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Brigada Ligeira Estelar Baú Referencial: Last Hope

O Biopunk para Brigada Ligeira Estelar

Em Brigada Ligeira Estelar, a seção Baú Referencial não traz adaptações de cenário: ele busca ideias e conceitos em outros animes. Assim, desta vez, vamos falar de Last Hope (no original, Juushinki Pandora ou Zhòng Shénjī Pānduōlā). Ela é uma co-produção Nipo-Chinesa de 26 episódios criada pelo veterano Shōji Kawamori (Macross, Macross Plus, Escaflowne) de 2018 e, atualmente, exibida no Brasil pela Netflix. Infelizmente, ela não é tão falada quanto merece.

Na verdade, a decisão de se exibir uma série de 26 episódios em duas partes de 13 tem sua culpa. Por isso, tivemos avaliações meio mornas dos resenhistas ocidentais: a primeira metade investe pesadamente em worldbuilding e desenvolvimento de personagens para, consequentemente, nos catapultar para a segunda. Aliás, é bom prestar bastante atenção: aqui, temos biotecnologia, trans-humanismo… também física espaço-temporal, superposição quântica, evolucionismo — e logo, muita technobabble.

O fim do mundo da última semana.

Bio-pós-Apocalipse

Mas e quanto à história? Para começar, tudo começou em 2031 — a data da Crise de Xianglong, quando um reator quântico explodiu e, assim, deflagrou um processo evolucionário ultra-rápido por todo o mundo. Logo, animais e plantas foram transmutados em seres biomecânicos conhecidos como Brai (Biological Revolutionary of Accelerated Intellect). Por isso, estes devastaram a civilização. Mais tarde, sete anos depois, a cidade central desses eventos tornou-se um dos últimos bastiões da humanidade: Neo Xianglong.

Aqui, entra o personagem principal: o cientista Leon Lau. De fato, ele é um dos responsáveis pelo reator quântico e, por isso, tem a culpa depositada nos ombros por ser o único sobrevivente ali. No entanto, ele voltou com a invenção necessária para proteger a cidade das constantes ameaças dos Brai: o Hyperdrive. Logo, ao instalá-lo em seu veículo e robô de combate pessoal, ele se torna capaz de detê-los. Assim, forma-se um time de pilotos — a Equipe Pandora.

A Equipe Pandora e seus comandantes.

Trabalho em Equipe

Com isso, o sci-fi está ao lado de um grande investimento em personagens: aqui, romances são secundários — o importante é a família*. Assim, os personagens funcionam perfeitamente dentro do conceito de Perfis de Personagem em Brigada Ligeira Estelar. A princípio, Lau é um planejador tático nos moldes de um Reed Richards (Quarteto Fantástico): ele precisa da presteza do resto do time para implementar soluções, por causa do pouco tempo para explicações em crises imediatas.

Da mesma forma, temos uma equipe aonde ninguém fica sobrando — mesmo Chloe, a única da Equipe Pandora a não desempenhar funções de combate, é um excelente exemplo de Coração para o seu grupo de personagens — e assim, mesmo personagens em tese não pertencentes ao time são importantes de algum modo em sua dinâmica (a princesa, e prefeita, Cecile Soo como agregador e, principalmente, o secretário Jay Kun — na prática, um segundo contraponto para Leon Lau).

Essa ainda é uma série com robôs gigantes, apesar de tudo!

Elementos Úteis

Kawamori entende do riscado quando o assunto é humanizar cenários potencialmente pedregosos para o espectador: ele foi o criador da série Macross em 1982 e talvez por produzir para o mercado chinês desta vez, está desobrigado de grandes concessões otaku**. É uma boa história de ficção científica e seu melhor trabalho em muitos anos. Virtualmente é a quarta série Superdimensional jamais feita***. Quais são seus elementos interessantes em destaque?

Ficção Científica Clássica: embora tudo leve aos combates entre veículos transformáveis em robôs contra monstros, tudo passa por soluções científicas.

Fantasia Científica: o Caos, incorporado ao guarda-chuva quântico da série, é a “ciência tão acima de nós que a vemos como magia”, com verniz místico.

Forte Apache: os Brai (parte animais, parte máquinas e com surtos evolucionários) forçaram a humanidade a viver em… cidades-fortalezas, defendendo-se.

A série ganha elementos aparentemente místicos, mas não é bem assim.

Mais Elementos

Energia Misteriosa: os hyperdrives trazem energia de outras dimensões… e permitem aos robôs evoluírem com elementos de suas contrapartes dimensionais.

Trans-Humanismo: alguns dos humanos da série manifestam elementos biotecnológicos, se tornando alguma outra coisa — e os pilotos estão sob esse risco.

Política Interna: a princesa-prefeita está sob constante bombardeio de inimigos políticos — então a Equipe Pandora tem um papel em sua imagem pública.

A história é também exemplar em sua organização como Kishōtenketsu. Isso explica, inclusive, o motivo pelo qual dividi-la em duas partes… não foi uma boa ideia: em primeiro lugar, temos a apresentação; em segundo, o desenvolvimento; no terceiro, temos uma reviravolta; e no último, temos as amarras finais da trama. A primeira parte de Last Hope corresponde aos dois primeiros atos — daí a divisão não ter funcionado bem. Depois da virada, nada para.

Energias extradimensionais, superposições quânticas… fiu!

E em Brigada Ligeira Estelar?

A princípio, como adicionar esses temas ao universo de Brigada Ligeira Estelar? Há dois mundos particularmente perfeitos para esse fim. O primeiro é Inara, com sua divisão em ilhas e arquipélagos: é possível criar um núcleo de povoamento e de desenvolvimento de tecnologia protegido pela própria Brigada — e sujeito ao ataque dos monstros gigantes da fauna particular deste mundo. Uma ilha como essa também é um alvo para piratas ou terroristas. Ação não faltará!

