Tag : Thyatis

Sal & Tormenta — Tormenta em Camadas, Renascer Gentil e Ouro de Dragão

Olá, amantes da boa mesa, boas vindas à Sal & Tormenta!

Esse mês eu e Vinicius Mendes trouxemos mais três sobremesas deliciosas para movimentar sua mesa e deixar seus lanches durante e após os jogos mais gostosos. Aproveite e siga o passo a passo de nossas receitas!

Foram escolhidos esse mês três deuses para serem representados pelos conselheiros da Revista Dragão Brasil: Aharadak, Thyatis e Kallyadranoch. 

Mais uma vez, cada uma das receitas segue com regras para uso em jogo por Rafael Dei Svaldi e por mim!

O CD de preparo de todas as Sobremesas dos Deuses é 20.

Tormenta em Camadas

O profano deus da Tormenta é conhecido por seu raciocínio alienígena e incompreensível para simples mentes comuns, seus devotos são, muitas vezes, criaturas insanas que espalham depravação e horror pelo mundo. Diante disso, conceitos simples como saciedade são desconhecidos.

Nossa inspiração para o Tormenta em Camadas veio da invasão da confeitaria brasileira pelas sobremesas a base de leite em pó e creme de avelã, que tomam os cardápios de restaurante do mesmo jeito que a tempestade rubra toma a superfície de Arton.

Efeitos na mesa

No início de qualquer cena de ação, role 1d6. Com um resultado ímpar, você fica fascinado na primeira rodada, perdido em devaneios sobre a futilidade da vida. Com um resultado par, entretanto, você enxerga através do tecido da realidade, descobrindo falhas na criação que podem ser exploradas a seu favor. Você recebe +5 em um teste a sua escolha feito na próxima rodada.

O doce custa 1 T$ por uma tigela que serve duas pessoas. A Tormenta deve ser compartilhada, então não são feitas porções únicas.

Receita de Tormenta em Camadas (a.k.a triffle ou pavê de morango)

Ingredientes

  • Um pote de Creme de avelã de 200g
  • 1 lata de leite condensado
  • A mesma medida de leite
  • 2 colheres de sopa de amido de milho
  • 5 colheres de leite em pó
  • 2 xícaras de morangos picados
  • 3 colheres de sopa de açúcar cristal
  • 1 pacote de biscoito tipo champagne
  • 1 pacote de gelatina de morango
  • 200 ml de água quente

Preparo

  1. Faça a geleia de morango juntando-os com o açúcar e cozinhando em fogo baixo até que forme um doce espesso e os morando desmanchem parcialmente. Não é necessário juntar água. Deixe esfriar.
  2. Prepare o creme de leite em pó juntando o leite condensado, o leite, o leite em pó e o amido de milho dissolvido em um pouco de água. Mexa sempre em fogo médio até que o creme ferva e engrosse. Opcionalmente, você pode acrescentar 2 gotas de corante alimentício vermelho para deixar rosado. Deixe esfriar.
  3. Uma vez os dois itens frios é hora de montar a Tormenta em Camadas
  4. Faça uma camada de creme de leite em pó no fundo de um refratário, depois coloque os biscoitos, depois a geleia de morango. Siga intercalando até os ingredientes acabarem. Cubra com uma camada generosa de creme de avelã.
  5. Deixe a água ferver, dissolva a gelatina, quando amornar despeje em cima do doce com a ajuda de uma colher — basta virar a colher e despejar a gelatina nela espalhando pelo doce.
  6. Fizemos texturas com um garfo no creme de avelã para que o resultado ficasse mais tormentoso depois do uso da gelatina. Caso queira uma superfície bem lisinha no doce, basta usar um fósforo acesso ou qualquer chama fraca para estourar as bolhas de ar.
  7. Leve a geladeira por pelo menos 3 horas e sirva. As texturas ficam bem distintas, é essa a ideia do doce.

 

Renascer Gentil

Thyatis é o deus das segundas chances, e com essa bela missão, é comum que seus clérigos e paladinos passem longas horas em busca de seus objetivos ou ajudando outras pessoas a alcançar sua almejada redenção. Nessas horas de dúvida e cansaço, nada melhor que um doce acolhedor que remete ao renascimento na mitologia.

Efeitos na mesa

Os doces feitos por devotos e distribuídos para pessoas que passam por dificuldades é acolhedor e carregado de esperanças renovadas. Se for reduzido a 0 ponto de vida ou menos, em vez disso, você fica com 1d6 PV. Uma vez que este efeito seja ativado, o poder do doce termina.

