Tag : Dicas de RPG

Podcast 136 – Fire Emblem do Amor

Pelado e em apuros, chegou seu podcast preferido.

No episódio de hoje, J.M. Trevisan, Thiago Rosa e Camila Gamino falam do mercado ultra inflacionado de jogos da Nintendo, de como é participar de um pré-release de Magic pela primeira vez e da conquista da tão sonhada casa própria no RPG. Também sobrou tempo para debater quais técnicos de futebol formariam um grupo dos sonhos de RPG, discutir se pizza com abacaxi é aceitável e responder as dúvidas dos nossos Conselheiros!

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Créditos
Participantes:
J. M. Trevisan (Twitter | Livros), Camila Gamino (Twitter), Thiago Rosa (Twitter).
Edição: Adonias Marques (Instagram)

Mesa Sonora — 5 Axés “das antigas” como aventuras de RPG

Confesso que não sou muito fã de carnaval. Confesso que fui apenas uma vez na vida até “a Avenida”, em Salvador, para ver os trios elétricos passando durante as festas. Porém, como soteropolitano que sou, é inevitável que eu conheça várias músicas da Axé Music. Essa é uma daquelas coisas na vida que não precisam de explicação, elas apenas “são”. Dada a minha idade atual, a maioria das músicas que eu conheço desse estilo já são consideradas antigas e, em geral, são marcos da história do carnaval baiano.

O que isso tem a ver com RPG?

Até agora nada, mas uma característica de vários clássicos do Axé Music dos anos 80 e 90 é a riqueza das letras e de temas que falam de história, mitologia, crenças, romances etc. Pensando nisso, pensei em pegar cinco dessas obras icônicas do carnaval de Salvador e transformá-las em ideias breves (ganchos) para aventuras de RPG que você pode usar na sua mesa. Não vou discorrer sobre regras nem estatísticas de inimigos, apenas apontar um caminho por onde sua aventura pode seguir. Observem também que não estou seguindo à risca algumas inspirações óbvias das músicas, o exemplo mais claro estará na primeira música da lista, onde ignoro completamente a mitologia egípcia que a inspirou.

Se você acha que isso parece com as matérias “Mestrando de Ouvido” que saíram em edições anteriores da Dragão Brasil, você está corretíssimo, parece mesmo. Peguei o formato emprestado, estiquei um pouco o tamanho dos ganchos e dei destaque aos trechos das letras mais relevantes às ideias de aventuras que quero propor.

Antes de começarmos, uma breve nota: algumas dessas músicas podem ser classificadas como samba-reggae e não como Axé Music, porém quase ninguém de fora da Bahia vai saber a diferença, então chamarei tudo de Axé mesmo. Peço perdão aos conterrâneos preciosistas. Além disso, a música Eva originalmente era uma canção pop italiana, mas ficou famosa mesmo na Bahia na voz de Ivete.

Faraó (Divindade do Egito)

(Escrita por Luciano Gomes)

Excerto da letra:
Deuses, divindade infinita do universo
Predominante esquema mitológico
A ênfase do espírito original, Shu
Formará no Eden o ovo cósmico

Osíris proclamou matrimônio com Ísis
E o mau Set, irado, o assassinou e impera
Hórus levando avante a vingança do pai
Derrotando o império do mau Set
É o grito da vitória que nos satisfaz

O Gancho: Um artefato de poder divino chamado Ovo Cósmico encontrava-se sob tutela da sacerdotisa Ísis, cuja mão em casamento era disputada entre dois reis inimigos: Osíris e Set. Ísis aceitou o pedido de Osíris e de sua união surgiu seu filho Hórus. Irado pela rejeição, Set matou Osíris e uma guerra explodiu entre os dois reinos. O príncipe Hórus parte em uma busca por aventureiros dispostos a invadir o palácio de Set e dar fim ao conflito. Mas o que parecia um pedido de ajuda numa vingança pessoal se revela como um plano de Hórus para dominar o poder do Ovo Cósmico e reinar incontestável sobre as terras de Set. Os aventureiros devem decidir entre cumprir o contrato até o fim ou se opor ao jovem déspota.