Mais adequado ainda é Moretz. Ele tem uma cidade perfeita para esse fim: Éden Quatro**** — a última das megalópoles construídas no solo do planeta, envolta em domos de metal transparente. Ela é um centro de pesquisas e vem sendo repovoada gradualmente após sua reconstrução. Moretz, com seu bioma hostil aos humanos e sua fauna perigosa, é um ótimo cenário para experimentos científicos capazes de dar muito errado, exigindo a ação rápida da Brigada.

O cotidiano é importante para equilibrar o lado científico da trama

Inserindo Super-ciência na campanha

A princípio, falamos um pouco disso AQUI, mas vale a pena desenvolver um pouco mais. Primeiro, o fator científico em Last Hope é aplicado na construção de suas bases narrativas, ao estabelecer um mundo hostil para a humanidade… mas as soluções imediatas também passam por elas. É uma camada além do robô com arma especial enfrenta robô com arma mais especial ainda. Portanto, os personagens precisarão usar o cérebro para resolver problemas. Consequentemente, pensamento estratégico é importante.

Logo, fica a nota: um pouco de pesquisa para o mestre é fundamental. Tire um tempo cavucando em websites de divulgação científica em busca de ideias, mas não esqueça de estabelecer pontos fracos. Também não esqueça de garantir acessibilidade a eles pelos jogadores… e um pouco de technobabble é preciso para estabelecer o clima, tanto para definir a ameaça quanto na chave da vitória dos personagens contra ela. Não dá para escapar disso tanto assim.

…mas não se iluda: aqui é robô contra monstro.

Para Terminar

De resto, não é difícil de se entender a necessidade de se explorar as relações mútuas entre os personagens e os seus cotidianos, com elementos cômicos aqui e ali. Leon Lao é brilhante, mas avoado e ridiculamente distraído. Primeiro, Queenie Yo, focada e eficiente, sai do sério por… doces. Segundo, Glen Din está sempre nervoso. Terceiro, Chloe, a irmã adotiva de Leon, recita os artigos de um “contrato familiar” e o aplica a todos na equipe para uni-los por laços… e dá certo!

Por isso, somos estimulados a gostar dos personagens. Consequentemente, esse senso de humor ajuda a equilibrar o peso de tanta física quântica e biotecnologia. Assim, estimule os jogadores a adquirirem algum traço meio caricato. Quem sabe um personagem glutão? Ou, quem sabe também, um sujeito ridiculamente zen? É claro, quando as coisas ficarem sérias é hora de se tratá-las como tal. Mas entre uma crise a ser resolvida e outra? Um pouco de leveza não faz nenhum mal.

Até a próxima!

Ao final da série, você vai estar gostando dessa turma toda.

Notas:

* O Episódio 7 ironiza isso. O único romance concreto da série é entre um dos personagens e uma mulher já morta.
** Shōji Kawamori nos últimos anos trabalhou em séries como AKB0048 e deu uma guinada mais idol à franquia Macross a partir de Macross Frontier.Last Hope é uma espécie de retorno às obras mais sci-fi dos seus primeiros anos de carreira.
*** O Bloco Superdimensional (Chō Jikū Series) foi uma série de animações de real robot produzidas pela Tatsunoko e não-relacionadas entre si mas tematicamente ligadas (o “superdimensional” aparece com significados e contextos diferentes). Foram três séries: Superdimensional Fortress Macross (esse dispensa apresentações), Superdimensional Century Orguss e Superdimensional Cavalry Southern Cross — este o único da Tatsunoko sem o dedo do estúdio Big West… e uma bomba que aniquilou a linha. O elemento “Superdimensional” está bem claro em Last Hope.

Nota Extra:

**** Originalmente Éden Zero. Infelizmente, os japoneses fizeram uma série quase homônima (não é preciso ir muito longe para chegar lá) e embora eu tenha vindo primeiro, nenhum de nós quer advogados nipônicos em nossos calcanhares. Por isso o retcon.
ADENDO EXTRA: na nota de rodapé sobre as séries Superdimensionais, esqueci da menção sobre Robotech — assim, incluindo duas delas, a primeira e a última, removendo Orguss do meio e encaixando Genesis Climber Mospeada (cujas naves e robôs são bem similares aos de Macross) no seu lugar. Tudo isso para lembrar: Southern Cross foi uma maçaroca tão grande que os japoneses, ao assistirem a versão editada estadunidense, enviaram elogios aos responsáveis por Robotech por terem tornado-a assistível. Portanto, isso diz tudo, não?

DISCLAIMER: Last Hope/Juushinki Pandora/Zhòng Shénjī Pānduōlā é propriedade da Satelight, Inc. Imagens para fins divulgacionais ou jornalísticos.

Baú Referencial: Recomendações no Streaming

Uma lista de animes à disposição para mestres de Brigada Ligeira Estelar!

Em Brigada Ligeira Estelar, sempre procurei fazer do cenário mais acessível a quem chega. Fazê-lo caminhar pelas próprias pernas. Sempre falei o quanto o Baú Referencial não foi pensado para trazer adaptações e sim referências para os mestres. Admitidamente, isso é… repetitivo. Porém, muita gente começou a acreditar — erroneamente — na necessidade de assistir animes antigos para poder mestrar ou jogar no cenário. E isso não corresponde à verdade.

Em primeiro lugar, sou o primeiro a defender o quanto os robôs gigantes tiveram uma história rica na animação japonesa. Porém, quem só está a fim de jogar com os amigos, no fim de semana, não precisa realmente de um doutorado sobre o tema. Assim, não tem cabimento eu sugerir, sei lá, SPT Layzner ou Heavy Metal L-Gaim — ou seja, animes dos anos 80 disponíveis apenas em inglês com legendas de fãs. Gosto deles mas ninguém deveria ter essa obrigação.

