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Enfrentando os Fins dos Tempos

compilado fim dos tempos

Não é segredo algum que eu dou as caras em lives de RPG com alguma regularidade. Seja no canal da Jambô Editora onde já fui avistado jogando Mutantes & Malfeitores em Vanguarda e Tormenta20 na Arena de Valkaria, seja em outros canais nos mais variados sistemas, vocês sempre podem me ver tentando variar bastante o tipo de personagem eu faço. Claro, como boa parte dos jogadores de RPG que conheço, eu tenho minhas preferências por estilos de jogos e tipos de personagem, mas estou constantemente me desafiando a interpretar tipos bem diferentes dos meus favoritos.

Com o lançamento do livro de Fim dos Tempos, no fim do ano passado, surgiram diversos grupos jogando essa campanha. E com esses grupos, vieram muitas e muitas streams diferentes da mesma campanha (eu sinto que deveríamos publicar uma lista dessas transmissões aqui no blog, vou falar com o chefe sobre isso). Todas elas contam, em geral, uma história ao redor dos mesmos acontecimentos, e ainda assim são completamente diferentes entre si. Personagens diferentes têm vidas diferentes, como vocês sabem.

Pois bem, fui privilegiado o suficiente para receber dois convites diferentes que combinavam com meus horários (o calendário é, sabidamente, o maior inimigo do RPGista moderno). Em vez de escolher um ou outro, optei por ser honesto com os dois grupos e lhes disse: “já recebi outro convite, mas estou disposto a jogar duas mesas diferentes, isso seria um problema para vocês?”. Com todos de acordo, eu me comprometi: vou jogar as duas campanhas de maneiras completamente diferentes. E ambas seriam em stream, para me complicar mais ainda.

Lidando com duas mesas da mesma campanha

A maioria dos mestres que conheço aborda aventuras prontas de forma a evitar spoilers e metagames que poderiam ser prejudiciais. Essa abordagem varia desde a só aceitar jogadores que nunca leram ou jogaram a aventura antes, até selecionar com cuidado extra jogadores que possuem histórico de não deixar essa influência atrapalhar as decisões de seus personagens. No meu caso não havia como correr disso: eu sou sabidamente um espectador assíduo da stream de Fim dos Tempos. Eu publiquei músicas, memes e fanarts sobre ela, sendo que algumas dessas publicações se tornaram referências dentro do lore da aventura original (“Se você quer ficar rico, mas não sabe fazer nada, pode confiar na nossa fada”, “Reston & Dubitatius: um escritório que existe”, a última canção da Kiki no Forte Cabeça de Martelo etc.). Não havia como esperar que eu não soubesse o que acontece na história, quem me convidou já sabia disso, eu tenho até nome nos créditos do programa.

Era, portanto, razoável pensar que jogar a mesma aventura de maneira paralela não seria um problema para mim, principalmente com meu compromisso de viver dois Fins dos Tempos tão diferentes. O que me leva ao próximo ponto: diferentes como?

A diferença entre as mesas

A primeira diferença é a mais óbvia de todas: se eu jogo com grupos distintos, a experiência será distinta. Faz sentido, não há outros jogadores em comum entre as duas campanhas além de mim. Mais ainda, enquanto uma campanha é composta de pessoas já bastante conhecidas no meio do RPG brasileiro e até alguns fãs já célebres de Tormenta, a outra tem uma presença grande de pessoas que nunca tinham ouvido falar de Tormenta ou Arton antes. E isso não é tudo.

A maior de todas as diferenças é a língua e o contexto cultural dos participantes. De um lado eu jogo em uma mesa completamente formada por brasileiros, onde todos falam e jogam em português, com os termos e jargões que se usam oficialmente em Tormenta. Do outro lado, eu estou na mesma campanha com um grupo misto de brasileiros e americanos, onde o inglês é o idioma usado para comunicação e jogo. Não foi exagero quando eu disse que algumas pessoas nunca tinham ouvido falar em Tormenta antes. Estas pessoas estão experimentando Arton pela primeira vez através de seus personagens, e é um prazer fazer parte disso. Para diferenciar as duas, eu uso os títulos das streams: “Fim dos Tempos” e “End of Times”.