Eva

(Escrita por Umberto Tozzi)

Excerto da letra:
Meu amor
Olha só hoje o sol não apareceu
É o fim
Da aventura humana na Terra
Meu planeta Deus
Fugiremos nós dois na arca de Noé
Mas olha bem meu amor
O final da odisseia terrestre

E minha vida é um flash
De controles, botões antiatômicos
Mas olha, olha bem, meu amor
O final da odisseia terrestre

O Gancho: Nos últimos dias de um terrível conflito que extinguiu a maior parte da vida no planeta, o casal de governantes do lado vencedor decide que não há motivos para manter a vida no mundo. É traçado um plano de destruição total do planeta, durante a qual rei e rainha partirão em sua nave em busca de outros mundos. Um conselheiro real descobre a trama nefasta e contrata um grupo de soldados de guerrilha, desesperados e sem nada a perder, para se infiltrar nos silos das armas de destruição em massa, sabotar os planos reais e prender os regentes genocidas.

O Canto da Cidade

(Escrita por Tote Gira e Daniela Mercury)

Excerto da letra:
A cor dessa cidade sou eu
O canto dessa cidade é meu
O gueto, a rua, a fé
Eu vou andando a pé pela cidade bonita
O toque do afoxé e a força de onde vem
Ninguém explica, ela é bonita

Não diga que não me quer
Não diga que não quer mais
Eu sou o silêncio da noite
O sol da manhã

O Gancho: Um bardo apaixonado por sua cidade natal decidiu rodar o mundo contando a todos sobre as maravilhas de sua terra. Depois de décadas viajando para todos os cantos de seu reino, ele retorna para encontrar uma localidade completamente diferente do que lembrava. Rejeitado pelos mecenas locais que não o reconhecem nem valorizam seu trabalho, ele começa a cometer pequenos atentados pelas ruas, com o intuito de “restaurar a glória dos velhos tempos”. Esses pequenos atentados começam a ficar cada vez mais sérios e a guarda local, incapaz de lidar com um poderoso e insano bardo, decide pagar para que heróis mais experientes cuidem do problema. Os aventureiros, porém, logo descobrem que o bardo já possui um número considerável de seguidores, que farão de tudo para proteger seu mentor.

Vai Sacudir, Vai Abalar

(Escrita por Pierre Ramos e Paulo Jorge)

Excerto da letra:
Vai sacudir
Vai abalar
Quando o meu amor passar
Explode coração
É muita emoção no ar
Vou abrir mão de tudo
Pra gente ficar junto
Não vou deixar você fugir de mim
Amor, por terra, céu e mar
Eu vou te acompanhar
Preciso de você

O Gancho: Numa pequena vila próxima a uma floresta, uma improvável história de amor começou entre a filha de um barão local e um bruto gigante da floresta. Em suas tentativas desastradas de cortejar a jovem nobre, o gigante causou danos por onde passava, mas tentativas de enfrentá-lo foram logo impedidas pela moça, que ameaçou abandonar sua família para viver com seu amado. O barão tranca sua filha em seu castelo e contrata os aventureiros para “dar um sumiço” no gentil, mas desajeitado gigante. Ao aprenderem a verdade sobre o amor retribuído entre gigante e nobre, os heróis precisarão dar um jeito de protegê-los sem destruir toda a vila no processo.

É o Bicho

(Escrita por Ricardo Chaves)

Excerto da letra:
Quando o vento bater no seu cabelo
Espalhar sua magia pelo ar
Ele vai me encontrar esperando que o destino revele, enfim
Os segredos que tem pra me contar

Meu coração bate mais forte na emoção de ter você pra mim
Aquele grito que era preso na garganta se transformou

É o bicho é o bicho vou te devorar crocodilo eu sou

O Gancho: Como num conto de fadas reverso, um jovem fazendeiro perdidamente apaixonado por uma aventureira local finalmente criou a coragem necessária para declarar o seu amor. Porém, ao descobrir que o sentimento é recíproco, o rapaz foi vítima de uma maldição e se transformou numa besta reptiliana voraz e irracional. A aventureira conseguiu prender a criatura, mas se viu incapaz de deixá-lo sozinho por longos períodos, por medo de que escapasse, ou que fosse encontrado e morto pela milícia local. Após algumas semanas, ela encontra os heróis na taverna local e lhes implora para que encontrem a cura para a maldição de seu amado. Os aventureiros partem em busca de informações sobre a origem da maldição e como ela pode ser revertida antes que seja tarde demais.