Pondo a Casa em Ordem

Em segundo lugar, é importante deixar claro o quanto sci-fi em geral, e robôs gigantes em particular, estão longe de ser velhos ou irrelevantes. Pelo contrário, ele sempre estão presentes — embora estejam longe de seu boom — e qualquer mergulho em canais de streaming como a Crunchyroll ou a Funimation nos afogue em romances escolares ou histórias sobre gente reencarnada em mundos de fantasia medieval.

Dessa forma, deixo uma lista com material acessível em canais de Streaming. Não estranhe a ausência da Amazon Prime Video: ela já esteve melhor recheada, mas hoje está muito pobre no quesito animes de ficção científica: lá tem o Beatless para os interessados em referências para andro-ginóides em suas campanhas, e olhe lá. Em suma, são materiais acessíveis, legalizados e com alguma coisa útil para o mestre de jogo.

Divirtam-se.

Avisando: isso mudou, devido ao tempo entre escrita e publicação. Verifique!

Atualização: os longas de Neon Genesis Evangelion mencionados na lista são os antigos — Death & Rebirth e The End of Evangelion. Os novos longas (Rebuild of Evangelion) estão na Amazon Prime.

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Baú Referencial – Gundam Wing

Gundam Wing

Um olhar terro… digo, rebelde para suas campanhas de Brigada Ligeira Estelar!

Em Brigada Ligeira Estelar, a seção Baú Referencial não traz adaptações de cenário: ela busca, em outros animes, ideias e conceitos aplicáveis à ambientação. Assim, com a chegada de Gundam 00 à TV Brasileira*, deveríamos falar sobre ela, certo?

Porém, decidi resgatar antes um conteúdo do antigo blog da Jambô: o Baú Referencial de Gundam Wing. Embora ela seja muito divisiva entre o fandom de Gundam no ocidente, ela por muito tempo foi o único Gundam exibido por aqui. Por isso, vamos dar uma olhada:

Embora tenha a franquia Gundam em alta conta, minha relação com Gundam Wing em especial é complicada. Contudo, ela foi a única série Gundam a passear em nossas televisões.

Não se empolguem: raramente você vê todos esses robôs juntos na série.
Na verdade, provavelmente você só os verá como um grupo no final.

Conceitos similares, execuções diferentes

Todavia, não me surpreendi com as reações quando confessei, no Facebook… ser, de certa forma, Relena Peacecraft o estalo criativo por trás da Princesa Adelaide D’Altoughia de Forte Martim, no universo de Brigada Ligeira Estelar.

Primeiro, quis fazer de Adelaide uma princesa capaz de despertar lealdade e protetividade, de acordo com aquele espírito ruritânio do gênero (concomitantemente, recomendo a leitura deste artigo deste artigo).

Não pensei nisso, a princípio, mas Adelaide e Relena partilhavam muitas linhas gerais.

Em segundo lugar, ambas são bem jovens. Em terceiro, trazem consigo os efeitos da morte dos pais legítimos e, consequentemente, de seu alijamento do trono. Portanto, estão sob a mira de inimigos da pior espécie e, dessa maneira, dependem dos heróis como protetores.

Para não me acusarem de implicância: esteticamente a série tem méritos
e é uma ótima referência
visual para Brigada Ligeira Estelar.

Engenharia Reversa

O que faz de Relena um problema e, analogamente, como isso pode ser evitado na Adelaide? A princípio, esta jamais negligenciaria a defesa das próprias causas como Relena — cujas platitudes, consequentemente, lhe custaram um reino.

Prosseguindo, suas perdas temperaram sua personalidade (ela jamais ignorou seu passado). Assim, elas lhe deram a medida do sofrimento das pessoas comuns frente às injustiças.

Portanto, a Princesa-Regente de Forte Martim não pode facilitar para os adversários e dessa forma, mostra sangue nos olhos — “espírito democrático”, em excesso, pode servir apenas para alimentar serpentes no jardim. É impiedosa mas justa. Logo, são personagens distantes entre si.

Eis o ponto: é possível identificar possibilidades em meio a materiais com problemas. “O que eu faria no lugar desses caras?”

Para não me acusarem de implicância II, a Missão: a trilha sonora é matadora.
Use os álbuns Operation 1, 2 e 3 em sua mesa de jogo e confira

O Errado Pode ser Útil?

Gundam Wing realmente tem conceitos ótimos: os personagens principais viajam para Terra como rebeldes infiltrados. Lá, eles deveriam ser confrontados com seus limites éticos e assim, perceber que nosso mundo é tão vítima quanto as colônias.

Contudo, o problema real é a Fundação Romefeller (do qual a OZ é uma extensão militar). Conscientizados, os personagens deveriam se agregar ao redor da Princesa e enfrentar conjuntamente a Romefeller.

Assim, ao restabelecer seu papel de direito, nosso planeta e as colônias poderiam, dessa forma, assinar uma paz mútua e entrar em uma nova era de paz e prosperidade.

Seria uma linha de roteiro funcional. Porém…

Para não me acusarem de implicância III, o Resgate: os robôs da Oz eram legais —
e admito, gosto mais deles do que dos Zakus clássicos. Mas eram só buchas…

Não foi bem assim!

… o simples, o funcional e o linear passaram longe, comprometendo todo esse potencial.

Por causa de uma abordagem estrutural similar à série Samurai Warriors**, os personagens são separados, formando duplas para enfrentar seus inimigos — e assim, quando uma história de verdade parece engrenar e nos interessar, ela é jogada ao ar como um castelo de cartas.

