Mesa Sonora — As Guitarras dos Deuses de Arton

Mesa Sonora — As Guitarras dos Deuses de Arton

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Todos nós temos momentos em que indagamos sobre os grandes mistérios da existência. As grandes dúvidas que permeiam todas as pessoas que ousam questionar o inquestionável. Você, que está lendo este texto, já se perguntou qual seria o modelo de guitarra favorito de cada deus do Panteão artoniano?

Não se desespere, estou aqui para sanar esta dúvida que todos os jogadores de Tormenta já se perguntaram (fonte: fiz uma pesquisa rápida comigo mesmo, e 100% dos entrevistados afirmaram já ter se perguntado isso antes).

Como de costume em meus artigos, há uma regra a ser usada aqui: só posso usar modelos de guitarra que são (ou ao menos já foram) disponibilizadas comercialmente pelas marcas que as produzem. Nada de guitarras ultrapersonalizadas ou feitas sob medida (exceto em casos de modelos signature de artistas, pois geralmente são vendidas para o público, claro). Com isso estabelecido, sigam-me!

As guitarras favoritas dos deuses de Arton

Aharadak — Solar X1.6 Canibalismo+

As guitarras Solar já são conhecidas por serem alguns dos instrumentos mais brutais em termos de sonoridade, mas a série Canibalismo leva isso ao nível visual também. A pintura é feita para imitar esguichos de sangue seco, num instrumento que é feito para gritar agressivamente. O modelo X evoca os perigos da Tempestade Rubra, em que cada objeto, até mesmo um inofensivo instrumento musical, pode ser perigoso ao toque. Não sei se Aharadak seria capaz de tocar, mas com certeza ele pode mandar fabricar um lefeu fritador sob encomenda para tirar o máximo dessa guitarra. Que tipo de música eles fariam é uma pergunta para o futuro…

Allihanna — B.C. Rich Mockingbird Legacy ST em Honey Burst

Além da óbvia referência no nome (mockingbird é um grupo de pássaro que inclui o sabiá-do-campo), a Mockingbird é uma guitarra muito bonita. As linhas parecem quase orgânicas, como que seguindo o fluxo natural da madeira, e a pintura cor-de-mel a deixa ainda mais interessante. Isso quer dizer que essa guitarra é para tocar folk? Ahahah! Só se for folk metal! A natureza pode ser bonita, mas não quer dizer que ela seja pacífica o tempo todo. Se você estiver tentando atravessar a Floresta de Tollon e começar a escutar sons de guitarra, pode esperar uma recepção não muito amistosa.

Arsenal — Gibson Explorer 70s em Preto

Existe instrumento mais adequado a um deus da guerra do que a Gibson Explorer? Uma das guitarras mais fundamentais do thrash metal (estilo bem agressivo e porradeiro de heavy metal. Pense em Metallica, Megadeth, Slayer, Sepultura…), ela exala agressividade no visual e no som. E eu escuto daqui você pensando que “mas tem guitarra com mais cara de violência do que essa…” e eu não vou discordar! Mas lembre-se: diferente de seu antecessor, Arsenal não é só violência. É eficiência e estratégia. Nada na Explorer dos anos 70 sobra, tudo é fácil de acessar e evidente. Arsenal tocaria essa guitarra usando palhetadas para baixo e economizando os movimentos das mãos, o que o tornaria capaz de seguir tocando a noite inteira e ainda tomar uma cervejinha de manhã cedo.

Azgher —Fender Stratocaster 50th Anniversary Edition em Aztec Gold

O deus-sol pode parecer meio monótono para alguns, mas ele está longe de não ser estiloso. A Fender Stratocaster clássica é o modelo de guitarra que “mais viu” a história do instrumento se desenrolar, perfeita para uma divindade vigilante. A pintura dourada é reluzente e eu nunca vi uma foto na internet que faz justiça ao quão bonita essa guitarra é pessoalmente. As ferragens também são douradas, afinal, “todo ouro pertence a Azgher”. O deus-sol seria capaz de dedilhar melodias em qualquer estilo com essa guitarra, mas desconfio que ele teria uma preferência especial pelo solo de November Rain, do Guns N’ Roses.