E aí? Gostaram dessa coluna temática? Gostaria de ver algum outro estilo musical transformado em RPG aqui? Deixe suas opiniões nos comentários!

Podcast 135 – Bastidores de Vanguarda!

Salvando Freedom City, chegou seu podcast preferido.

No episódio de hoje, J.M. Trevisan, Thiago Rosa, Marcelo Cassaro e Sil contam os segredos e debatem o primeiro episódio da nova stream do canal da Jambô: Vanguarda, que usa o sistema e cenário de Mutantes e Malfeitores! E ainda houve espaço para falar sobre Arquivos de Poderes, o fenômeno Casimiro, mais sobre Euphoria (pobre Zendaya doidona), destrinchar os segredos da produção de HQs, contar o segredo da origem do Capitão Ninja e, claro, sanar as dúvidas dos Conselheiros!

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Podcast 134 – E se a Mary Jane fosse loucona?

Recebendo de volta o dono dessa bodega, chegou seu podcast preferido.

No episódio de hoje, J.M. Trevisan retorna de suas férias com muita séries assistidas e coisas compradas! Thiago Rosa conta como ficou emocionado assistindo Modern Love e resume o mangá Terra das Gemas! Já Glauco Lessa divaga sobre a reta final de Attack on Titan! Também sobrou tempo para falar sobre os funcionamentos de um mecha na vida real, meter o pau em Bleach e Evangelion (!!!), discutir Demon Slayer, falar bobagem e responder as dúvidas dos Conselheiros!

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Podcast 133 – TPK invertido é Final Fantasy

Usurpando os usurpadores, chegou seu podcast preferido!

Thiago Rosa, Vinicius Mendes e Glauco Lessa se solidarizam sobre a experiência mútua de não assistir Cavaleiro Verde! Ainda temos um tutorial sobre a criação de skins de feijão para o seu fogão, a alvorada do uberpunk, Kena e Skyward Sword (que não são RPGs), Não Olhe Para Cima (de novo?), Homem-Aranha, Shaman King, Justiça Jovem e muito mais. E claro, a participação dos conselheiros e inscritos.

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Balbúrdia Narrativa — Seu anão é um humano mascarado: Criando traços para seu personagem

Só para deixar claro, estou falando do seu personagem anão e sobre por que, na verdade, seus traços são de um humano. Foi você quem o criou e é quem o interpreta, correto?

Os principais traços de todo personagem é ser um humano mascarado

Humano é apenas uma das inúmeras raças do mundo RPGístico, expandindo-se imensamente com personagens de outras mídias. Porém, todos eles, de ewoks e vogons aos anões e fadas, não passam de uma caricatura humana, replicando traços e características nossas. A realidade é que todos os personagens já criados foram criados por seres humanos. Portanto, de certa maneira, sempre serão representações humanas.

Só um ser humano consegue fazer uma coisinha tão fofa e detestável idiota. Créditos a Star Wars.

Eu acredito ser impossível fazer diferente. Pense em qualquer fantasia sobre um mundo inexistente, com sociedades distintas de povos fictícios. Ao escrever, o autor estará se baseando nos moldes de uma sociedade humana, pois esta é a única sociedade que ele conhece e participa. Nós, seres humanos, somos os únicos seres pensantes, a única sociedade avançada (que conhecemos), os únicos seres com um idioma formal e por aí vai. Então, sempre que criar um personagem, não importa o quão abstrato seja, ainda assim terá traços de um humano. Será um humano mascarado. Uma pedra sem rosto ou expressão, que não fala e não interage com nada ao redor, mas que é capaz de pensar por si própria, ainda assim é um humano abstraído.

Isso parece meio óbvio agora que escrevi, mas o que quero dizer é o seguinte.