Tudo se desmonta e reinicia o processo, abortando várias linhas de roteiro com potencial de desenvolvimento, sem falar da quantidade anedótica de reviravoltas radicais no status quo.

Os Gundams dessa série estão longe de ser os melhores da franquia,
mas abro uma exceção para o Heavyarms. Esse foi inspirado!

Para Mestres de Brigada Ligeira Estelar

Séries posteriores da franquia tomaram como base conceitos de Wing — mas passados a limpo: Gundam 00 começa bem similar mas há pé e cabeça***. Kudelia Bernstein de Gundam: Iron-­Blooded Orphans soa concreta como Relena Peacecraft jamais soou. Ninguém pode acusar a Sunrise de não aprender com seus erros.

Porttanto, podemos partir do “como poderia ter sido” e encaixá-la em suas campanhas na Constelação do Sabre:

ORGANIZAÇÃO: enviar cinco agentes isolados não-cientes uns dos outros é… estúpido. Imagine a coisa tocando de outra forma — os personagens pertencem a uma milícia conspiratória. Sua organização está plantada em diferentes lugares.

Operação Meteoro: seu plano é mandar cinco agentes isolados, sem informação
da existência um do outro, criando a chance deles se trucidarem? É isso?

Terroristas para sua campanha de Brigada Ligeira Estelar

Por definição, organização significa NPCs de apoio para os jogadores, entre contatos e auxílio prático. Além disso, ao verem os demais pelos meios de comunicação em missões terroristas, cada um identificará os demais como seus colegas e portanto, todos irão se reunir de forma planejada.

Aliás, temos um bom motivo para sua reunião: caso estejam separados, todos serão presas mais fáceis para seus adversários.

CUMPRA SUA MISSÃO (OU NÃO CUMPRA E PAGUE O PREÇO): quando Heero ameaçou Relena de morte****, alguém normal iria correndo para a secretaria do colégio — ou para a polícia. Contudo, qualquer filme de ação nos mostra como mandantes não perdoam assassinos capazes de poupar vítimas e protegê-las a seguir.

Peraí: rasgar bilhetinho, ameaças em público… personagens infiltrados
não deveriam ser discretos ao invés de dar espetáculo?

Seja Lógico

Aliás, se houvesse lógica nessa trama, os demais garotos — também agentes da conspiração, lembram? — deveriam ser seus perseguidores. Caso seus personagens façam algo do tipo, não duvide: mande os demais e envie robôs de combate bem mais perigosos! Como será preciso reunificar o grupo em jogo, talvez o mestre considere cooptar a moça…

PASSE A TESOURA: tentem resumir Gundam Wing em uma só página de Word com 2,0 de espaço. Em seguida, chorem.

Um dos mais graves problemas dessa série é a incapacidade dos roteiristas explorarem um cenário estabelecido com a reviravolta da vez. Dessa forma, o texto não consegue equilibrar seus muitos eventos — e eles inclusive tiveram QUARENTA E NOVE EPISÓDIOS para contar sua história.

Logo, seja organizado. Dê tempo ao tempo nas suas campanhas. Explore novos contextos.

O primeiro dos mil golpes de estado dessa série… e diacho, decida-se, Lady Une:
ou você joga o infeliz de um avião, ou você o executa com um tiro!

Não faça o Golpe de Estado da Semana!

Para impedir a trama de ficar confusa, planeje um número limitado de grandes eventos e reviravoltas em sua campanha — ou, alternativamente, as faça acontecer naturalmente no decorrer dos capítulos. Dessa maneira, faça-os parecerem desenvolvimentos naturais. A propósito, tente dar… agência aos personagens nesses eventos. Caso seja preciso uma nova reviravolta no cenário, a participação deles vai ser importante.

MATILHAS, NÃO LOBOS SOLITÁRIOS: Chang Wu-Fei é um dos protagonistas, mas nem parece — ele é completamente acessório à trama em um grupo sem unidade. Inclsuive no final, em Endless Waltz, Wu-Fei está à parte! Friamente, sua única razão de existir foi impedir um final com dois chefes de fase para Heero Yui. Corte suas aparições e no final, praticamente nada de importante na trama mudará.

Aliás, em termos de comportamento na mesa de jogo, ele é um Edgelord.

Gundam 00: O piloto “estranho”, o cara gente boa mas letal, o frio executor, o tipo
andrógino… todos
expys de Wing. Mas falta um aqui — e com boas razões!

Não Abrace a Falha dos Outros

Dessa forma, se pensarmos nos cinco principais como personagens jogadores, este é um problema astronômico. Neste caso, não há verdadeiramente uma desculpa: personagens assim só funcionam na televisão quando são os protagonistas da própria série — e na verdade, este não é o caso nem em Gundam Wing, nem em uma mesa de jogo! Assim, mantenha o seu grupo bem integrado!

OBJETIVOS, NÃO PLATITUDES: sua campanha não precisa ser uma análise sobre os motivos financeiros por trás das guerras. Porém, motivações e posturas práticas ajudam muito a tornar seu cenário convincente para os jogadores. Sim, falamos do Pacifismo Total de Relena: ele é impossível de ser levado a sério como nos é mostrado. Inclusive, ela teve sua inviabilidade comprovada*****! Os personagens vão lutar por isso?

O Reino de Sanc era um país ou uma academia para moças?
Sim, dá para pescar o arquétipo da Dorothy Catalonia.

Cuidado com seus Coadjuvantes!

Contudo, não adianta nada tratar um cenário de forma convincente se o percebermos através de coadjuvantes questionáveis.

Se a ideia for propor um debate e, ao verbalizar pontos concretos, convencer por tabela os jogadores — ou colocá-los em sua defesa — o Pacifismo Total não ganha nada quando a personagem antitética à Relena, Dorothy Catalonia, contra-argumenta como uma vilãzinha do Capitão Planeta (“Eu amo as guerras…”).