Para conceder o benefício, esse doce não pode ser comprado, precisa ser ofertado por um devoto do deus. O custo para fazê-lo é de 2 T$ por dose.

sal & tormenta
Receita de Renascer gentil (a.k.a ambrosia de laranja)

Ingredientes

  • 7 ovos inteiros + 5 gemas
  • 850g de açúcar cristal
  • 1 litro de leite integral
  • Raspas de 1 laranja
  • 1 pau de canela
  • 3 cravos
  • 300 ml de suco de laranja

Preparo

  1. Bata os ovos, as gemas e o açucar na batedeira ou com um fuê até que a mistura esteja mais clara e bem incorporada.
  2. Acrescente o leite à mistura de ovos e misture bem.
  3. Em uma panela grande, aqueça o suco de laranja e coloque a mistura de ovos, a canela e as raspas de laranja.
  4. Deixe cozinhar e passe de tempos em tempos uma espátula delicadamente nas bordas para não grudar.
  5. Após mais ou menos uma hora no fogo, os grumos vão começar a se formar e o açúcar a caramelizar. Mexa de tempos em tempos para não queimar até que os grumos estejam do tamanho desejado.
  6. Espere esfriar e guarde em um pote de vidro esterelizado.  

 

sal & tormenta

Ouro de Dragão

O misterioso deus dos dragões, Kallyadranoch tem um amor diferenciado por tesouros, sacrifícios e poder. Tanto que seus devotos precisam fazer uma oferenda em ouro, consumido por chamas ao fim do ritual, sempre que forem subir de nível. Pensando nisso, a sobremesa de Kally não poderia ter outra inspiração que não o primo mais antigo do famoso crème brûlée, o crema catalana, um creme com especiarias engrossado no fogão e refrigerado, que ganha seu acabamento com uma camada de açúcar queimado no calor das chamas para formar uma camada crocante de caramelo. O Deus dos Dragões conhece as coisas boas da vida.

Efeitos na mesa

Você pode evocar a força de Kally para receber +1 em jogadas de ataque por uma cena.

Receita de Ouro de Dragão (a.k.a. crema catalana de gorgonzola, laranja e mel)

Ingredientes

  • 500ml de leite
  • 40g de açúcar
  • 25g de amido de milho
  • 3 gemas de ovo
  • casca de 1/4 laranja
  • 25g de mel
  • 2 colheres de sopa de queijo gorgonzola picado
  • açúcar para polvilhar

Preparo

  1. Esquente o leite com o mel, a casca da laranja e o gorgonzola até que o mel e o queijo tenham se incorporado. Deixe descansar para que o leite absorva os sabores.
  2. Junte as gemas, o açúcar e o amido de milho e bata com um batedor ou garfo até a mistura ficar amarelo clara.
  3. Pegue uma concha do leite ainda quente e acrescente aos poucos na mistura de ovos sem parar de bater com a mão. Neste passo, estamos preparando os ovos para não virarem omelete quando voltarem pro fogo.
  4. Acrescente a mistura de ovos e leite na panela com o leite aquecido e cozinhe em fogo médio sem parar até a mistura engrossar e virar um creme espesso.
  5. Coe o creme e distribua em tijelas de porção individual. Não use tijelas de plástico. Espere esfriar, cubra com papel filme em contato com o creme pra não formar película e coloque na geladeira por pelo menos 3 horas.
  6. Na hora de servir, retire o papel filme, cubra com uma fina camada de açúcar e toste o açúcar em cima do creme. Você pode usar um maçarico culinário ou as costas de uma colher aquecida na chama do fogão até ficar avermelhada. Caso use a colher, ela precisa ser lavada cada vez que for pro fogão novamente. Escolha uma que não se importa de ficar escurecida, porque ela não vai voltar ao normal.
  7. Sirva imediatamente. Como caramelo absorve umidade do ar, ele derrete algumas horas após o preparo. Quebrar a camadinha de caramelo é coisa linda de Kallyadranoch!

***

Se você quer participar da escolha dos próximos deuses a serem representados nessa coluna, basta se tornar conselheiro da Dragão Brasil e votar na enquete que fazemos todos os meses.

Lembrando que todos os meses Sal & Tormenta saí na última quarta-feira do mês, juntinho com a edição da Revista Dragão Brasil.

Mais Sal & Tormenta

Sal & Tormenta 01 — Lena e Khalmyr
Sal & Tormenta 03 — Arsenal, Tenebra e Thwor

Elessa, a amaldiçoada paladina de Thyatis

Thyatis

A história que irei contar hoje é cheia de terror, mistério e… mortos-vivos.