A placidez dos elfos de Valfenda, sua altivez e requinte, presentes em seus personagens, cultura e sociedade, são todas características humanas realçadas. O mesmo vale para os anões, mineradores e ferreiros, gananciosos por metal e gemas. Também vale para os vogons e sua infindável burocracia desnecessária. Até mesmo para a vaidosa bruxa má, que não consegue aceitar a idade e devora jovens garotas para absorver sua juventude.

Altivez, ganância, burocracia e vaidade. Todas características e preocupações humanas, realçadas em personagens fictícios de modo que tenhamos empatia ou antipatia por aqueles que as carregam.

Dissecando o humano por trás do personagem

Considerando que o RPG de mesa não é um jogo puramente sistemático, mas também narrativo, os traços de personalidade trazem diversas novas possibilidades aos personagens. E por mais que eles possam ser pessoas inexistentes vivendo em um mundo mágico, seus medos, gostos e vontades ainda dependem do que nós definimos como sendo medo, gosto e vontade.

Enfim chego ao ponto do texto. Abordar traços e características de um ser humano em seu personagem de RPG há de torná-lo mais vivo, criando uma camada mais profunda a ser explorada. Além de grandes objetivos na vida, pense em outros detalhes. De medos e princípios até pormenores. Talvez se sinta desconfortável quando vê uma criatura com chifres. Talvez goste muito de um chaveiro colorido que sempre carrega, e perdê-lo pode significar um abalo emocional enorme. Por quê?

Eu costumo jogar bastante RPG, por mais que já tenha jogado bem mais. Já devo ter criado e jogado com mais de trinta personagens. Em determinado momento de uma campanha, um colega jogador me perguntou o porquê de eu ter tratado uma figura de autoridade de uma determinada maneira. Eu não sabia da resposta na hora. Para mim era apenas a maneira que o meu personagem deveria tratar aquela figura. Levando essa questão para a terapia, descobri que aquela pequena ação dizia mais do que eu imaginava sobre mim e o personagem…

Isso me leva ao próximo ponto.

Não se esqueça que você também é um humano

É espantoso quando paro pra pensar e consigo perceber que cada um desses trinta personagens, por mais distintos que sejam entre si, possuem traços meus. Pode ser algo direto, como uma goblinoide com ansiedade e TDAH. Ou algo muito subjetivo, como ser o mais velho da equipe e sentir um senso de responsabilidade sobre os demais — considerando que desde a adolescência costumo ser o mais velho dentro meu grupo de amigos e tenho um sentimento parecido em relação a eles. Todos seus personagens são partes suas com algo a mais, e é impossível se desfazer disso.

Muitos jogadores, principalmente novatos, tremem as pernas ao tentar definir os traços de seu personagem. Eu acho que existe um caminho fácil a se seguir, que eu, particularmente, gosto muito. Comece a pensar nos seus traços, nos seus gostos, nos seus medos, nas suas manias e cacoetes. Perca um tempinho nisso até encontrar alguma coisa divertida e/ou que se encaixe bem no personagem que está sendo criado. Decida uns três ou quatro destes traços e tá pronto o sorvetinho. Pensar em pessoas próximas e trazer traços que se destaquem também é válido. Talvez expor um medo seu possa ser pessoal demais. Expor o medo inexplicável que seu pai tem por minhocas, talvez não.

Todos seus personagens são você, cara. *Sussurra* Todos eles…

Subvertendo os traços humanos do personagem

Depois de já ter se acostumado a atribuir tais características aos personagens, sair desta zona de conforto não é difícil. O que gosto de fazer é pensar em características totalmente opostas e então encontrar o meio do caminho.

Se meu antigo personagem era um elfo paladino, carismático e complacente, a primeira coisa que me vêm à mente é um goblinoide fedorento e maltrapilho. Um assassino sem nenhuma das ânsias élficas e que detesta quaisquer valores ligados ao engrandecimento e orgulho da antiga raça.

A partir daí, diminuo a intensidade destes traços. Em vez de um goblinoide, talvez seja um halfling, ou hynne, como é chamado no mundo de Arton. Ainda baixinho e ligeiro, mas não tão asqueroso. Ele pode não ser fedorento nem maltrapilho, apenas não faz tanta questão de se arrumar ou de tomar banho diariamente por ser preguiçoso demais. Não odeia os elfos, apenas não costuma confiar neles pois não gosta de gente orgulhosa e presunçosa demais. E em vez de assassino, é apenas um batedor de carteiras. Talvez roube exatamente por ter preguiça de aprender a lutar, então ele entra, pega o que precisa ser pego e vai embora.