Hyninn —Guitarra do Guitar Hero toda gasta e possivelmente meio grudenta

Hyninn nunca aprendeu a tocar guitarra, mas ele é fera no Guitar Hero. E se você conversar com ele, será facilmente convencido de que as habilidades adquiridas no famoso jogo podem ser transferidas para o instrumento de verdade, e que ele já testou essa teoria na guitarra de um tio dele que toca em alguma banda famosa. Tudo mentira, claro, mas enquanto vocês discutiam, ele roubou sua carteira e ainda bateu um novo recorde naquela música do Dragonforce (Through the Fire and Flames, você sabe qual é).

Kallyadranoch — PRS Dragon 35th Anniversary Edition

Kallyadranoch aceita apenas os melhores e mais exclusivos instrumentos, por isso que uma guitarra limitada da PRS já seria ideal para ele. Ocorre que a PRS também tem uma série ainda mais limitada chamada Dragon, que volta de tempos em tempos para ocasiões especiais, sempre com um design novo no braço e no corpo, e em tiragem restrita a poucas unidades. Kallyadranoch tem pelo menos uma de cada edição, naturalmente, assim como uma coleção respeitável de amplificadores valvulados. O que quase ninguém sabe é que ele só consegue tocar o riff de Smoke on the Water.

Khalmyr — Gibson Flying V Custom Richie Faulkner Signature em Pelham Blue

Não deixem o visual te enganar. Khalmyr escolheu essa Flying V apenas por causa do design simétrico e da cor. Ele não é fã do artista que assina esse modelo (guitarrista do Judas Priest). Aliás, ele nem é fã de rock. Khalmyr usa esse belíssimo modelo para tocar seus hinos de louvores e músicas de adoração. Não há nada de errado com isso, obviamente, exceto que os louvores são a ele mesmo, o que é meio estranho. A alavanca na ponte da guitarra do deus da justiça foi imediatamente removida. Khalmyr não precisa dela, ele tem a hexatônica de blues ao seu lado (ele jamais tocaria escalas com números ímpares, claro).

Lena — Squier Stratocaster Hello Kitty

Cyndi Lauper sempre cantou que “garotas só querem se divertir”, e Lena leva isso muito a sério. A Squier Stratocaster com o desenho da gata mais famosa do mundo pode parecer mais um brinquedo do que um instrumento de verdade, mas eu ainda lembro de quando esse instrumento foi lançado, em 2005, e vi muito roqueiro cabeludo testando a guitarrinha rosa numa loja que ficava lá perto de casa. O som dela que ela produz definitivamente não é de brinquedo. Lena usaria para tocar os melhores temas de desenhos infantis que ela conhece, e seria incrível!

Lin-Wu — Gibson ES-335 1959 em Vintage Natural

O deus dragão de Tamu-ra é uma divindade de tradições antigas, que ao mesmo tempo em que aceitam as mudanças do mundo, nunca esquecem de seus valores. Talvez uma das guitarras mais icônicas e fundamentais da música mundial, a história da ES-335 se confunde com a história da guitarra elétrica e da música moderna. Sendo um modelo semiacústico, ela ainda carrega a tradição dos violões que inspiraram a criação das guitarras, e segue sendo a definição de “não se mexe no que não está quebrado”. Lin-Wu pode tocar o que quiser neste instrumento, mas desconfio que ele seria um grande fã do blues.

Marah —Gretsch G6136CST Custom Shop White Falcon

“Nossa, Lucky, mas que previsível a deusa da paz tocando uma guitarra branca”, é o que você talvez diria, se esta fosse uma guitarra branca qualquer. Mas a White Falcon é tudo, menos uma guitarra qualquer. A guitarra que foi criada originalmente como peça de demonstração para convenções atrai até hoje uma legião de admiradores (incluindo aquele rapaz lá que vocês talvez conheçam, o Leonel Caldela). Talvez o mundo possa ser um lugar melhor se tem gente capaz de colocar tanta beleza em um instrumento musical. Marah combinaria a White Falcon com um pedal de wah-wah para tocar funk dos anos 70 daqueles que incentivam a… aham… intimidade entre as pessoas… (e quem ocupa o sumo-sacerdócio da deusa receberia o título de Saxofonista de Marah, mas vocês não estão prontos para esse headlore)