Isso já seria o palco ideal para viver duas aventuras bem separadas, ainda que centradas nos mesmos acontecimentos. Mestres e jogadores diferentes já fariam tudo acontecer de maneira única se eu estivesse usando o mesmo personagem nas duas mesas, mas eu não estou, o que me leva à próxima parte…

tempestade vermelha ao fundo, tendo demônios da tormenta de ambos os lados. No centro o título End of Times

A diferença entre os meus personagens

Para mim tudo o que já foi citado não é suficiente. Eu realmente quero viver duas aventuras distintas. Os personagens que fiz são tão parte disso quanto todo o resto, afinal.
Em “Fim dos Tempos”, eu interpreto Don Batráquio, um homem-sapo nobre que detesta resolver as coisas com as próprias mãos, preferindo sempre negociar um resultado favorável (e lucrativo) a seu favor. Uma mesa cuja maior parte dos integrantes e do público é bem familiarizada com o sistema é excelente para esse tipo de abordagem. É um personagem cuja raça foi feita como homebrew e alguns dos poderes foram levemente alterados para fins de interpretação. Os exemplos mais evidentes são os kobolds: Don Batráquio é um devoto de Kallyadranoch e realmente pode usar Servos do Dragão, mas foi estabelecido que, para fins de narrativa, os kobolds que ele convoca nada mais são que funcionários de suas empresas, que o acompanham escondidos, se fazendo revelar quando necessário. Com isso, algumas coisas que são feitas por Don Batráquio em termos de regras são, na verdade, realizadas pelos kobolds no roleplay (por exemplo, Don Batráquio explicitamente não carrega a maior parte do próprio equipamento, embora ela sempre tenha acesso aos seus itens, e ainda cumpra as regras de carga). O próprio tributo pago à Kallyadranoch como requisito para subir de nível se transformou no salário pago aos “associados” do aristocrata anfíbio, que supostamente recebem até vale-refeição e plano de saúde. Don Batráquio é um personagem único, que exige jogador e grupo com experiência no cenário para lidar com suas particularidades.

Organograma da Don Batráquio Ltda.
(O fato de o jogador ter tempo livre para fazer essas maluquices também ajuda.)

Em “End of Times”, por outro lado, eu dou vida a Crimson Void (Vazio Carmesim), um lefou bárbaro das Uivantes, devoto de Arsenal. No extremo oposto do nobre tagarela e inteligente de “Fim dos Tempos”, Crimson Void é um personagem forte e ignorante, que se considera um soldado no grande exército do Deus da Guerra. Ele foi feito justamente para tentar ser uma forma de facilitar que os outros jogadores se familiarizem com o mundo e o sistema. Crimson Void admite que não se preocupa em “saber de coisas” além do que considera necessário para sua sobrevivência e habilidade de combate, deixando o espaço de conhecimento sobre o cenário aberto para que o narrador e outros jogadores expliquem Arton para ele, o que na verdade é uma forma de contar um pouco do mundo para o público anglófono. Originalmente ele seria apenas ignorante às informações que recebe, mas discreto sobre isso. Porém, como dizemos no fandom de Tormenta, “não existe estratégia que sobreviva à Nimb” e os dados discordaram das minhas decisões. Crimson Void caiu na luta contra o chefe da primeira aventura, ficando bastante tempo em coma. Ele despertou mais forte, poderoso e decidido a nunca mais cair em combate com vida (ou seja, eu vou pegar Espírito Inquebrável em algum momento), mas com algumas peculiaridades novas na forma como ele vê e interage com o mundo, se tornando um personagem cada vez mais absurdo e sem sentido na forma como se comporta, além de demonstrar certos delírios de grandeza. Fora da live e do personagem, expliquei ao grupo que Crimson Void está exibindo sintomas de um trauma cerebral ocorrido em combate (mas não expliquei que também é aumento da influência da Tormenta em seu organismo… um dia eles vão descobrir isso). Com tudo isso e uma build excelente para causar dano, Crimson Void é minha opção de personagem para ajudar o restante do grupo a brilhar, mostrando o potencial infinito do sistema T20 para o mundo, enquanto ele ajuda a segurar a barra nos combates.