Com este exercício já temos em mãos um possível próximo personagem. Um hynne ladrão e preguiçoso, que não se dá bem com gente orgulhosa e também não gosta de tomar banho. Agora que penso sobre ele, talvez ter 50 anos de idade pode não ser má ideia. E então ele não é apenas preguiçoso, ele já está ficando cansado, mesmo…

Pois bem. Espero que tenha conseguido dar uma pequena luz àqueles com dificuldades de encontrar tais traços para seus personagens em mesa. O segredo é que, no final das contas, se resume a sermos todos humanos. Mesmo que às vezes também sejamos anões, elfos, hobbits, fadas ou ewoks.

Podcast 132 – Meteu o Kingo! Spoilercast de Eternos.

Atravessando cinco mil anos de história, chegou seu podcast preferido!

ATENÇÃO! O episódio de hoje tem spoilers de Eternos! Felipe Della Corte fecha o Dellapalooza 2022 em grande estilo ao receber Leonel Caldela, Marcelo Cassaro e Thiago Rosa para, veja só, defender o mais injustiçado filme da Marvel! Ainda temos os bastidores da vinda do Leonel para reforçar o time paulistano, a história de como Thiago se tornou um “dono de casa”, Della encontrando um novo amor nos jogos táticos e Cassaro revelando a verdade sobre uma lenda que aconteceu na loja NERDZ quando a Jambô ainda era mato! E claro, a participação dos conselheiros e inscritos.

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Mesa Sonora — Músicas em 16-bits para sua mesa de RPG

Se você é leitor frequente desta coluna, você já deve ter percebido que sou apaixonado por trilhas sonoras de filmes, séries e videogames. De fato, eu sou um apreciador de longa data desse tipo de música, até coleciono algumas em mídia física. Tento não falar exclusivamente sobre elas aqui na Mesa Sonora porque acredito que em todo lugar existe música que pode combinar com a sua mesa de RPG, mas é inegável que trilhas sonoras possuem algumas facilidades.

Para começo de conversa, elas geralmente são feitas para evocar emoções em momentos específicos da história, o que costuma ser o mesmo tipo de uso que o narrador de uma sessão de RPG tem em mente. Outro fator é a abundância de motivos diferentes dentro de uma mesma obra, seguindo uma sequência de temas comuns dentro da narrativa (conflito, derrota, resolução etc.). Mas hoje eu quero comentar e recomendar algumas músicas favoritas dentro de um critério específico: músicas em 16-bits.

O que são músicas em 16-bits

É comum se referir a trilhas sonoras de videogames antigos como chiptune, são músicas que eram feitas programando computadores para criar e executar os sons na sequência e maneira correta. Essas músicas eram comumente programadas em softwares conhecidos como trackers e executadas pelos chips de áudio dos consoles da época.


(Aqui um exemplo atual de uma música minha, os trackers modernos são capazes de emular diversos chips de áudio diferentes.)

A parte de 16-bits se refere à geração dos videogames da época. Chips de 8-bits, como do Nintendinho (ou NES) e do Master System são mais limitados, enquanto os chips de consoles 16-bits, como o Super Nintendo e o Mega Drive são muito mais versáteis e oferecem mais canais de polifonia (o número de notas que podem ser tocadas simultaneamente).

Considerando que ainda fazem músicas em 8 e 16-bits hoje em dia, essa lista não será apenas de composições antigas, tem coisa moderna aqui também. Comentarei cada item abaixo com minhas impressões e algumas ideias de usos na sua mesa de RPG.

O som do passado no seu RPG de agora

Sonic 3 – Hydrocity Zone

Opiniões: Essa música é demais. Você achou que eu começaria com algo simples e mais fraquinho pra depois chegar nas melhores? Achou errado, eu já começo com Sonic, uma série que consistentemente tem trilhas sonoras boas. O baixo e a bateria têm uma batida animada e pra cima que deixa o humor bem leve e as expectativas lá no alto.

