Escolinha de Tanna-Toh — Verbo Haver

Escolinha de Tanna-Toh — Verbo Haver

crase

Compartilhe este conteúdo:

Olá, caríssimos artonianos! Acomodem-se em seus lugares na Escolinha de Tanna-Toh, e venham comigo sanar dúvidas mais traiçoeiras que devotos de Sszzaas, pois hoje o tema é o verbo haver!

Este verbo vem do latim habere, é usado principalmente com o sentido de ocorrer, ter ou existir e é um verbo irregular, o que significa que sua conjugação é diferente para cada pessoa do discurso (no presente do indicativo, por exemplo: eu hei, tu hás, ele há, nós havemos, vós haveis, eles hão), além disso, em alguns tempos verbais o radical (a raiz da palavra) muda de “hav-” para “houv-” (havia – houve); e em outros ainda muda para “haj-” (haja).

Claro que isso por si só já seria suficiente para confundir a cabeça da maioria das pessoas, mas a grande questão aqui é que na maioria das vezes em que usamos o verbo haver em uma frase ele é um verbo impessoal.

É o quê?

Isso mesmo, como eu já disse, a maioria das vezes em que usamos o verbo haver em uma frase, ele tem o sentido de ocorrer, ter ou existir (e de alguns outros verbos, como veremos), e nesses casos ele se torna impessoal. Na prática, isso significa que ele não tem sujeito e por isso não será conjugado como os outros verbos, mas ficará sempre na 3ª pessoa do singular (ele).

Vejamos alguns exemplos:

  •  Havia muitos furtos naquela cidade antes da nova capitã da guarda chegar. (ocorreram ou aconteceram)
  •  — Cuidado, aventureiros! Há perigos à espreita em todos os lugares de Arton. (existem)
  •  Naquela época, houve muitas emboscadas na estrada. (ocorreram ou aconteceram)
  •  — Estivemos na cidade há apenas três dias e nossas poções já acabaram! (faz)
  •  — Quando houver oportunidade use sua magia no chefe deles. (tiver)
  •  Havia muitas pessoas no festival de Lena. (estavam presentes ou tinha)

O verbo haver ainda pode atuar como verbo auxiliar, e nesse caso será conjugado normalmente:

  •  O clérigo já havia iniciado a cerimônia.
  •  — Eu havia avisado, senhora, mas não quiseram escutar.
  •  As pessoas haviam dito que aquele guerreiro era invencível.
  •  — Pensávamos que havíamos fugido, mas o monstro nos encontrou.

No entanto, se estiver acompanhado de outro verbo e o verbo haver for o verbo principal, ambos devem ficar na 3ª pessoa do singular (ele):

  •  — Deve haver uma saída deste labirinto!
  •  — Se quiserem terminar o ritual, estejam avisados: pode haver complicações.
  •  — Deve haver uma solução razoável para o problema, caro guarda.

Fora isso, há ainda duas questões que causam dúvidas (ou problemas) nos textos com certa frequência.

A primeira delas é a diferenciação entre “haver” e “a ver”. O verbo haver já foi explicado acima, então resta a explicação de “a ver”. Essa expressão tem o mesmo significado de “estar relacionado” ou que “diz respeito a alguma coisa”. Vejamos alguns exemplos:

  •  — Vou pintar minha armadura de uma cor que tenha mais a ver comigo.
  •  — Querem me prender por quê? Eu não tenho nada a ver com magia!
  •  O elfo andava meio curvado e estava maltrapilho. Não tinha nada a ver com a antiga glória élfica.
  •  — Aquele qareen tem tudo a ver comigo — disse o bardo cheio de malícia.

A segunda questão está relacionada com uma expressão muito comum para começar histórias: “Há muito tempo”. Quando falamos de tempo passado podemos dizer “há muito tempo” ou “muito tempo atrás”. Dizer “há muito tempo atrás” é redundante. Claro que se pode pensar que é uma forma de reforçar a ideia, mas é deselegante. Se houver necessidade de reforçar quanto tempo se passou, existem outras formas. Aqui vão algumas delas:

  •  Há muito, muito tempo…
  •  Há muitíssimo tempo…
  •  Muito tempo atrás, quando o Panteão ainda era jovem… (neste exemplo cabem diversos tipos de comparação, basta escolher algo condizente com o que está escrevendo).

Por hoje é isso, caríssimos artonianos. Espero que tenham gostado e até a próxima!