Agente da memória: uma homenagem a Rafael P. Costa

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Antes de me aventurar pela redação das redes sociais da Jambô, eu trabalhava no atendimento do SAC. Quem já lidou com o público sabe o quanto esse trabalho pode ser desafiador às vezes — e, ao mesmo tempo, maravilhoso. Enquanto respondemos dúvidas e solucionamos problemas, também temos a sorte de receber depoimentos emocionantes, elogios e agradecimentos de fãs de longa data. Essa sempre foi uma das minhas partes favoritas de trabalhar em uma editora: estar em contato direto com a literatura e todo o impacto positivo que ela pode causar nas pessoas.
Em outubro do ano passado, recebi um e-mail diferente no SAC. Era de Andrea, mãe de um adolescente chamado Rafael.
Ela nos contou o quanto seu filho era apaixonado por Ordem Paranormal. Falou sobre como ele adorava RPG e devorava cada episódio, discutia teorias e sonhava com as histórias daquele universo. O Rafael até havia escrito sua própria aventura para Ordem.
E, então, ela nos contou que ele havia falecido naquele ano, após um transplante de medula óssea.
Eu precisei reler o e-mail algumas vezes antes de sequer pensar em uma resposta. Ali, Andrea nos apresentava a aventura que Rafael havia escrito e perguntava como poderia publicá-la — queria que as palavras do filho ganhassem o mundo. No espaço entre as frases daquele e-mail, eu sentia o peso do que ela estava pedindo.
Compartilhei o pedido de Andrea com minhas colegas de setor e com meu gerente. E, juntos, chegamos a uma solução. Enfim, respondi à Andrea.
Disse à ela que iríamos organizar os textos do Rafael e montar um e-book com a aventura que ele havia escrito. Faríamos a diagramação do material, dando a ele uma identidade visual digna do universo que ele tanto amava. Depois disso, disponibilizaríamos essa aventura fanmade para todos, gratuitamente. Sem vendas, sem lucros, sem qualquer objetivo que não fosse este: manter viva sua história.
Com o aval do Tiago Guimarães, nosso gerente de marketing, começamos a trabalhar. Fiz a separação e edição dos textos, enquanto Ana Gonçalves, redatora do marketing, fez a revisão. Por fim, Priscilla Souza, nossa diretora de arte, e Letícia Mendes, sua assistente, diagramaram a aventura e montaram a estrutura visual para que ele ficasse com a cara de Ordem Paranormal!
A cada vírgula corrigida, a cada detalhe ajustado, lembrávamos do Rafael. Ele esteve ali, diante do computador, escolhendo aquelas palavras, dando forma às suas ideias. Tínhamos em mãos algo que era seu — fruto de sua imaginação, de seu olhar sobre o mundo. E talvez por isso suas palavras nos parecessem tão valiosas.
O Rafael não teve tempo de terminar a aventura que escreveu. Para manter seu texto preservado, decidimos deixá-lo como já estava: com um final aberto. Cada grupo que jogar essa missão poderá decidir seu próprio desfecho.
Dessa forma, sua história permanece viva, renascendo a cada nova partida. E se há algo que aprendemos com Ordem, é que a Morte é apenas um conceito. E, às vezes, um nome. Ela pode assombrar, pode assustar, mas nunca nos leva completamente. E, como os bons agentes já sabem: podemos derrotar a Morte.
A cada vez que alguém lê as palavras do Rafael, escritas há tantos meses, mantemos sua memória viva. As mesmas palavras que a Andrea leu, emocionada, ao revisitar o que o filho havia deixado no computador. As mesmas que eu e minhas colegas revisamos como se fossem preciosas.
Enquanto houver alguém para ler, para jogar, para lembrar.
Enquanto houver palavras.
A aventura nunca termina.
A Ordem está te esperando!
Estamos muito felizes em compartilhar O Culto do Fim, a aventura homebrew criada pelo Rafael! Essa não é uma publicação oficial de Ordem Paranormal, mas algo diferente — uma homenagem. Uma aventura nascida da paixão de um fã e feita para ser compartilhada com todos que amam esse universo tanto quanto ele.
Você pode baixar e jogar essa aventura de forma gratuita clicando aqui!
Se quiser saber mais sobre a história do Rafael e seus outros textos, visite o perfil @aindahumanolivro.
Andrea e Rafael na CCXP 2022
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