Bem-vindos de volta à Escolinha de Tanna-Toh, nossa padroeira do conhecimento que, em sua divina bondade, incentiva a propagação de conhecimento até os pontos mais longínquos de Arton. Para ajudar aqueles interessados em escrever para a Iniciativa T20, hoje vamos falar sobre uma das mais frequentes pontuações da língua portuguesa, por ser um tópico que pode gerar muitas dúvidas e que frequentemente é subutilizada, em especial nas redes sociais às quais estamos todos (ou quase todos) muito acostumados.
O que é a vírgula?
“Ah, a vírgula é aquela pausa para respirar.” Não. A vírgula é uma pontuação (símbolo gráfico) que é usada para separar elementos e expressões dentro de uma frase, indo muito além da pausa rítmica que algumas vezes é ensinada nas escolas. Resumindo, é um elemento organizador do texto. Possui alguns usos mais complexos, especialmente nos casos em que é não é obrigatória ou quando pode ser usada em um ou outro lugar da frase, mas é mais simples do que pode parecer à primeira vista. Neste texto vou destacar os usos mais comuns, mas que também são importantes e podem acabar gerando dúvidas.
Separa-se por vírgula elementos listados em uma frase:
Aharadak, Arsenal, Kallyadranoch, Megalokk, Sszzaas e Tenebra só permitem aos seus clérigos canalizar energia negativa.
É usada após o vocativo, ou seja, quando chama alguém:
— Mestre, vou rolar meu ataque contra o dragão.
É usada para separar um aposto, ou seja, uma explicação que interrompe a frase, do restante dela:
- Para usar um chicote, uma arma exótica, um personagem deve possuir a proficiência adequada.
- Davi, o líder do vilarejo, está contratando aventureiros para lidar com monstros.
É usada para separar orações adversativas, ou seja, que expressam oposição, na sua frase:
Arcanistas são conjuradores poderosos, mas não podem conjurar magias divinas.
Há também as situações em que nunca se deve usar a vírgula, pois há elementos dentro da frase que não devem ser separados.
Nunca separe sujeito do verbo:
Maquius, lutou e venceu na arena de Tapista. (errado)
Maquius lutou e venceu na arena de Tapista. (certo)
Lembrando que o sujeito não deve ser confundido com o vocativo. Vocativo é quando você chama, evoca, o nome da pessoa com quem se fala. Sujeito é quem faz a ação.
Também não se deve separar o verbo do complemento:
Maquius lutou e venceu, na arena de Tapista. (errado)
Maquius lutou e venceu na arena de Tapista. (certo)
A vírgula também serve para isolar os nomes de lugares das datas, em uma carta por exemplo:
São Paulo, 7 de dezembro de 2021
Um uso um pouco mais complexo é omitir um termo que seria repetido no texto, esse uso é chamado de elipse:
- Arcanistas conjuram magias arcanas e clérigos, magias divinas.
- Vectorius mora em Vectora e Talude, na Academia Arcana.
Na primeira frase, o termo suprimido é o verbo “conjurar”, na segunda frase o termo suprimido é o verbo “morar”.
A vírgula e o sentido
Outro ponto muito importante é analisar o sentido que se quer para a frase e como a vírgula pode alterá-lo completamente, veja essas duas frases:
- Se Khalmyr soubesse o valor que tem, Tenebra se arrastaria a seus pés.
- Se Khalmyr soubesse o valor que tem Tenebra, se arrastaria a seus pés.
Na primeira frase, é dito que se Khalmyr soubesse seu próprio valor, Tenebra é quem se arrastaria aos pés dele. Na segunda frase, é dito que se Khalmyr soubesse o valor que Tenebra tem, ele se arrastaria aos pés dela.
A vírgula pode determinar se o grupo vai escapar da masmorra ou não:
- Não, há outro caminho.
- Não há outro caminho.
Na primeira frase, indica que há sim um outro caminho a ser seguido, e na segunda, que não há.
Pode mudar quem é acusado:
Aquele, cavaleiro, é corrupto.
Aquele cavaleiro é corrupto.
Na primeira frase, alguém fala ao cavaleiro que outro personagem é corrupto (repare que nessa frase, cavaleiro é um vocativo), na segunda, acusa o cavaleiro de ser corrupto.
Lembre-se, quando estiver escrevendo, de olhar para o texto e pensar na organização daquilo que você quer dizer, assim ficará muito mais fácil de saber como e onde utilizar a vírgula para não errar nem a gramática, nem o sentido que você quer dar ao texto.