Megalokk — Gibson Moderne

Eu já vi muita guitarra feia na minha vida, mas nenhuma me causa tanta estranheza quando a Gibson Moderne. O modelo tem uma história curiosa, tendo sido um protótipo feito nos anos 1950 de guitarras mais estilizadas (junto com a Flying V e a Explorer), mas não foi colocada em produção até os anos 1980. Os poucos protótipos eram caçados por colecionadores por sua raridade, tal qual aventureiros passam uma vida de treino para derrotar algum monstro muito poderoso. Até hoje é um modelo raro, sendo relançado de tempos em tempos em séries limitadas. A falta de beleza, combinada com a cobiça dos colecionadores me fazem pensar que esta é a guitarra perfeita para o deus dos monstros. Só falta ele aprender a tocar.

Nimb — Roland AX-Edge

“Ué, se usa com correia, não usa? Se coloca no ombro, não coloca? Eu seguro com uma mão enquanto a outra mexe os dedos, não é? Eu ligo nessa caixa e faz som, não faz? É guitarra!”. Nimb ainda não entendeu muito bem a ideia da guitarra, mas quem pode culpá-lo? Poucas coisas são tão legais quanto um músico tocando keytar no palco. Bem, talvez “poucas” não seja exatamente a palavra adequada, mas sou eu que estou escrevendo o texto, ora essa. Nimb não sabe tocar muito bem, mas ele usa o arpegiador do instrumento para tentar fazer música sem precisar pensar muito no processo. No mês passado ele levou o keytar na assistência técnica, dizendo que nem todos os botões fazem barulho e esqueceu que o instrumento existe. Talvez um dia algum aventureiro o descubra…

Oceano — Gretsch G5700 Lap Steel em Broadway Jade

Dizem que Oceano desapareceu, mas eu gosto de pensar que ele deve estar em alguma praia tocando sua lap steel (também conhecida como guitarra havaiana) e curtindo o calor de Azgher na pele. Infelizmente os instrumentos de Oceano têm uma vida muito curta, porque ele teima em tentar “tirar um som” com a guitarra submersa no mar. As unidades que sobrevivem ao afogamento acabam enferrujando muito rápido e logo ele precisa ir à loja comprar uma guitarra nova. Quando não está ocupado desaparecendo sem deixar rastros, Oceano gosta de tocar surf music.

Sszzaas — Gibson Les Paul Standard 1959 Reissue Ultra Relicada em Lemon Burst

Essa é a guitarra final para muita gente, mas preste bastante atenção aos detalhes: não é uma Les Paul de 1959, é um reissue (quando fazem o instrumento com as exatas especificações da época, mas é novo). Ela não sofreu esses danos na pintura por viagem ou uso, mas foi “relicada” na fábrica para ficar com essa aparência “gasta”. Mas vamos tirar isso da frente… Você conseguiu! Uma Les Paul 1959 Reissue relicada ainda é o sonho de consumo de muita, muita gente. Você juntou dinheiro por anos, trabalhou duro, deixou de comprar presentes para os parentes para poder economizar e comprar a guitarra definitiva, o graal, o sonho de quase todo guitarrista. Mais cara que aquela White Falcon maravilhosa. Mas você conseguiu! Era tudo o que você queria. Tudo o que você sempre quis!

Pois é! Boa sorte mantendo uma Gibson Les Paul afinada por mais de 5 minutos sem modificar o instrumento…

Tanna-Toh — Casio EG-5

Tanna-Toh não liga para a beleza do instrumento (claramente), e também não se importa tanto com as nuances de timbre e peso. A deusa do conhecimento quer saber apenas de registrar tudo o que é tocado em sua guitarra. Essa abominação maravilha da tecnologia dos anos 1980 tem um gravador de fita cassete embutido no corpo. Não bastasse isso, ela também tem um alto-falante, pronto para tocar em qualquer lugar. Tanna-Toh sabe que a inspiração pode vir a qualquer momento, e considerando que ela se amarra em rock progressivo, não é uma má ideia ter a capacidade de gravar qualquer ideia musical a qualquer momento. O único problema é que as músicas que Tanna-Toh gosta têm a desagradável mania de durar mais do que o limite de gravação da fita.

