Minha primeira personagem: Donzela indefesa? Aqui não!
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Olá, aventureiro! Pronto para conhecer mais uma personagem minha?
Espero que esteja jogando muito RPG e criando histórias fantásticas nestes tempos sombrios. Se você está precisando de um incentivo ou inspiração para se aventurar, aconselho que leia alguns artigos aqui do blog sobre o assunto. Tem muita informação legal que pode enriquecer demais seus conhecimentos RPGísticos!
Pensando sobre a contribuição positiva que o RPG está dando na minha vida nesta pandemia, voltei às origens e lembrei da primeira vez que joguei.
Aula de Artes para quê? Para fazer arte!
Tinha 16 anos, era aula de Artes e eu não estava muito interessada (Não façam isso, crianças. Prestem atenção nas aulas!). Vi dois colegas jogando num cantinho e fui de intrometida perguntar “O que estão fazendo?”
Em minutos eu já tinha uma ficha pronta: filha do deus Apolo, semideusa e arqueira. O sistema era bem simples, mas a história era super complexa e cheia de inimigos poderosos.
Lembro que meu poder vinha do sol (obviamente) e fui aprendendo a usar isso a meu favor nas campanhas. Então, ao entender a lógica do jogo fui crescendo, crescendo, upando e me divertindo.
Cada vez que nos reuníamos eu queria tentar algo diferente. Abusar da criatividade para criar cenas cada vez mais épicas e sentir aquela sensação de estar sendo uma heroína.
Até que entrou um NPC que seria recorrente.
Algo de errado não está certo…
De alguma forma, a minha personagem caia em situações cada vez mais impossíveis de sair. Sem sol para lhe dar poder ou contra um inimigo que apenas aquele NPC tinha poder para lutar contra.
Minha personagem se tornou a donzela indefesa.
Esse NPC tinha um background que o empurrava para ser par romântico da minha personagem. Estava sempre por perto, cantando e tentando ser lisonjeiro. Uma vez que deixei a narrativa seguir assim e nunca mais consegui me livrar.
Toda vez a minha personagem chegava perto da morte e eu já esperava o belo e poderoso herói vir me salvar. O mestre parecia se divertir mais jogando com esse NPC do que mestrando em si. Mas só ele estava se divertindo.
A situação estava chata. Eu não queria mais jogar, mas tinha medo de acabar atrapalhando a mesa ou algo similar. Não queria ser um estorvo e isso continuou por tempos.
Mas você acha que eu nunca reclamei? Que ficava passiva diante disso? De forma alguma! Mais de uma vez tentei explicar que estava chato ficar esperando o herói ir me salvar, mas de nada adiantava. Nas campanhas, eu apoiava o queixo na mão e dizia já cansada: “Não se preocupem, o fulano já tá chega para salvar todo mundo.”
Porém, um dia, a minha personagem rompeu com esse fulano sem motivo algum. “Um absurdo”, dizia o mestre, “ele era tão foda!”
Me revoltei mesmo.
Donzela Indefesa? Essa personagem não me cabe
Fiz o que eu queria. Ignorava o que o NPC tentava me falar, mas ele continuava atrás de mim. Até que tive uma DR dentro do jogo, gritando para que ele me deixasse em paz. Que deixasse eu trilhar o meu caminho sozinha.
Contudo, os dados me ajudaram muito (quando o mestre não estava muito a fim).
Lembro bem dessa cena. Estava presa num calabouço escuro, tinha apenas mais uma flecha e todas as respostas para as perguntas “bobas” que fiz.
“Tá chovendo? Nublado?”
“Esse calabouço é feito do que? Todo ele? A flecha que tenho atravessa?”
Perguntei se tirasse um crítico eu poderia quebrar uma parede com o tiro. O mestre disse que sim.
Tirei um acerto crítico, mas invés da parede, mirei no teto (que era do mesmo material) e arrebentei. Então narrei que o sol entrou, já que o dia não estava nublado, e pude usar o poder de semideusa filha de Apolo (ponto que estava esquecido depois de tudo).
Finalizei o Final Boss com um brilho solar que batia contra o poder das trevas dele. Não tinha como tirar essa glória de mim, da minha personagem.
Nunca mais joguei com esse mestre. Não foi divertido.
Desculpem pela falta de comédia dessa vez, mas é que às vezes não tem graça mesmo.
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