Uso em RPG: Claramente para uma ambientação mais moderna (mas isso vai ao gosto do mestre), é uma música que pode ser usada para ambientações urbanas, associada a um lugar específico, de preferencia bem movimentado e com várias opções de coisas pra fazer (mercados, lojas, monumentos…). Para mim tem gosto de início de aventura.

The Legend of Zelda: A Link To The Past – Hyrule Castle

Opiniões: Correndo o risco de soar repetitivo, porque não é a primeira vez que eu menciono músicas da série Zelda, eu trago essa peça magnífica. Uma grande prova de que limitações tecnologicas não conseguem conter a criatividade e a majestade de uma obra grandiosa. Essa música faz você sentir o frio na espinha de explorar um ambiente grande e cheio de perigos.

Uso em RPG: Ou como tema da masmorra final ou da batalha final de uma aventura. Claro que se for uma masmorra de um vilão importante e majestoso fica ainda mais legal. Essa música possui todos os elementos legais para dar o clima de exploração e tensão do grande perigo final da aventura. Não tenha medo de deixar os jogadores um pouco nervosos.

The Messenger – Harnessing the Wind (Howling Grotto) (Versão Futuro)

Opiniões: Eu disse que nem de velharias viveria essa lista. Essa peça foi feita usando trackers e softwares mais modernos e isso se reflete na pegada. É uma música excelente para explorações de ambientes perigosos e dinâmicos, com desafios rápidos. A batida rápida pede agilidade dos ouvintes e deixa os jogadores nas bordas das cadeiras.

Uso em RPG: Sabe quando ativam uma armadilha numa masmorra e o grupo tem pouquíssimo tempo pra resolver o desafio e desarmar o mecanismo antes que todos virem patê ou espetinhos? Pois é! Também é legal para desafios que não exigem tanto raciocínio e sejam mais baseados em rolagens rápidas de perícias.

Chrono Trigger – Wind Scene (600AD)

Opiniões: Uma das músicas mais reconhecíveis de um dos jogos mais amados dos tempos do Super Nintendo (e até hoje!). Eu poderia fazer um post apenas com músicas de Chrono Trigger e eu duvido que alguém fosse reclamar disso (me avisem se quiserem que eu faça, eu não tenho vergonha na cara). Uma música muito simples, tanto na composição quanto no arranjo, mas com um sentimento misto de tranquilidade e tensão pela aventura que virá a seguir.

Uso em RPG: A música dos primeiros passos rumo ao novo objetivo. Os aventureiros acabaram de sair da cidade/castelo/vila onde receberam a missão e pela primeira vez se encontram em campo aberto, contando apenas com suas habilidades de lidar com problemas. Ainda sem as cicatrizes e histórias que virão com os perigos vindouros.

Mega Man X – Armored Armadillo Stage

Opiniões: Não poderia deixar de fora uma música da série Mega Man X. Assim como as música de Sonic, são preciosidades da era 16-bits. Essa peça evoca uma tensão ao mesmo tempo em que encoraja o jogador a querer seguir em frente a qualquer custo. Também tem uma pegada mais futurista, mas pode ser usada em quaisquer cenários se o mestre assim desejar.

Uso em RPG: Um tema de vilão, sem dúvida. Talvez não do Grande Vilão da campanha como é o caso da música de Zelda que apresentei, mas um tema de vilão ainda assim. Para mim, essa música combina com aquele inimigo que tem algum segredo ou pegadinha para ser derrotado, e que não vai cair só com golpes de espada ou tiros de pistola.

Gostou das recomendações? Que músicas de videogames, antigos ou modernos, você já usou no seu jogo de RPG? Conta pra gente nos comentários abaixo!

Podcast 130 – Abaixo a Ditadura da Rabanada!

Abrindo o Dellapalooza 2022, chegou seu podcast preferido!