Tenebra — Epiphone Les Paul Custom Black Beauty

Muitas versões da Les Paul Custom receberam o nome de black beauty ao longo das décadas, mas duas coisas sempre foram obrigatórias: o corpo e escudo pretos e as ferragens douradas. O tradicional símbolo de diamante na mão da guitarra, marca registrada da Gibson, se faz presente também na versão fabricada pela Epiphone (que é uma subsidiária da Gibson). Linda e perigosa, Tenebra utiliza o instrumento para tocar aquele black metal bem pesado durante as noites sem lua em Arton. “Por que Epiphone e não Gibson, Professor Doutor Lucky?”, você me pergunta. Porque a minha black beauty (batizada como Tenebra) é uma Epiphone e eu gosto de pensar que a deusa das trevas concordaria comigo.

Thwor — Ibanez Iceman IronLabel

Thwor não aceitaria nada abaixo de um instrumento versátil, mas ainda assim impecável. O visual da Ibanez Iceman é claramente inovador e cheio de possibilidades (você pode, por exemplo, pendurar suas compras de supermercado naquele “gancho” ali abaixo do braço). A edição IronLabel da Iceman usa das melhores tecnologias nas tarraxas e ponte, assegurando que esta é uma guitarra eficiente e confiável. Com sete cordas em vez das tradicionais seis, Thwor quebra as regras do que é tradicionalmente possível de se fazer em uma guitarra e inventa o djent. Felizmente ele logo percebe que deve ter coisa mais legal para “tocar” por aí, como, por exemplo, “o terror”.

Thyatis — Vox Teardrop MK III

Não há muito o que dizer das Vox Teardrop além do fato de que eu quero muito ter uma em versão miniatura (como a da foto). É uma guitarra icônica em alguns nichos, mas não exatamente muito popular. Quem gosta do modelo o defende com afinco, e quem não gosta frequentemente esquece que ele existe. Mas afinal, se essa guitarra não é uma segunda chance para o alaúde, eu não sei o que seria. Thyatis gosta de tocar rock gaúcho, que é basicamente a segunda chance (necessária, inclusive) do rock brasileiro.

Valkaria — Fender Stratocaster em Lake Placid Blue

Poucos modelos de instrumentos são tão marcantes quando a Fender Stratocaster. Para muita gente, é isso que elas imaginam quando escutam a palavra “guitarra”. Inconfundível em estilo e tradição, a Stratocaster em alguma das cores clássicas (eu gosto desse azul) é a porta de entrada para muitos jovens que sonham em fazer música um dia. Não importa se seu guitarrista favorito é um rockstar, um músico de apartamento ou integrante de uma banda local ainda não muito famosa. As chances dessa pessoa ter começado sua jornada com uma Stratocaster são… bem… estratosféricas (eheheh). Valkaria provavelmente sente um orgulho imenso toda vez que um adolescente pega uma “Strato” nas mãos pela primeira vez e se imagina tocando para uma enorme plateia. A própria deusa também toca, claro. Todos os instrumentos em todos os estilos.

Wynna — Elifas Santana Guitarra Baiana Xande Machado Signature

A deusa da magia aprecia música como um todo, porque é uma arte quase mágica. Mas ela se impressiona mesmo com o poder da guitarra baiana. Instrumento brasileiríssimo, presente no carnaval baiano, grupos de frevo, bandas de choro mais modernas etc. A guitarra baiana pode fazer harmonia, claro, mas ela brilha mesmo nas mãos de um guitarrista habilidoso capaz de fazer solos em velocidades absurdas com um som “gigantesco” num instrumento tão pequenininho. A escolha desse modelo específico, feito pelo luthier sergipano Elifas Santana, é muito simples: foi feita para o guitarrista Xande Machado, que além de inacreditavelmente talentoso e um dos grandes nomes da “nova geração” da guitarra baiana, é meu amigo e ex-companheiro de banda. Wynna toca os ritmos tradicionais de solos rápidos e quase mágicos, com base no frevo e nas melodias tradicionais do choro, mas turbinados pela velocidade que a guitarrinha permite. É magia diante dos olhos!

 

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