Escolinha de Tanna-Toh — Crase
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Sejam mais uma vez bem-vindos à Escolinha de Tanna-Toh, intrépidos aventureiros de Arton! Hoje lidaremos com uma adversária que engana mais do que clérigos de Hyninn, que é mais poderosa do que dragão vermelho e mais assustadora do que as criaturas sombrias de Aslothia, mas não o suficiente para espantar os devotos da Deusa do Conhecimento! Vamos falar da famosa e temida crase!
O que é a crase?
Em termos simples, a crase é a contração de duas vogais iguais (a + a), a ocorrência mais comum é a de preposição (a) e artigo definido feminino (a), e é representada pelo acento grave (à).
Ocorre antes de palavras femininas em situações que exijam o uso tanto da preposição quanto do artigo definido:
- Implorou à clériga por cura.
Veja que o verbo implorar exige preposição: quem implora, implora a alguém, no caso, a clériga. Então implora (a + a) à clériga.
- Os novos estudantes chegaram à Academia Arcana.
- Os aventureiros sobreviveram à viagem.
Repare que, nos três exemplos acima, se você substituir o termo feminino por um termo masculino a junção a + a, se tornaria a junção a + o: “implorou ao clérigo”; “chegaram ao templo”; “sobreviveram ao desafio”. Então, uma boa dica para quando estiver com dúvida se ocorre crase ou não, é trocar o termo feminino por um termo masculino.
A crase ocorre também obrigatoriamente em diversas expressões: à noite, à tarde, às vezes, à toa, à deriva, à vista, etc. É importante notar que nenhuma dessas expressões é formada por termos masculinos.
- Criaturas sombrias caçam à noite.
- A embarcação estava à deriva no Mar Negro.
- Encontros aleatórios podem ser desastrosos às vezes.
(Curiosamente, não falamos “à manhã”, mas sim, “pela manhã”, pois a preposição exigida é outra (por), então temos a junção “por + a”, formando “pela”).
Em alguns casos, pode ocorrer a crase antes de um substantivo masculino, mas somente quando houver uma expressão subentendida, à moda de, à maneira de:
- Foi um jantar à Rei Thormy. (Um jantar à maneira do Rei Thormy).
- Foi uma festa à Tex Scorpion Mako. (Uma festa à moda de Tex Scorpion Mako).
A crase é usada para determinar clareza em algumas situações:
- Foi lavar a mão no rio. (Fazer a limpeza da mão).
- Foi lavar à mão suas roupas. (Lavar com as próprias mãos).
- Colocou à venda sua antiga armadura. (Está vendendo a armadura).
- Colocou a venda nos olhos do aprendiz. (Tampou a visão do aprendiz).
Também usamos crase para especificar horários:
- O grupo sempre levantava às seis horas.
- A reunião será às três horas.
- Chegarão à meia-noite.
No entanto, se outra preposição for usada, não ocorre crase:
- Estavam acordados desde as seis horas.
- A reunião estava marcada para as três da tarde.
- A cerimônia seria após a meia-noite.
Há também as situações em que não usamos crase. Não ocorre antes de substantivos masculinos (salvo a exceção explicada):
- Andaram a pé da cidade até o rio.
- Foram a cavalo porque tinham pressa.
Também não ocorre antes de verbos:
- Estava aprendendo a lutar sem armas.
- O bardo não chegou a cantar naquela noite.
- O dragão não estava disposto a escutar.
Expressões de palavras repetidas, independente do gênero:
- Seu dia a dia era na estrada.
- Ficaram lado a lado durante o combate.
- Precisavam resolver a situação cara a cara.
No geral, para saber quando usar a crase, outra dica muito útil é entender qual é o sentido da frase. No primeiro exemplo do texto (Implorou à clériga por cura), se não usarmos a crase, a frase muda de sentido: “Implorou a clériga por cura” é o mesmo que “A clériga implorou por cura”. Enquanto outras frases ficam completamente sem sentido: “Criaturas sombrias caçam a noite”, não é possível caçar a noite em si, apenas caçar durante a noite, portanto à noite.
Por hoje é isso, espero ter ajudado a entender um pouco melhor essa regra que aterroriza(va) as mentes e corações de tantos de nós. Obrigado por ter lido até aqui e até a próxima!
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