No episódio de hoje, comandado pelo grande usurpador Felipe Della Corte, Glauco Lessa nos agracia com uma palestrinha sobre o jogo Kena: Bridge of Spirits, o primeiro game que usou os poderes completos de sua nova TV 4K HDR ultra-mega-blaster que demorou mais de uma semana para ser instalada. Camila Gamino fala de suas já tradicionais aventuras de natal, narra a experiência pouco ortodoxa com bingo online (no RPG) e conta como protagonizou uma versão aterrorizante de “Pedro e o Lobo” — por culpa do RPG, claro. Della discorre sobre sua primeira experiência com a franquia Halo, conta como viciou a família toda em Queer Eye e dá spoilers dobre o vindouro Reinos de Ferro: Réquiem! Também temos as tradicionais bobagens sobre as festas de fim de ano e muitas perguntas dos Conselheiros.

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Podcast 129 – Aventuras na Bienal (.feat Glauco Lessa)

Desejando um ótimo ano novo a todos, chegou seu podcast preferido.

No episódio de hoje, J.M. Trevisan, Felipe Della Corte e Glauco Lessa falam muito de tudo o que aconteceu na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, de como as pessoas levam a sério demais filme de boneco, e de como é assistir uma corrida de 12 horas num autódromo. Também sobrou tempo para falar da paixão de Henry Cavil por Warhammer, responder as últimas dúvidas dos Conselheiros no ano, e esvaziar o estoque de bobagens de 2021!

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Balbúrdia Narrativa — Stream de RPG não é RPG de Mesa: A Síndrome de Matthew Mercer

Calma, o título é clickbait. Às vezes eu gosto de falar groselha em voz alta para chamar atenção e depois esmiuçar a ideia. Então, agora que você já está lendo este texto, devo dizer que não creio que o título seja uma completa mentira, apenas uma verdadezinha exagerada. RPG por stream é RPG de mesa, sim, mas também é algo a mais.

A perspectiva de uma stream de RPG de mesa

Critical Role é uma das maiores e mais antigas streams existentes de RPG de mesa. Com Matthew Mercer assumindo o manto de narrador, Critical Role já está em sua terceira campanha. E com tamanho alcance, certamente foi responsável por apresentar o hobby a incontáveis novos fanáticos e inspirar aventuras de RPG ao redor de todo o mundo. O que alguns chamam de “Síndrome de Matthew Mercer” é quando o mestre e/ou jogadores, inspirados por estas campanhas transmitidas com tanta qualidade, tentam transformar sua aventura rotineira em uma obra com o mesmo nível de produção.

Porém, quando colocamos lado a lado uma stream de RPG de mesa mestrada por Mercer e uma campanha cotidiana de seus inspirados seguidores, existem diferenças gigantescas. Começando pelo fato de que uma stream tem espectadores, e se ela não conseguir prender o seu público, ele vai embora. Não é à toa que Matthew Mercer e todos os jogadores de Critical Role, além de muito experientes no sistema jogado, também são dubladores. Interpretar personagens é o que fazem profissionalmente. Eles sabem como entregar um show.

Várias outras streams de RPG de mesa têm uma proposta parecida, não contando com um time de atores, mas com pessoas ao menos acostumadas a interagir frente às câmeras. Tudo isso ajuda a transformar uma mera campanha de RPG em um espetáculo de entretenimento quase cinematográfico.

Matthew Mercer alfineta a sua alma a cada segundo que você olha pro celular durante uma sessão.

A experiência dos que conduzem uma stream de RPG de mesa

RPG é uma narrativa coletiva. E como já dito, tanto Matthew Mercer quanto seus jogadores são dubladores. Isso significa que eles têm muita experiência narrativa. Mercer sabe conduzir uma história com maestria, e cada jogador tem ciência do tamanho do seu papel ali dentro. Ainda mais considerando que os jogadores se conhecem e jogam juntos há anos, a sinergia entre aquelas pessoas é natural para qualquer pessoa que assista.

Além disso, no Brasil também temos excelentes streams de RPG de mesa, como as do Mestre Pedrok, do Cellbit e as da própria Jambô. Todas inspirações monumentais para a comunidade. Porém, também devemos considerar que Mestre Pedrok é um grandessíssimo ator, inclusive foi professor de teatro por anos. Cellbit é um dos maiores streamers e youtubers do país atualmente, e sua habilidade com o público já se tornou orgânica. Leonel Caldela, narrador da recente Fim dos Tempos no canal da Jambô, é um romancista veterano e consagrado. Todos eles possuem um histórico pesado que deixa claro por que têm tais habilidades narrativas.