E assim tem sido minha rotina quinzenal de RPG em live. As duas campanhas estão basicamente no mesmo momento, então tem sido incrivelmente interessante lidar com os mesmos acontecimentos de formas diferentes em tão pouco tempo. Especialmente porque meus personagens cumprem papéis diferentes em seus grupos. Don Batráquio é um líder, ainda que bastante democrático, e todas as decisões do grupo passam por ele, enquanto Crimson Void precisa se esforçar para sequer entender um plano antes de avançar, em fúria, contra os inimigos. É uma experiência muito gratificante, ainda que cansativa.

Se todas essas minhas descrições te deixaram interessado, você pode acompanhar as aventuras de Don Batráquio ao vivo em twitch.tv/vrikolaka, ou ver os episódios gravados em youtube.com/@vrikolaka. Além disso, você pode acompanhar o Diário de Don Batráquio, o blog que criei para registrar as aventuras do personagem em primeira pessoa, em donbatraquio.wordpress.com (levemente atrasado, eu sei, mas já vou resolver isso).

Crimson Void pode ser visto ao vivo em twitch.tv/onlyonestv, ou em episódios gravados em youtube.com/@onlyonestv, o primeiro canal de streams de Tormeta20 em inglês. Isso torna essa transmissão excelente para quem quiser treinar a compreensão no idioma ou apresentar Tormenta para amigos estrangeiros.

Gostou do artigo? Tem alguma pergunta sobre essas experiências ou personagens? Deixe seu comentário abaixo, talvez eu faça uma continuação deste artigo no futuro, quando as campanhas tiverem progredido um pouco mais.

Bençãos da Deusa — Jogando Online: Guia para mestrar no Roll20, Parte 3

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Conforme prometido, vamos para a parte 3 do nosso Guia para mestrar no Roll20! Hoje vamos falar desta linda barra vertical que fica no canto superior esquerdo da sua tela (em verde). Você pode ler a parte 1 aqui e a parte 2 aqui.

Seta

Esta seta abre duas opções: “Selecionar/Mover” (laranja) e “Mover visão” (verde). A maior parte do tempo você estará usando esta seta, e na opção “selecionar/mover”, pois é como você mexe objetos, tokens e outra coisas no mapa. A opção “Mover visão” é para mexer a tela em cima; raramente uso, pois acho mais fácil fazer isso clicando com o botão direito do mouse ao invés de ficar alternando as duas.

Camadas

Aqui que a magia começa. Existem 3 opções de camadas no Roll20 (em vermelho):

“Plano de Fundo” (verde): como diz o nome, é onde fica o fundo da tela, geralmente o mapa, grid ou imagem daquela cena. Para colocar um mapa, basta deixa a opção “Plano de Fundo” selecionada e arrastar de outra pasta para o Roll20. Ali, você faz os ajustes necessários de tamanho.

“Objetos e Tokens” (laranja): é a camada usada pelos jogadores, e você também vai usá-la a maior parte do tempo. É onde ficam os tokens dos jogadores, dos inimigos, NPCs, enfim, tudo que aparece para os jogadores está aqui. Esta é a única camada que eles podem enxergar.

“Camada do Mestre” (roxo): é onde o mestre deixa tudo que somente ele pode ver. Uma marcação, um inimigo escondido pronto para aparece, qualquer coisa que guie o mestre. Posteriormente mostrarei como passar algo da camada do mestre para a camada de Objetos e Tokens.

“Opacidade de sobreposição do MJ” (amarelo): é o quão nítidas ou opacas as coisas que estão na camada do mestre aparecem para você.