RACIOCINE: Trowa Barton deveria estar se escondendo e se ocultou em… um… circo… aonde dezenas de pessoas o viam todo fim de semana no picadeiro. Embora não tenham ligado para isso na Sunrise, dê um toque ao seu jogador. Ou puxe o seu tapete: mande as autoridades atrás dele!

Divirtam-se… e até a próxima!

Até Mais, pessoal!

Notas de Rodapé

* Este Texto foi escrito antes do fim do canal Loading mas a Funimation brasileira anunciou Wing para sua grade em breve.
** Yoroi-Den:
os Cavaleiros do Zodíaco popularizaram este subgênero de heróis com armaduras e golpes especiais, A Sunrise entrou nessa com Samurai Troopers. Como eles encheram os bolsos, aplicaram a fórmula em suas franquias mais famosas, Gundam e Yuusha. Wing é isso.
*** No sentido usado em Brigada Ligeira Estelar — ou seja, forças paramilitares ou organizações terroristas com estrutura militar.
**** Se na minha mesa um personagem ameaça uma moça na frente de suas amigas, eu perguntaria “TEM CERTEZA?” ao jogador.
***** SPOILER: Relena Peacecraft na verdade é uma princesa e seu reino encampa o Pacifismo Total. Contudo, se ela reagir a invasores, será vista como uma hipócrita. Consequentemente, quando ela é atacada, decreta o fim do reino — e dessa forma, provou o ponto de seus inimigos.

DISCLAIMER: New Mobile Report Gundam Wing pertence a Sunrise, Inc. Imagens para fins jornalísticos e divulgacionais.

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Baú Referencial: Escolha Referências!

Referências para Brigada Ligeira Estelar

BRIGADA LIGEIRA ESTELAR E REFERÊNCIAS ANTES DO JOGO!

Brigada Ligeira Estelar é um cenário de ficção científica com batalhas espaciais e robôs gigantes. Sendo assim, referências são relevantes. A seção Baú Referencial nunca foi um espaço para adaptações de animes: ela sempre foi voltada à incorporação de elementos de outras animações e sua adaptação a um cenário único. No entanto, devido à amplitude de tons e de possibilidades da ambientação, é importante para o mestre estabelecer o tom da campanha…

… mas nem sempre os jogadores terão uma ideia clara do cenário, abrindo a chance de termos grupos desencontrados. E apresentar referências é uma boa ideia para direcionar jogadores. Mas quais filmes ou episódios eu, mestre de jogo, apresentaria para eles antes de mostrar meu livro de RPG pela primeira vez antes de sair montando os personagens? Para facilitar, é interessante saber primeiro quais são seus pilares narrativos e seus tons de campanha.

De modo geral, os pilares não só definem qual vai ser o eixo em torno do qual sua campanha vai se construir, mas também servem para nos dar uma ideia de como os personagens vão se agregar — como forças militares (a Brigada), como uma estrutura de nobreza (o Império) ou como um bando de sobreviventes cuidando da vida (a Margem)… tudo construído sobre uma Base de ficção científica. Quanto aos tons de campanha, nós os conhecemos do livro de cenário.

Um modelo de tabela para selecionar referências em Brigada Ligeira Estelar
Anote referências — veja como elas se ajustam ao seus jogadores.

TONS DE AVENTURA E PILARES NARRATIVOS

Árido, Aventuresco, Heroico, Folhetinesco e Épico. É claro, seus limites podem ser bem difusos e incluir elementos de um e de outro no mesmo pacote pode ter um resultado mais orgânico. Mas é importante para o mestre cuidar dessas coisas ao pensar em suas campanhas, ou mesmo em suas aventuras isoladas. Nos artigos linkados, eu deixei alguns animes de exemplo para cada abordagem. Vê-los não é uma norma. Talvez você prefira outros exemplos tão bons.

Mas o ideal é fazer uma lista e filtrá-la, especialmente porque você não vai assisti-los na íntegra: você vai fazer uma seleção de episódios mais adequada para o perfil de seu grupo. Imagine você mestrando um one-shot após rolar “os protagonistas invadirão (a base de) um contrabandista em uma zona de combate do território espacial mas precisarão lidar com um roubo, enquanto enfrentam um leviatã” em um gerador de sementes de campanha. É bem amplo.

Gundam Age: Referência para pilotos em Brigada Ligeira Estelar
O episódio de Gundam Age é bem introdutório…

COMO SERÁ SUA AVENTURA?

Como é one-shot, para facilitar tempo, você decide que seu pilar estará na Brigada. Você pensa em levar tudo para a ficção científica militar… mas, ao mesmo tempo, esse plot se passa no espaço e tem uma criatura cibernética no meio. Isso berra space opera. Vamos pensar no tom desejado: por via das dúvidas, você estabelece um tom aventuresco por ser mais aberto. É uma aventura espacial simples e talvez nem precise tanto de referências para ajudar…

Hora de escolhas. Em um primeiro momento, você pensou no primeiro episódio de Votoms. Ele é perfeito — mas envolve um roubo em certo momento e você não quer sinalizar esse evento em sua aventura. Além disso, a série tende ao tom árido. Você vai para o campo oposto: Gundam Age, episódio 19. Age tende a acertar justamente quando aposta em uma natureza simples e introdutória — e este episódio cai nesse caso. Primeiro dia de piloto na base. Funciona.

Majestic Prince: Referência para pilotos em Brigada Ligeira Estelar
…mas preferi apelar para Majestic Prince (relevem a cena, por favor).