A equipe por trás da stream

Em streams de RPG de mesa de tamanhas proporções, costuma existir uma equipe por trás dos jogadores. A iluminação, a troca das câmeras, a trilha sonora (muitas vezes original) surgindo e sumindo na hora certa, as artes exclusivas dos personagens, criaturas e cenários. Tudo isso feito por um time preparado para somar ao entretenimento.

Arte original para a campanha Fim dos Tempos
Arte original para a campanha Fim dos Tempos

Essa necessidade de entreter transforma o RPG por stream em uma campanha diferenciada, normalmente acelerada. Os jogadores não se desviam da trama com facilidade, acontecimentos importantes surgem mais frequentemente, o narrador não precisa de um tempo para trocar de música e raramente vai parar o jogo para conferir regra no manual. Porém, o oposto provavelmente vai acontecer em sua mesa de RPG pelo discord, e está tudo bem. É assim mesmo.

Preparar uma campanha toma um tempo absurdo do mestre, mas uma stream de RPG de mesa pede por uma produção e cuidado ainda maior e completamente não-obrigatórios para uma singela reunião de amigos.

É claro que tornar uma mesa comum em uma campanha mais ativa e com elementos cinematográficos sempre pode torná-la mais interessante. Eu mesmo gosto de usar diferentes playlists para ambientações. Chamo a atenção de jogadores quando estão prestes a se desviar para um assunto paralelo para não quebrar a imersão e tento fisgá-los com acontecimentos marcantes quando menos esperam para trazer a tensão de volta à mesa. Mas tudo isso são coisas que vêm com a prática de jogar e narrar ao longo do tempo, portanto você não precisa se cobrar ou cobrar de seu mestre e jogadores.

Então por favor, não seja um babaca, pois seu mestre não é Matthew Mercer e você e seus companheiros de mesa não são um time de dubladores profissionais auxiliados por uma equipe técnica.

Ser ou não ser RPG de mesa?

Enfim, existe uma galera que defende que streams de RPG de mesa deixam de ser RPG de mesa pelos motivos que falei aí em cima. Muitos ainda dizem que Critical Role e outras campanhas de larga escala são roteirizadas, ou que os jogadores já têm pelo menos uma ideia do que vai acontecer para poderem se preparar para os eventos. Não vou entrar no debate de roteirizado x não roteirizado, pois o que se tem sobre isso praticamente são burburinhos de twitter e conversas de reddit.

Porém, discordo completamente sobre a parte de não ser um RPG de mesa, pois sua essência ainda está ali. Um grupo de personagens sendo guiado pelo mestre através de uma narrativa onde os jogadores tomam suas decisões e assumem os riscos e responsabilidades. Se por acaso os jogadores são entertainers e existe uma equipe exclusiva para auxiliar na produção, isso apenas torna a stream em um RPG de mesa com algo a mais. E esse algo a mais é apenas uma perspectiva um pouco diferente da de juntar cinco pessoas e se divertir sozinhos por algumas horas. É a proposta de fazer dezenas, centenas ou até milhares de pessoas se divertirem também.

Podcast 128 – Tatuagem é esquema de pirâmide

No episódio de hoje, J.M. Trevisan, Felipe Della Corte e Thiago Rosa falam da ida do Trevisan a São Paulo e à Rádio Guaíba para a emocionante (e conturbada) final da Fórmula, a mecânica das escape rooms, shoppings que permitem pets, a praga dos jovens místicos e muito mais. Também sobrou tempo para debater se o Dr. Octopus pode ou não dar em cima da Tia May, responder as dúvidas dos Conselheiros e falar muita bobagem!

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Assista às gravações toda segunda-feira, 20h, em twitch.tv/jamboeditora ou assista o video em youtube.com/jamboeditora.

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Créditos
Participantes:
J. M. Trevisan (Twitter | Livros), Felipe Della Corte (Twitter), Thiago Rosa (Twitter)
Edição: Adonias Marques (Instagram)