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Pincel

A ferramenta Pincel (vermelho) tem uma série de opções que não vou explicar uma a uma, uma vez que são autoexplicativas. Você pode desenhar no mapa, fazer formas geométricas, escrever e uma série de outras coisas. Infelizmente a opção “limpar desenhos” (verde, no final) apaga tudo que tiver sido desenhado no mapa.

Zoom

A Ferramenta zoom (vermelho), como o nome diz, aumenta ou diminui o zoom da tela. Usando a ferramenta pela barra vertical, você escolhe entre os valores fixos. Porém, há uma barra vertical à direita (preto) onde você controla, podendo obter porcentagens de zoom diferentes.

Régua

A ferramenta de Régua (vermelho) é muito usada principalmente durante combates. Serve para medir a distancia entre objetos, personagens, verificar se o ataque ‘pega”. As opções de encaixe (laranja) marcam a partir de que parte do quadrado a régua começa a medir: do centro, do canto ou sem encaixe (o que vale é onde você clicou). As opções de mostrar ou esconder (verde) no geral servem principalmente se o mestre quer medir algo sem que os jogadores vejam. A régua em si (roxo) mostra a distância em medidas e em quadrados. É possível mudar a unidade de medida, falarei disso depois.

Nuvem

A “nuvenzinha” (vermelho) serve para ocultar áreas para os jogadores não verem. No geral, é usado para exploração de lugares. Em “Ocultar áreas” (verde), você esconde as áreas que não quer que os jogadores vejam, assim como em “Revelar áreas” (azul) você mostra as áreas que quer para seus jogadores. Na segunda imagem (seta laranja) mostro como fica a visão da área ocultada (ao redor) e revelada (no centro) pela visão do mestre. Na terceira imagem (seta roxa) mostro a mesma cena, mas do ponto de vista dos jogadores ( token do Pikachu representa um jogador da mesa. Certamente será uma mesa eletrizante xD). Para Ocultar, bem como para Revelar uma área, basta clicar na opção e selecionar o espaço desejado.

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Iniciativa

Este em vermelho é o botão da iniciativa. É a ordem de ações, geralmente em combates. Ao clicar nele, abrirá a caixinha verde. Ali é onde estarão o nome dos personagens e inimigos e suas iniciativas. Dependendo da ficha utilizada, os jogadores podem selecionar seu próprio token e fazer a rolagem pela ficha, e seus nomes e números vão automaticamente para a lista.

Clicando no botão com a engrenagem (rosa) você abre as configurações da Turn Order. A primeira opção é em qual ordem você quer que apareça: ordem decrescente ou crescente (numérica) e ordem A-Z ou Z-A (alfabética). No geral, usamos a ordem Decrescente (do maior número para o menor número).

A segunda opção (laranja) é para adicionar itens à Turn Order. Podem ser os inimigos ou algum jogador que rolou e esqueceu de clicar no seu token antes de rolar. Ali você escreve o nome e clica em “adicionar”. O valor você põe manualmente na própria Turn Order depois que o nome aparecer ali.

O último botão (amarelo) é onde você limpa a Turn Order para um novo combate, todos os nomes e valores são apagados

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Dados

Ao clicar neste botão que tem um d20 (vermelho), você abre este rolador de dados. A primeira opção é a rolagem básica (em verde): você clica no dado que quer rolar e ele rola automaticamente. Na opção avançada (em azul) você pode escolher quantos dados, qual dado e pôr um modificador, tanto positivo quanto negativo. Em baixo ele mostra suas últimas rolagens (em laranja) e você pode clicar em “Re-Roll” para rolá-las novamente sem ter que digitar tudo de novo na parte avançada.

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Por último, temos a interrogação; este é o ícone de ajuda do próprio Roll20, e desta forma não cabe explanar sobre aqui.

E aí? Conseguiram entender até agora? Com esta parte 3 vocês já pode começar a montar suas mesas no Roll20! Teremos ainda uma parte 4, onde falarei das configurações de mapas e tokens. Por fim, espero que estejam gostando e sigam acompanhando o Guia! Até lá!

Leia também a Parte 1, Parte 2 e os Extras!