PROSSEGUINDO A SELEÇÃO

Minha escolha seguinte é Seijuushi Bismark (a versão estadunidense e modificada, Saber Rider, foi exibida por aqui nos anos 80… mas falo do original mesmo), episódios 2 ou 3. Avise os jogadores: é uma série de super-robôs — na verdade pertencem a uma época de transição no gênero — mas desenvolve essa estrutura de equipes em missões avançadas. “Em Brigada é diferente, vocês pilotarão cada um seu robô”. Antigo, mas funciona. Falta algo para fechar…

Pensei imediatamente no longa Gundam F91. Não é tão bom, apesar de muito bem-feito: é a versão resumida de uma série abortada, daí seus problemas, mas apresenta todos os elementos clássicos do gênero. Como eu não queria duas séries Gundam na mesma exibição, troco Gundam Age pelos episódios 01 e 02 de Majestic Prince. Pensei nos episódios 06 e 07 do Macross original, mas a ideia é conectar com o gênero e a idade poderia incomodar alguns jogadores.

Selecione referências para mostrar aos jogadores de Brigada Ligeira Estelar
Escolhendo de acordo com seu grupo e com o tom da aventura.

E ANTES DE JOGAR BRIGADA LIGEIRA ESTELAR…

Agora, fica a pergunta: por quê selecionar episódios específicos? Porque o objetivo não é mostrar uma história. Você quer fazer os jogadores entenderem aonde estão se metendo e há poucas horas para isso. Exibir uma saga inteira desde o primeiro capítulo, esperando seu desenvolvimento para dizer ao que veio, é perda de tempo e pode até dar ideias erradas ao jogador. Melhor ser conclusivo aqui. Se eles gostarem, podem procurar pelo material depois.

Depois dos vídeos, hora de montar fichas: um ás rebelde dos hussardos imperiais, uma batedora daboguita especializada em terreno espacial, outro piloto imperial, bismarckiano, batendo de frente com nosso ás e um corsário, interessado no saque de tudo não-relacionado à missão. Eles irão a um ponto do quadrângulo negro, tomar uma carga contrabandeada em uma estação espacial, mas lá é zona de guerra e os Proscritos podem aparecer a qualquer momento.

Saber Rider: bom exemplo da dinâmica de missões e times em Brigada Ligeira Estelar
Seijuushi Bismark: referência para missões em Brigada Ligeira Estelar.

SÓ PARA FECHAR

Notem, isso não é… obrigatório. Os jogadores não precisarão realmente disso se eles tiverem uma ideia de como tudo funciona. Na verdade, quem precisa fazer algum dever de casa (e se divertir no processo) é o mestre, sempre o mestre. Mas essas exibições de vídeos podem ser divertidas e desarmar os jogadores caso eles cheguem com ideias preconcebidas. Na ponta do lápis, minha lista final deu menos de quatro horas. Prepare os lanches — e se divirta.

E para vocês não acharem que isso se aplica apenas a robôs gigantes ou sci-fi: sabe qual seria minha escolha se eu mestrasse Tormenta Alpha? Nessa ordem, o episódio 01 do OAV de Record of the Lodoss War (“Prólogo da Lenda”), o OAV Wizardry (baseado no jogo homônimo) e o divertidíssimo Dragon Slayer, a Lenda de um Herói (dá para achar dublado no YouTube): veja este últimos ao lado dos amigos — e divirta-se com as zoações. Aproveitem.

Até a próxima.

Gundam F91: um exemplo perfeito de tropos do gênero para Brigada Ligeira Estelar
Como mero exemplo rápido e rasteiro do gênero, Gundam F91 é perfeito!

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Baú Referencial: Muv-Luv Alternative

Os horrores da Invasão Beta para Brigada Ligeira Estelar

Em Brigada Ligeira Estelar, a seção Baú Referencial não traz adaptações de cenário — ele busca, em outros animes, ideias e conceitos aplicáveis à ambientação.

E a franquia Muv-Luv Alternative vive um bom momento em particular para isso: enquanto lá fora foi anunciada uma nova animação para 2021 (Muv-Luv Alternative: The Animation), por aqui temos um de seus derivados sendo exibido em TV aberta: Scharzesmarken, na Rede Brasil.

Tendo em conta as origens do cenário, não deixa de ser surpreendente: tudo nasceu como um mero… eroge (ou seja, um jogo erótico) escolar. Mas conseguiu uma surpreendente migração para o mainstream.

E quem não conhece a série deve estar achando que perdi o juízo.

Como Assim… Eroge?

A primeira série — Muv-Luv Extra — era um simulador de romance escolar aonde o protagonista se envolveria com várias meninas. Contudo, a cada jogo novo, ele pularia para outra linha de tempo alternativa.

No segundo jogo — Muv-Luv Unlimited — ele cairia em um cenário de história alternativa com invasores alienígenas e robôs gigantes. Mas, para surpresa geral, eles chamaram a atenção de um público maior.

Assim, foram feitas versões dos jogos sem cenas de sexo — e veio Muv-Luv Alternative, ambientada nessa linha de tempo nova, tornando-se uma franquia de mecha bem sólida por si só.

Hoje, Muv-Luv Alternative nos traz mangás, light novels, um RPG com dois suplementos até agora, dois animes (Muv-Luv Alternative: Total Eclipse e o citado Schwarzesmarken) — e, claro, videogames.

O Mundo de Muv-Luv Alternative

Uma raça monstruosa — os BETA — foi avistada em Marte em 1958, chegando à Lua em 1967… e à Terra em 1973, sabe-se lá como.

Aparentemente eles não são uma raça inteligente mas, sim, uma espécie de praga cósmica — se multiplicando como formigas e destruindo tudo pelo caminho.

Agora a humanidade está à beira da extinção, dependendo de pilotos de robôs gigantes para tentar virar a mesa. No entanto, a maior ameaça pode não ser os monstros — mas os próprios interesses políticos e militares humanos…

Para piorar, a Guerra Fria não acabou.

