Tormenta20 está recheada de referências às lendas arturianas e 90% dos jogadores não pegam algumas das menções mais obscuras. Nada que afete o entender e o caminhar da história, é claro – uma canalhice sem tamanho eles precisarem saber tudo o que eu sei, portanto não seja um canalha.
Existe uma coluna na Dragão Brasil que traz vários personagens da cultura pop como chefes de fase.
Se você e seus amigos estão se divertindo, sem impor uma vontade sobre a outra, está tudo bem. Dar vivacidade ao cenário é trabalhoso, mas não é enfrentar um Geraktril no nível 1 (coisas que já ocorreram). Deixa a criatividade rolar: coloque o The Rock no meio da campanha, faça seus jogadores encontrarem o Kratos no meio do caminho, jogue os personagens no meio da Uruguaiana em pleno verão no Rio de Janeiro.
O céu é o limite.
Tomem água, passem protetor solar e comam frutas.
Até a próxima!
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