Tudo começou quando decidi que não iria jogar de ranger ou druida. Sairia da minha zona de conforto e pegaria uma classe mais “agressiva” em batalha, trocaria o arco por uma espada e teria que levar penalidade em locomoção por usar armadura. Delícia.

Se eu dissesse que demorei para decidir que classe eu jogaria, estaria mentindo. Desde que li sobre o Paladino de Thyatis eu soube que eu queria ser imortal (insira aqui uma risada maligna). Criei minha primeira e, por enquanto, última paladina. Elessa. Num resumo grosseiro ela era de Tamu-ra, fugiu da Tormenta numa aventura marítima que quase a matou afogada, teve uma revelação em sua quase morte e acabou virando uma devota do deus da ressurreição e da profecia.

A paladina de Thyatis

Para quem não tem muita familiaridade, um paladino de Thyatis, além de outros poderes concedidos, também tem a dádiva de voltar a vida quando morto. Isso, porém, não o torna invencível. Há a Morte Verdadeira, algo que tirará, definitivamente, a vida do devoto e que só poderá ser revelada (pelo sumo sacerdote ou pelo próprio deus) após uma missão ser cumprida. E a Morte Verdadeira pode ser com qualquer coisa! Picada de abelha, envenenamento por uma planta minúscula, afogar com a própria saliva, ser decapitado pelo Arsenal…

Voltando, eu estava bem feliz. Ia de peito aberto nas batalhas, fazia meus discursos regados de moral e bons costumes, movia meus cabelos lisos e negros dramaticamente a cada “espadada” bem dada. Tudo ia bem e acabaria bem se o mestre não fosse um projeto de Leonel Caldela. No nosso grupo havia um mago. Este jogador era preguiçoso e não montou um background decente para a sua personagem. O mestre sorriu com as várias possibilidades na frente dele.

Não vou contar tudo o que aconteceu, pois isso dá outra história, mas resumindo: o coitado estava todo estropiado, careca (cabelo era motivo de orgulho para ele) e cheio das maldições. Até cortei os meus belos cabelos de tamuraniana e ofereci para meu pobre companheiro calvo. Ou seja, o mestre não perdoava. Aparentemente a minha imortalidade era dádiva demais, então ele conseguiu amaldiçoar a minha paladina de Thyatis.

As desvantagens de ser “imortal”

Agora tire as crianças da sala, a coisa vai ficar sinistra: Toda vez que a Elessa morria, eu tinha que jogar um D6 para ver quantas rodadas ela ficaria como ZUMBI. Nesse estado não havia amigo ou inimigo. Quem estivesse na frente dela levaria porrada sem dó, sem piedade. Não podia falar, não podia escolher qual arma usar, não podia escolher o alvo ou se preferia não atacar. Ela virava uma máquina maluca de matar. A pele ficava verde, os olhos sem vida e opacos não miravam em lugar nenhum, o corpo curvado se jogava para cima de quem estivesse mais perto. Numa dessas eu quase matei uns companheiros. Os diálogos eram mais ou menos assim:

— Juro que não queria cortar seu braço, desculpa!
— Você ainda consegue andar? Desculpa!
— Ouch! Não era para tirar esse 20 contra meus parça. Segura as tripas aí que já eu te curo.

Meus companheiros resmungavam e batia a cabeça na mesa toda vez que eu chegava perto da morte. O mestre, rei da sadismo, gargalhava. Eu chegava a ver ele tremendo de excitação! Era monstruoso, grotesco, infame! Confesso, eu adorava… Não fazia muita questão de me curar durante a batalha e ia completamente alucinada com a espada em mãos.

Moral da história: Sair da zona de conforto pode render os momentos mais insanos, imprevisíveis e divertidos numa campanha. E não há mal nenhum em mudar algumas regras para ajudar o jogo à dinâmica do grupo. 

E você? Tem alguma história engraçada de quando saiu da zona de conforto na mesa? Conta para a gente nos comentários!

PS: Nunca chegamos ao fim da campanha, então irá viver como eu, sem saber qual seria a Morte Verdadeira de Elessa.
Durmam com isso, crianças.

Veja também

Quer demonstrar sua devoção por Thyatis? Confira a Medalha dos Deuses do Deus da ressurreição e da profecia

Crônica do RPG: Quando o suporte do grupo decide atacar primeiro e perguntar depois

Assista Fim dos Tempos, uma mesa canônica por Leonel Caldela