Em Total Eclipse, acompanhamos um grupo de pilotos de provas trabalhando para desenvolver um equipamento experimental capaz de mudar os rumos da guerra. Já em Schwarzesmarken, acompanhamos a linha de frente em uma Alemanha Oriental (mal-)escrita como se fosse uma extensão da Alemanha Nazista.

E em Brigada Ligeira Estelar?

Temos duas possibilidades aqui. A primeira, e mais óbvia, é a frente Proscrita.

É presente tanto em Total Eclipse quanto em Schwarzesmarken. Claramente é uma Ficção Científica Militar de tom árido (recomendamos uma olhada aqui e aqui), aonde os personagens podem ter mortes horríveis e golpes de misericórdia podem ser uma bênção.

Uma abordagem funcional é enxergar os Proscritos como se fosse uma força da anti-natureza, existindo apenas para matar e destruir. O suplemento Arquivos do Sabre pode ajudar nesse sentido.

Há referências úteis nesse sentido. Por exemplo, os Zygoteanos do cult A Odisseia da Metamorfose, de Jim Starlin: eles invadem mundos para explorá-los e abandoná-los, deixando-os sem vida.

A Campanha do Lado Sombrio

A segunda possibilidade é uma campanha nos moldes de Scwarzesmarken.

Nela, vocês não são necessariamente maus, mas trabalham para forças sombrias e estão sujeitos à suas intrigas e decisões mal-intencionadas. Por exemplo, imaginem um esquadrão de pilotos novatos da Guarda Regencial de Tarso com o cérebro formatado pelo discurso supremacista local.

Quem sabe, em um “gesto político de boa vontade”, eles sejam cedidos para a frente proscrita.

Mas e se isso na verdade tiver sido feito com o objetivo de encobrir um plano de espionagem e roubo de tecnologia inimiga com as bênçãos do empresariado tarsiano?

Dessa forma, temos tudo: personagens bois-de-piranha, superiores nada confiáveis e a certeza de se estar trabalhando com os vilões e nada poder fazer.

Por último: eu não poderia ser honesto com o material sem abordar esse aspecto…

Seja Sexy!

Apesar do reposicionamento da marca, originalmente Muv-Luv era um eroge e assim, alguns desses elementos se tornaram parte de sua identidade.

Dessa forma, temos o motivo de termos muito mais mulheres do que homens nos esquadrões. Ou dos trajes de pilotos serem colantes e tão… reveladores quanto aos atributos físicos de cada um.

Lembrem-se então: personagens jovens, bonitos e com os hormônios borbulhando são obrigatórios. As tramoias de bastidores se confundem com as tensões sexuais. Jogos narrativos como Monsterhearts podem emprestar ideias para essa dinâmica na mesa de 3D&T.

No entanto isso ainda é uma campanha de robôs, com muitos combates. Não deixem isso se tornar um Eroge na mesa de jogo — mas se vocês preferirem assim, não temos nada a ver com isso e já não é mais assunto nosso…

Até a próxima!

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Baú Referencial: Super Robot Wars OG

O EXAGERO TOTAL PARA SUA CAMPANHA DE BRIGADA LIGEIRA ESTELAR!

Brigada Ligeira Estelar é um cenário de ficção científica com batalhas espaciais e robôs gigantes. Sendo assim, Referências são relevantes. A seção Baú Referencial nunca foi um espaço para adaptações de animes, realmente: ela sempre foi voltada à elementos de outras animações e sua adaptação ao cenário. Uma ambientação pode ser fruto de várias influências mas, apesar de tudo, precisa de identidade própria, caso contrário se tornará um Frankenstein temático.

Mas e quando a graça é jogar tudo no liquidificador e mandar ver?

Robôs gigantes! Ataques especiais com nomes gritados em combate! YAY!

Super Robot Wars Original Generation (SWROG, para encurtar): The Inspector não tem pé nem cabeça, mas é divertidíssimo e as batalhas são ótimas — cortesia de um especialista no assunto, Masami Obari.

A série é continuação do menos inspirado SWROG: Divine Wars e é baseada na linha homônima de videogames — e esta por sua vez é uma espécie de spin-off da série Super Robot Wars tradicional, famosa por reunir personagens de diferentes séries animadas para saírem no tapa entre si. Se você quer ver um Gundam peitando um Valkyrie de Macross, SWR é sua pedida.

SWROG faz basicamente a mesma coisa, mas com personagens da casa em um universo próprio, uma linha de tempo compreensível e algum desenvolvimento lógico de eventos.

De uma forma simples, o universo de SWROG pode ser definido em “e se pudéssemos transformar a mistureba dos jogos normais de SRW em um universo minimamente coerente? Por esse motivo, não se espantem com similaridades suspeitas. Quando os personagens não são derivativos, são arquétipos quase em estado bruto. Nenhum deles deveria ser confundido com um ser humano, mas isso é parte da graça.

Ah, já falei do exagero?

Tapem os olhos das crianças na sala: é MECHA PORN, gente!

VALE-TUDO DE VERDADE!

Ninguém assiste SWROG: The Inspector pelo roteiro. Aqui, todos os clichês estão no volume máximo: robôs com designs absurdos, discursos melodramáticos em cabines de piloto, ataques especiais dignos de um mangá de luta da Shonen Jump, vilões maniqueístas (no Episódio 02 um vilão diz: “Você quer evitar mortes desnecessárias de civis, eu sei mas o problema é que ADORO mortes desnecessárias de civis… BWAHAHAHA!!!”), reviravoltas que exigem suspensão de descrença…

Infelizmente, essa série também pode ser bem caótica para quem chega — e conta pontos para isso a sua quantidade imensa de personagens e robôs. Se eu fosse escolher um episódio à parte, seriam o 7 e o 10: mostram os protagonistas da história em uma missão para retomar um reino tomado por terroristas.

Para o jogador de BRIGADA LIGEIRA ESTELAR RPG, aqui tem de tudo: princesas valentes com poderes psíquicos, discursos (prestem atenção na Princesa Shine — ela é um exemplo perfeito de nobre leal entre os protagonistas), vilões maquiavélicos… o mestre pode pensar em uma campanha no teor de Gundam mas, provavelmente, seus jogadores vão deixá-la parecida é com isso!

Mas e se falarmos em abrirmos a porteira de BRIGADA LIGEIRA ESTELAR para o nível de ação, octanagem e absurdo de um SRWOG: The Inspector?

”Em Brigada Ligeira Estelar O QUÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ??????!!!!!”

ADAPTANDO PARA BRIGADA LIGEIRA ESTELAR

Por incrível que pareça, isso é perfeito para Brigada Ligeira Estelar Alpha. O sistema foi feito justamente para esse grau de exagero, fazendo de personagens com menos níveis de poder um tanto limitados dentro de seu espectro de características.

Nesses termos, essa série é um exemplo perfeito do tom “Uh-Huuuuu!!!” de campanha (rebatizado de Épico na atual versão)! Se você por algum motivo não quiser fazer a migração de sistema quando o novo livro vier, monte personagens com doze pontos, deixe os robôs ainda mais poderosos, libere os tepeques e siga em frente!

“Ah, mas eu vou precisar de ameaças à altura para os personagens”… Ora, vocês tem os Proscritos e a Tiamat só para começar! E vocês lembram, sem spoilers, do chefe final em Belonave Supernova? Pensem nisso!

No entanto, em BRIGADA LIGEIRA ESTELAR RPG a coisa vai mudar. O sistema foi pensado para retratar de forma eficiente o gênero como o vemos nas telas — e aumentar o nível das pontuações dos robôs é apenas o começo. Vamos a uma série de sugestões para subir o tom de sua campanha, não importando a versão!

”Minha espada é maior do que a sua!”

OVER THE TOP!!!

Mais Duro, Melhor, Mais Rápido, Mais Forte: aumentar o valor das características dos robôs é o primeiro e mais óbvio passo. Isso não faz deles apenas mais poderosos em si — aumenta também o espaço de customização para seus tepeques. Com isso, você pode fazer combinações mais poderosas e com mais implementos — deixe os combos à solta em nome desse espírito! apenas lembre-se de colocar o mesmo nível de poder nas mãos dos oponentes. E falando nisso…

Personalização é Tudo: o mestre não deveria se incomodar em soltar os jogadores… porque a regra do cool é soberana! Uma solução para ajustar tais níveis de poder ao cenário seria fazer seus protagonistas membros de uma unidade de elite muito especial. Racionalizações justificariam sua existência facilmente: “estamos testando novas tecnologias com os Andro-Ginóides” ou “Depois de estudar a tecnologia proscrita, vamos reproduzi-la com nossos recursos”. 

Ameaças são Enormes: obviamente, para existirem unidades como essas, os protagonistas precisam enfrentar encrencas acima das possibilidades normais. Uma cidade fortaleza flutuante se transforma em robô gigante, causando devastação em seu mundo? Leviatãs começaram a formar cardumes no espaço e atacar planetas? Exércitos Defendróides estão construindo uma Esfera de Dyson ao redor de uma estrela, começando a resfriar os mundos ao redor?

”Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia.”

SEM MEDO DO ABSURDO

Pseudo-Ciência: vamos ser diretos — SWROG é um vale-tudo. O “Real Robot” nunca teve uma linha tão delimitada assim em relação ao “Super Robot”, mas aqui eles forçam a amizade… e em alguns momentos específicos eles patinam perigosamente perto do místico. Para encaixar isso no Sabre sem transformar tudo em baderna, o jeito é apelar para a pseudo-ciência das histórias em quadrinhos de super-heróis.

Use termos sem sentido quando analisados friamente (“quântico” é uma palavrinha mágica nessas horas, acreditem), mas convincentes em um primeiro momento por passarem uma falsa impressão científica. Configuradores são personagens coadjuvantes perfeitos para se manter por perto, podem acreditar.

Robôs Gigantes do Zodíaco: pense Shōnen de luta. Isso mesmo. Os protagonistas não precisam de energias misteriosas como o ki, o chakra, o cosmo ou o que for para manifestarem técnicas absurdas — mas o tratamento da tecnologia chega quase lá. É bom lembrar que a série é baseada em um videogame aonde robôs se estapeiam. É interessante notar que os protagonistas também agem, muitas vezes, como se este fosse um “mangazinho de porrada…”

”MORRA, SEIYA!!!!”

UM TOQUE PARA OS JOGADORES DE BRIGADA LIGEIRA ESTELAR

Entre no espírito da coisa — é pegar ou largar, sem meio-termo.

SWROG: The Inspector não é nem de longe uma obra-prima do gênero e nem pretende ser. Ela é só um mero produto de divulgação, voltado para agradar seus fãs e trazer novos consumidores para seu produto no processo. Em suma, ele é desconcertantemente honesto — mais do que vários animes que pregam contra a guerra mas vivem de sua glamourização. Sim, vocês sabem para quem estou apontando esse dedo.

Então eu só posso recomendar a aceitação dessa honestidade caso vocês queiram encampar essa abordagem: não pensem em backgrounds imensos e repletos de coadjuvantes, mantenham o senso de perspectiva e aceitem a canastrice generalizada! O clichê é seu amigo! Em suma, divirtam-se.

Mas não é este o motivo pelo qual estamos aqui?

Até a próxima.

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